Tag: Biodiversidade

11 ago 2016

A Monotonia e Perigo das Monoculturas

Resumo: O texto atual faz uma comparação genérica e levanta um alerta para a questão perigosa do crescente aumento e áreas de monocultura e da redução progressiva das áreas naturais.São destacados alguns dos principais problemas que se originam dessa situação e também são citadas algumas questões preocupantes em relação ao assunto, como a preocupação exclusiva com o aumento da produção agrícola e o uso indiscriminado de agrotóxicos, que compromete o ambiente e os organismos.


A MONOTONIA E O PERIGO DAS MONOCULTURAS

Quem já esteve no interior de uma mata natural e no interior de uma Monocultura, quaisquer que sejam, além da monotonia da paisagem na monocultura, certamente também conseguiu perceber que não são apenas dois ambientes distintos. Na verdade, a diferença que se estabelece entre uma área de monocultura e uma área de mata natural é imensa. São efetivamente dois mundos extremamente distintos e a discrepância entre esses mundos é semelhante àquela que ocorre da água para o vinho. Embora ambos sejam ambientes vegetados como duas formas de florestas, assim como a água e o vinho são substâncias líquidas, mas os componentes presentes em cada um deles, nos permitem concluir que o vinho é mais denso, mais complexo e consequentemente mais completo e mais organizado que a água.

A monocultura e a mata natural apresentam claras diferenças na complexidade, na conformação e na organização, em consequência do enorme hiato entre a biodiversidade de ambas. A fauna e a flora tanto quantitativa, quanto qualitativamente são extremamente distintos. Além disso, o piso (chão) é diferente, a temperatura média é diferente, a umidade relativa é diferente, o cheiro é diferente e até mesmo o humor das pessoas dentro de cada uma dessas áreas vegetadas fica diferente.

Na monocultura praticamente não existe nenhuma diversidade, pois tudo é muito semelhante. A pessoa anda, anda, anda e parece que que não saiu do lugar, porque a paisagem é sempre a mesma. Enquanto que na mata natural (qualquer mata natural), a pessoa não consegue dar nenhum passo sem observar coisas e situações extremamente distintas. A riqueza de biodiversidade numa mata natural, por menor que seja, é imensa, se comparada a qualquer monocultura. Principalmente quando se trata de uma região tropical como a nossa.

Entretanto, além da observação desses aspectos puramente visuais e também dos sensoriais, que talvez sejam menos atraente e perceptivos, a monocultura traz inúmeros outros problemas, os quais são muito mais sérios ao ambiente e necessitam ser informados e discutidos em alguns de seus detalhes, para que possam ser progressivamente minorados e sanados.

Por exemplo, o solo que suporta uma monocultura tende a ser fraco e estar viciado, porque sempre sofre exploração dos mesmos recursos básicos (nutrientes) ficando cada vez mais carente desses nutrientes específicos e consequentemente sobrecarregado de outros. Com o passar do tempo, periodicamente o solo da monocultura necessita ser arado e adubado para garantir sua fertilidade, a manutenção do cultivo e a consequente produção. O custo de manutenção desse solo é muito caro.

Por outro lado, os insetos e demais animais que, por ventura, vivem na região dessa determinada monocultura, são sempre os mesmos e quando, por qualquer motivo, não são os mesmos, as formas diferentes que aparecem acabam se tornando pragas terríveis, porque não existe competitividade com outras espécies, haja vista que a variabilidade de espécies é muito pequena nesse tipo de ambiente. Praticamente não existe biodiversidade e assim, o ambiente da monocultura como um todo é frágil e sempre está perigosamente sujeito ao desequilíbrio e ao extermínio, pois basta apenas um pequeno deslize para que esse ecossistema artificial acabe rapidamente.

