Tag: Ecologia

29 out 2014

A Introdução de Organismos e suas Implicações

Resumo: O Prof. Luiz Eduardo apresenta um tema que precisa entrar mais seriamente nas discussões, quando se fala em manutenção da Biodiversidade e o Brasil como país de maior Biodiversidade do Planeta, precisa estar atento a essa questão. A Introdução de Espécies é uma questão séria que compromete bastante os ambientes naturais e não pode mais ser feita aleatoriamente como no passado.  O texto é bastante esclarecedor e apesar de ter sido publicado em 2008, ainda está bastante atual e por isso mesmo está aqui reproduzido na íntegra. Tenho certeza que será do agrado dos leitores.


 A Introdução de Organismos e suas Implicações

A introdução de organismos vivos em diferentes áreas tem sido um problema ambiental muito sério, talvez o mais sério de todos, no que diz respeito ao equilíbrio dos ecossistemas naturais, que tem acompanhado o homem ao longo de toda a sua história. Outrora, o homem levou, daqui para ali várias espécies e assim modificou muitos dos ambientes naturais, principalmente no entorno das vilas, das cidades e mesmo dos pequenos núcleos urbanos, onde as populações humanas se instalaram e se fixaram ao longo do tempo.

Assim, muitos organismos que o homem, desde cedo, aprendeu a cultivar e a reproduzir através da Agricultura, da Pecuária e da Domesticação, começaram também a se estabelecer em áreas diferentes daquelas regiões primitivas e endêmicas onde se originaram e desenvolveram. O cinturão verde, obrigatório à sobrevivência, trouxe as plantas, a necessidade de carne, do leite e dos ovos trouxe alguns animais, por fim, o relacionamento afetivo e a carência física trouxeram outros animais. Isso sem contar que a existência e o crescimento das próprias cidades, além de diminuir progressiva e significativamente os espaços naturais, também permitiu o desenvolvimento de uma série de outros organismos na casa do homem, em todos os lugares do mundo. A Fauna Urbana e Fauna Sinantrópica (associada ao homem) são quase que exclusivamente as mesmas no mundo inteiro, se não são as mesmas espécies, são espécies muito próximas.

O homem espalhou essas espécies pelo mundo afora, tornando muitas delas, artificialmente cosmopolitas e outras exclusivas de regiões totalmente distintas de suas áreas originárias. Raramente esses organismos voltaram à condição silvestre depois da interferência humana, embora haja umas poucas exceções. Sendo assim, a grande maioria desses organismos continua acompanhando o homem e consequentemente, eles não são mais encontrados nas condições naturais.

Mais recentemente, o homem propiciou alguma volta ao processo de introdução de organismos, por conta de necessidades agrícolas modernas, necessidades médicas ou mesmo industriais. Isso tem produzido efeitos, cada vez, mais maléficos aos ambientes naturais, os quais hoje estão extremamente reduzidos. Alguns desses organismos introduzidos são estimulados na sua capacidade reprodutiva, pois há um interesse, geralmente econômico, na sua multiplicação. Desta forma, modificam-se também os ambientes generalizadamente, criando grandes áreas diferenciadas artificiais para permitir a manutenção dessas espécies. Por exemplo, as áreas para criação de gado bovino ou para produção de soja aqui no Brasil.

Algumas vezes, nem há necessidade de se criar mecanismos adicionais, pois as próprias espécies têm recursos especiais que lhes permitem garantir as novas áreas de ocupação. Por exemplo, as populações de Eucaliptos aumentam no mundo todo, enquanto outras espécies diminuem e muitas até desaparecem. Ora, o Eucalipto é uma planta altamente competitiva que impede a presença e o desenvolvimento de outras na área onde vive. Sendo assim, aquele ambiente vai gradativamente mudando, até que só existam Eucaliptos no local. Isso é terrível, tanto ambiental, quanto social, emocional e moralmente, pois é fácil imaginar o que irá acontecer lá na frente. Uma paisagem homogênea, monótona e triste, na qual os animais praticamente desaparecem e cujo solo fica seco, empobrecido e após sucessivos cortes do Eucalipto fica totalmente estagnado e tendendo a desertificação.

Locais urbanos estão cheios de parques, praças e ruas com arborização exótica e com pássaros e outros animais estranhos à nossa fauna. O pardal, por exemplo, está no mundo inteiro e ainda bem que ele prefere as cidades, imaginem se essa espécie de pássaro resolvesse ocupar áreas naturais, o que seria dos pássaros nativos, haja vista o tamanho das populações de pardais.

