09 ago 2014

Arborização Urbana um Assunto Importante

Quase todos nós seres humanos sabemos que a principal causa do Aquecimento Global que está causando cada vez mais problemas ambientais de grande magnitude é o acúmulo cada vez maior dos gases de efeito estufa na atmosfera e que o principal desses gases é o Gás Carbônico (CO2). Sabemos também que a única maneira possível de retirar o excesso desse CO2 danoso da atmosfera é através do processo de fotossíntese, que é realizado exclusivamente pelas algas e plantas verdes. Entretanto, a humanidade continua destruindo ambientes naturais, contaminando as águas e desmatando indiscriminadamente, o que contribui para diminuir a taxa de fotossíntese planetária. Como o processo de destruição dos ambientes naturais aparentemente está longe do fim, acredito que a situação de risco da humanidade é eminente pois, ao que parece, o fim desse processo certamente acontecerá coincidentemente com o fim (extinção) da humanidade.

Desta maneira, deve ser entendido como interessante e muito bem vinda a possibilidade da humanidade tentar compensar essa perda, ampliando as áreas de vegetação, antes que seja tarde demais. Se plantar em áreas rurais é mais difícil, até pelas próprias condições de uso dessas áreas, então porque não ampliamos os locais vegetados dentro das áreas urbanas, através de projetos extensivos de arborização urbana. Entretanto, também não existem, ou existem pouquíssimos projetos de arborização urbana sendo desenvolvidos nas cidades brasileiras, embora esse seja um mecanismo recomendado pela Organização das Nações Unidas (ONU), através da Organização Mundial de Saúde (OMS). Aliás, a maioria das cidades brasileiras está muito longe do índice estabelecido que é de 12m² de área verde por habitante e cada vez se afasta mais dele, mas a própria OMS já tem indicado que esse índice é modesto e que, de fato, ele deveria ser 3 vezes maior, ou seja, 36 m² por habitante.

Assim, as dúvidas que ficam são as seguintes: por que será que quase ninguém investe no plantio de árvores em área urbana? Por que as cidades se afastam cada vez mais do índice proposto?

Mas, por outro lado, não precisa ser muito esperto e nem muito inteligente para perceber que os espaços urbanos tem outra conotação e outros valores. São ligados a outro verde, ao verde da moeda americana, o dólar. Infelizmente, no pensamento comum, o espaço urbano vale muito dinheiro para ser ocupado por árvores, que só servem para fazer sujeira, dando trabalho à limpeza urbana e, o que é pior ainda, para provocar acidentes ocasionais durante as tempestades. Assim, praças e jardins não são, nem de longe, prioridades, porque não servem para nada e são espaços perdidos aos interesses estritamente econômicos da maioria dos administradores públicos e lamentavelmente de muitos setores da sociedade também.

Essa visão que muitos indivíduos ainda defendem, de que a cidade é para ser ocupada integralmente como uma “selva de pedras”, além de arcaica, já provou estar totalmente errada, pois a arborização urbana é fundamental, inclusive e particularmente para à saúde e à qualidade de vida humana. Áreas verdes não só retiram o CO2 em excesso; como trazem o Oxigênio (O2); limpam o ar atmosférico, fazem o ar circular melhor, criam brisa e sombra; embelezam a paisagem, tornando a mais atraente e mais aconchegante; atraem pássaros e outros animais; amenizam a temperatura em dias quentes e principalmente ajudam a reter mais água no solo. Enfim, o aumento da arborização urbana é efetivamente muito bom para o planeta e para o homem.

Baseado nas afirmativas acima, eu questiono: será que não deveríamos promover mais campanhas de arborização urbana nas cidades brasileiras, além daquela tradicional do dia 21 de setembro de cada ano? Será que não deveríamos questionar um pouco mais a relação de custo e benefício sobre os espaços arborizados da cidade? Será que temos que concordar com os interesses econômicos que insistem em dizer que praças e jardins não servem realmente para nada?

Luiz Eduardo Corrêa Lima

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06 ago 2014

A Política Nacional de Resíduos Sólidos chegou?

O mês de agosto de 2014 chegou e com ele também chega a obrigação dos municípios brasileiros de cumprirem as orientações da Política Nacional de Resíduos Sólidos (LEI Nº 12.305, DE 2 DE AGOSTO DE 2010), a qual, desde a sua entrada em vigência, já foi prevista como senda mais uma daquelas “leis que não pegam”, aqui no Brasil. Pois então, segundo o texto da lei, os quase 5600 municípios brasileiros, a partir do dia 2 de agosto de 2014, estarão obrigados a ter destino e tratamento adequado de seus resíduos sólidos, sob pena de multa, corte de verbas e até mesmo prisão de seus administradores municipais.