Já nos ambientes com matas naturais, o risco de extermínio natural é praticamente inexistente e só poderá ocorrer por conta de situações catastróficas naturais muito severas, haja vista que a própria biodiversidade desse tipo de ambiente sempre garantirá a sobrevivência de algumas espécies e a manutenção de parte do ambiente primitivo, o qual poderá se regenerar e se recompor ao longo do tempo. Quanto mais diversificado for um determinado ambiente, certamente maior também será a sua vitalidade. Por isso mesmo, os ecossistema naturais são mais resistentes do que os artificiais e essa resistência é, em grande parte, uma consequência da própria biodiversidade do ecossistema.

Mas, ao longo da história da humanidade, o homem, em sua ação usurpadora e colonizadora dos ambientes naturais, tem transformado ativamente muitos ambientes naturais em áreas de monocultura, de maneira perigosa e comprometedora à capacidade de suporte dessas áreas e isso tem se repetido em todo o planeta, por conta da necessidade cada vez maior de novas áreas de monoculturas. Como a população humana não para de crescer, as necessidade de recursos naturais para alimentação, construção e outras atividades produtivas de interesse exclusivo da humanidade são progressivamente mais necessárias.

Além disso, não sei explicar o motivo real e penso que não ninguém que saiba explicar fora de um contexto econômico, mas, independentemente da necessidade real, sempre se trabalha no sentido de uma produção maior do que de fato se precisa. Assim, novas áreas estão continuamente sendo transformadas em áreas de monocultura para a produção. Cabe ressaltar ainda que, para que a produção seja garantida, existe também a necessidade de que vários tipos de venenos (Agrotóxicos) sejam colocados diretamente sobre a cultura ou sobre o solo onde a mesma está se desenvolvendo, no sentido de impedir ou controlar a ação de possíveis pragas.

Em suma, a monocultura é ruim e nociva por vários aspectos concomitantes, pois enfraquece e envenena o solo acabando com a diversidade de microrganismos, homogeneíza a demanda de nutrientes e assim esgota certos recursos rapidamente. Além disso, a monocultura empobrece toda a biodiversidade área, pois os animais em geral tendem a desaparecer do local, porque com a mudança drástica da vegetação, também diminuem sensivelmente as possibilidades alimentares. Somente as espécies de animais relacionadas com a monocultura conseguem se manter, o que também homogeneíza a fauna.

Se não bastasse isso, com essa homogeneização da fauna na monocultura, as espécies consideradas pragas tendem a produzir resultados mais significativos aos seus interesses, em detrimento da própria monocultura que se quer explorar, porque não existindo competição e quase nenhum inimigo natural ou predador dessa espécie, ela tende a se multiplicar mais ainda. O resultado disso é a necessidade de aplicação de mais veneno na cultura para evitar que as populações de pragas aumentem, o que seleciona ainda mais as formas resistentes, contamina mais o solo e consequentemente a água.

O Brasil é lamentavelmente já faz algum tempo, o “campeão mundial no uso de agrotóxico” e continuamos crescendo no consumo dessas substâncias, envenenando cada vez mais novas áreas e nos intoxicando paralela e progressivamente. É nesse momento que surgem os contrários e questionam: “mas, sem as monoculturas nós não conseguiremos viver, sem elas, como

vamos produzir a madeira, o alimento, o papel, as essências, as coisa em geral que tanto necessitamos”?

Bem, eu quero dizer que que isso infelizmente ainda é uma verdade. Nós ainda precisamos muito de algumas monoculturas tradicionais, mas essa situação pode e deve ser modificada gradativa e progressivamente, se houver interesse de se investir pesadamente em Agroecologia, em Silvicultura Natural e em Cultivo Orgânico. Enfim, investir em Economia Verde. É óbvio que nossa dependência do atual modelo ainda é muito grande, mas já está bem claro que esse modelo nos levará seguramente a estagnação dos solos e ao fim dos ecossistemas naturais. O pior é que levará também, ao envenenamento da água, das pessoas e de grande parte dos animais, principalmente dos grandes predadores, aqueles que ocupam o topo das Cadeias Alimentares nos diferentes ecossistemas, por conta da Magnificação Trófica.