Aqui no Brasil, além do Eucalipto já citado, temos alguns exemplos clássicos de introdução muito mal sucedidos e que têm comprometido muito o ambiente natural. Por exemplo, o javali no Pantanal e no Rio Grande do Sul; o Caramujo Gigante Africano, tão em moda, introduzido no Paraná e hoje encontrado em quase todo o país; o cavalo em Roraima; a garça carrapateira da Flórida, na Ilha de Marajó, que já chega ao Paraná e vários outros exemplos lastimáveis.

No passado nós pecávamos mais não sabíamos, porque nós não tínhamos conhecimento dos problemas que a introdução de espécies exóticas poderia trazer, mas hoje não podemos mais concordar com certas práticas. Hoje falamos muito em controle biológico, como uma boa maneira de controlar pragas, o que é uma verdade. Mas, isso não pode ser feito aleatoriamente, não e pode sair por aí colocando um animal para comer o outro sem critério e principalmente, sem controle. O risco é muito grande e talvez, lá na frente, determine um problema maior. A perda, cada vez maior, da Biodiversidade e crescente degradação dos ambientes naturais são em grande parte consequências da introdução de espécies.

Vejam bem, a introdução em si não é um mau negócio, porém as consequências ecológicas da introdução é que podem produzir resultados catastróficos, os quais na maioria das vezes não podem ser solucionados. Desta maneira, a espécie introduzida, acaba por adaptar-se ao novo ecossistema, pois vai ocupar um nicho vago ou competir com uma espécie nativa que ocupe um nicho semelhante àquele que ocupava no seu ambiente primitivo.

Nessa competição, o alienígena (a espécie exótica) acaba se saindo melhor, até porque não possui predadores e nem inimigos naturais na área, ficando mais livre para ocupar os espaços locais. Se, além disso, esta espécie exótica for profícua reprodutivamente, em tempo muito rápido sua população começa a sobressair quantitativamente na comunidade. Geralmente é isso mesmo que acontece, ou seja, a espécie exótica reproduz-se mais e melhor que a nativa, suplantando cada vez mais o número de indivíduos das populações naturais. Com isso, as espécies nativas vão tendo suas populações diminuídas progressivamente, em alguns casos, até a extinção total na área em questão.

Há, em Ecologia, uma noção clara de que duas espécies não podem ocupar o mesmo nicho ecológico. Quando isso ocorre elas entram em competição interespecífica, a qual acaba por levar a continuidade de uma delas e a extinção da outra. As nativas sempre perdem esta competição, exatamente por outras questões ecológicas, como a falta de predadores das exóticas e a dependência efetiva daquele ambiente através de vários aspectos pelas nativas.

A nossa volta está repleta de espécies introduzidas. A nossa mesa tem carne de boi, de porco, de galinha, tem feijão e arroz; a nossa cozinha tem moscas domésticas; a nossa casa tem baratas francesas, a nossa horta tem alface, o nosso jardim tem roseiras a caracóis exóticos, o nosso pomar tem peras e maças, algumas de nossas florestas têm javalis e cavalos. Muitas dessas introduções foram ocasionais e outras foram provocadas. De qualquer forma, no passado, quando fizemos essas introduções não conhecíamos os riscos que elas poderiam oferecer.

Hoje, porém, a questão é muito mais séria, pois além de sabermos dos riscos potenciais, os espaços naturais estão muito mais escassos e um desequilíbrio pode produzir mais facilmente o caos total para os diferentes ecossistemas terrestres. Não podemos desfazer o que já fizemos não há mais possibilidade física para isso e mesmo que houvesse tal possibilidade, existem várias outras questões de ordem social, legal, cultural e até moral, além da problemática ambiental envolvida, que nos impossibilitaria de simplesmente tentar reorganizar as coisas. O mundo está muito longe de sua base natural e não há como retroceder.

Por outro lado, não podemos nos dar ao direito de deixar, outra vez, um inseto, o bicudo, por exemplo, escapar de um Laboratório e virar praga de algodão numa região onde ele jamais poderia ser encontrado naturalmente. A fragilidade dos ecossistemas naturais, em particular os ecossistemas tropicais ricos em diversidade, mas com populações naturais relativamente pequenas e principalmente dos ecossistemas artificiais agrícolas, não nos permite arriscar mais nada. Mesmo as técnicas de controle biológico, tão propagadas hoje em dia, precisam ser bem estudadas, entendidas e controladas para evitar problemas consequentes.

