Tag: Consumismo

17 jan 2021
NA ERA DA BIOLOGIA O BIOCENTRISMO PRECISA PROSPERAR

NA ERA DA BIOLOGIA O BIOCENTRISMO PRECISA PROSPERAR

Resumo: O texto traz uma reflexão sobre a necessidade de uma visão biocêntrica e da manutenção de posturas sustentáveis para garantir a permanência da Espécie Humana na Terra. É feita uma discussão breve e genérica do conhecimento científico que nos propiciou grandes avanços tecnológicos, mas nos privou de qualidade de vida e nos propiciou riscos planetários, por conta do desleixo com o planeta e os organismos vivos aqui existentes.


Como eu tenho dito, histórica e repetidamente, para os meus alunos, a verdade é que, de fato, estamos vivendo à era da Biologia, como previram NAISBITT & ABURDENE (1990) e nós, Biólogos, temos que tirar toda vantagem possível desse momento. Quero deixar claro que a palavra vantagem nesse contexto, não quer trazer nenhuma conotação de benefício pessoal ou profissional, até porque estou me referindo à Biologia como ciência, cuja preocupação primária é a vida na Terra.

Nesse contexto, estritamente científico, a Biologia e os Biólogos consequentemente não querem, não devem e não podem determinar uma vantagem exclusiva para a espécie humana e muito menos ainda admitir uma vantagem específica para um indivíduo ou um grupo social único isolado dentro de determinado ecossistema, de qualquer bioma do planeta.

A Biologia e os Biólogos estão preocupados com a vida e com o planeta e nesse momento, com a Biologia em alta, nós devemos criar os mecanismos que permitam garantir a vida planetária, inclusive a vida humana.

Estou apenas me referindo ao fato de que a realidade física e química dos diferentes ecossistemas planetários não consegue se manter sem os organismos vivos, suas atividades e suas peculiaridades, como se pensava em outros tempos, quando a Biologia ainda estava por baixo. Ou seja, na atualidade, quando o mundo científico finalmente entendeu, que qualquer ambiente resulta, além das condições físicas e químicas, também da influência exercida pelas diferentes ações dos organismos vivos nele existente a sociedade precisa fazer coro com essa condição. Deste modo, a Biologia e os Biólogos têm que demonstrar, cada vez mais à Humanidade, a importância de todos os organismos vivos para o equilíbrio ambiental do planeta.

Os organismos vivos importam, explicam, atuam e em determinado sentido, até condicionam certos mecanismos e ações planetárias. Esse fato, que ficou esquecido e não foi considerado pela humanidade ao longo da história, atualmente é protagonista das preocupações humanas e das ações dos pesquisadores nas mais diversas áreas do conhecimento. A Biologia deixou de ser considerada uma ciência pouco importante e agora tem começado a explicar melhor o seu papel, além de obrigar a física e a química a se explicarem de maneira mais efetiva no contexto planetário, onde a vida se manifesta.

Se, primitivamente, a física e a química podiam explicar o planeta, sua composição, sua estrutura e seus mecanismos, hoje nós sabemos que a ação dos organismos vivos pode modificar e certamente modifica todo o contexto inicial e isso pode interferir significativamente nos diferentes ecossistemas. Pior ainda, quando consideramos os efeitos produzidos por uma espécie tremendamente adaptável e modificadora da condição planetária e por isso mesmo cosmopolita, como é a espécie humana, principalmente nos tempos modernos com os efeitos tecnológicos influindo diretamente nos diferentes ambientes de toda Terra.

Na verdade, nossa era tecnológica, só passou a ser assumida efetiva, real e totalmente, quando passamos a aceitar e começamos a entender os padrões biológicos nela contidos. Nossa compreensão sobre os vírus e os demais microrganismos, nossa condição de qualificar e quantificar a biodiversidade orgânica, nosso entendimento do DNA e suas consequências, nossa capacidade de encarar e aceitar realmente a evolução biológica como um processo natural da vida.

O momento crucial das ações tecnológicas humanas só se efetivou quando aceitamos o fato de que os fenômenos e atividades físicos e químicos não existem apenas aleatoriamente e que, de alguma maneira, eles estão ligados à possibilidade e à existência da vida no planeta. Em suma, a presente onda tecnológica só acontece verdadeiramente, porque entendemos que Ecologia, Genética e Evolução são partes importantes da Biologia, que atuam na composição de qualquer mecanismo planetário, independentemente daquilo que possamos, a priori, pensar ou querer demonstrar sobre esse mesmo mecanismo, suas causas e suas consequências.

Quando finalmente passamos a conversar mais proximamente com Newton, Lavoisier, Proust, Einstein, Haeckel, Mendel, Darwin e alguns outros estudiosos e cientistas naturais não menos importantes, todos eles ao mesmo tempo, é que começamos a compreender um pouco mais das coisas que acontecem no nosso planeta Terra. Antes disso, criávamos “monstros tecnológicos” puramente físico-químicos, sem nenhuma possibilidade biológica e obviamente o resultado era sempre fictício e improvável, ainda que até pudéssemos dirigir alguns desses resultados aos nossos interesses. Entretanto, hoje sabemos que a realidade biológica vai além daquilo que podemos controlar e estamos meio perdidos no controle de determinadas ações.

Nos últimos anos, entretanto, a evolução da Biologia como ciência natural e a demonstração, cada vez maior, de sua necessidade na “tecnologização” do mundo, trouxe à baila resultados significativos e nos levou a um momento histórico fundamental, que nos permite afirmar que a física e a química não são capazes de produzir o “mundo ideal” sem a presença dos organismos vivos, sejam eles quais forem e que assim o homem não pode assumir seu pretenso poder absoluto sobre as atividades no planeta. Aliás, talvez, até por isso, é que a vida tenha se desenvolvido aqui na Terra, da maneira como nós a conhecemos, mas essa é outra questão, que não queremos e não vamos discutir aqui e agora.

Ao longo dos anos da história humana, sempre nos preocupamos exclusivamente com a vida humana e isso não nos permitiu, em muitos casos (a maioria deles), estabelecer parâmetros comparativos até confiáveis em comparação com a realidade natural. Criamos sempre uma cultura egoísta e antropocêntrica, na qual só tinha valor aquilo que basicamente era referente ao ser humano, as outras espécies vivas não tinham absolutamente nenhum significado na grande maioria das vezes.
Desta forma, colocamos a Sociologia à frente da Biologia e trabalhamos a natureza pela Física e pela Química caminhando sempre na direção e no interesse da humanidade. Na realidade era como se a Biologia, a exceção dos seres humanos, não existia na natureza, para a grande maioria dos pensadores e estudiosos. Tudo era sempre pensado, produzido e dirigido para a espécie humana.

O Homo sapiens, a espécie superior, sempre esteve no centro e acima de todas as demais espécies. Todo o restante do mundo vivo não era importante, pois era meramente considerado. O mundo vivo não humano, consistia apenas de uma “consequência natural” para as nossas necessidades materiais, as espécies vivas que nos servem como recursos e das nossas benesses e virtudes antrópicas, as espécies vivas que nos são agradáveis e por isso nós as deixamos dividir o nosso espaço planetário.

Isto é, toda a inteligência humana, historicamente, foi usada a serviço exclusivo dos seres humanos, como se fôssemos efetivamente a única espécie viva de importância significativa para o planeta. Nunca questionamos os seguintes fatos: por que o mecanismo evolutivo da natureza permitiu a produção de alguns milhões de espécies no planeta? Será mesmo que elas são necessárias? Para que tanto desperdício de matéria orgânica? Ou ainda, como eu já ouvi algumas vezes, para que serve, por exemplo, a barata?

Caramba! Quanto se deixou de entender e fazer sobre o planeta e sobre a vida por conta dessa arrogância humana. Por outro lado, quando se deixou de lado essa visão deturpada e caolha do planeta e dos demais organismos vivos, as coisas passaram vagarosamente a mudar. Finalmente, o mundo, na metade final do Século XX, talvez um pouco tarde, começou a pensar diferente e hoje estamos vivenciando um momento de muitas dificuldades, por um lado, mas de grandes expectativas e de crescentes possibilidades por outro. Certamente ainda existe saída para os erros cometidos pela nossa espécie, mas essa saída será difícil e bastante complicada.

Enquanto a Física e a Química desenvolveram tremendamente e a Sociologia se diversificou muito, a Biologia, até a metade do século XIX, continuava sendo puramente descritiva e informativa, apesar de algumas tentativas de cientistas importantes, como Georges Cuvier e Jean Baptiste Lamarck. Apenas em 1859, com a publicação da Origem das Espécies de Charles Darwin, onde ele apresentou a Teoria da Seleção Natural, desenvolvida com a colaboração de Alfred Wallace, houve uma sacudidela no mundo e só aí, a Biologia começou, mas ainda de maneira rudimentar, a se manifestar como ciência.

Depois vieram Gregor Mendel, Hugo de Vries, Thomas Morgan, Theodosius Dobzhansky, Ernest Mayr, Francis Crick, James Watson, Eduardo Wiley. Richard Dawkins, Edward Wilson, Stephen Gould e vários outros Biólogos menos famosos, mas não menos importantes, que com seus trabalhos contribuíram muito para a ascensão da Biologia. Assim, os Físicos e os Químicos também passaram a observar novos aspectos e outras possibilidades de aplicações de seus respectivos interesses.

A era tecnológica que já se vislumbrava e que já vinha sendo incrementada, desde a invenção da lâmpada, do telefone, do motor, do rádio, da televisão, do cinema, do transistor, do fax e com o conhecimento e aperfeiçoamento do átomo e dos estudos nucleares, passou incluir as ideias da Biologia no seu universo, e aí vieram os submarinos nucleares, os foguetes espaciais, o computador (“cérebro eletrônico”), o computador pessoal, o “chip”, o “notebook”, o telefone celular, os “vírus” e as “vacinas eletrônicas” e tantos outros artefatos assumiram conceitos de base biológica.

Entretanto, a humanidade sempre se esqueceu, ou melhor, não percebeu, que tudo vem da natureza e que todas as coisas, mesmo aquelas produzidas pelo trabalho da própria humanidade, demandam recursos naturais e que os recursos naturais não são eternos. Isto é, essas coisas criadas pela mão humana, também são feitas a partir da natureza e toda vez que se cria algo, são utilizados recursos naturais, e em contrapartida são destruídos (transformados) esses mesmos recursos. Na verdade, em essência, nada é artificial, porque tudo vem da natureza. Além disso, o homem, não sei o porquê, demorou mais enfim, também terminou descobrindo que o uso contínuo e exacerbado de recursos naturais pode levar ao esgotamento de alguns deles.

O homem pode modificar umas coisas e produzir outras, mas a base para a produção é sempre um ou mais recursos naturais e não há como fugir disso. Tudo que existe vem da própria natureza planetária. As maravilhas que a tecnologia cria seriam impossíveis se não existissem os recursos naturais. A Biologia vem gritando isso para a humanidade já faz muitos anos, mas muitos indivíduos dentro dos diferentes setores das sociedades humanas têm sido renitentes e alguns deles parecem que ainda não estão querendo ouvir.

A Humanidade nunca se preocupou muito (na verdade, não se preocupou praticamente nada) em saber, se aquele artefato ou produto que estava sendo feito (produzido ou transformado), era necessário, ou se era muito ou pouco importante, ou se era apenas algo acessório, ou ainda se era tão somente um apetrecho diletante. Quase nunca se avaliou, o quanto a existência desse artefato ou produto se contrapunha a algo (recurso natural) que poderia deixar de existir e que talvez fosse tão importante ou mais que o produto em si.

O que interessava era somente o produto, porque a “mãe natureza” foi uma dádiva do Criador, que está aí apenas para servir a humanidade. Infelizmente, em pleno século XXI, ainda existem muitos seres humanos que acreditam piamente que os recursos naturais do planeta, foram postos por Deus, simplesmente para servir aos interesses do homem. Para esse tipo de ser humano, os recursos estão aí para serem usados e as demais espécies são contingências desagradáveis da própria existência humana. E não se preocupem, porque Deus sempre nos dará recursos.