Não será possível desintoxicar todas as pessoas e animais já intoxicados, mas é possível intoxicar cada vez menos e garantir o aumento gradual da fertilidade dos solos, manter a diversidade dos microrganismos e contaminar menos as águas. Já possuímos conhecimento tecnológico suficiente para produzir quase sem poluir, mesmo em larga escala. Só precisamos mudar o modelo, que só pensa na produção quase exclusivamente, como fonte de lucro e não como necessidade social humana e muito menos como garantia de continuidade dos ecossistemas naturais. Temos que programar uma forma de produção embasada no conceito de sustentabilidade no seu sentido mais estrito. Isto é, o futuro da espécie humana tem que ser garantido pelas populações do presente.

Apesar de tudo, ainda assim continuarão existindo determinadas culturas agrícolas em que serão necessárias as aplicações das práticas tradicionais em algumas situações e em alguns lugares. Nessas situações, enquanto não for possível empregar novas tecnologias específicas, obviamente deverão ser mantidas e desenvolvidas algumas atividades da tecnologia agroecológica já conhecidas, como rotação de culturas, adubação verde e as áreas de plantios intercaladas com áreas “in natura”, para minimizar os danos e as sequelas. Certamente levará algum tempo para recuperar o passivo ambiental, mas com o desenvolvimento de trabalho sério, continuidade e perseverança, vamos chegar lá.

Até levamos pouco mais de 150 anos de uso dos agrotóxicos, se levarmos o dobro ou mesmo o triplo desse tempo para recuperar algumas áreas envenenadas e principalmente, se deixarmos de envenenar novas áreas, certamente já terá valido à pena. A natureza não precisa de nossa colaboração mais efetiva, se indicarmos a direção devida e o sentido desejado, a natureza seguirá no caminho do nosso interesse corretamente. Até aqui, nós temos atuado contra a natureza, mas a partir de agora temos que andar do seu lado.

As gerações futuras desde já agradecem a nossa consideração e preocupação. Só garantiremos a manutenção biodiversidade natural, se pararmos de degradar, de poluir, de contaminar e em particular, se trabalharmos com afinco para minimizar as monoculturas e o uso de agrotóxicos. Dizem que o futuro a Deus pertence, mas é preciso trabalhar na linha certa, porque milagres só acontecem com quem acredita neles. Precisamos urgentemente, fazer a nossa parte. Tenho certeza que Deus estará olhando e cuidando do restante.

Luiz Eduardo Corrêa Lima

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25 maio 2016

Biodiversidade Brasileira, uma questão que precisa de cuidados

Resumo: O texto atual pretende ser um alerta para a população no que diz respeito à Biodiversidade Brasileira e a necessidade de informação sobre essa questão. O Brasil, historicamente nunca se preocupou com o fato de ter a maior biodiversidade planetária e já passou da hora de nos envolvermos mais proximamente com essa situação. É bom saber e lembrar que 1/5 das coisas vivas da Terra estão no Brasil e que isso é um problema da nação brasileira.


Biodiversidade Brasileira, uma questão que precisa de cuidados

Biodiversidade é uma palavra relativamente nova, pois até alguns anos atrás utilizávamos mais a expressão Diversidade Biológica para tratar das diferentes formas vivas da Terra, entretanto o conceito de Biodiversidade é antigo e bem conhecido da comunidade científica e dos interessados na questão, mas essa “nova” palavra expressa claramente significado que se quer abranger, Assim, Biodiversidade diz respeito a inúmera diversidade de organismos vivos existentes no planeta. A palavra Biodiversidade expressa então uma ideia geral sobre as diferentes espécies vivas que compõem todo o contingente de organismos vivos que em algum momento da história evolutiva da vida tenham ocupado a Terra.