Numa conta rápida, posso afirmar seguramente que, tirando as capitais e algumas cidades maiores, além de uns poucos municípios administrados por políticos preocupados com as questões ambientais, todos os demais municípios certamente não cumprirão o estabelecido na citada lei. Eu diria que, pelo menos 20% dos administradores públicos se quer levaram a sério o texto da lei e os outros 80% não têm absolutamente nenhuma condição de tentar cumprir o que a lei estabelece. Isto quer dizer o seguinte: ou quase todos os prefeitos das cidades brasileiras vão ser presos ou a lei não vai ser cumprida e, como já foi dito, “não vai pegar”.

Aliás, essa lei embora efetivamente boa e necessária, lamentavelmente não pode e nem tem como pegar mesmo, porque os municípios brasileiros nem se incomodaram muito com o texto da lei nesses quatro anos, desde que ela entrou em vigor, porque nem sabem o que são resíduos sólidos. Outros tantos não têm recursos econômicos e nem materiais para cumprir as metas estabelecidas e a maioria nem tem interesse no tratamento dos resíduos sólidos, pois suas prioridades são outras. De qualquer maneira, em qualquer dos casos ou situações, os quatro anos de prazo dados no texto da lei não foram suficientes para que as atribuições pudessem ser seguidas.

Em suma, o “boné velho” do tratamento dos resíduos sólidos vai começar ou então, como estamos em tempos de eleição, o governo federal vai negociar com os prefeitos e ampliar o prazo para o estabelecimento daquilo que a lei prevê. Eu, desde já antecipo, que independentemente da data prevista, esse novo prazo também não será suficiente e assim também não será cumprido, até porque, além de não haver condições básicas para o cumprimento das obrigações por parte da imensa maioria dos municípios, também não existe vontade política para tratar a questão. Essa lei ficará, como tantas outras, inócua e alguns prefeitos seguirão “empurrando com a barriga” a questão, até onde puderem.

Bem, vamos aguardar os acontecimentos que estão por vir. Mas, sejam quais forem as novidades, eu particularmente duvido que o meio ambiente possa ser beneficiado e desta forma, a qualidade de vida das populações seguirá seu caminho rumo a desgraça cada vez maior.

Luiz Eduardo Corrêa Lima

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05 jun 2014

Dia Internacional do Meio Ambiente

Hoje, 05 de junho, Dia Internacional do Meio Ambiente, pois é, o Meio Ambiente completa 42 anos. A Terra tem 4,5 bilhões de anos e só comemora o Meio Ambiente (todos os espaços físicos da Terra) apenas nos últimos 42 anos e ainda assim, a festa não é para todos, ela serva apenas para pouquíssimos convidados, que manipulam o pensamento coletivo da humanidade. Isso é mesmo muito engraçado, não é? Ou será muito triste?

Com 42 anos, se o Meio Ambiente hoje fosse um ser humano, ele seria um jovem senhor no auge de sua competência e na plenitude de seu trabalho profissional e intelectual, porém, infelizmente, o Meio Ambiente não é um ser humano e assim, apesar da tenra idade, sua situação continua indefinida e seus problemas estão cada vez maiores. Existe mesmo quem seja capaz de imaginar que, na atual situação, o suicídio talvez fosse a melhor solução para o Meio Ambiente planetário. Mas, vamos deixar essas conjecturas de lado e entender os fatos, independentemente de qualquer conotação pessoal que se queira atribuir ao Meio Ambiente.

Todo mundo já sabe que o Planeta, do ponto de vista ambiental, vai de mal a pior e que o ser humano, insistindo em fazer coisas erradas, é o único e grande culpado por esse fato. Assim, a pergunta que fica é a seguinte: Até quando, nós humanos, continuaremos degradando inconsequentemente o planeta, brincando com o Meio Ambiente e com a vida?

Nossa mancha populacional, já superior a 7,2 bilhões de seres humanos no planeta, não se satisfaz com a usurpação da Terra e quanto mais essa mancha cresce, maior a desgraça planetária e mais perto a extinção da humanidade. Embora haja muitos que não acreditem nessa possibilidade, certamente estamos caminhando para o fim, porque não há como impedir o processo de extinção se não mudarmos radicalmente a nossa prática cotidiana. Entretanto, o tempo passa rapidamente e nada se faz. Tudo continua como dantes no quartel de Abrantes.