Entretanto, nós sabemos que tudo aquilo que se usa sem critério um dia acaba e esse fato já aconteceu com vários recursos naturais. Muitos recursos naturais foram destruídos e exterminados em produtos que muitas vezes acabaram sendo também inutilizados posteriormente, pela mesma tecnologia que os havia criado. Foi nessa hora que o homem entrou mais seriamente num conflito incoerente e direto com a natureza. Isto é, no exato instante em que o homem passou a produzir aquilo que não precisa, gastando sem sentido o recurso que a natureza possui pouco ou que já não possui mais. De repente, o recurso natural em questão acabou e aí, também foi o fim também daquele produto.

Além disso, é preciso considerar outro aspecto fundamental, que, no passado, foi costumeiramente deixado de lado. Todo o processo de transformação e produção ocasiona alguma sobra, algum resíduo (poluição e lixo) desinteressante, que muitas vezes é contaminante ou tóxico e pode ser danoso à saúde. Porém, mesmo não sendo prejudicial à saúde, o resíduo ocupa espaço e geralmente não tem onde ser devidamente guardado e muito menos, como ser tratado de maneira segura ao ambiente.

Aliás, aqui cabe lembrar que esse resíduo (poluição e lixo) também é uma invenção exclusiva da humanidade, porque a natureza não produz poluição e nem lixo, porque tudo que a natureza produz, ela mesma desenvolveu um mecanismo para decompor e transformar. O problema é que tem coisas que o homem produz, que natureza não conhece e assim a natureza não conhece e não tem como decompor ou que o processor de decomposição é demasiadamente lento.

Por isso mesmo, ao longo do tempo, o homem sempre teve o problema de se livrar do resíduo e sempre quis se livrar do resíduo e “jogar o lixo fora”. Entretanto, a questão é bem mais complicada, porque não existe “fora”, porque o planeta é um só e tudo fica mesmo aqui dentro mesmo.

Historicamente, nós apenas conseguimos mudar o resíduo de posição. Sendo assim, há necessidade de tratar os resíduos para resolver alguns problemas. Recomendo a leitura dos artigos anteriores, LIMA (2014a e 2014b), onde discuto melhor essa questão.

A humanidade se acostumou com essa triste situação: usar recurso natural e produzir poluição e lixo. Entretanto, ao acabar o recurso, automaticamente ela passava a se utilizar de outro e produzia mais poluição e lixo. Assim, este ciclo infeliz tem continuado indefinidamente até quando o Planeta puder aguentar e, ao que parece, a Terra já não está aguentando e tem, cada vez mais, produzido provas desse fato.

O momento que estamos vivenciando é exatamente esse: já chegamos (na verdade, já passamos) ao limiar do suporte planetário. Muitos dos recursos já acabaram ou estão acabando e muitos de nós, seres humanos, parece que não conseguimos ou não queremos entender que existe necessidade de parar de utilizar esses recursos naturais e de produzir poluição e lixo ou de usar os recursos com parcimônia e com coerência, impedindo ao máximo à formação de poluição e do lixo e reaproveitando de alguma maneira os resíduos possíveis. Precisamos mudar o nosso comportamento em relação ao planeta e ao uso dos recursos naturais.

Por outro lado, com o reconhecimento desses fatos, muitos seres humanos têm tentado frear o abuso do consumo indiscriminado de recursos naturais e da produção de lixo. Ao contrário do que alguns dizem, esses seres humanos não são contra as benesses da tecnologia, mas estão preocupados com a destruição e com o desperdício inconsequente dos recursos naturais.

Finalmente, muitos dos líderes e aficionados da tecnologia já perceberam os riscos e tem feito tudo o que podem para gastar menos recursos naturais. Isto é, usar apenas o necessário e gerar a menor quantidade de resíduos possível. Entretanto, alguns setores da sociedade continuam insistindo em manter o “status quo”, alegando interesses dúbios e se justificando com coisas e situações absurdas.

Desta maneira, estamos numa encruzilhada na qual temos duas alternativas: ou a Sociologia assume as mesmas posições da Física e da Química, fazendo coro com os interesses da vida e do planeta, antes de promover os diletantismos da humanidade ou a espécie humana está fadada à extinção precoce, por conta da carência dos recursos naturais que ela tanto necessita e por conta do acúmulo de resíduos que ela produz. Sempre é bom lembrar, que o resultado do impasse depende única e exclusivamente de nós.

Se a segunda alternativa vier realmente acontecer, a própria humanidade será a única responsável pelo fim da espécie humana. Entretanto, o problema não reside só aí, pois muitas outras espécies, que não têm nenhuma culpa no que se refere ao caos planetário instalado, também perecerão em consequência dessa ocorrência. A Biologia também permite afirmar que o planeta é resiliente e seguirá mantendo os organismos vivos que resistirem e obviamente as novas formas que ao longo do tempo surgirão. Há até quem diga que essa será a “Terra ideal”, ou seja, a Terra sem os seres humanos, mas essa também é outra discussão que fica para depois.

Para concluir, quero registrar que se essa postura for realmente assumida pelo Homo sapiens, ela será ao mesmo tempo criminosa, porque destrói e degrada parte significativa do planeta; assassina, porque mata indivíduos e extermina outras espécies vivas e suicida, porque acabará por extinguir a humanidade. Somente com uma atitude biocêntrica efetiva da sociedade, com respeito a todas as espécies vivas da Terra, com o uso parcimonioso dos recursos naturais e controle efetivo da produção de resíduos e que teremos algumas perspectivas de sobrevivência.

Enfim, na Era da Biologia temos que ter coragem para entender que somente com o desenvolvimento de uma tecnologia sustentável, favorável ao planeta e respeitando a vida nele existente é que poderemos escapar desse futuro degradante e terrível que já está assombrando a muitos seres humanos e que se aproxima rapidamente.

REFERÊNCIAS

LIMA, L. E. C., 2014. O Consumismo e o Grande Erro da Expressão; “jogar o lixo fora”,
www.profluizeduardo.com.br, 2014a.
LIMA, L. E. C., 2014. O Lixo na Natureza e a Guerra Homem X Terra, www.profluizeduardo.com.br, 2014b.
NAISBITT, J. & ABURDENE, P. Megatrends 2000 – Ten New Directions for the 1990’s. New York, William Morrow and Co., 1990.

Luiz Eduardo Corrêa Lima (64) é Biólogo, Professor, Pesquisador, Escritor e Ambientalista.

20 jun 2020
REFLEXÕES SOBRE O CONSUMO EXAGERADO (CONSUMISMO)

REFLEXÕES SOBRE O CONSUMO EXAGERADO (CONSUMISMO)

Resumo: Nesse é proposta uma reflexão sobre a nossa maneira de consumo e como a humanidade tem tratado os recursos naturais que o planeta nos fornece e que nos mantêm vivos. Além disso, é questionada a nossa preocupação com os futuros seres humanos, aqueles que nem nasceram ainda. E a questão que fica é a seguinte: que planeta estamos construindo para os que virão?


Uma das questões ambientais que mais tem preocupado a humanidade atualmente é o Consumismo, isto é, a mania de consumir sem necessidade, ou melhor, o consumo exagerado de produtos: consumismo é o consumo feito por vício, um grande prazer em consumir. Vou me ater aqui, apenas a questão do consumismo como uso excessivo e desnecessário dos Recursos Naturais e não vou me preocupar com as questões econômicas relacionadas ao tema.

Vejam bem, o homem, como qualquer espécie viva retira e consome produtos naturais ou produtos derivados de produtos naturais. Quer dizer, na verdade qualquer coisa que usamos se origina de matéria prima (Recursos Naturais) que vêm da natureza, isto é, do planeta Terra. Os demais organismos também se utilizam de recursos naturais oriundos da Terra, mas eles usam aquilo que efetivamente necessitam, enquanto o homem, “Dono da Terra”, usa o que quer.

Pois então, a humanidade tem que entender que o verbo necessitar não é sinônimo de querer, a necessidade é imperante e vital, enquanto o querer e diletante e opcional. A humanidade não só tem que entender essa questão, como precisa agir no sentido que ela seja uma prioridade comportamental. Isto é, o consumo humano tem que passar a ser um mecanismo de auto-regulação do uso dos recursos naturais, para garantir a manutenção desses recursos às futuras gerações.

Nos apropriamos da natureza e assim fazemos dela o uso que bem queremos, sem nos importar com as demais formas vivas e principalmente, sem nos preocuparmos com os demais seres humanos do planeta. Usamos e esgotamos tudo a nosso bel prazer, sem medir as consequências desse uso. Essa maneira de agir é consumismo e esse processo degradante tem que acabar para o bem da própria humanidade.

Consumir, obviamente é necessário, mas extrapolar o consumo é desperdício de recursos naturais e, pior ainda, é impedir que outros, que efetivamente necessitam daquele recurso, possam se utilizar dele. O Planeta Terra e a natureza sempre nos forneceram tudo que necessitamos e poderão continuar fornecendo por muito tempo, desde que saibamos utilizar os recursos naturais com parcimônia. Como disse Gandhi: “na Terra há o suficiente para satisfazer as necessidades de todos, mas não para satisfazer a ganância de alguns”.

A Humanidade tem confundido a ideia de patrimônio natural com a ideia de recurso natural e tem entendido que todo o patrimônio da Terra deve virar recurso para a própria humanidade. Temos agido como se achássemos que todo o patrimônio planetário está aí para ser dilapidado e exaurido pelo homem, mas certamente essa é uma maneira errônea de pensar e principalmente de agir. É bom lembrar que se usarmos tudo hoje, não sobrará coisa alguma e assim, vai fazer falta lá na frente. Ou seja, estamos impedindo que os humanos que nem nasceram, possam nascer e ter os mesmos direitos que tivemos até aqui. Precisamos considerar esse fato e compatibilizar a nossa forma de consumo, dentro de um padrão racional e sem exageros.

Eu poderia ficar dando vários exemplos sobre o consumismo e uso indevido dos recursos naturais, mas vou me limitar e dar aqui apenas três exemplos para esclarecer melhor e tentar demonstrar mais efetivamente o que estou querendo dizer, quanto aos danos produzidos pelo excesso de consumo pela Humanidade.

Num primeiro momento vamos pensar no simples ato de pescar. Se um pescador amador sai de casa para pescar, deve ser imaginado que a princípio ele pesca para se alimentar ou até para se distrair e se divertir. Mas, ao pescar de fato, certamente a grande maioria dos pescadores, não se contentarão em trazer apenas os peixes necessários para o seu consumo e de sua família ou em devolver vivos aqueles que pescou apenas por lazer. Na verdade, eles acabam pegando todos os peixes que forem possíveis e posteriormente, até jogam alguns no lixo, depois de mortos.

Quer dizer, eles tiram a vida dos peixes e os transformam em lixo, impedindo que pudessem ser utilizados como alimento por outros seres humanos ou mesmo por outros animais.  É claro que aqueles peixes mortos também servirão de alimento para outros organismos, mas se eles não fossem mortos desnecessariamente, talvez o número de peixes na próxima temporada pudesse ser maior, em consequência da maior possibilidade de reprodução e geração de descendentes.

 Além disso, sem a interferência humana, ou, pelo menos sem o exagero da interferência humana, talvez houvesse um benefício ao próprio ecossistema onde estavam os peixes. Por outro lado, isso poderia enriquecer a pesca e beneficiar mais gente (mais humanos). Enfim, é possível fazer várias conjecturas, mas geralmente não se faz nenhuma delas e apenas se pesca, se retira e se mata o que não interessa. O peixe aqui é só um modelo de recurso natural e nesse exemplo pode ser demonstrado que o desperdício numa simples pescaria também é uma forma de consumismo.

Outro situação interessante pode ser aquela, já famosa, do número de aparelhos eletrodomésticos nas casas, as televisões, por exemplo. Até três ou quatro dezenas de anos atrás, cada casa geralmente tinha (quando tinha) uma televisão e todos os membros da família iam muito bem e estavam satisfeitos quanto a essa condição. Roa, então por que hoje tem que existir uma TV em cada canto da casa, se na casa só residem, por exemplo, duas pessoas? Na verdade, uma só TV bastaria ou, no máximo duas, uma para cada uma das pessoas (o que já seria um absurdo), mas não; nós preferimos colocar uma em cada lugar e nos esquecemos que tem muita gente, muito ser humano como nós, sem TV nenhuma.