Pois então, o Brasil é o país que possui a maior Biodiversidade do planeta, mas nem de longe, nós brasileiros, somos a nação mais preocupada com esse fato, porque a grande maioria da população brasileira não sabe disso e nem tem nenhuma informação sobre o que isso representa. Aliás, ao que parece, infelizmente, nós temos dado cada vez menos importância à Biodiversidade, a qual na verdade, consiste na nossa maior riqueza e a maioria dos brasileiros não tem nem condições de avaliar esse fato. Não sei se isso ocorre por desleixo, por desconhecimento ou por ambos, mas acredito que a falta de conhecimento sobre o tema e sua respectiva importância sejam fatores preponderantes nessa apatia sobre o assunto.

É lamentável afirmar, mas, aqui no Brasil, culturalmente sempre tratamos mal ou fomos indiferentes a nossa natureza e aos valores naturais. Vejam bem nossa postura histórica. Chamamos a mata de mato e esse mato é considerado assustador, feio e degradante, portanto precisa ser destruído. A Mata Atlântica e a Amazônia conhecem bem essa situação de destruição. Achamos nossos animais asquerosos, desinteressantes e preferimos os estranhos à nossa fauna. O coala é lindo e o gambá é nojento! Até mesmo nossa diversidade puramente antrópica (cerca de 220 tribos remanescentes, das mais de 1300 do passado e as 170 línguas ainda existentes) é totalmente desconhecida da imensa maioria da população brasileira. Legal mesmo são os Apaches e os Moicanos, que se danem os Tupiniquins. Enfim, de maneira geral, o cidadão comum não conhece a Biodiversidade, não se interessa e nem é levado a se interessar por ela.

Quando a ONU instituiu oficialmente o dia internacional da Biodiversidade, em 22 de maio de 1992, nós brasileiros ainda não tínhamos muita noção do que o termo significava e hoje, embora já saibamos o significado da palavra, ainda não temos a verdadeira dimensão do que isso implica e da responsabilidade que temos, por sermos abrigadores de cerca de 20% de todas as espécies vivas do planeta. Vejam bem, 20% de tudo aquilo que é vivo no planeta é brasileiro. Isto é, 1/5 das espécies da Terra estão no espaço geográfico brasileiro, aqui na Sub-região Brasiliana da Região Neotropical.

Lamentavelmente não se divulga esse fato e sua importância com a devida frequência e muito menos com a necessária ênfase, para fazer com que a população brasileira assuma uma posição proativa em relação a preservação da Biodiversidade nacional. Pouquíssimos brasileiros estão realmente cientes e envolvidos dessa situação e, aparentemente, cada vez mais esse contingente tem decrescido por falta de informação. Ou seja, nossa Biodiversidade é grande, mas nossa atenção e interação com esse fato é pequena e progressivamente tem ficado menor.

Em outras palavras, eu quero dizer o seguinte: os nossos bisavós, conheciam e se envolviam mais com a biodiversidade brasileira do que os nossos avós, e estes por sua vez, se envolviam mais do que nossos pais e os nossos pais mais do que nós”. Não posso falar dos meus bisavós taxativamente e exatamente, mas posso falar um pouco dos meus avós, dos meus pais, de mim e dos meus filhos. Ou seja, as quatro gerações com que tive contato próximo e acredito que isso permita confirmar a minha tese, de que cada vez mais se sabe menos sobre a nossa Biodiversidade, pelo menos aqui no Brasil.

A maioria das informações que tive sobre diversidade de fauna, flora e mesmo de tribos indígenas, me foram passadas pelos meus avós e pelos meus pais. Aliás, sou amante da natureza por questões “talvez genéticas”, haja vista que meu avô materno e minha mãe são a minha fonte primária de interesse pelos organismos vivos e pela natureza em geral. Embora eu tenha nascido e crescido numa grande cidade, ainda sou do tempo em que a gente andava descalço, mexia na terra, entrava na mata, tomava banho no mar, na cachoeira e no rio. Enfim, fazia todas essas “coisas absurdas”. Pois é, a gente vivia na natureza e aprendia quase tudo com ela, ou, pelo menos, a partir dela. Nossos avós e pais eram apenas para nos esclarecer dúvidas sobre plantas e animais e nos informar sobre os riscos potenciais, que naquela época não eram considerados tão importantes ou tão arriscados quanto hoje.