Fome, pobreza e miséria humana; poluição e degradação ambiental; destruição de ecossistemas naturais e extinção de espécies são cenários costumeiros e já quase naturais de tão comuns em várias áreas do planeta. E as “autoridades nacionais” dos diferentes países o que dizem? E as populações humanas o que fazem? E os grupos sociais e a as diferentes congregações comunitárias o que sugerem? Quem se responsabiliza por tentar mudar a cara do mundo para que a vida humana possa ter continuidade?

É preciso ficar claro que não se trata de salvar o planeta, até porque o planeta vai continuar existindo, independentemente de nós e de qualquer coisa que fizermos. A questão aqui é salvar a espécie humana, que parece não estar muito afim de continuar existindo, pois caminha a passos largos e em uníssono em direção ao suicídio coletivo. Não sei quanto tempo ainda temos, mas sei que está faltando pouco.

Acorda humanidade e para de brincar que a coisa é muito séria. Todo dia estão chegando novos avisos, através da ocorrência de eventos extremos e de grandes catástrofes ambientais. O que mais será preciso para que descruzemos os braços e tomemos uma atitude em prol do planeta e da vida?

Luiz Eduardo Corrêa Lima

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22 abr 2014

Dia Mundial do Planeta Terra

Hoje é o Dia Mundial da Terra, data criada nos Estados Unidos pelo Senador Gaylord Nelson e comemorada desde 22 de abril de 1970 naquele país, porém só reconhecida pela ONU em 2009, sendo assim a Terra hoje está comemorando oficialmente apenas 5 anos. O Brasil também aniversaria hoje e completa 514 anos de descobrimento. Em que pese o fato de aniversários serem datas comemorativas, ao meu ver, nessa data, não deveria haver motivo para festa, para ambos os aniversariantes.

Na verdade, o Planeta Terra surgiu por volta de 4,5 a 5 bilhões de anos e não 5 anos apenas e ao que parece, pelo menos até aqui, é o único que conseguiu desenvolver o fenômeno da vida, há pouco mais de 3 bilhões de anos atrás e, sempre é bom lembrar, até aqui é o único local no Universo, onde o fenômeno vida foi observado, pelo menos a vida como conhecemos e entendemos fisicamente. Pois então, esse pequeno prodígio em forma de astro celeste, que superou seus primos maiores está carente e perigosamente doente.

Sua carência obviamente não é fruto de uma deficiência própria, mas, ao contrário, ela é resultante do mal tratamento que a espécie humana (seu habitante mais ilustre) tem lhe dado, mormente nos últimos 250 anos e mais propriamente nos últimos 70 anos, através da degradação significativa e violenta de sua condição primária, que tem mudado sua perigosamente sua conformação original. A transformação geomorfológica sofrida pelo Planeta, acabou por produzir inúmeras outras modificações, as quais têm influído drasticamente nos ecossistemas naturais e na qualidade de vida dos organismos vivos que ocupam esses diferentes espaços planetários, inclusive e principalmente o próprio Homo sapiens.

O clima certamente é a característica planetária que mais se modificou por conta da ação antrópica, em que pese o fato de alguns governos e alguns pseudocientistas que estão a serviço de interesses puramente econômicos, insistirem que tudo o que acontece com o planeta hoje é natural e cíclico. Todos nós, inclusive esses sujeitos de índole e moral inescrupulosa, sabem que a verdade é uma só: “o homem é o grande culpado das mudanças climáticas atuais”. O excesso de C02 na atmosfera produzido pela queima cada vez maior de combustíveis fósseis que é produzida pela humanidade é que tem causado a aumento alarmante e cada vez mais significativo da temperatura da Terra e esse fato é o grande causador das alterações climáticas extremas e catastróficas que temos observado ultimamente de maneira intensa, progressiva e mais frequente.

Derivando diretamente desse fato, não só o ar, como a água e também o solo estão deteriorados e comprometidos e parece que o ser humano ainda não reparou as seguintes consequências desses detalhes: falta água potável, falta ar puro, falta áreas verde natural, falta vida animal, falta espaço físico habitável, falta solo em condições agricultáveis, falta alimento e falta energia. Em suma, falta tudo aquilo que a espécie humana necessita para sua continuidade sobre a superfície do planeta e sobram degradação, destruição e poluição ambiental e orgânica.

O outro aniversariante, o Brasil, além de fazer parte do planeta e possuir todas as carências já citadas, também falta cidadania, falta vergonha na cara, falta brio, falta dignidade, falta honestidade, falta sobretudo ética e seriedade dos administradores públicos e dos magistrados, além obviamente de decência da população. O país virou terra de ninguém, ou melhor, terra de alguns malfeitores que em conluio com pessoas de estirpes ruins e magistrados safados, criaram essa “democratura” do mal que assola o país.