Aliás, tem muito ser humano por aí, sem casa e sem abrigo, o que é um grande absurdo e a maioria dos humanos não está nem aí para esse fato. O hábito de comprar nos ilude, nos tira da realidade e nos leva a supor que, quando estamos comprando algo é quase como se pudéssemos tudo, inclusive esconder a realidade da desgraça humana, onde mais de 1 bilhão de pessoas, seres humanos como nós, vivem na mais total miserabilidade. O Consumismo também nos transforma sem seres mais egoístas, insanos e inconsequentes.

Por fim quero falar também de outro exemplo interessante e trágico, que o da exploração dos recursos minerais, a mineração. Quando se trata de retirar minério, seja ele qual for, sempre se pensa em tirar tudo, muitas vezes sem nem saber se aquilo vai de fato ser utilizado por alguém naquele momento, pois é importante ter “reservas” do mineral. Mas, eu pergunto: por que as riquezas minerais não podem ficar no terreno, onde se formaram?

Na verdade, com a quantidade de minérios que já retiramos do planeta, se tivéssemos uma visão sustentável do uso real e efetivo dos minerais, além dos possíveis mecanismos de reciclagem desses materiais, talvez não precisássemos mais retirá-los da natureza de maneira progressiva e aviltante até esgotá-los como temos feito. Quanta coisa se estraga por desuso e quanta coisa se destrói por uso indevido.

Será que precisamos mesmo retirar totalmente o minério encontrado num dado lugar? Será que é correto, ou melhor, que é humano, prejudicar a muitos indivíduos para beneficiar alguns com a extração mineral? E aqui, não se está nem fazendo referência ao dano ambiental extremamente significativo da mineração.

Vejam bem, que coerência têm esses três exemplos, para quem vive num espaço limitado, com recursos naturais escassos e definidos como é a Terra? Por que o ser humano parece gostar de estragar, de destruir, de gastar e de desperdiçar o planeta? Acredito que seja preciso pensar no futuro, se é que realmente se pretende ter um futuro?

Se a maior parte da humanidade continua gerando filhos e netos e se alguns humanos ainda estiverem pensando em possuir bisnetos, trinetos e etc., então, há que se preparar para se entregar, para essa geração futura, um planeta com uma quantidade razoável de recursos naturais para que eles possam viver e sobreviver. Ou será que estou errado em pensar dessa maneira?

Aqui cabe discutir rapidamente sobre esses dois termos: viver e conviver. Viver é a condição de estar vivo, isto é, metabolicamente ativo, mas para que isso aconteça é necessário que se tenha o mínimo necessário de recursos que viabilizem essa condição e isso é que nos permite sobreviver. Assim, sobreviver é continuar vivendo.  Para continuar vivendo precisaremos sempre de recursos naturais, não existe outra possibilidade, porque não há mágica na natureza.

Sendo assim, logicamente não podemos consumir todos os recursos naturais agora, nem usar todos os produtos deles derivados nesse momento. O futuro é uma “caixinha de surpresas”, que está sendo construída pelas nossas ações cotidianas ao longo da história humana e até aqui, sinto dizer, mas, não trabalhamos de forma correta, pois caminhamos na contramão dos interesses maiores da humanidade.

Será que aquele pescador pensa nessa situação, quando pesca mais do que precisa? Será que aquele telespectador pensa nessa situação, quando enche sua casa de aparelhos de televisão? Será que aquele minerador pensa nessa situação quando extrai todo o minério de uma determinada mina? Será que a humanidade pensa realmente naqueles seres humanos que ainda virão?

Senhores, é preciso que a Humanidade acorde para a realidade. Urge que seja mudada nossa filosofia de vida e o nosso comportamento em relação ao planeta. É fundamental começar a pensar mais seriamente na nossa relação com os nossos futuros descendentes. Já foi dito várias vezes e vou repetir mais uma, que é impossível retirar para sempre as coisas do mesmo lugar, porque, por uma questão física, certamente um dia as coisas vão acabar. Deste modo, tem que existir uma maneira sustentável de garantir uso indeterminado e mais prolongado possível dos recursos naturais.

Dessa mesma maneira torna-se premente o entendimento de que é impossível consumir sem responsabilidade, porque hoje já temos quase 8 bilhões de seres humanos no planeta e a população humana não para de crescer. De alguma forma, toda humanidade tem e continuará tendo as mesmas necessidades básicas para sobreviver. Temos que garantir que esses recursos sejam perpetuados.

Assim, é preciso uma tomada de consciência a fim de que seja possível parar de consumir por puro prazer e que se passe a consumir apenas o estritamente necessário, sem desperdício de recursos naturais. Aqui vale lembrar o ditado que diz: “dia de muito é véspera de pouco”. E eu tomo a liberdade de complementar: “dia de muito é véspera de pouco [e antevéspera de nada]”.

Pensem nisso e tentem limitar o consumo dos recursos naturais ao mínimo necessário e se, por ventura, observarem que não estão conseguindo, por favor, procurem ser mais responsáveis, mais parcimoniosos e sobretudo mais racionais no tratamento e uso desses recursos naturais, tentando se educarem progressivamente, se autoquestionando com aquelas três perguntinhas básicas: Quero? Posso? Devo? 

Se vocês responderem não a qualquer uma das três questões básicas, por favor, procurem outro meio para resolver aquele problema ou usem outros recursos que possam produzir danos menores (menos significativos) ao patrimônio do planeta. Pensem que, desde já, a humanidade e principalmente as gerações futuras agradecem.

Uma das questões ambientais que mais tem preocupado a humanidade atualmente é o Consumismo, isto é, a mania de consumir sem necessidade, ou melhor, o consumo exagerado de produtos: consumismo é o consumo feito por vício, um grande prazer em consumir. Vou me ater aqui, apenas a questão do consumismo como uso excessivo e desnecessário dos Recursos Naturais e não vou me preocupar com as questões econômicas relacionadas ao tema.

Vejam bem, o homem, como qualquer espécie viva retira e consome produtos naturais ou produtos derivados de produtos naturais. Quer dizer, na verdade qualquer coisa que usamos se origina de matéria prima (Recursos Naturais) que vêm da natureza, isto é, do planeta Terra. Os demais organismos também se utilizam de recursos naturais oriundos da Terra, mas eles usam aquilo que efetivamente necessitam, enquanto o homem, “Dono da Terra”, usa o que quer.

Pois então, a humanidade tem que entender que o verbo necessitar não é sinônimo de querer, a necessidade é imperante e vital, enquanto o querer e diletante e opcional. A humanidade não só tem que entender essa questão, como precisa agir no sentido que ela seja uma prioridade comportamental. Isto é, o consumo humano tem que passar a ser um mecanismo de auto-regulação do uso dos recursos naturais, para garantir a manutenção desses recursos às futuras gerações.

Nos apropriamos da natureza e assim fazemos dela o uso que bem queremos, sem nos importar com as demais formas vivas e principalmente, sem nos preocuparmos com os demais seres humanos do planeta. Usamos e esgotamos tudo a nosso bel prazer, sem medir as consequências desse uso. Essa maneira de agir é consumismo e esse processo degradante tem que acabar para o bem da própria humanidade.

Consumir, obviamente é necessário, mas extrapolar o consumo é desperdício de recursos naturais e, pior ainda, é impedir que outros, que efetivamente necessitam daquele recurso, possam se utilizar dele. O Planeta Terra e a natureza sempre nos forneceram tudo que necessitamos e poderão continuar fornecendo por muito tempo, desde que saibamos utilizar os recursos naturais com parcimônia. Como disse Gandhi: “na Terra há o suficiente para satisfazer as necessidades de todos, mas não para satisfazer a ganância de alguns”.

A Humanidade tem confundido a ideia de patrimônio natural com a ideia de recurso natural e tem entendido que todo o patrimônio da Terra deve virar recurso para a própria humanidade. Temos agido como se achássemos que todo o patrimônio planetário está aí para ser dilapidado e exaurido pelo homem, mas certamente essa é uma maneira errônea de pensar e principalmente de agir. É bom lembrar que se usarmos tudo hoje, não sobrará coisa alguma e assim, vai fazer falta lá na frente. Ou seja, estamos impedindo que os humanos que nem nasceram, possam nascer e ter os mesmos direitos que tivemos até aqui. Precisamos considerar esse fato e compatibilizar a nossa forma de consumo, dentro de um padrão racional e sem exageros.

Eu poderia ficar dando vários exemplos sobre o consumismo e uso indevido dos recursos naturais, mas vou me limitar e dar aqui apenas três exemplos para esclarecer melhor e tentar demonstrar mais efetivamente o que estou querendo dizer, quanto aos danos produzidos pelo excesso de consumo pela Humanidade.

Num primeiro momento vamos pensar no simples ato de pescar. Se um pescador amador sai de casa para pescar, deve ser imaginado que a princípio ele pesca para se alimentar ou até para se distrair e se divertir. Mas, ao pescar de fato, certamente a grande maioria dos pescadores, não se contentarão em trazer apenas os peixes necessários para o seu consumo e de sua família ou em devolver vivos aqueles que pescou apenas por lazer. Na verdade, eles acabam pegando todos os peixes que forem possíveis e posteriormente, até jogam alguns no lixo, depois de mortos.

Quer dizer, eles tiram a vida dos peixes e os transformam em lixo, impedindo que pudessem ser utilizados como alimento por outros seres humanos ou mesmo por outros animais.  É claro que aqueles peixes mortos também servirão de alimento para outros organismos, mas se eles não fossem mortos desnecessariamente, talvez o número de peixes na próxima temporada pudesse ser maior, em consequência da maior possibilidade de reprodução e geração de descendentes.

 Além disso, sem a interferência humana, ou, pelo menos sem o exagero da interferência humana, talvez houvesse um benefício ao próprio ecossistema onde estavam os peixes. Por outro lado, isso poderia enriquecer a pesca e beneficiar mais gente (mais humanos). Enfim, é possível fazer várias conjecturas, mas geralmente não se faz nenhuma delas e apenas se pesca, se retira e se mata o que não interessa. O peixe aqui é só um modelo de recurso natural e nesse exemplo pode ser demonstrado que o desperdício numa simples pescaria também é uma forma de consumismo.

Outro situação interessante pode ser aquela, já famosa, do número de aparelhos eletrodomésticos nas casas, as televisões, por exemplo. Até três ou quatro dezenas de anos atrás, cada casa geralmente tinha (quando tinha) uma televisão e todos os membros da família iam muito bem e estavam satisfeitos quanto a essa condição. Roa, então por que hoje tem que existir uma TV em cada canto da casa, se na casa só residem, por exemplo, duas pessoas? Na verdade, uma só TV bastaria ou, no máximo duas, uma para cada uma das pessoas (o que já seria um absurdo), mas não; nós preferimos colocar uma em cada lugar e nos esquecemos que tem muita gente, muito ser humano como nós, sem TV nenhuma.

Aliás, tem muito ser humano por aí, sem casa e sem abrigo, o que é um grande absurdo e a maioria dos humanos não está nem aí para esse fato. O hábito de comprar nos ilude, nos tira da realidade e nos leva a supor que, quando estamos comprando algo é quase como se pudéssemos tudo, inclusive esconder a realidade da desgraça humana, onde mais de 1 bilhão de pessoas, seres humanos como nós, vivem na mais total miserabilidade. O Consumismo também nos transforma sem seres mais egoístas, insanos e inconsequentes.

Por fim quero falar também de outro exemplo interessante e trágico, que o da exploração dos recursos minerais, a mineração. Quando se trata de retirar minério, seja ele qual for, sempre se pensa em tirar tudo, muitas vezes sem nem saber se aquilo vai de fato ser utilizado por alguém naquele momento, pois é importante ter “reservas” do mineral. Mas, eu pergunto: por que as riquezas minerais não podem ficar no terreno, onde se formaram?