Assim, vivíamos mais ligados com as coisas naturais e aprendíamos mais com a própria natureza. Conhecíamos os animais e as plantas e fazíamos nossas brincadeiras a partir da nossa realidade natural, embora nunca tivéssemos ouvido falar de Biodiversidade. Confesso até que algumas vezes fazíamos coisas muito erradas, pois degradávamos ambientes e até mesmo judiávamos drástica e penosamente de alguns animais. Entretanto, essa nossa vivência nos ajudava a conhecer e consequentemente aprender relativamente bastante sobre os organismos vivos, que naquela época eram muito mais abundantes e conspícuos do que hoje, por inúmeros motivos que não cabem aqui serem discutidos.

Estudei Biologia e me formei como Biólogo não por acaso, mas porque eu sempre gostei dos organismos vivos, em particular os animais, e porque a grande diversidade e beleza deles, particularmente dos moluscos e suas conchas fabulosas, sempre me atraiu. O tempo foi passando e mesmo os meus filhos já não acompanharam os meus interesses pela natureza e suas formas. Sinto também que progressivamente os meus alunos, mesmo os do curso de Biologia, também estão cada vez mais distantes da realidade natural às suas voltas e cada vez conhecem e identificam menos as formas vivas.  A pouca convivência com a natureza tem afastado o homem da biodiversidade e do interesse por ela. Algumas dessas formas vivas, mesmo hoje, ainda extremamente comuns, a maioria dos alunos diz que nunca viu.

Observaram bem essa frase? Bem, eu vou repetir: “formas vivas, mesmo hoje, ainda extremamente comuns, a maioria dos alunos diz que nunca viu”.  Mas, como nunca viu, se ainda são extremamente comuns? Na verdade, os alunos viram sim, mas como eles não conhecem, não prestaram a devida atenção. As pessoas são incapazes de perceber e identificar o que não é interessante e aí algumas coisas passam despercebidas, porque não são importantes e não têm nenhum significado efetivo para elas. A memória não armazena ou, se armazena, não manifesta aquilo que não é importante e assim certas coisas não são gravadas ou são totalmente apagadas da nossa memória, porque não guardam relação com nada. A memória não tem registro efetivo dessas coisas e assim, elas passam despercebidas, como se simplesmente não existissem.

Vocês perceberam a gravidade dessa última frase? Vou repetir também, para que seja possível caminhar no meu raciocínio: “a memória não tem registro efetivo dessas coisas e assim, elas passam despercebidas como se simplesmente não existissem”. É exatamente isso que tem acontecido conosco, no que se refere à natureza e a Biodiversidade. Nossos valores mudaram, não se observa e não se contempla a natureza, a qual certamente não é mais um valor tão significativo e importante no pensamento coletivo, como foi para os nossos antepassados, por isso progressivamente temos dado menor importância a ela. A natureza não atrai mais como antes. Desta maneira, mesmo ocasionalmente vendo certos coisas e aspectos, não identificamos a grande maioria dessas coisas que a natureza nos apresenta, porque os nossos olhos estão lamentavelmente voltados para outros interesses.

Meus amigos, isso é um grave erro e um grande mal, particularmente num país que tem a maior biodiversidade do planeta e que precisa preservar, estudar e conhecer todo esse material natural. Como podemos fazer para que as pessoas possam agir de maneira diferente e procurem conhecer a Biodiversidade brasileira? Como preservar e proteger aquilo que não se conhece e que não se acha importante? Como é possível fazer com que as pessoas amem aquilo que não conhecem, ou melhor, que nem percebem, porque não dão nenhum valor significativo?