A expressão “inimigo natural” tão usada no controle biológico, precisa ser mais bem definida. Inimigo natural é alguém que atua no controle populacional de outro alguém que vive naturalmente na mesma área que a sua e não uma espécie introduzida que irá atuar no controle populacional de outra espécie. Um animal da Ásia não tem “inimigos naturais” na América do Sul, até porque, naturalmente essas espécies jamais se encontrariam, o homem é quem permitiu e propiciou tal encontro, através da introdução de, pelo menos, uma delas na área da outra.

São conhecidos e famosos os casos das doninhas na Jamaica, dos coelhos na Austrália, dos carneiros nas Ilhas Galápagos e tantos outros em que a introdução de organismos vivos foi um grande malefício e que até hoje trazem problemas ás localidades envolvidas. Mas, não precisamos ir tão longe, temos exemplos aqui bem perto de nós, como a introdução da Rã americana aqui no Sudeste do Brasil, que dizimou a nossa Rã pimenta, a introdução do tucunaré da Bacia Amazônica nos lagos do Estado de Minas Gerais e vários outros exemplos.

Temos que evitar a qualquer custo que o processo de introdução de organismos continue acontecendo de forma arbitrária, pois não temos mais áreas e muito menos tempo para garantir que os resultados possam ser satisfatórios. A Legislação nesse sentido já existe, entretanto é preciso que as pessoas conheçam esta Legislação e se conscientizem de que essa é uma questão séria e que precisa ser tratada corretamente. Além disso, não podemos nos esquecer de orientar as pessoas que é necessário preservar bancos genéticos de espécies nativas em seus ambientes naturais, pois a manutenção da Biodiversidade do planeta é fundamental para a manutenção do próprio planeta e da continuidade dos processos evolutivos que permitiram o atual nível de organização e composição biogeoquímica que a Terra se encontra.

 Luiz Eduardo Corrêa Lima

Luiz Eduardo Corrêa Lima  ]]>

17 fev 2014

A Ecologia e o Carnaval Brasileiro

No passado as fantasias dos foliões nos grandes desfiles das Escolas de Samba e dos Blocos Carnavalescos e até mesmo as fantasias que concorriam nos grandes Concursos de Fantasias se utilizavam de muitos materiais retirados diretamente da natureza, tanto de origem inorgânica (mineral), quanto de origem orgânica (animal ou vegetal). Entretanto, a partir do início da década de 1980, o pensamento ecológico ganhou força no cenário nacional e mesmo o carnaval teve que ser repensado para que pudesse passar a ser “ecologicamente correto”. Desta maneira, vários produtos sintéticos começaram a ser desenvolvidos e a natureza também passou, progressivamente, a ser mais respeitada pela nossa festa maior. A utilização de material natural só não está totalmente extinta nos desfiles, por conta de ínfimos detalhes, os quais não representam nada de significante no todo.

Nos últimos 30 anos não se mata mais animal ou planta e nem se explora essa ou aquela pedra mineral para fazer fantasias para desfiles. Por outro lado, os grandes Concursos de fantasias também se extinguiram e o material que hoje é utilizado nas fantasias, ou é sintético e produzido especificamente para aquele fim ou é e reaproveitado de fantasias anteriores. Além disso, praticamente todo o material utilizado compõe-se de material que pode ser reciclado. Aquilo que acaba não podendo ser reaproveitado em fantasias nos anos seguintes é transformado através de diferentes ações de reciclagem, mas não se destrói mais a natureza e nem se produz mais resíduo como antes. As próprias entidades desenvolveram mecanismos, através de cooperativas par vender ou mesmo trocar os diferentes materiais de acordo com suas necessidades.

O custo operacional das fantasias hoje continua sendo caro, porém só atinge o bolso do folião ou da agremiação e não causa nenhum mal à natureza e assim não afeta a qualidade de vida de nenhum ecossistema natural e nem traz nenhum dano direto ao planeta. Hoje Carnaval e a natureza conseguem trafegar na mesma cadência e através de práticas ambientalmente e socialmente sustentáveis têm produzido um brilho, talvez até mais interessante para os interesses da festa popular e mesmo para os holofotes das televisões pelo mundo afora.