Na verdade, com a quantidade de minérios que já retiramos do planeta, se tivéssemos uma visão sustentável do uso real e efetivo dos minerais, além dos possíveis mecanismos de reciclagem desses materiais, talvez não precisássemos mais retirá-los da natureza de maneira progressiva e aviltante até esgotá-los como temos feito. Quanta coisa se estraga por desuso e quanta coisa se destrói por uso indevido.

Será que precisamos mesmo retirar totalmente o minério encontrado num dado lugar? Será que é correto, ou melhor, que é humano, prejudicar a muitos indivíduos para beneficiar alguns com a extração mineral? E aqui, não se está nem fazendo referência ao dano ambiental extremamente significativo da mineração.

Vejam bem, que coerência têm esses três exemplos, para quem vive num espaço limitado, com recursos naturais escassos e definidos como é a Terra? Por que o ser humano parece gostar de estragar, de destruir, de gastar e de desperdiçar o planeta? Acredito que seja preciso pensar no futuro, se é que realmente se pretende ter um futuro?

Se a maior parte da humanidade continua gerando filhos e netos e se alguns humanos ainda estiverem pensando em possuir bisnetos, trinetos e etc., então, há que se preparar para se entregar, para essa geração futura, um planeta com uma quantidade razoável de recursos naturais para que eles possam viver e sobreviver. Ou será que estou errado em pensar dessa maneira?

Aqui cabe discutir rapidamente sobre esses dois termos: viver e conviver. Viver é a condição de estar vivo, isto é, metabolicamente ativo, mas para que isso aconteça é necessário que se tenha o mínimo necessário de recursos que viabilizem essa condição e isso é que nos permite sobreviver. Assim, sobreviver é continuar vivendo.  Para continuar vivendo precisaremos sempre de recursos naturais, não existe outra possibilidade, porque não há mágica na natureza.

Sendo assim, logicamente não podemos consumir todos os recursos naturais agora, nem usar todos os produtos deles derivados nesse momento. O futuro é uma “caixinha de surpresas”, que está sendo construída pelas nossas ações cotidianas ao longo da história humana e até aqui, sinto dizer, mas, não trabalhamos de forma correta, pois caminhamos na contramão dos interesses maiores da humanidade.

Será que aquele pescador pensa nessa situação, quando pesca mais do que precisa? Será que aquele telespectador pensa nessa situação, quando enche sua casa de aparelhos de televisão? Será que aquele minerador pensa nessa situação quando extrai todo o minério de uma determinada mina? Será que a humanidade pensa realmente naqueles seres humanos que ainda virão?

Senhores, é preciso que a Humanidade acorde para a realidade. Urge que seja mudada nossa filosofia de vida e o nosso comportamento em relação ao planeta. É fundamental começar a pensar mais seriamente na nossa relação com os nossos futuros descendentes. Já foi dito várias vezes e vou repetir mais uma, que é impossível retirar para sempre as coisas do mesmo lugar, porque, por uma questão física, certamente um dia as coisas vão acabar. Deste modo, tem que existir uma maneira sustentável de garantir uso indeterminado e mais prolongado possível dos recursos naturais.

Dessa mesma maneira torna-se premente o entendimento de que é impossível consumir sem responsabilidade, porque hoje já temos quase 8 bilhões de seres humanos no planeta e a população humana não para de crescer. De alguma forma, toda humanidade tem e continuará tendo as mesmas necessidades básicas para sobreviver. Temos que garantir que esses recursos sejam perpetuados.

Assim, é preciso uma tomada de consciência a fim de que seja possível parar de consumir por puro prazer e que se passe a consumir apenas o estritamente necessário, sem desperdício de recursos naturais. Aqui vale lembrar o ditado que diz: “dia de muito é véspera de pouco”. E eu tomo a liberdade de complementar: “dia de muito é véspera de pouco [e antevéspera de nada]”.

Pensem nisso e tentem limitar o consumo dos recursos naturais ao mínimo necessário e se, por ventura, observarem que não estão conseguindo, por favor, procurem ser mais responsáveis, mais parcimoniosos e sobretudo mais racionais no tratamento e uso desses recursos naturais, tentando se educarem progressivamente, se autoquestionando com aquelas três perguntinhas básicas: Quero? Posso? Devo? 

Se vocês responderem não a qualquer uma das três questões básicas, por favor, procurem outro meio para resolver aquele problema ou usem outros recursos que possam produzir danos menores (menos significativos) ao patrimônio do planeta. Pensem que, desde já, a humanidade e principalmente as gerações futuras agradecem.

É fundamental que seja feito o exercício de se lembrarem diuturnamente que temos um só planeta Terra e que dele tiramos absolutamente tudo que precisamos e que utilizamos dele para sobreviver. Assim, eu acredito que, apesar de nosso egoísmo e pensando como espécie biológica que evolui, ainda queremos, podemos e devemos viver e sobreviver aqui na Terra por muito tempo.

Luiz Eduardo Corrêa Lima (64)

10 ago 2019
Educação, Meio Ambiente, Educação Ambiental, Recursos Naturais, Consumismo.

Educação e Meio Ambiente: dois assuntos e uma abordagem

Resumo: Desta vez estou trazendo um texto reflexivo, através de uma crítica, a meu ver necessária, aos mecanismos que têm sido utilizados como modelos de Educação Ambiental. Esses modelos precisam ser repensados, pois na verdade eles estão progressivamente colaborando para que os recursos naturais continuem sendo explorados sem critério ou de maneira indevida


Se houver uma necessidade objetiva e real de se identificar e de definir qual é a área do conhecimento mais prioritária à formação e ao desenvolvimento humano, certamente haverá um consenso de que esta é a área da Educação. Por outro lado, se também houver uma necessidade real e objetiva de se identificar e de definir qual é a área mais importante para a manutenção dos padrões de segurança e de qualidade de vida dos organismos e dos grandes ecossistemas planetários, obviamente também haverá um consenso de que esta é a área do Meio Ambiente.

Na verdade, essas duas áreas compreendem todos os grandes problemas humanos, pois tudo decorre dessas duas bases operacionais. Ou não se tem educação e assim não se sabe tratar o meio ambiente, ou não se trata devidamente o meio ambiente porque se desconhece a educação. Embora, aparente mente distintas, essas duas áreas são extremamente associadas e conseguem unidas responder por todos as questões pendentes e preocupantes da humanidade ao longo da história.

A Educação é muito antiga, sendo entendida como necessária desde o surgimento da humanidade. Ensinar e aprender são verbos obrigatoriamente presente em todas as atividades humanas e tanto os progressos como os retrocessos humanos, obviamente são frutos da educação ao longo da existência da humanidade. Já o meio ambiente é um aspecto novo que começou a ser colocado formalmente dentro dos parâmetros humanitários nos últimos 50 anos e de repente se espalhou e se misturou por todas as atividades humanas.

Há alguns anos foi criado um termo, muito em moda na atualidade, Educação Ambiental, cujo intuito era o de tentar associar a educação ao meio ambiente, mas sempre se reduziu essa ideia a meras formalidades e situações específicas e, na verdade, a Educação Ambiental continua sendo, até aqui, muito artificial, porque ela se ocupa de situações problemáticas específicas e locais. Entretanto, o mundo hoje é globalizado e não adianta eu me referir a determinado caso de um determinado setor de uma certa localidade, porque isso não é educativo e muito menos é ambientalmente correto. A educação tem que ser preventiva e o meio ambiente tem que estar também previamente prevenido das ações antrópicas potencialmente causadoras de dano.

Quer dizer, não adianta se desenvolver um programa sobre uma questão localizada qualquer. Há necessidade de que se trate o problema de maneira genérica, projetando uma maneira desse problema não ter como existir. O planeta é um só e as demais entidades vivas sobre o planeta, inclusive e preferencialmente os humanos, precisam estar propensos a ter boa qualidade de vida em qualquer lugar ou situação da Terra. Se não for assim, não se está devidamente educado e tampouco está se cuidando do meio ambiente da maneira correta. Em suma, o termo Educação Ambiental, acaba não sendo, nem educação e nem meio ambiente, apenas se ocupa das duas áreas para justificar um determinado problema. Portanto, essa ideia de Educação Ambiental é pequena para a necessidade e muito pouco abrangente para a necessidade real.

Quando se está falando de Educação existe a preocupação de que se esteja instruindo, guiando, ensinando. A palavra Educação vem do latim educere (ex + ducere), que significa “guiar para fora”, ou seja, conduzir para além das necessidades próximas, ou melhor, instruir para resolver outros problemas. No seu sentido mais amplo a palavra quer dizer: “levar uma pessoa para fora” de si mesma, mostrar o que mais existe além dela.

A expressão Meio Ambiente, que é uma redundância e um pleonasmo, “o meio do meio” ou o “ambiente do ambiente”, porque meio e ambiente, em certo sentido são palavras sinônimas, ou seja, têm exatamente o mesmo significado. Ambas as palavras que compõem a expressão, também vem do latim ambiens, que significa “andar ao redor” ou “ir em volta” e medius, que significa “meio” ou “lugar acessível a todos”. Talvez um termo apenas, como no idioma inglês, environment, fosse mais correto. Mas, nós não vamos discutir etimologia aqui, até porque a noção geral da expressão parece ser bem clara a todos.  

Então, a educação visa “guiar para fora”, o ambiente visa “andar ao redor”, ambos conceitos que saem do indivíduo e que dizem respeito ao seu exterior, objetivando exatamente o entendimento do que está fora. Desta maneira, eu não posso fazer Educação Ambiental apenas daquilo que está no meu entorno, se o mundo é muito maior e mais abrangente do que o meu limite físico. Certamente um exemplo pode será mais bem interpretado.

Imagine que você é um professor de Educação Ambiental e trabalhou a coleta do lixo e a reciclagem, aliás esse é efetivamente um tema muito comum, nessa chamada educação ambiental. Durante sua aula você demonstrou que a latinha de alumínio é um resíduo que pode ser reciclado e recolocado na produção, para tanto é necessário apenas quer alguém que coleta as latinhas usadas. Desculpe-me, mas não há nenhuma educação e muito menos ambiental nesse fato.

Ao contrário, existe sim um fato lamentável, que demonstra que o alumínio é reciclável e que   usar as latinhas de alumínio é algo legal porque gera “emprego” para alguém. Aliás, existe até algumas pessoas que pensam (se iludem) e juram que reciclar é um bom negócio porque dá lucro.  Então, está tudo errado e eu vou pontuar alguns dos motivos, porque está errado.

1 – Reciclar não dá lucro, quando muito, consegue diminuir o prejuízo de alguém e permite o lucro para outro alguém, mas de qualquer maneira a perda para quem produziu, no caso a natureza, sempre é maior do que o lucro de quem usou e vendeu, de quem reciclou e revendeu (“ganhou”).

2 – Reciclável ou não a latinha de alumínio é um produto oriundo da alumina (óxido de alumínio) que é o principal componente bauxita, que é o principal minério formador do alumínio. Portanto o alumínio é um recurso natural não renovável e como tal, depois de retirado da natureza não há como retorná-lo à condição inicial. Desta maneira sua exploração não deve ser incentivada, pois à hora que acabar, simplesmente acabou.

3 – Não há nada de interessante na utilização constante e predatória de um recurso natural não renovável, principalmente quando existem alternativas cabíveis para resolver o mesmo problema, a custos ambientais e muitas vezes também econômicos, mais vantajosos.

4 – Reciclar é bom e necessário, pois reaproveita material, diminui custos energéticos e outros. Entretanto, reciclar não é fundamental para o meio ambiente, antes é melhor repensar certas práticas e certos usos de determinados recursos. As tecnologias e os usos alternativos, além de produzirem um desincentivo cada vez maior ao consumo de recursos naturais, devem ser as verdadeiras orientações e premissas básicas da Educação Ambiental.

5 – Por fim, não se deve partir para falar de Educação Ambiental já assumindo a reciclagem como uma prioridade, pois as prioridades educacionais para o meio ambiente devem ser: não utilizar recursos indevidamente e não produzir resíduos.