O Brasil tem que promover ativa e efetivamente a sua Biodiversidade e colocá-la no pensamento coletivo da sociedade brasileira, até porque o mundo lá fora sabe o que temos aqui e tem muita gente de olho nesse nosso patrimônio natural, enquanto nós mesmos aparentemente não estamos preocupados e nem interessados nas nossas riquezas naturais. É preciso inverter esse quadro e voltar aos valores antigos. Temos que divulgar e conhecer nossa fauna, nossa flora, nossos índios, nossos biomas naturais, nossas belezas cênicas, enfim, temos que propagandear nossa diversidade natural e destacar nossa condição de líderes mundiais de biodiversidade. Temos que criar mecanismos para apresentar nossa biodiversidade para os cidadãos brasileiros, para gerar uma noção de pertencimento e uma vontade de conhecer e preservar esse patrimônio na população brasileira.

O mundo hoje é quase totalmente tecnológico e eletrônico, por isso mesmo, a maioria de nós, age como máquinas e não sobra tempo para nada, principalmente no que se refere a contemplação da natureza. É claro que existem exceções e alguns abnegados, mas esse número está proporcionalmente diminuindo. Não sou contra os novos tempos e nem contra a tecnologia, ao contrário acho mesmo que a tecnologia é fundamental. Entretanto, a tecnologia é a parafernália instrumental. Isto é, a tecnologia são as ferramentas que deveriam nos ajudar a viver melhor e não pode ser nada diferente disso. Não podemos esquecer da natureza e trocar os valores naturais em prol de bens artificiais. Já inventaram até “bichinhos virtuais”. O pior é que a gente parece mesmo nem se importar com os valores naturais, pois eles acabam mesmo passando despercebidos da maioria das pessoas.

Nossa sociedade mata animais e destrói plantas como se fossem coisas de pouca ou nenhuma importância, porque nossa abundância de formas vivas é tal, que não temos a verdadeira dimensão da Biodiversidade brasileira e de seu significado para o Brasil. É preciso mudar esse quadro e construir uma nova visão que traduza para a nossa população a realidade de que a Biodiversidade brasileira é a maior riqueza nacional e que ela pode levar o país ao auge do desenvolvimento sustentável, muito mais facilmente do que pode ser imaginado no senso comum. A sociedade brasileira precisa estar engajada e inserida no contexto de que precisamos conhecer e preservar a nossa biodiversidade, até para que o Brasil possa tirar os devidos proveitos que ela permitir.

Nós Biólogos e Professores desse país temos uma obrigação maior na realização da tarefa de informar sobre a Biodiversidade à população brasileira, porque nós somos, por um lado, os geradores desse conhecimento e por outro, também os porta-vozes que deverão leva-lo, de maneira clara, comunidades. Para tanto precisamos estar devidamente capacitados sobre o que é a nossa Biodiversidade e sua verdadeira importância. Por conta disso, é necessário e urgente voltar a escrever sobre nossa natureza, para que nossas crianças, nossos jovens e nossos atuais e, principalmente, futuros professores fiquem interessados em conhecer melhor nossos recursos naturais e nossa biodiversidade.

No passado, alguns cientistas e divulgadores das ciências, como EURICO de Oliveira SANTOS, Cândido Firmino de MELO LEITÃO, RODOLPHO Von IHERING, CARLOS Nobre ROSA, José CÂNDIDO de Melo CARVALHO, AUGUSTO RUSCHI e também alguns outros escritores, como o próprio José Bento Renato MONTEIRO LOBATO e tantos outros que fizeram seus trabalhos famosos divulgando a natureza e assim os jovens liam e aprendiam sobre a Biodiversidade brasileira, mas isso ficou lá trás. Hoje, existe necessidade de que esse mecanismo de contar histórias e descrever a natureza seja renovado e ampliado para que a Biodiversidade brasileira não seja esquecida e permaneça inserida no pensamento comum de toda sociedade brasileira.

Eu, de cima dos meus 60 anos, estou aqui trazendo o meu chamamento, fazendo o meu alerta e dando minha contribuição pela nobre e importantíssima causa. Espero que mais pessoas capazes e envolvidas na questão também se manifestem em prol de chamar a atenção do país sobre a importância de conhecer e proteger a Biodiversidade brasileira.