Mas, alguns dirão: nós não estamos aqui para discutir sobre esse fato aqui, afinal estamos num evento para discutir sobre o dia da Terra e o Brasil é pequena parte nesse todo. Entretanto eu quero ressaltar que não somos tão pequenos do ponto de vista planetário e, digo mais, talvez sejamos a parte mais importante, já que possuímos a maior biodiversidade, o maior rio, a maior reserva de água doce, a maior floresta tropical, a quinta área geográfica e a quinta população planetária, dentre outras coisas que não precisam ser citadas no momento. O que infelizmente ainda não temos é gente educada e administradores sérios no país.

Pois então, nessa data tão marcante para a Terra e para o Brasil, que como já demonstrei acima é uma parte importantíssima desse planeta, eu estou aqui para pedir a todos que procurem fazer uma pequena reflexão e ao mesmo tempo proponho uma grande revolução comportamental no ser humano, em particular nós, os brasileiros, para que trabalhemos no sentido de permitir que o planeta possa continuar cuidando da vida como sempre cuidou, em especial à vida humana.

Aos brasileiros especificamente, eu proponho também que desenvolvamos uma nova postura, que nos permita assumir outros valores, os quais nos possibilitem uma saída da mediocridade da eterna condição de país do futuro e nos coloque definitivamente na condição de país do presente. Precisamos “abrasileirar” o Brasil, como dizia Mario de Andrade. Para tanto, temos educar as pessoas e acabar com modismos estrangeiros e com essa corja de canalhas que enganam o povo e que só tem trazido malefícios ao Brasil e sua gente. Precisamos fazer o Brasil Moreno de Darcy Ribeiro. Nosso compromisso prioritário nas eleições desse ano e de todos os anos daqui para frente, será tentar mudar o que está estabelecido nessa ditadura comunista que quer se instalar e que não medirá esforços para degradar ambientalmente ainda mais o nosso país, como se vê, por exemplo, em obras absurdas como Transposição do São Francisco, Rodovia Transpacífica, Usina Hidrelétrica de Belo Monte, entre outras.

Precisamos de Liberdade no seu sentido mais amplo para construir o Brasil que Capistrano de Abreu sonhou e descreveu no final do século XIX, quando propôs a resolução de todos os problemas do Brasil com uma Lei de apenas dois artigos: “Artigo Primeiro – Daqui para frente todo brasileiro toma vergonha na cara; Artigo Segundo – Revogam-se as disposições em contrário”.

É bom lembrar também Cecília Meireles, quando disse a seguinte frase: “Liberdade é a palavra que o sonho humano alimenta, que não ninguém que explique e ninguém que não entenda.” Acredito mesmo que está na hora de nosso grito de liberdade e de emancipação dessa corja que tem estado aí humilhando os mais capacitados, envergonhando os remediados e destruindo os mais carentes. Parece que deixamos de sermos seres humanos, pois nos tratam como coisas totalmente inúteis e o que é pior, nada fazemos.

O Planeta Terra e o País Brasil podem e devem ter mais coisas em comum que o dia 22 de abril para comemorar, mas essas coisas dependem fundamentalmente dos seres humanos que habitam esses lugares. Façamos pois, um Brasil melhor e lutemos por fazer também uma Terra melhor, “antes que a natureza morra”, como disse Jean Dorst e que seja tarde demais para a nossa liberdade, no dizer e no mesmo sentido sugerido por Cecília Meireles.

Há uma máxima ambientalista que diz: “pensar globalmente e agir localmente”. Pois então meus amigos, o nosso local é o Brasil, a nossa “Terra Brasilis” e nosso global é a Terra, a nossa “Orbi” e o único planeta habitável que se conhecemos. Se fizermos a nossa parte aqui em nosso país, estaremos fazendo a nossa parte no interesse do planeta também. Por favor, pensem nisso.

Lorena, 22 de abril de 2014.

Luiz Eduardo Corrêa Lima

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23 mar 2014

O Consumismo e o Grande Erro da Expressão: "jogar o lixo fora"

Dentre os vários conceitos errôneos que a modernidade, o consumismo e o capitalismo têm propositadamente produzido para enganar as pessoas através do “marketing” e da propaganda enganosa, tem um que está me preocupando muito e tem causado grande transtorno na minha mente. Aliás, não só a mim, como também a todos os ambientalistas e as pessoas sérias, que ainda pensam e que estão preocupadas com as questões ambientais planetárias. O conceito em questão é o que está contido na expressão: “jogar o lixo fora”. Essa expressão, embora corriqueira, é bastante problemática e deveria dar margem a uma grande discussão. Acredito mesmo que, por fim, essa expressão deveria ser banida do vocabulário em todas as línguas e eu vou aqui fazer um pequeno preâmbulo para tentar esclarecer porque eu e algumas pessoas pensam dessa maneira.