A Ecologia e o Carnaval Brasileiro – Guaratinguetá, 17 de fevereiro de 2014

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04 dez 2013

Ecologicamente correto, socialmente justo e economicamente viável e interessante

Os padrões atuais de desenvolvimento estão altamente carregados de sustentabilidade, pelo menos na sua essência teórica e partem do pressuposto que a frase que intitula esse artigo seja uma premissa para todos os projetos que possam ser mentalizados e produzidos. Entretanto, será isso uma verdade? Será que a sustentabilidade pensada, preconizada e necessária está sendo praticada na íntegra?

Creio que não, pois normalmente não costuma haver comprometimento total da noção norteadora de sustentabilidade ao longo do andamento de todo o projeto, independente da área de atividade onde ele esteja inserido. O que acontece é que geralmente, no decorrer do processo, as coisas vão mudando e se travestindo gradativamente, o que acaba por mascarar a sustentabilidade prevista e assim a velha noção de progresso e de crescimento a qualquer custo infelizmente continua, ainda que indiretamente, imperando e comandando as ações. Por conta disso é que têm ocorrido inúmeros fracassos econômicos, sociais e principalmente ambientais em projetos intencional e primitivamente ditos sustentáveis.

Vejam bem, a consequência natural de tentar corrigir o fracasso, quanto à sustentabilidade do projeto, acaba produzindo malefícios piores e quem mais sofre com esse fato é o meio ambiente. Somos seres humanos e nos defendemos muito mais social e economicamente do que ambientalmente. Lamentavelmente, os nossos diferentes padrões culturais têm alguns aspectos comuns e a priorização socioeconômica em detrimento do meio ambiente é um desses aspectos. Independente de nossa Cultura original, nós temos sido histórica e generalizadamente levados a entender que o ambiente não é algo que tenha grande importância.

Em outras palavras, o que estou querendo dizer é que, embora a noção de sustentabilidade não seja em si mesma uma utopia, haja vista que é possível produzir bons projetos sustentáveis, essa noção, em certo sentido, é contra as culturas estabelecidas na humanidade, porque tenta priorizar algo que não estamos culturalmente preparados para dar a devida importância. Assim, a noção de sustentabilidade acaba sendo uma falácia, porque na prática o que continua valendo primeiramente é o interesse econômico, depois o social e por último fica o interesse ambiental, o qual deveria ser primário. Isto é, o meio ambiente está sempre sendo relegado para o terceiro plano em importância, quando na verdade deveria ser o primeiro.

Mas, como sanar essa deficiência sociológica e cultural da humanidade, tentando priorizar as questões ambientais em detrimento dos interesses da Economia? Como demonstrar que a sociedade e o planeta só ganharão com a priorização ambiental?

Aparentemente, em função do que já foi dito, essas questões propostas não têm respostas possíveis e definitivas, que produzam modificações positivas para o meio ambiente, no cotidiano da maioria das pessoas nas sociedades humanas, haja vista que elas estão culturalmente programadas exatamente para o contrário. Entretanto, essas respostas precisam existir e necessitam ser postas em prática para garantir a sustentabilidade e, em última análise, a manutenção da vida humana sobre a superfície do planeta.

Tenho observado em várias oportunidades que ainda não há consenso entre a maioria das pessoas, mesmo aquelas preocupadas com o meio ambiente, sobre a importância das questões ambientais para a humanidade. Eu já ouvi, mesmo de alguns ambientalistas a seguinte questão: como o sujeito vai se preocupar, por exemplo, com o desmatamento das florestas, se ele não tem o que comer?

Aliás, não é só isso. Na verdade, ainda não há percepção de que as questões sociais cotidianas foram antes questões ambientais pontuais não cuidadas ou mal cuidadas. Problemas sociais são consequência de problemas ambientais. Pouca gente percebe, por exemplo, que falta de moradia é consequência de falta de espaço, que violência urbana é consequência de falta de alimento e de espaço, que a falta de critério político-administrativo é o que produz falta de saneamento básico e as doenças que advém disso.

