Discurso aos Formandos de Licenciatura Plena em Biologia do Centro Universitário UNIFATEA/2017

Resumo: Discurso proferido, como Paraninfo da Turma de Formandos do Curso de Licenciatura Plena em Biologia (2017) do Centro Universitário Teresa D´Ávila – UNIFATEA, em 24/01/2018, Lorena/SP.


Discurso aos Formandos de Licenciatura Plena em Biologia do Centro Universitário UNIFATEA/2017

Senhor Reitor, Professores e Professoras, Pais e Amigos dos Formandos, Senhoras e Senhores, Meus caros ex-alunos e colegas de profissão, Boa Noite. Meus queridos formandos, não sei se vocês estão lembrados, mas no primeiro dia de aula eu disse para vocês: “doravante vocês são meus colegas de profissão, eu vou fazer a minha parte tentando passar um pouco do que aprendi sobre a Biologia, mas espero que vocês façam sua parte também. Para mim, todos aqui já estão aprovados e eu não gostaria que se preocupassem muito com notas, mas sim que se dispusessem a estudar e aprender”. Pois então, como eu disse, eis que minha previsão estava certa e vocês estudaram, procuraram aprender e hoje estão confirmando o que eu já sabia, desde o primeiro dia em que vi vocês. Posso dizer, sem medo, que certamente vocês constituem uma das melhores turmas que já passaram nesses 15 anos do Curso de Biologia do UNIFATEA.  Muito obrigado por terem me permitido fazer parte dessa bela história que vocês estão escrevendo. Por outro lado, eu também disse para vocês que: “eu sou muito bom naquilo que faço e desafio a quem quiser mostrar o contrário e gostaria que vocês também fossem assim”. Certamente vocês se assustaram com a minha audácia e pretensão. Alguns até disseram para si mesmo: “qual é a desse “velho metidão?” Porém, mais uma vez, parece que eu estava certo, porque se hoje vocês me colocaram na condição de Paraninfo da turma é porque concordaram com aquela afirmativa. Obviamente, que eu fico feliz e envaidecido, porque depois de 62 anos de idade, 42 anos de magistério e quase 40 anos formando Biólogos, ainda sou capaz de ser lembrado e homenageado pelos meus alunos. Muito obrigado mesmo e podem ter certeza que é exatamente isso que me dá força e anima a continuar falando da nossa Biologia. Bem, mas vamos ao que interessa, isto é, a mensagem do Padrinho aos Afilhados. Diz a lenda que o Padrinho é o segundo Pai e que na falta do Pai, o Padrinho assume a responsabilidade de seu afilhado. Sendo assim, quero desde já reafirmar o meu compromisso e no que tange à Biologia e à Educação, podem continuar contando comigo, enquanto eu ainda estiver por aqui, vivendo nesse planeta, o único que parece abrigar essa coisa maravilhosa denominada vida e que hoje está poluído, degradado e esquecido, graças às ações de indivíduos de nossa espécie.  Pois então, vou conduzir minha fala exatamente nesse tema da degradação ambiental planetária pelo Homo sapiens e da grande possibilidade de que brevemente desapareçamos da superfície terrestre, por conta exclusiva de nosso egoísmo e de nossa pretensa superioridade sobre as demais formas vivas. Enganados e pretensamente apoiados por Deus, por conta de uma leitura errada e mal entendida do livro do Gênesis, os seres humanos resolveram se assumir como “Herdeiros de Deus” e “Donos do Planeta”. Nos apropriamos da Terra de forma tal, que não medimos as consequências dos nossos atos. Particularmente, nos últimos 100 anos, reproduzimos e crescemos a população humana de maneira tão absurda, que mesmo com duas grandes guerras e outros flagelos significativos, dos pouco mais de 2 bilhões que haviam nos idos de 1930, hoje já passamos dos 7,5 bilhões de seres humanos e precisamos de espaço para ocupar, de casas para morar, de água para beber, de ar para respirar, de alimentos para comer, de roupas para vestir e de inúmeras outras coisas que a Terra nos fornece gratuitamente. É bem verdade que, apesar de tudo o que fazemos de errado, temos vivido mais tempo, porém às custas daqueles que ainda não nasceram e que talvez nem consigam nascer, porque talvez esgotemos tudo antes de suas vindas e nem tenhamos muito tempo para produzir novos seres humanos para o futuro. Nunca nos preocupamos coletivamente com a espécie, só nos preocupamos individualmente, como se fôssemos seres absolutos. Nossos maiores problemas são o “Rei Dinheiro” e o “Imperador Consumo”, que nos iludem e nos levam rapidamente ao caos, esgotando os recursos naturais. Esquecemos do “Ser” e só pensamos no “Ter”. É preciso lembrar que antes de ter precisamos ser e que só seremos realmente, enquanto o planeta, nosso verdadeiro e único eldorado, nos permitir, porque tudo que utilizamos é o planeta quem nos fornece. Entretanto, a maioria dos humanos não está nem aí com as coisas de natureza, nem com a diversidade planetária. O que a história geológica e toda a evolução levou de 5 bilhões de anos para produzir, nós destruímos em poucas séculos, particularmente no último, e nem demos uma parada para descansar e olhar para trás. Na verdade, somos um grande foguete à busca do “armageddon” que infelizmente deverá levar nossa espécie ao apocalipse final, ao extermínio e a extinção. Em suma, estamos acabando com todo o patrimônio natural, utilizando os recursos de maneira insana e inconsequente. Ocupamos os espaços a nosso bel prazer sem