Primeiramente, eu vou tentar explicar a ideia que se tem sobre aquilo que se convencionou chamar de lixo ou resíduo sólido (resíduo inútil ou inaproveitável).

Segundo o Dicionário de Aurélio Buarque de Holanda, na sua primeira Edição (1975), lixo é: “aquilo que se varre da casa, do jardim, da rua, e se joga fora (grifo nosso); entulho; tudo o que não presta e se joga fora (grifo nosso); sujidade, sujeira, imundície; coisa ou coisas inúteis, velhas e sem valor. Em edição mais recente, o autor também diz que lixo são: “resíduos que resultam de atividades domésticas, industriais e comerciais”.

A ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) considera que lixo ou resíduo (grifo nosso): “São os restos das atividades humanas, considerados pelos geradores como inúteis, indesejáveis ou descartáveis. Normalmente, apresentam-se sob estado sólido, semissólido ou semilíquido (com conteúdo líquido insuficiente para que este possa fluir livremente)” (ABNT, 1987).

De acordo com a Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo (1997), resíduos sólidos ou simplesmente lixo: “é todo e qualquer material sólido proveniente das atividades diárias do homem em sociedade, cujo produtor ou proprietário não o considere com valor suficiente para conservá-lo”.

Bem, acho que já basta e vou parar nessas três definições, porque elas já são mais que suficientes para que possamos refletir sobre o que seja lixo. Entretanto, se o houver necessidade, existem várias outras disponíveis na INTERNET para quem quiser se informar mais sobre o assunto.

Para começar minha explicação, devo dizer que embora sejamos obviamente seres naturais, a natureza ao contrário do homem, não conhece, não produz e nem admite a existência daquilo que chamamos lixo. Pois então, nesse sentido, quando produzimos lixo, somos seres diferentes dos demais seres naturais. Na natureza, TUDO (ABSOLUTAMENTE TUDO) é útil e aproveitável. Na natureza, qualquer sobra é momentânea, de alguma maneira e em tempo consideravelmente rápido, tudo é transformado “biofisicoquimicamente” e reaproveitado. Desta forma, nunca chega a ser uma “coisa inútil” como diz a definição do Aurélio a respeito do lixo. Assim, há de concluir que efetivamente o lixo é um atributo exclusivo, definido e criado pelo Homo sapiens à revelia da natureza e dos mecanismos naturais.

Por outro lado, é preciso esclarecer que foi o homem que produziu e desenvolveu algumas coisas que “a natureza não conhece e não entende fisicoquimicamente” e assim, ela não pode transformar essas coisas, ou se até pode, ela necessita de muito trabalho (energia) e condições temporais próprias para conseguir tal feito, o que dificulta e muitas vezes impede a transformação. Pois então, somente essas coisas que o homem produziu e que “a natureza não conhece e não entende” é que podem ser realmente chamadas de lixo.

Hoje, inventamos muitas dessas coisas: lixo eletrônico, lixo nuclear, lixo tóxico e tantas outras coisas que a natureza não conhece direito, que ela tem dificuldade de degradar para reaproveitar e talvez seja por isso mesmo que, além da super utilização de seus limitados recursos pelo homem, ela esteja ultimamente reclamando bastante e causando sérios transtornos através de eventos catastróficos cada vez mais significativos. Em suma, lixo é apenas uma invenção do homem para nominar aquilo que ele criou e não lhe interessa ou não lhe convém mais como material. O problema é que o homem transfere a sua responsabilidade e deposita esse material que ele não quer e que “a natureza não conhece e não entende” na própria natureza.

Outro conceito que eu gostaria de discutir um pouco e a noção que está contida na expressão “jogar fora”, isto é, “jogar não dentro”, ou seja, lançar alguma coisa em lugar externo. Pois então, essa é mais uma ilogicidade, porque, do ponto de vista planetário, não há nenhuma possibilidade de “jogar fora”, haja vista que da mesma maneira que qualquer coisa que utilizamos é um recurso natural, isto é, um material vindo da natureza, do Planeta Terra. Aliás, embora seja óbvio, mas parece que a gente esquece, e então cabe ressaltar, que a Terra é o único lugar que temos e de onde tiramos todas as coisas que utilizamos. Assim também, todo o resíduo que nós produzimos e chamamos de lixo é depositado aqui, no mesmo Planeta Terra. Quer dizer, “jogar fora” é algo que não existe, porque os resíduos são depositados aqui mesmo, pois tudo acontece DENTRO do Planeta Terra.