Luiz Eduardo Corrêa Lima

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18 fev 2015

Biodiversidade Brasileira: uma ilustre desconhecida da população

Resumo: Desta vez está sendo apresentado um texto recente que acabo de escrever, no qual procuro chamara atenção para uma questão cada mais esquecida e que precisa estar presente no pensamento coletivo do povo brasileiro. Trata-se da Biodiversidade do Brasil, a maior da Terra, e lamentavelmente esquecida pelas autoridades e em consequência disso, quase totalmente desconhecida da população brasileira. É preciso que se estabeleçam mecanismos que permitam informar melhor sobre essa questão e a grande mídia precisa se fazer presente nesse momento, para colocar os brasileiros cientes daquilo que possuem de mais relevante que a Biodiversidade existente no território nacional.


 

Biodiversidade Brasileira: uma ilustre desconhecida da população

Aqui no Brasil, lamentavelmente, as pessoas que militam profissionalmente nas áreas relacionadas com a biodiversidade parecem ser as únicas que são capazes de saber sobre a importância desse aspecto para o país. Não só porque as demais pessoas não sabem que o Brasil possui a maior biodiversidade do planeta, mas principalmente, porque mesmo aquelas que conhecem esse insigne fato, não compreendem o que isso pode representar. Aliás, mesmo os administradores públicos e os políticos do país, salvo raríssimas exceções, também não fazem a mínima ideia do venha a ser biodiversidade e nem a responsabilidade que o Brasil deveria ter em relação a esse aspecto, haja vista que cerca de 20% das espécies vivas do planeta estão aqui localizadas.

Quer dizer, as pessoas não são culpadas por não darem importância àquilo que elas se quer imaginam que possa existir e ser importante. Por isso mesmo, a maioria dos cidadãos brasileiros não está nem aí para a preservação dos Grandes Biomas ou dos inúmeros Ecossistemas degradados por conta da ação antrópica indevida e inescrupulosa. A visão geral da população infelizmente ainda é a seguinte: se a riqueza em alguma parte do Brasil vamos busca-la e transformá-la o mais rapidamente em dinheiro.

Pois então, foi essa visão que dizimou as populações do Jacarandá da Bahia, do Pinheiro do Paraná, do Palmito Juçara do Sudeste e que levou à míngua e quase extinguiu inúmeras espécies de animais utilizadas na alimentação ou temidas por conta de crendices absurdas como algumas espécies de aranhas, cobras, sapos e outros infelizes animais. O uso e a degradação das populações dessas espécies de organismos vivos foi feito sem nenhum critério, apenas para satisfazer o interesse de alguns seres humanos.

Vejam bem que eu só falei de organismos grandes facilmente visíveis e identificáveis. Entretanto, quem é capaz de dizer quantas espécies de pequenos organismos que já desapareceram, sem que a Ciência pudesse conhece-los, porque muitos deles, se quer foram vistos alguma vez por qualquer pessoa. É bom lembrar que a grande maioria dos organismos vivos é pequena e pouco conspícua. Pois então, por essas e outras é que a biodiversidade brasileira é desconhecida e naufraga cada vez mais por conta dessa falta de conhecimento que as pessoas têm a seu respeito.

Ao contrário do que se poderia pensar, essa situação está longe de melhorar e só tem piorado, porque os mais jovens (talvez não por culpa deles, mas por conta da situação imperante), acabam sendo os menos interessados em conhecer o patrimônio natural brasileiro, o qual é progressivamente sempre menos conhecido, tanto pela raridade maior dos diferentes indivíduos, quanto pela falta cada vez maior de informação sobre eles. Em suma, se observa menos, se conhece menos, se estuda menos, se identifica menos e por fim se importa cada vez menos com a realidade natural brasileira.

A biodiversidade do Brasil, que deveria ser enfatizada como a maior riqueza que o país possui, acaba sendo mais um apêndice burocrático aos entraves dos interesses econômicos de empresas que se utilizam de recursos naturais, mormente empresas mineradoras e agrícolas. As mineradoras na retiradas constante de recursos naturais não renováveis e na degradação ambiental desenfreada e as agrícolas na degradação de terras para aumentar as monoculturas, envenenado solos e plantando essências geneticamente modificadas, que além de ocuparem o espaço, são protegidas quimicamente para ficar livres de “pragas” (os outros organismos que poderiam habitar também a área).