considerar o equilíbrio e a manutenção dos ecossistemas naturais. Passamos toda a nossa história humana produzindo resíduos de todo tipo e nunca nos preocupamos efetivamente em entender o grande mal que isso causa ao planeta, à todas espécies vivas e principalmente à nossa própria espécie, que é a mais dependente de todas. Victor Hugo, famoso poeta francês, que viveu entre 1802 e 1885 já dizia: “é triste pensar que a natureza fala e que a humanidade não a ouve”. Pois então, tem gente, assim como Victor Hugo, preocupada com a situação planetária faz mais de 200 anos, mas os governantes historicamente pertencem ao grupo daqueles que não ouvem a natureza e assim nada fazem para minorar essa situação caótica. Bem, meus amigos, essa é uma formatura de Biólogos, de Licenciados em Biologia e eu também sou Biólogo e Licenciado em Biologia e nós homens da Biologia, melhor que ninguém, sabemos que a humanidade tem caminhado de maneira errada e acreditamos que ainda é possível mudar o rumo, minorar a situação e progressivamente caminhar na linha contrária de tudo que temos visto e feito até aqui. A tecnologia que nos levou ao caos, há de ser a mesma tecnologia que nos levará ao “éden” novamente e que garantirá a vida, além da vinda efetiva e da sobrevivência dos futuros seres humanos. Nós, biólogos do mundo inteiro, temos uma obrigação com o planeta e com a humanidade, porque nós somos os mensageiros da “boa nova”, que permitirá a continuidade da espécie humana na Terra. Infelizmente, temos que estar sempre mostrando o lado ruim, para que as pessoas entendam, mas também temos que apresentar os caminhos que permitirão as devidas soluções. Poucos seres humanos e pouquíssimos profissionais tem a dimensão real da vida como nós temos. Nós sabemos que a Terra é uma grande aeronave e que todos que nela estão são apenas passageiros. Precisamos continuar a nossa viagem evolutiva nesse planeta fabuloso, junto com outras espécies vivas. Aqui no Brasil, nossa responsabilidade é maior ainda, porque apesar de sermos o país possuidor da maior biodiversidade planetária, suportamos os piores administradores públicos do planeta. Um bando de políticos embusteiros e incompetentes que não visualizam, nem de longe, a importância e o significado do Brasil ser um país de megabiodiversidade. Além disso, adicione-se o fato desses sujeitos serem corruptos contumazes e insaciáveis que só se preocupam consigo mesmo, com suas contas bancárias e que se aproveitam do patrimônio natural brasileiro, apenas para aumentar suas riquezas pessoais. Mas, deixemos essa discussão para outro momento. Nós Biólogos sabemos que a Evolução é uma imensa viagem e também sabemos que nossa espécie ainda está muito jovem para chegar ao fim de sua linha evolutiva. A nossa extinção não pode e nem deve continuar sendo antecipada nesse um suicídio coletivo que a humanidade está cometendo e o tempo, cada vez mais curto, segue na direção contrária aos interesses da continuidade de nossa espécie. Nós, os amantes da Biologia, não podemos desistir e temos que lutar firmemente para mudar esse quadro. Para tanto, necessitamos de vontade efetiva, de uma fé imensa, de muito conhecimento e de bastante esperança. Pois então, além de Biologia, foi exatamente isso que procurei colocar na cabeça de vocês, ao longo desse quatro anos de convivência efetiva: “nós Biólogos, temos um compromisso com a vida e com o planeta e não podemos desistir dele”. Meus amigos, colegas de profissão, tenham fé na humanidade, trabalhem para que ela continue existindo e desenvolvam todo o conhecimento possível para demonstrar que tudo pode ser diferente e melhor. É bom lembrar que o impossível não existe, que a esperança é a última que morre e, principalmente, que enquanto há vida há esperança e nós ainda estamos vivos. Desta maneira, enquanto houver vida humana e esperança, tudo sempre será possível. Eu já estou naquela fase em que a gente tem menos tempo para viver do que já viveu e por isso mesmo brevemente não estarei mais aqui na Terra, pelo menos nessa forma humana, mas tenho vontade que a humanidade prossiga e acredito piamente no desenvolvimento científico e na ampliação do conhecimento humano para o bem maior da humanidade. Espero sinceramente que os netos, bisnetos, tataranetos e toda a linhagem evolutiva daqueles que herdarão a Terra, constituam uma plêiade de seres humanos renovados e preocupados com a planeta e com a continuidade de nossa espécie na Terra. Doravante, na condição de Biólogos e Professores de Biologia, cada uma de vocês tem uma missão que vai além da vida de todos nós e de muitas gerações à frente. Biólogos, façam o dever de casa e trabalhem duro para cuidar do planeta para garantir o bem de nossa espécie. Conto com vocês e espero ter feito a minha parte, como exemplo vivo, daquilo que acredito. Vocês me fizeram de espelho ao me escolher Paraninfo, então acreditem como eu e, por favor, façam as suas respectivas partes, porque Deus e a própria humanidade certamente um dia agradecerão a todos aqueles que não mediram esforços para manter a vida no planeta, em particular a vida humana. Abraços a todos e sejam felizes. Lorena, 24 de janeiro de 2018

Professor Luiz Eduardo Corrêa Lima

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