A partir do exemplo dado, vejam bem que, se até houve alguma educação, não foi mito boa para o Meio Ambiente, isto é não foi Educação Ambiental. Talvez tenha sido boa educação comercial ou educação industrial ou sei lá o quê, ou ainda educação de como conseguir obter algum dinheiro com o resíduo dos outros, através da degradação do planeta. Ambientalmente então, na verdade, se estimulou para que se continue usando latinhas, porque elas vão gerar recursos para alguém. Aliás, aqui a coisa é mais complicada ainda, porque sempre se pensa, infelizmente, em alguém pobre que vai conseguir alguma coisa através do resíduo de alguém rico e isso, a meu ver é até preconceituoso e deveria ser evitado.

Quero crer que haveria educação se fosse informado e trabalhado o fato de que o uso do alumínio é apenas conveniente para quem vende o produto e que o custo da lata já está inserido no referido produto, portanto não houve perda econômica, houve apenas perda ambiental. Por outro lado, deve ser dito também que o lixo (resíduo produzido), isto é, a latinha, que pode dar lucro para alguém, acaba, infelizmente, atraindo as pessoas mais necessitadas ou menos esclarecidas e indiretamente intensificando mais a desqualificação profissional e prejudicando o desenvolvimento de outras formações e profissões, que talvez possam produzir melhores salários às pessoas.

O melhor lugar para a bauxita, assim como de qualquer recurso natural, é onde ela se formou, isto é, na própria natureza. Se o homem decidiu se apropriar e utilizar a bauxita porque esse é um tipo de minério interessante, que se presta a vários produtos de interesse humano, então que o seu uso seja exatamente do mesmo tamanho de sua necessidade e que não haja excesso na sua exploração. A sustentabilidade é um conceito que deve fazer parte primária de qualquer ação ligada à questão ambiental e a Educação Ambiental, para cumprir seu propósito de maneira efetiva, não pode deixar a sustentabilidade de lado.

O consumo exacerbado não cabe dentro do conceito de sustentabilidade e os humanos que ainda não nasceram têm tanto direito de usar a bauxita quanto nós temos, mas se o uso continuar do jeito que está, eles só poderão conhecer o minério bauxita num Museu de História Natural. Mas, isso também só será possível se alguém lembrar de guardar uma porção de bauxita para tal fim. Muitos recursos naturais não renováveis já não existem mais na natureza e nem estão presentes na maioria dos museus.

Mas, vejam bem, me utilizei de um recurso natural não renovável como exemplo, mas eu também poderia utilizar de exemplo um recurso natural renovável. Por exemplo o Jacarandá-da-Bahia é (ou era) uma árvore frondosa, de madeira nobre e dura, bastante utilizada na indústria moveleira e na construção civil. Pois então, por conta de seu uso indiscriminado está em processo crônico de extinção na natureza e já desapareceu totalmente em alguns estados, como São Paulo, por exemplo. Restam poucas áreas no estado da Bahia e praticamente desapareceu no restante do Leste brasileiro. Primitivamente, ocorria de Pernambuco até o Paraná. Será que o neto do seu filho será capaz de ver um Jacarandá na natureza?

A Educação Ambiental deveria ensinar primeiro o que é o Jacarandá-da-Bahia como espécie de planta, depois dizer como manter a espécie e da importância das reservas naturais da espécie por questões biológicas e só depois deveria falar de sua utilidade paro o interesse humano. Mas, infelizmente não é assim que se costuma proceder e por isso progressivamente espécies são extintas, tanto as espécies vegetais, como é o caso do Jacarandá, mas, principalmente, as espécies animais, que estão por aí, sendo dizimadas sem nenhum critério, para atender a vontades infundadas e utilidades indevidas (algumas vezes absurdas) de quem quer que seja.

Já passou da hora de brincar com Educação Ambiental. Está na hora de fazer coisa séria, entendendo que educação é um processo genérico e que o meio ambiente é diferente de um local para o outro, mas que qualquer local é um meio ambiente e que há necessidade de uma maneira devida e certa de tratar com esse local. Entretanto, é preciso estar claro que essa maneira não pode e não deve ser a mesma em locais diferentes, exatamente porque esses locais são diferentes, a dinâmica é diferente, os organismos são diferentes as condições físicas e químicas são diferentes. E mesmo nas cidades ou nas indústrias, os mecanismos e os processos são diferentes e assim o procedimento em cada caso deve e tem que ser diferente. A Educação ambiental deve levantar e discutir os problemas, mas para resolvê-los, cada situação será uma situação e assim, terá certamente uma resposta diferente.

Não é possível tratar educação e meio ambiente isoladamente ou apenas como causa e efeito de um processo local. O ambiente é teoricamente tudo e a educação teoricamente tem que ser capaz de resolver ou pelo menos de pensar a cerca de tudo, pois do contrário não é educação é apenas e tão somente treinamento, ou melhor adestramento. Isto é, ensina e resolver um problema, mas não cria a possibilidade de gerar novas situações a partir daquela. No meio ambiente sempre vão existir novas situações e o homem precisa estar preparado para atendê-las da melhor maneira, sempre atentando para o fato de que a natureza e os inúmeros ambientes planetários são para todos os organismos, atuais e futuros, terem vida com qualidade.

Educação e Meio Ambiente têm que ser tratados de uma maneira globalizada, porque ainda que os interesses primários sejam locais, o interesse de qualquer questão ambiental planetário, pois atinge direta ou indiretamente todos no planeta. A educação que se presta a esse tipo de interesse planetário tem que ser interessante para toda humanidade, porque deverá servir como forma de orientação para todo e qualquer ser humano e não como simples modelo de uso de uma situação ou localidade, que necessita de uma solução momentânea.

Continuarei sendo um crítico desse modelo de Educação Ambiental que se limita a fazer curativos em situações, mas que não se preocupa de fato com a origem da doença. Precisamos pensar preventivamente antes de propor qualquer programa de Educação Ambiental. Não devemos apenas resolver problemas, a profilaxia ambiental tem que ser o objetivo primário da Educação Ambiental. Ao invés de controlar a dengue matando mosquitos, porque não ensinamos aos nossos alunos e pesquisamos o porquê da dengue não se transmitir a partir das bromélias, se elas estão cheias de água parada e repletas de larvas de mosquitos.

Quando nós partirmos para esse tipo de Educação Ambiental, que envolve o todo e não as partes isoladamente, veremos que não haverá diferença na abordagem entre a Educação e o Meio Ambiente, porque ambos estão relacionados ao cuidado com o entorno, com o que está ao redor. Mas, é bom lembrar ainda que a expressão “ao redor”, também é relativa, porque esse “ao redor” está limitado ao espaço planetário.

Luiz Eduardo Corrêa Lima (63)

06 dez 2014

Qualidade de Vida e Continuidade da Espécie: uma Questão de Escolha

Resumo: Considerando que na vida temos que fazer escolhas, nesse artigo o Prof. Luiz Eduardo, através de algumas analogias interessantes e lembrando que já perdemos tempo demais fazendo coisas erradas, propõe que façamos uma reflexão de nossa postura histórica e que optemos por uma nova escolha que priorize o planeta e a vida, pois só assim garantiremos a sustentabilidade e continuidade de nossa existência aqui na Terra.


Qualidade de Vida e Continuidade da Espécie: uma Questão de Escolha

Dizem que a vida é feita de escolhas e segundo algumas religiões, nós escolhemos até mesmo os locais e as família onde queremos nascer e crescer. A partir daí, dessa escolha, desenvolvemos toda nossa vida, procurando atender aos compromissos planejados enquanto ainda estávamos na “outra dimensão”. Bem, se isso for mesmo verdade, eu acho que eu transcendi o limite do imaginário ou fui além daquilo que os “indivíduos normais” da espécie humana podem efetivamente oferecer a si mesmos e aos seus semelhantes, porque tenho certeza que penso de maneira muito diferente a maioria dos seres humanos que conheço. Ou então, simplesmente fiz a escolha errada ao ter nascido. Ou, melhor ainda, quem sabe a escolha certa teria sido exatamente, não ter nascido. Mas, eu sou muito teimoso e acabei nascendo.

Digo isso também, porque eu estou realmente bastante preocupado com o caminhar da humanidade e dos cuidados que ela tem tido com o planeta. Tenho feito a minha parte, tentando informar e difundir as ideias, nas quais acredito piamente. Isto é, de que precisamos tratar bem os demais humanos e todas as demais criaturas do planeta e sobretudo, de que precisamos proteger o planeta e salvaguardar o patrimônio natural, antes que seja tarde demais. Ajo assim, já faz mais de 40 anos e ainda não perdi a esperança. Quer dizer, eu ainda não mudei a minha escolha.

Bem, mas vamos deixar minha situação pessoal de lado. Não importam as elucubrações que podemos e que, em alguns casos, até devemos fazer, mas é fundamental e verdadeiro que, de qualquer maneira, tanto a vida real, quanto a vida fictícia, são feitas efetivamente a partir das escolhas que fazemos. Por conta disso, alguns de nós continuamos agindo ativamente pela melhoria da qualidade de vida e pela continuidade de nossa espécie no planeta Terra.

Pois então, ao que parece, a maioria dos seres humanos, pelo menos até o momento presente, tem feito sempre escolhas erradas, no que diz respeito ao planeta Terra e à continuidade da vida nele existente, inclusive e principalmente, a vida da nossa espécie. Temos caminhado sempre na contramão dos interesses planetários e dos nossos interesses evolutivos, o que nos coloca na condição de infratores e talvez até mesmo criminosos, haja vista que trafegar na contramão é uma infração grave, prevista pelo Código Nacional de Trânsito.

Será que gostamos de viver perigosamente e que temos realmente uma tendência natural para o mal? Será que Konrad Lorenz* estava efetivamente correto, quando afirmou que nossa espécie é naturalmente agressiva e que temos evoluído em consequência dessa agressividade? Sinceramente eu não sei, mas prefiro acreditar que haja mais alguma coisa além dessa simples proposta da Genética Evolutiva no nosso modo de ser. Não creio somente na arrogância e na agressividade como mecanismos básicos para a evolução da vida humana, até porque esse padrão não tem sido comprovado integralmente na natureza.

Por outro lado, eu também não penso que Lorenz esteja totalmente errado, até porque existem indivíduos efetivamente de má índole na nossa espécie. Assim como, também existem maças podres e más formações genéticas em outras espécies de organismos vivos. Entretanto, nem mesmo os predadores mais ferozes e letais são organismos de má índole, pois suas respectivas ações ferozes terminam quando suas fomes (seus desejos maiores) são saciados.

Pois então, é exatamente nesse ponto que eu penso que os seres humanos são bastante diferentes das demais espécies animais. O desejo humano é progressivamente crescente e não parece ter fim. Isto é, a “fome humana” não sacia jamais. Nós queremos sempre mais e tomara que aja alguém ou algo para nos possa fornecer um pouco mais daquilo que queremos.  O desejo humano parece não ser nada de específico, pois apenas temos uma vontade absurda de gerar outros humanos e obter sempre algo mais de qualquer coisa que quisermos. Isto é, nossos desejos (“nossa fome”) são reproduzir e consumir.

Ao que parece, somos naturalmente “máquinas reprodutoras cosmopolitas” e “maquinas consumistas contumazes”, que resolvemos historicamente ocupar e consumir o planeta Terra e estamos trabalhando com todo afinco possível nessa direção, pois cada vez reproduzimos mais, aumentando absurdamente a população humana planetária e consumimos os recursos planetários sem nenhuma coerência ou parcimônia, como se eles fossem infinitos. Reproduzimos e consumimos efetivamente sem nenhuma preocupação ou critério, como qualquer criança brincando com o presente novo no dia de natal.

Crescemos a população de maneira absurda e matematicamente improvável. Ocupamos os espaços mais diversos de maneiras mais diferentes, usando esses espaços ao nosso bel-prazer, sem nos importarmos com o que antes lá havia. Acabamos com inúmeras áreas de vegetações naturais e extinguimos grande quantidade de espécies animais e vegetais. Exaurimos indiscriminadamente muitos dos recursos minerais, alguns por puro diletantismo. Praticamente exterminamos todo carvão mineral para produzir energia e estamos usando inadvertida e perigosamente o petróleo e os gases naturais do subsolo. Nossa última vítima tem sido as reservas de água doce, a qual, já que não podemos efetivamente acabar, estamos degradando, poluindo, contaminando e modificando drasticamente, à custa de nossa própria desgraça.