Comer bem envolve em plantar bem, produzir bem, cozinhar bem. O problema é que parece que as pessoas esqueceram que têm que plantar para comer, pois a comida que comem vem do supermercado. Esqueceram da natureza. Na prática, hoje se entende apenas que alguns plantam para ganhar dinheiro e se esquece que plantar é fundamental para produzir alimento e poder comer, que é uma das necessidades biológicas (natural, ambiental) vitais. Estar socialmente bem é consequência de estar ambientalmente bem, ou seja, num ambiente ecologicamente equilibrado e compatível com a vida. Não entendo como é possível se pensar diferente. Assim, temos que pensar no meio ambiente prioritariamente.

Quer dizer, a sustentabilidade só existe se tivermos o meio ambiente na sua base e só há uma maneira de conseguirmos isso: temos que mudar o paradigma e criar uma nova Filosofia que possa discutir e introduzir a Educação Ambiental maciçamente nas diferentes sociedades humanas e produza um novo modelo de comportamento na humanidade. Precisamos acabar com essa coisa de que pequenos projetos podem resolver grandes questões. Infelizmente, não temos mais tempo para isso. Temos que partir para o grande projeto de mudança comportamental do homem atual, para produzirmos um homem do futuro consciente e já programado para priorizar as questões ambientais antes das demais. Precisamos de uma nova Cultura que privilegie o meio ambiente. Aliás, se isso efetivamente vier a acontecer, todas as questões sociais, ao longo do tempo, deixarão de existir, porque estaremos resolvendo todos os problemas da humanidade.

Partamos, pois, para discutir e efetivar esse nosso projeto de Educação Ambiental planetário, para todos os humanos e para bem de todos os demais habitantes do planeta. Que fique claro, de uma vez por todas, que a Educação Ambiental tem que ser definida e ensinada conceitualmente, para que possa ser entendida, vivenciada e produza modificações comportamentais efetivas e perenes na humanidade. O empirismo aplicado a projetos não justifica outras questões conceituais importantes e infelizmente, ainda cria modismos sem entendimento das reais necessidades planetárias.

Portanto, quero esclarecer que não estou aqui me referindo, por exemplo, a nenhuma orientação sobre um simples projeto envolvendo a reciclagem de resíduos, estou sim pensando em trabalhar conceitual e comportamentalmente para que a humanidade procure produzir mecanismos que não possibilitem a geração de mais nenhum resíduo. Por mais absurdo que isso possa parecer, essa deve ser uma meta. A reciclagem de resíduos é um pequeno detalhe que acontece em alguns locais, mas nós temos que pensar no todo planetário. Não quero apagar incêndios, quero acabar com a possibilidade de ocorrência deles.

Não devemos mais nos envolver apenas com pequenas experiências locais, temos sim, que mudar a forma de pensar do homem para que todos os humanos possam agir dentro de premissas ambientalmente corretas. Não há mais tempo para resolvermos apenas algumas questões locais, precisamos pensar e solucionar as questões planetárias. Cuidar do planeta deve ser entendido, por toda a humanidade, como algo tão vital quanto à necessidade de comer ou de respirar.

Temos que sair do paliativo e adentrar na construção de uma sociedade embasada filosoficamente na importância do planeta e de tudo que nele existe, inclusive nós. Porém, não devemos nos sentir como “seres superiores”, pois esse foi, historicamente, o grande erro cometido pela humanidade ao longo dos tempos. Isto é, nós humanos fomos levados culturalmente a acreditar que somos as coisas mais importantes que existem no planeta e assim nos assumimos como “Os Verdadeiros Donos da Terra”. A espécie humana não é dona de nada, além de seu próprio destino, que é o mesmo das demais espécies, ou seja, a extinção, que pode ser tardia ou prematura.

Nossa espécie é apenas uma pequena parte do planeta como tantas outras e deve respeitar a demais partes para garantir uma maior longevidade de sua existência na Terra. A única coisa que devemos obrigatoriamente ter é uma responsabilidade maior que as demais formas vivas, haja vista que aparentemente somos a única espécie que tem consciência de sua existência. Essa é a grande verdade que precisa estar clara na mente de todos os humanos do futuro.

Assim, quero concluir afirmando que a sustentabilidade, além de ser uma necessidade planetária e uma obrigação da humanidade. Entretanto, ainda temos que nos preparar mais seriamente para ela, priorizando o meio ambiente em relação aos demais interesses. Temos que sair da falácia e entrar na realidade, pois o tempo urge. Doa a quem doer, mas projetos não sustentáveis não podem mais ser pensados e muito menos operados e produzidos.

Luiz Eduardo Corrêa Lima

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