Por outro lado, a legislação brasileira tem no SNUC (Sistema Nacional de Unidades de Conservação), uma lei (Lei 9985/2000) que tenta cumprir o previsto no Artigo 225 da Constituição Federal (1988) e ampliar as áreas de preservação, a fim de garantir a manutenção da biodiversidade do país. É bom lembrar que segundo a própria Constituição Federal, preservar áreas significativas dos diferentes biomas brasileiros é uma obrigação do governo e de todos os cidadãos desse país. Entretanto, esse mesmo governo atua na contra mão da constituição, quando deixa de assinar o acordo internacional da biodiversidade, como aconteceu no ano passado, e a população em geral nem ficou sabendo desse fato, porque infelizmente a “grande mídia”, aqui no Brasil, não divulga aquilo que o governo não quer que seja divulgado. Assim, a população segue sem saber o que acontece e o governo continua fazendo o que não deve nessa questão.

É preciso que se estabeleça rapidamente alguma maneira de informar a população do país sobre o verdadeiro significado e a grande responsabilidade que o Brasil tem, sendo o país de maior biodiversidade planetária, a fim de que seja possível exigir que o governo brasileiro cumpra os compromissos estabelecidos e respeite a legislação, principalmente não permitindo a utilização de áreas de preservação permanente para interesses de segmentos sociais específicos, mormente os ruralistas e os grandes mineradores.

Além disso, também é necessário que se divulgue o que já foi destruído da Biodiversidade brasileira e o quanto ainda existe desse patrimônio natural. Infelizmente, quando se fala de biodiversidade, a maioria das pessoas só relaciona o termo com a Amazônia, que é apenas parte do problema. Essa grande falação sobre o desmatamento da Amazônia, além de não resolver nada, porque até aqui o desmatamento só aumentou, também só tem servido para esconder o que está acontecendo nos outros biomas do país. A Mata Atlântica, quase desapareceu, o Cerrado está à míngua, a Caatinga praticamente inexiste, a Vegetação Litorânea (Manguezal e Restinga) sumiu com a especulação imobiliária no litoral brasileiro, o Pantanal está virando um grande areal. Enfim, a situação dos grandes Biomas brasileiros é muito grave na maior parte de suas respectivas áreas.

Mas, o pior de tudo é o que acontece com os microrganismos e com a fauna que habitam os diferentes biomas brasileiros, haja vista que esses tipos de organismos são os mais dependentes dos ambientes naturais e onde se degrada o ambiente natural eles tendem a desaparecer. Assim, a lista de espécies animais ameaçadas de extinção também só tem aumentado. A degradação da biodiversidade que se observa no macro nível, obviamente é significativamente maior no micro nível e produz um grande empobrecimento na biodiversidade das espécies que ocupam os diferentes biomas, principalmente das espécies de microrganismos do solo e de animais invertebrados, que constituem a grande maioria das espécies vivas.

A falta dos microrganismos torna solos pobres e incapazes de reter água e nutrientes. A falta dos pequenos animais invertebrados também empobrece solos e inclusive inviabiliza a polinização de algumas plantas, o que também atua no impedimento da regeneração natural dos próprios biomas. Quer dizer, a degradação ambiental também prejudica sensivelmente a possibilidade da própria recuperação dos ecossistemas naturais.

Enfim, é fundamental que se divulgue a biodiversidade brasileira aos habitantes do Brasil para que seja possível entender que essa é a maior riqueza do país e que o exercício de cidadania se faz necessário na defesa desse patrimônio brasileiro. O povo brasileiro precisa saber mais sobre os recursos naturais que o Brasil possui e precisa estar ciente de que proteger esses recursos é uma obrigação comum a todos os brasileiros.

Luiz Eduardo Corrêa Lima

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