Enfim, “nossa fome” é progressiva e não termina nunca. Continuamos reproduzindo e aumentando a nossa mancha sobre o planeta. Ocupamos, matamos, destruímos e vamos em frente, sem querer olhar para trás, a fim de que possamos enxergar o tamanho da destruição que estamos cometendo.  Na verdade, não olhamos nem para trás e nem para frente, porque ali na frente vai acabar tudo mesmo, inclusive nós, porque não teremos mais de onde tirar nada e sem “comer” não poderemos nem reproduzir. Assim, os nossos “brinquedos” estarão todos quebrados.

Entretanto, como dissemos no início do texto, a vida é feita de escolhas e eu penso que temos que escolher outros “brinquedos”, outras coisas para destruir, porque o planeta, que é único, já tem dado inúmeros sinais de que não aguenta mais a nossa incomoda maneira de viver. O pior é que o planeta tem “reclamado” bastante de nossas “brincadeiras” e tem, até mesmo, se “aborrecido seriamente” com algumas dessas atividades desagradáveis e produzido, em contra partida, algumas respostas catastróficas. Mas, nós continuamos “dando de ombros”, como se não tivéssemos nada a ver com o problema.

Então, será que já não está na hora de, finalmente, fazermos uma escolha certa e de começarmos a parar de reproduzir e de consumir aleatoriamente? Será que já não temos que arrumar outros desejos menos perigosos e mais prazerosos ao planeta e a nós mesmos?

Ao que parece, as escolhas que fizemos até aqui, já não são mais viáveis e precisamos de um novo modelo de vida e obviamente para isso temos que ter novos desejos. Precisamos de modelos de desejos que garantam a tão falada e pouco entendida sustentabilidade. Nossa espécie só terá continuidade na Terra com o desenvolvimento de práticas sustentáveis doravante.

Como dissemos no início, tudo é uma questão de escolha. O caminho certo nós já sabemos que não é esse que temos trilhado e que nos trouxe até aqui. Mas, será que nós, seres pensantes, vamos continuar fazendo a escolha errada? O que acontecerá com aqueles seres humanos mais jovens, os nossos filhos e netos, que já colocamos no mundo?

Bem, independentemente da escolha que fizermos, o tempo certamente nos dará a resposta. Entretanto, é bom lembrar que o tempo não tem escolha e ele é nosso grande adversário, porque além de estar sempre correndo, infelizmente ele corre contra nós.

Luiz Eduardo Corrêa Lima

Referência Bibliográfica
*LORENZ, K., 1963. A Agressão: uma História Natural do Mal, Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa.
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23 nov 2014

Consumo e Costumes Errados

Resumo: Nossa abordagem está mais uma vez relacionada ao consumismo e suas consequências desagradáveis ao planeta e a nós mesmos. Dessa vez estou me atendo um pouco mais a respeito da influência nefasta da mídia sobre a opinião pública incentivando cada vez mais o consumo e, por outro lado estou chamando a atenção para as respostas catastróficas que o planeta tem dado em relação às nossas ações. Além disso, estou sugerindo uma mudança de hábitos urgentemente para garantirmos nossa continuidade aqui na Terra.


Consumo e Costumes Errados

Não sei o porquê, mas nós humanos temos naturalmente uma tendência a nos atrairmos pelo que é belo e fútil e de nos esquecermos das coisas não tão belas, mas que muitas vezes são úteis e extremamente necessárias. Nossa dificuldade em entender e discernir entre o que é necessário e o que é acessório parece ser cada vez mais incontrolável e assim a maioria de nós se acostumou a simplesmente continuar consumindo as coisas, havendo ou não necessidade. Parece que consumimos pelo simples prazer de consumir ou que assumimos um terrível vício compulsório de consumir indefinida e desesperadamente.

O homem, particularmente aqui, do lado ocidental do planeta, histórica e independentemente do país e do regime político imperante no local onde ele esteja, quase sempre consome de forma errada, ou seja, contra os seus próprios interesses econômicos e principalmente contra os interesses ecológicos planetários. Entretanto, embora tardiamente, parece que mais recentemente, alguns de nós estamos acordando para esse detalhe importante e tentando nos redimirmos dessa situação comprometedora que criamos para nós mesmos e que tem favorecido cada vez mais ao aumento da degradação ambiental e do desperdício e que consequentemente tem posto o planeta e a nossa espécie em risco cada vez maior.

Nosso hábito de consumir, por si só, já não é algo que mereça muito crédito, porque quase sempre consumimos de maneira errada. Além disso, quando se trata de consumir exageradamente e esbanjar recursos naturais sem nenhum critério, o consumo passa a ser uma ação drástica e temerária aos interesses planetários. Na maior parte do mundo ocidental, o capitalismo incentivou tanto o consumismo, que ficamos reféns da necessidade do consumo para continuarmos a manter os empregos e a suficiência econômica.

Temos visto de tudo ó que é possível para o incentivo ao consumo. A Propaganda e o “Marketing” nos ludibriam e entram nas nossas casas nos impelindo a consumir. As crianças têm sido os alvos principais para convencer os mais resistentes ao consumo exacerbado e assim quase ninguém resiste. Infelizmente ainda não temos uma legislação específica que possa coibir esse crime contra a sociedade, mas isso precisa existir brevemente.

É bem verdade que o homem como qualquer espécie planetária precisa de alimentos e de território. Além disso, nós humanos, também precisamos mais especificamente comer, beber, morar, descansar, construir e vestir. Entretanto, não precisamos comer a comida mais cara todos os dias, beber as bebidas mais sofisticadas todos os dias e muito menos comprar roupas novas todos os dias ou ter duas ou mais casas para morar. Mas, é assim que a maioria de nós age, não se satisfazendo com o que tem e querendo sempre ter mais, independentemente de sua necessidade individual, ou mesmo familiar. Assim, o consumo não para. O planeta, as demais espécies vivas e os futuros humanos (aqueles que ainda não nasceram) que se danem para suportar a nossa pressão exploratória e o impacto ambiental progressivo e insano que temos causado a todos.

Estamos viciados em consumir recursos naturais, independentemente de avaliarmos a verdadeira necessidade de quaisquer que sejam esses recursos. Hoje já acabamos com alguns recursos naturais não renováveis, já estamos quase ultrapassando o limite de 50% daquilo que é possível ao planeta regenerar naturalmente, ou seja, os recursos renováveis, e estamos prestes a não conseguir os níveis mínimos de suprimento alimentar e de água potável que precisamos para sobreviver, pelas mais diversas situações.

Agora o planeta também já está cansado e não aguenta mais a nossa pressão exploratória e a nossa apropriação indevida. Alguns alimentos já começam a faltar, a água está ruim e está até mesmo escassa ou ausente em várias regiões. Muitas matérias primas já desapareceram totalmente e outras estão com os dias contados.

Como vamos fazer? Continuaremos comprando bolsas, tênis, sapatos e vestidos, mas morreremos de fome e sede? Continuaremos comprando vinhos e cervejas, mas morreremos de sede? Continuaremos comprando casas e carros, mas não teremos onde morar?

A situação está efetivamente muito complicada. Temos tudo por um lado e não temos nada por outro. O “rei consumo” e o “príncipe dinheiro” não nos permitem resolver as questões mais fundamentais para continuarmos a nossa existência, exatamente porque consumimos mais do que podíamos e muito acima do que devíamos.  Agora nosso caminho, que sempre seguiu na contramão dos interesses planetários, segue também na contramão de nossos próprios interesses como espécie viva. Não sabemos mais se conseguiremos resistir às pressões que nós mesmos impusemos ao planeta e a nós mesmos longo da história. Até porque o planeta também já vem reclamando e, de várias formas, ele está nos dizendo: “parem que eu não aguento mais”.

Diz o ditado que: “o futuro a Deus pertence”. Será que é isso mesmo ou será que nós mesmos deveríamos ser os protagonistas de nosso futuro. Deus talvez nem saiba ao certo sobre todos os males que temos causado ao nosso “planetinha azul”. De qualquer maneira, o futuro está aí batendo à nossa porta e nós estamos com medo de abri-la, porque não sabemos mais o que vai acontecer, pois perdemos o norte e não temos mais controle sobre a maioria das coisas. O aquecimento global é um fato que está aí. As catástrofes e eventos extremos são cada vez maiores e mais significativas. Os desastres ambientais matando seres humanos são cada vez mais comuns.

Em suma, considerando que somos a única espécie pensante e capaz de mudar, precisamos trabalhar no sentido de rever a nossa lógica de prioridades e voltar, enquanto ainda há tempo, para critérios que satisfaçam ao planeta, aos demais organismos vivos do planeta e a nós humanos, pois se mudarmos esta ordem de critério não teremos mais saída desta cilada em que nós mesmos nos inserimos. O uso de recursos naturais tem que ser feito a partir da efetiva necessidade desses recursos, para o nosso bem e principalmente para o bem do planeta e das gerações futuras. É preciso mudar costumes e gerar novas formas de consumo, que considerem prioritariamente a sustentabilidade planetária como mecanismo único a ser levado em consideração.

Luiz Eduardo Corrêa Lima

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15 nov 2014

Desenvolvimento Sustentável X Consumo (In) Sustentável

Resumo: Nosso texto desse sábado diz respeito ao consumismo e suas consequências maléficas à Sustentabilidade e assim à humanidade e ao planeta como um todo. O consumo exacerbado da sociedade moderna precisa ser freado para que os recursos naturais possam ser preservado para as gerações futuras. O poder excessivo de compra precisa ser, de alguma maneira, controlado e o consumo deve limitar-se ao necessário. Nossa cultura esbanjadora necessita ter um fim, antes que seja tarde. A Sustentabilidade e Consumo Excessivo são coisas totalmente antagônicas e se quisermos efetivamente uma delas, teremos que abri mão da outra.


Desenvolvimento Sustentável X Consumo (In) Sustentável

Ultimamente o que mais se ouve falar são as expressões Desenvolvimento Sustentável e Sustentabilidade. Entretanto, essa coisa de Desenvolvimento Sustentável, além de não ser tão simples assim, ainda esbarra no forte interesse comercial imperante e no consumismo consequente desse interesse. Infelizmente, embora seja necessária, a Sociedade Moderna ainda não está preparada para a verdadeira Sustentabilidade.

Como é possível falar em Sustentabilidade se os padrões de produção e consumo continuam sempre aumentando indiscriminadamente, se a população continua aumentando descontroladamente, se o lucro continua sendo o objetivo primário de toda a Sociedade? Ora, como falar de Sustentabilidade sem pensar em Conservação de Recursos Naturais? Como falar de Sustentabilidade se só pensamos em gerar energia inundando lugares ou queimando alguma coisa, ou ainda, o que é pior, fundindo núcleos de átomos radiativos? Como falar de Sustentabilidade sem objetivar o controle de resíduos? E principalmente, como falar de Sustentabilidade sem conter o Consumismo exacerbado que se instalou no mundo, por conta de uma visão caótica e deturpada da realidade planetária e de uma cultura errônea e autodestruidora?

A maioria de nós, humanos, somos manobrados e ludibriados por interesses estritamente econômicos e fazemos exatamente o que esses interesses querem. Fazemos dos desejos deles, os nossos desejos e assim somos marionetes na mão dos grandes grupos econômicos, que só objetivam o lucro. Nossas casas são invadidas todos os dias por uma infinidade de propagandas, a maior parte delas mentirosas, e nós como ovelhas desgarradas do bando não resistimos à tentação, somos levados a fazer aquilo que não devemos e o lobo nos engloba e se alimenta de nossa carne. O pior é que muitos (infelizmente a maioria) de nós, ainda acham que isso é um bom negócio.