A diferença básica entre a ação planetária e a ação humana e que a Terra sabe tratar o seu resíduo rapidamente e assim o resíduo não se acumula, não se espalha, não atrapalha e nem degrada o local (Meio Ambiente), onde é lançado. Já o Homo sapiens, infelizmente, só aprendeu a gerar (produzir) resíduo e historicamente nunca achou importante tratar esse tipo de material, até recentemente. Sempre consideramos o lixo como sendo algo muito ruim, mas tão ruim mesmo, que nunca mereceu qualquer preocupação ao longo de nossa história. Pois então, talvez o lixo é realmente algo muito ruim, mas é algo que nós inventamos, criamos e desenvolvemos, por isso cumpre a nós, os seres humanos, a obrigação de cuidar dele, para que não cause nenhum mal a ninguém e nem prejudique o Planeta Terra.

Atualmente, alguns seres humanos já estão pensando de maneira diferente em relação ao lixo e estão tentando imitar a natureza, trabalhando para minimizar os efeitos desenvolvidos ao longo da história com a produção de coisas que “a natureza não conhece e não entende”. Além disso, também existem seres humanos entendendo de maneira mais clara que a expressão “jogar o lixo fora” é falaciosa, pois na verdade, indica apenas uma troca de lugar, mas deixa o lixo aqui mesmo, haja vista que tudo ocorre dentro do planeta. A expressão “jogar o lixo fora” só nos fez estocar cada vez mais materiais que “a natureza não conhece e não entende” dentro do planeta, muitas vezes ocupando espaços nobres ou estragando (poluindo e envenenando) totalmente imensas áreas planetárias. Bem, de minha parte, eu vou torcer e continuar lutando para que essa maneira de pensar ganhe progressivamente mais força e que mais humanos se preocupem com a retirada inconsequente de recursos naturais e com a produção absurda de lixo no planeta.

A única espécie que retira da natureza aquilo que não precisa é a espécie humana e o pior é que depois ainda deixa o resíduo daquilo que não aproveitou. Para minimizar alguns desses problemas tem sido extremamente comum ouvirmos falar em Reciclar, Reaproveitar, Recuperar e Reutilizar. Entretanto é preciso ter em mente que reciclar é benéfico, reaproveitar é o ótimo, recuperar e sensacional, reutilizar é importantíssimo, entretanto, não consumir é que é fundamental. É preciso que o Homo sapiens tenha mais parcimônia e coerência na utilização dos recursos naturais para não exaurir esses recursos que estão cada vez mais escassos, para não degradar o planeta e principalmente para não produzir resíduos que não possam ser tratados.

A mesma modernidade massificante e o mesmo capitalismo selvagem que nos trouxeram o consumismo exacerbado em que a humanidade tem vivido, mormente nos últimos anos, talvez também possam trazer o remédio que irá trazer a cura que estamos precisando para consumir menos, aproveitar mais os recursos naturais e consequentemente produzir menos lixo no planeta. O trabalho é relativamente simples, basta apenas investir com afinco num modo de fazer a humanidade entender que só teremos algumas coisas enquanto a Terra permitir que tenhamos e nós precisamos trabalhar para fazer com que a Terra continue permitindo. Para que a Terra continue fornecendo esses recursos que precisamos, é fundamental começar a propaganda e o “marketing” para que passemos a consumir progressivamente menos. Acredito que perdas econômicas certamente sejam muito mais interessantes do que a possível extinção da espécie em consequência da carência de recursos naturais e do excesso de lixo.

No passado, nós seres humanos, por conta da nossa busca incessante pela felicidade, fizemos muitas coisas erradas. Entretanto, nós estávamos bem intencionados e não sabíamos que aquelas coisas eram erradas. Infelizmente nós ainda não tínhamos praticamente conhecimento de Ecologia. Hoje, porém, nós não podemos e nem devemos continuar cometendo os mesmos erros do passado, até porque, hoje nós sabemos efetivamente quais são esses erros e continuar a errar conscientemente é idiotice pessoal e loucura coletiva.

A Terra é um planeta único do qual já estamos retirando anualmente cerca de 30% a mais do que seria possível repor em igual período de tempo, isso sem contar o lixo que produzimos e que volto a dizer “a natureza não conhece e não entende”. Isto é, nós já ultrapassamos o limite do possível e começamos a andar contra a realidade física. A persistir assim nessa incongruência a humanidade não terá como se manter. Acredito que esteja na hora de pararmos, refletirmos e refazermos o nosso conceito de felicidade e a nossa noção de qualidade de vida. Podemos começar entendendo que tudo vem da natureza, que apenas nós produzimos lixo e que na verdade nada se joga fora.