Talvez o meu exemplo, o predatismo do lobo com a ovelha, não seja o melhor exemplo para explicar o que realmente acontece, por dois motivos: primeiro porque o lobo mata a ovelha imediata e instantaneamente para se alimentar; segundo porque que o lobo só mata a ovelha para porque precisa comer para sobreviver. Um exemplo de parasitismo, talvez seja mais verdadeiro. Pense numa solitária que cresce quase que indefinidamente dentro de um homem, mas que não quer matá-lo, porque a morte do homem é a sua morte também. Assim a solitária vai minando o homem, até que ele acaba mesmo morrendo, porém numa situação doentia deprimente e a solitária já viveu bastante para reproduzir milhões de filhos. A propaganda faz exatamente isso conosco, ela não quer nos matar, pois depende de nós e assim acaba nos matando vagarosamente, tirando tudo que pode até que ficamos à míngua, enquanto ela engordou e se multiplicou.

A ideia de Sustentabilidade requer atitudes harmônicas e assim, depende de ações mutualísticas entre os envolvidos, um ajudando o outro para que todos se mantenham vivos no ambiente e não um destruindo o outro. Não é à toa e nem é uma coincidência que o Desenvolvimento Sustentável seja um mecanismo ecologicamente correto e benéfico, isso é uma necessidade natural que só agora, alguns de nós, estamos começando a compreender. A natureza é harmônica e nós antes de tudo somos seres naturais e por isso precisamos estar em harmonia com o planeta. Temos que tirar os recursos que precisamos para viver como as demais espécies vivas e nada mais, além disso. Entretanto, somos egocêntricos, esbanjadores, compulsivos, alienados, ambiciosos e não conseguimos pensar no interesse coletivo de nós mesmos, de nossos descendentes, das demais espécies e do planeta como um todo.

Vejam bem, a própria noção de Sustentabilidade envolve a necessidade de manter o mundo com qualidade de vida para nós e principalmente para os que ainda virão. Entretanto, como conseguir esse intento, se mesmo a nossa qualidade de vida atual está ameaçada por conta dos erros históricos que temos cometido e que, infelizmente, ainda continuamos a cometer?

A ideia de Sustentabilidade guarda, em seu bojo, alguns atributos interessantes, os quais vão desde a redução dos usos de recursos naturais e minimização dos gastos energéticos, passando pela diminuição da ostentação, do uso de supérfluos e pela derrubada no consumismo, até atingir a redução progressiva do fluxo econômico. Essas coisas dependem fundamentalmente de menor consumo individual e coletivo.

As pessoas têm que pensar menos economicamente e mais naturalmente, ou seja, o poder econômico, representado pelo dinheiro, tem que dar lugar ao verdadeiro poder das coisas naturais, pois estas sim é que têm valor. Para tanto temos que mudar a filosofia de vida predominante na humanidade e certamente essa não é uma tarefa fácil. Aliás, essa tarefa, embora seja necessária, aparentemente é impossível de ser conseguida, principalmente por conta do nosso modo de vida atual. Quer dizer, não é fácil pensar em Sustentabilidade da maneira como a grande maioria dos humanos é levada a ver e entender o mundo atualmente.

No mundo globalizado, falar em diminuir consumo é criar um grande problema, é tentar produzir o maior obstáculo à Economia, porque manter o consumo aquecido é a grande sacada da globalização. Produzir mais, para vender mais, por preços menores e se possível para todos é o grande objetivo. É por conta disso que os produtos acabam ficando escassos no mercado e assim se desenvolvem novos produtos, cada vez um pouco menos obsoletos que substituem os anteriores indefinidamente. O mercado não pode parar de crescer, a tecnologia não pode parar de se sofisticar, novos produtos precisam nascer e a população precisa comprar esses produtos, para que outros produtos possam ser desenvolvidos.

Em suma, nunca se pensa no homem como espécie viva, no planeta como casa de todos e muito menos nas demais espécies com quem dividimos a nossa casa. O pensamento exclusivo é na manutenção do mercado, que gera recurso econômico para continuar mantendo o próprio mercado. O dinheiro só trabalha pelo dinheiro. É bom lembrar para todos que dinheiro não tem vida e para os mais religiosos que ele também não tem alma e nem espírito. Por que não fazemos a mesma coisa que o dinheiro faz e não passamos a trabalhar por nós mesmos, ao invés de trabalharmos também pelo dinheiro?

Infelizmente, a tecnologia tem sua parte de culpa, quando não para de criar e se desenvolver, pois os produtos novos, as novidades, são os maiores chamariscos ao consumo e lamentavelmente nós não paramos de lançar produtos novos no mercado. A tecnologia, que também é um produto do homem, deveria ser utilizada em benefício do homem e não do dinheiro. O “Homo economicus” está mascarando o “Homo faber” e ambos estão destruindo o Homo sapiens e todo o planeta.

O Consumismo é o pior mal da humanidade e para o planeta, porque ele nos mata com nossa autorização, ele destrói o planeta com nossa anuência. Nós, Homo sapiens, deixamos de lado a nossa pretensa sabedoria e voltamos à condição de nosso ancestral mais primitivo o Australopithecus afarensis, pois estamos literalmente enfeitiçados, como seres ignorantes, pelo mal do dinheiro. É difícil para a maioria dos humanos entender que dinheiro não vale nada. O dinheiro é apenas um simbolismo, o que vale é cada um dos diferentes tipos de recursos naturais que necessitamos para viver.

O pior é que o tempo urge e nós não temos agido da melhor maneira possível para mudar o quadro e tentar reverter essa situação. Continuamos falando de Sustentabilidade, mas até aqui, a maioria dos humanos não está, de fato, trabalhando nesse sentido e enquanto continuarmos a priorizar o dinheiro estaremos, cada vez, mais longe da Sustentabilidade e do verdadeiro Desenvolvimento Sustentável.

É fundamental que controlemos o consumo, controlando a produção bens artificiais, impedindo o crescimento população, minimizando o uso dos recursos naturais, decrescendo progressivamente a necessidade de energia, reduzindo significativamente a quantidade de resíduos e principalmente que respeitemos o planeta e a vida daqueles que ainda virão e que têm direito a viver num planeta saudável. Eles não precisarão de dinheiro se lhes dermos um planeta vivo e se começarmos a demonstrar que é possível viver sem consumo excessivo e sem dar valores sobrenaturais ao dinheiro.

Luiz Eduardo Corrêa Lima

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23 mar 2014

O Consumismo e o Grande Erro da Expressão: "jogar o lixo fora"

Dentre os vários conceitos errôneos que a modernidade, o consumismo e o capitalismo têm propositadamente produzido para enganar as pessoas através do “marketing” e da propaganda enganosa, tem um que está me preocupando muito e tem causado grande transtorno na minha mente. Aliás, não só a mim, como também a todos os ambientalistas e as pessoas sérias, que ainda pensam e que estão preocupadas com as questões ambientais planetárias. O conceito em questão é o que está contido na expressão: “jogar o lixo fora”. Essa expressão, embora corriqueira, é bastante problemática e deveria dar margem a uma grande discussão. Acredito mesmo que, por fim, essa expressão deveria ser banida do vocabulário em todas as línguas e eu vou aqui fazer um pequeno preâmbulo para tentar esclarecer porque eu e algumas pessoas pensam dessa maneira.

Primeiramente, eu vou tentar explicar a ideia que se tem sobre aquilo que se convencionou chamar de lixo ou resíduo sólido (resíduo inútil ou inaproveitável).

Segundo o Dicionário de Aurélio Buarque de Holanda, na sua primeira Edição (1975), lixo é: “aquilo que se varre da casa, do jardim, da rua, e se joga fora (grifo nosso); entulho; tudo o que não presta e se joga fora (grifo nosso); sujidade, sujeira, imundície; coisa ou coisas inúteis, velhas e sem valor. Em edição mais recente, o autor também diz que lixo são: “resíduos que resultam de atividades domésticas, industriais e comerciais”.

A ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) considera que lixo ou resíduo (grifo nosso): “São os restos das atividades humanas, considerados pelos geradores como inúteis, indesejáveis ou descartáveis. Normalmente, apresentam-se sob estado sólido, semissólido ou semilíquido (com conteúdo líquido insuficiente para que este possa fluir livremente)” (ABNT, 1987).

De acordo com a Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo (1997), resíduos sólidos ou simplesmente lixo: “é todo e qualquer material sólido proveniente das atividades diárias do homem em sociedade, cujo produtor ou proprietário não o considere com valor suficiente para conservá-lo”.

Bem, acho que já basta e vou parar nessas três definições, porque elas já são mais que suficientes para que possamos refletir sobre o que seja lixo. Entretanto, se o houver necessidade, existem várias outras disponíveis na INTERNET para quem quiser se informar mais sobre o assunto.

Para começar minha explicação, devo dizer que embora sejamos obviamente seres naturais, a natureza ao contrário do homem, não conhece, não produz e nem admite a existência daquilo que chamamos lixo. Pois então, nesse sentido, quando produzimos lixo, somos seres diferentes dos demais seres naturais. Na natureza, TUDO (ABSOLUTAMENTE TUDO) é útil e aproveitável. Na natureza, qualquer sobra é momentânea, de alguma maneira e em tempo consideravelmente rápido, tudo é transformado “biofisicoquimicamente” e reaproveitado. Desta forma, nunca chega a ser uma “coisa inútil” como diz a definição do Aurélio a respeito do lixo. Assim, há de concluir que efetivamente o lixo é um atributo exclusivo, definido e criado pelo Homo sapiens à revelia da natureza e dos mecanismos naturais.

Por outro lado, é preciso esclarecer que foi o homem que produziu e desenvolveu algumas coisas que “a natureza não conhece e não entende fisicoquimicamente” e assim, ela não pode transformar essas coisas, ou se até pode, ela necessita de muito trabalho (energia) e condições temporais próprias para conseguir tal feito, o que dificulta e muitas vezes impede a transformação. Pois então, somente essas coisas que o homem produziu e que “a natureza não conhece e não entende” é que podem ser realmente chamadas de lixo.

Hoje, inventamos muitas dessas coisas: lixo eletrônico, lixo nuclear, lixo tóxico e tantas outras coisas que a natureza não conhece direito, que ela tem dificuldade de degradar para reaproveitar e talvez seja por isso mesmo que, além da super utilização de seus limitados recursos pelo homem, ela esteja ultimamente reclamando bastante e causando sérios transtornos através de eventos catastróficos cada vez mais significativos. Em suma, lixo é apenas uma invenção do homem para nominar aquilo que ele criou e não lhe interessa ou não lhe convém mais como material. O problema é que o homem transfere a sua responsabilidade e deposita esse material que ele não quer e que “a natureza não conhece e não entende” na própria natureza.

Outro conceito que eu gostaria de discutir um pouco e a noção que está contida na expressão “jogar fora”, isto é, “jogar não dentro”, ou seja, lançar alguma coisa em lugar externo. Pois então, essa é mais uma ilogicidade, porque, do ponto de vista planetário, não há nenhuma possibilidade de “jogar fora”, haja vista que da mesma maneira que qualquer coisa que utilizamos é um recurso natural, isto é, um material vindo da natureza, do Planeta Terra. Aliás, embora seja óbvio, mas parece que a gente esquece, e então cabe ressaltar, que a Terra é o único lugar que temos e de onde tiramos todas as coisas que utilizamos. Assim também, todo o resíduo que nós produzimos e chamamos de lixo é depositado aqui, no mesmo Planeta Terra. Quer dizer, “jogar fora” é algo que não existe, porque os resíduos são depositados aqui mesmo, pois tudo acontece DENTRO do Planeta Terra.

A diferença básica entre a ação planetária e a ação humana e que a Terra sabe tratar o seu resíduo rapidamente e assim o resíduo não se acumula, não se espalha, não atrapalha e nem degrada o local (Meio Ambiente), onde é lançado. Já o Homo sapiens, infelizmente, só aprendeu a gerar (produzir) resíduo e historicamente nunca achou importante tratar esse tipo de material, até recentemente. Sempre consideramos o lixo como sendo algo muito ruim, mas tão ruim mesmo, que nunca mereceu qualquer preocupação ao longo de nossa história. Pois então, talvez o lixo é realmente algo muito ruim, mas é algo que nós inventamos, criamos e desenvolvemos, por isso cumpre a nós, os seres humanos, a obrigação de cuidar dele, para que não cause nenhum mal a ninguém e nem prejudique o Planeta Terra.