Luiz Eduardo Corrêa Lima

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11 mar 2014

Dinheiro: é possível viver sem ele?

Se as pessoas continuarem acreditando que o dinheiro é a coisa mais importante do mundo, vai ser muito difícil, talvez seja mesmo impossível para elas, o fato de conseguir viver sem grande quantidade do fatídico dinheiro. Entretanto, se as pessoas começarem a entender que o dinheiro não é um fim em si mesmo, mas sim que ele é um meio para nos levar a determinados fins. Isto é, que o dinheiro é apenas o veículo necessário para que seja possível adquirir (comprar) algumas coisas e que essas coisas é que podem ser ou não fundamentais. Se isso começar a acontecer, poderemos entender que o dinheiro, embora possa até ser algo importante, não é efetivamente fundamental e deste modo, certamente será possível sim, viver sem a sua dependência total.

Isso quer dizer que nós estamos de frente para duas alternativas quase que diametralmente opostas e precisamos tomar uma decisão imediata sobre qual delas é prioritária:

1 – O dinheiro é mais que importante, ele é fundamental e vital;

2 – O dinheiro é importante, mas não é fundamental e muito menos vital.

Se você admitir a primeira alternativa, então devo lhe perguntar o seguinte: as atividades de comer, beber, dormir, excretar, reproduzir, respirar e outras funções biológicas são importantes ou são vitais? Por outro lado, também devo lhe perguntar de onde vêm todas as coisas que você usa cotidianamente, como o alimento que você come; a roupa que você veste e protege seu corpo; a madeira, a rocha e o metal com que você constrói a sua casa; a água que você bebe, o ar que você respira e outras coisas mais específicas que você utiliza nas diferentes funções? E mais, devo perguntar ainda se esses materiais também são importantes para você ou são vitais?

Pois então, acredito que o dinheiro serve apenas e tão somente para permitir a aquisição das coisas que vão lhe permitir continuar vivendo, ou melhor, aquelas que são realmente vitais. Assim, me parece claro que os recursos naturais são fundamentais e o dinheiro serve apenas para atender as necessidades de compra e aquisição dos recursos naturais, os quais você realmente precisa. Sendo assim, efetivamente você não precisa de todo o dinheiro do mundo, você precisa apenas do dinheiro necessário à sua subsistência. Isto é, aquela quantidade de dinheiro necessária para que você possa comprar aquilo que verdadeiramente precisa.

Mas, eu tenho a impressão (quase certeza) que a questão da dependência do dinheiro não está só no que acaba de ser dito, porque isso me parece óbvio e de fácil entendimento para a grande maioria das pessoas. O problema maior está no fato de que hoje muitas pessoas vivem num tempo e numa condição em que elas são levadas a imaginar de forma ilusória, mágica e enganadora que “têm que necessitar de dinheiro sempre mais, mais e mais”, apenas para satisfazer também outras necessidades, as quais não são fundamentais. E assim, obviamente não existe dinheiro que satisfaça essa incrível feitiçaria, porque sempre surgem novas “necessidades” e consequentemente nova “dependência de dinheiro”.

Quer dizer, existe um ciclo vicioso, ou melhor, um ciclo “viciado”, que leva a precisar sempre e cada vez mais daquilo que na verdade não se precisa nunca e desta maneira sempre há uma falsa necessidade de mais dinheiro. É exatamente como disse o empresário Norueguês, Oystein Dahle: “As pessoas usam o dinheiro que não têm, para comprar as coisas que não necessitam, para impressionar outras pessoas que não conhecem”.

Esse é o principal efeito maléfico do capitalismo selvagem, o insuportável e degradante consumismo, que ajudou muito a arruinar o planeta e destruir inúmeras vidas humanas ao longo da história. O problema não está no capitalismo, nem no dinheiro, mas está sim, no consumismo. Na estranha mágica do consumismo o ser é suplantado pelo ter e assim, se acaba dando mais importância ao que se tem do que ao que se é. Desta maneira é mais importante ter do que ser. Esse fato ilusório transformou a humanidade em simples objeto do interesse monetário. “A coisa que eu compro e consumo é sempre muito mais importante do que a coisa que eu sou.”

Essa coisa que as pessoas sempre acham que precisam, mas que não precisam de fato, consiste naquilo que se convencionou chamar de supérfluo. A maior parte (quase a totalidade) do dinheiro é gasta na compra desses famigerados supérfluos. O consumismo, que atualmente é a principal causa de degradação planetária consiste nisso, na eterna aquisição de supérfluos e por isso existe essa sede incessante de dinheiro por parte das pessoas, a fim de que possam consumir cada vez mais.