Atualmente, alguns seres humanos já estão pensando de maneira diferente em relação ao lixo e estão tentando imitar a natureza, trabalhando para minimizar os efeitos desenvolvidos ao longo da história com a produção de coisas que “a natureza não conhece e não entende”. Além disso, também existem seres humanos entendendo de maneira mais clara que a expressão “jogar o lixo fora” é falaciosa, pois na verdade, indica apenas uma troca de lugar, mas deixa o lixo aqui mesmo, haja vista que tudo ocorre dentro do planeta. A expressão “jogar o lixo fora” só nos fez estocar cada vez mais materiais que “a natureza não conhece e não entende” dentro do planeta, muitas vezes ocupando espaços nobres ou estragando (poluindo e envenenando) totalmente imensas áreas planetárias. Bem, de minha parte, eu vou torcer e continuar lutando para que essa maneira de pensar ganhe progressivamente mais força e que mais humanos se preocupem com a retirada inconsequente de recursos naturais e com a produção absurda de lixo no planeta.

A única espécie que retira da natureza aquilo que não precisa é a espécie humana e o pior é que depois ainda deixa o resíduo daquilo que não aproveitou. Para minimizar alguns desses problemas tem sido extremamente comum ouvirmos falar em Reciclar, Reaproveitar, Recuperar e Reutilizar. Entretanto é preciso ter em mente que reciclar é benéfico, reaproveitar é o ótimo, recuperar e sensacional, reutilizar é importantíssimo, entretanto, não consumir é que é fundamental. É preciso que o Homo sapiens tenha mais parcimônia e coerência na utilização dos recursos naturais para não exaurir esses recursos que estão cada vez mais escassos, para não degradar o planeta e principalmente para não produzir resíduos que não possam ser tratados.

A mesma modernidade massificante e o mesmo capitalismo selvagem que nos trouxeram o consumismo exacerbado em que a humanidade tem vivido, mormente nos últimos anos, talvez também possam trazer o remédio que irá trazer a cura que estamos precisando para consumir menos, aproveitar mais os recursos naturais e consequentemente produzir menos lixo no planeta. O trabalho é relativamente simples, basta apenas investir com afinco num modo de fazer a humanidade entender que só teremos algumas coisas enquanto a Terra permitir que tenhamos e nós precisamos trabalhar para fazer com que a Terra continue permitindo. Para que a Terra continue fornecendo esses recursos que precisamos, é fundamental começar a propaganda e o “marketing” para que passemos a consumir progressivamente menos. Acredito que perdas econômicas certamente sejam muito mais interessantes do que a possível extinção da espécie em consequência da carência de recursos naturais e do excesso de lixo.

No passado, nós seres humanos, por conta da nossa busca incessante pela felicidade, fizemos muitas coisas erradas. Entretanto, nós estávamos bem intencionados e não sabíamos que aquelas coisas eram erradas. Infelizmente nós ainda não tínhamos praticamente conhecimento de Ecologia. Hoje, porém, nós não podemos e nem devemos continuar cometendo os mesmos erros do passado, até porque, hoje nós sabemos efetivamente quais são esses erros e continuar a errar conscientemente é idiotice pessoal e loucura coletiva.

A Terra é um planeta único do qual já estamos retirando anualmente cerca de 30% a mais do que seria possível repor em igual período de tempo, isso sem contar o lixo que produzimos e que volto a dizer “a natureza não conhece e não entende”. Isto é, nós já ultrapassamos o limite do possível e começamos a andar contra a realidade física. A persistir assim nessa incongruência a humanidade não terá como se manter. Acredito que esteja na hora de pararmos, refletirmos e refazermos o nosso conceito de felicidade e a nossa noção de qualidade de vida. Podemos começar entendendo que tudo vem da natureza, que apenas nós produzimos lixo e que na verdade nada se joga fora.

Luiz Eduardo Corrêa Lima

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11 mar 2014

Dinheiro: é possível viver sem ele?

Se as pessoas continuarem acreditando que o dinheiro é a coisa mais importante do mundo, vai ser muito difícil, talvez seja mesmo impossível para elas, o fato de conseguir viver sem grande quantidade do fatídico dinheiro. Entretanto, se as pessoas começarem a entender que o dinheiro não é um fim em si mesmo, mas sim que ele é um meio para nos levar a determinados fins. Isto é, que o dinheiro é apenas o veículo necessário para que seja possível adquirir (comprar) algumas coisas e que essas coisas é que podem ser ou não fundamentais. Se isso começar a acontecer, poderemos entender que o dinheiro, embora possa até ser algo importante, não é efetivamente fundamental e deste modo, certamente será possível sim, viver sem a sua dependência total.

Isso quer dizer que nós estamos de frente para duas alternativas quase que diametralmente opostas e precisamos tomar uma decisão imediata sobre qual delas é prioritária:

1 – O dinheiro é mais que importante, ele é fundamental e vital;

2 – O dinheiro é importante, mas não é fundamental e muito menos vital.

Se você admitir a primeira alternativa, então devo lhe perguntar o seguinte: as atividades de comer, beber, dormir, excretar, reproduzir, respirar e outras funções biológicas são importantes ou são vitais? Por outro lado, também devo lhe perguntar de onde vêm todas as coisas que você usa cotidianamente, como o alimento que você come; a roupa que você veste e protege seu corpo; a madeira, a rocha e o metal com que você constrói a sua casa; a água que você bebe, o ar que você respira e outras coisas mais específicas que você utiliza nas diferentes funções? E mais, devo perguntar ainda se esses materiais também são importantes para você ou são vitais?

Pois então, acredito que o dinheiro serve apenas e tão somente para permitir a aquisição das coisas que vão lhe permitir continuar vivendo, ou melhor, aquelas que são realmente vitais. Assim, me parece claro que os recursos naturais são fundamentais e o dinheiro serve apenas para atender as necessidades de compra e aquisição dos recursos naturais, os quais você realmente precisa. Sendo assim, efetivamente você não precisa de todo o dinheiro do mundo, você precisa apenas do dinheiro necessário à sua subsistência. Isto é, aquela quantidade de dinheiro necessária para que você possa comprar aquilo que verdadeiramente precisa.

Mas, eu tenho a impressão (quase certeza) que a questão da dependência do dinheiro não está só no que acaba de ser dito, porque isso me parece óbvio e de fácil entendimento para a grande maioria das pessoas. O problema maior está no fato de que hoje muitas pessoas vivem num tempo e numa condição em que elas são levadas a imaginar de forma ilusória, mágica e enganadora que “têm que necessitar de dinheiro sempre mais, mais e mais”, apenas para satisfazer também outras necessidades, as quais não são fundamentais. E assim, obviamente não existe dinheiro que satisfaça essa incrível feitiçaria, porque sempre surgem novas “necessidades” e consequentemente nova “dependência de dinheiro”.

Quer dizer, existe um ciclo vicioso, ou melhor, um ciclo “viciado”, que leva a precisar sempre e cada vez mais daquilo que na verdade não se precisa nunca e desta maneira sempre há uma falsa necessidade de mais dinheiro. É exatamente como disse o empresário Norueguês, Oystein Dahle: “As pessoas usam o dinheiro que não têm, para comprar as coisas que não necessitam, para impressionar outras pessoas que não conhecem”.

Esse é o principal efeito maléfico do capitalismo selvagem, o insuportável e degradante consumismo, que ajudou muito a arruinar o planeta e destruir inúmeras vidas humanas ao longo da história. O problema não está no capitalismo, nem no dinheiro, mas está sim, no consumismo. Na estranha mágica do consumismo o ser é suplantado pelo ter e assim, se acaba dando mais importância ao que se tem do que ao que se é. Desta maneira é mais importante ter do que ser. Esse fato ilusório transformou a humanidade em simples objeto do interesse monetário. “A coisa que eu compro e consumo é sempre muito mais importante do que a coisa que eu sou.”

Essa coisa que as pessoas sempre acham que precisam, mas que não precisam de fato, consiste naquilo que se convencionou chamar de supérfluo. A maior parte (quase a totalidade) do dinheiro é gasta na compra desses famigerados supérfluos. O consumismo, que atualmente é a principal causa de degradação planetária consiste nisso, na eterna aquisição de supérfluos e por isso existe essa sede incessante de dinheiro por parte das pessoas, a fim de que possam consumir cada vez mais.

A exigência imposta pela propaganda sobre a necessidade de adquirir os supérfluos e o consumismo nos colocam reféns de nossa própria vontade perante a opinião pública a todo momento. Nós não podemos ficar para trás e se alguns podem ter umas coisas, outros também podem, ou melhor “precisam” e “devem” ter. Assim, sempre é necessário mais dinheiro, para se comprar mais supérfluos. Desta maneira quem sofre é o planeta que tem que continuar fornecendo matéria prima (recursos naturais) para as nossas exigências sempre maiores de supérfluos, além dos recursos efetivamente necessários. Pois então, foi exatamente esse pensamento incoerente, infeliz e anacrônico que levou o nosso planeta a esse estado caótico de degradação ambiental e a nossa civilização a essa condição lamentável de violência e de insanidade, principalmente nas áreas urbanas.

Essa situação não pode ser considerada nada boa e se não é boa, também não pode ser fundamental e muito menos vital. A sua continuidade é que será vital, no sentido de que acabará com a vida humana na Terra. O consumismo exacerbado é um câncer e progressivamente será letal aos seres humanos. Nós podemos e devemos ter que parar com essa hemorragia de recursos naturais e de dinheiro que o consumismo e os seus principais agentes, a propaganda e o marketing produziram no nosso imaginário coletivo e que transformaram o comportamento da maioria dos seres humanos, fazendo com que passassem a consumir supérfluos indiscriminadamente.

Por outro lado, se você admitir a segunda alternativa, isto é, que o dinheiro não é fundamental e muito menos vital, então você já está no caminho certo e quero acreditar que nem tudo está perdido e que ainda há luz no fim do túnel. Entretanto, você não pode simplesmente abdicar do dinheiro, até porque você, como qualquer ser humano, faz jus e realmente necessita de alguma quantidade de dinheiro para garantir o seu sustento e assim conseguir sobreviver. Por isso mesmo você deve ter um trabalho o que, aliás é outra coisa extremamente significativa, em determinado sentido necessária e certamente muito mais importante do que o dinheiro.

Ao contrário do que muitas pessoas são levadas a pensar, o ser humano precisa mais do trabalho do que do dinheiro. Deveríamos ter em mente o seguinte tripé: “Recurso – Trabalho – Dinheiro”. Isso quer dizer o seguinte: existe o recurso natural que eu preciso e então eu tenho que trabalhar para adquirir o dinheiro que me propiciará condições conseguir o recurso natural que eu almejo e preciso. Pensando assim, haveria uma tendência maior de que ninguém ficasse sem trabalho e consequentemente sem dinheiro para adquirir os recursos naturais necessários à sobrevivência. Por outro lado, esse pensamento ainda traz no seu bojo outra grande vantagem, pois o homem utilizando apenas os recursos efetivamente necessários (sem supérfluos) não teria como esgotar os recursos naturais do planeta da maneira degradante como até aqui tem acontecido.

Não há mágica na natureza e como dizem os economistas: “não existe almoço grátis, porque alguém sempre tem que pagar a conta”. Até aqui quem pagou a conta foi o planeta Terra com seus recursos naturais e certamente ela deverá continuar pagando, porque todos os recursos continuarão vindo diretamente da natureza, porém temos que criar mecanismos que impeçam os excessos de consumo e principalmente o excesso de consumo de supérfluos e também a reposição daquilo que é necessário Está na hora de todo ser humano compreender que a quantidade do dinheiro tem que ter a dimensão da necessidade natural e real de cada indivíduo.

Excesso de dinheiro também é supérfluo, porque permitirá a continuidade do excesso de consumo. Não sou louco e não quero aqui tentar proibir ninguém de ganhar mais, quero sim ressaltar que ganhar mais pode ser uma possibilidade de degradação maior e que isso pode ser perigoso. O direito de comprar deve ser proporcional a capacidade de agir no interesse da natureza e da comunidade. Os excessos de dinheiro e de consumo certamente são maléficos ao planeta e a grande maioria das pessoas.

Luiz Eduardo Corrêa Lima

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