A exigência imposta pela propaganda sobre a necessidade de adquirir os supérfluos e o consumismo nos colocam reféns de nossa própria vontade perante a opinião pública a todo momento. Nós não podemos ficar para trás e se alguns podem ter umas coisas, outros também podem, ou melhor “precisam” e “devem” ter. Assim, sempre é necessário mais dinheiro, para se comprar mais supérfluos. Desta maneira quem sofre é o planeta que tem que continuar fornecendo matéria prima (recursos naturais) para as nossas exigências sempre maiores de supérfluos, além dos recursos efetivamente necessários. Pois então, foi exatamente esse pensamento incoerente, infeliz e anacrônico que levou o nosso planeta a esse estado caótico de degradação ambiental e a nossa civilização a essa condição lamentável de violência e de insanidade, principalmente nas áreas urbanas.

Essa situação não pode ser considerada nada boa e se não é boa, também não pode ser fundamental e muito menos vital. A sua continuidade é que será vital, no sentido de que acabará com a vida humana na Terra. O consumismo exacerbado é um câncer e progressivamente será letal aos seres humanos. Nós podemos e devemos ter que parar com essa hemorragia de recursos naturais e de dinheiro que o consumismo e os seus principais agentes, a propaganda e o marketing produziram no nosso imaginário coletivo e que transformaram o comportamento da maioria dos seres humanos, fazendo com que passassem a consumir supérfluos indiscriminadamente.

Por outro lado, se você admitir a segunda alternativa, isto é, que o dinheiro não é fundamental e muito menos vital, então você já está no caminho certo e quero acreditar que nem tudo está perdido e que ainda há luz no fim do túnel. Entretanto, você não pode simplesmente abdicar do dinheiro, até porque você, como qualquer ser humano, faz jus e realmente necessita de alguma quantidade de dinheiro para garantir o seu sustento e assim conseguir sobreviver. Por isso mesmo você deve ter um trabalho o que, aliás é outra coisa extremamente significativa, em determinado sentido necessária e certamente muito mais importante do que o dinheiro.

Ao contrário do que muitas pessoas são levadas a pensar, o ser humano precisa mais do trabalho do que do dinheiro. Deveríamos ter em mente o seguinte tripé: “Recurso – Trabalho – Dinheiro”. Isso quer dizer o seguinte: existe o recurso natural que eu preciso e então eu tenho que trabalhar para adquirir o dinheiro que me propiciará condições conseguir o recurso natural que eu almejo e preciso. Pensando assim, haveria uma tendência maior de que ninguém ficasse sem trabalho e consequentemente sem dinheiro para adquirir os recursos naturais necessários à sobrevivência. Por outro lado, esse pensamento ainda traz no seu bojo outra grande vantagem, pois o homem utilizando apenas os recursos efetivamente necessários (sem supérfluos) não teria como esgotar os recursos naturais do planeta da maneira degradante como até aqui tem acontecido.

Não há mágica na natureza e como dizem os economistas: “não existe almoço grátis, porque alguém sempre tem que pagar a conta”. Até aqui quem pagou a conta foi o planeta Terra com seus recursos naturais e certamente ela deverá continuar pagando, porque todos os recursos continuarão vindo diretamente da natureza, porém temos que criar mecanismos que impeçam os excessos de consumo e principalmente o excesso de consumo de supérfluos e também a reposição daquilo que é necessário Está na hora de todo ser humano compreender que a quantidade do dinheiro tem que ter a dimensão da necessidade natural e real de cada indivíduo.

Excesso de dinheiro também é supérfluo, porque permitirá a continuidade do excesso de consumo. Não sou louco e não quero aqui tentar proibir ninguém de ganhar mais, quero sim ressaltar que ganhar mais pode ser uma possibilidade de degradação maior e que isso pode ser perigoso. O direito de comprar deve ser proporcional a capacidade de agir no interesse da natureza e da comunidade. Os excessos de dinheiro e de consumo certamente são maléficos ao planeta e a grande maioria das pessoas.

Luiz Eduardo Corrêa Lima

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09 mar 2014

O País do Futebol, do Carnaval e dos “Black Blocs”

Por conta do Carnaval, estamos tendo uma trégua nas “manifestações” contra o aumento das passagens e os gastos da Copa do Mundo de Futebol, porque obviamente os “black blocs” e outros baderneiros menos conhecidos estarão muito ocupados com outras questões que, para eles, talvez sejam mais importantes, pois estão relacionadas com a segunda maior paixão nacional, o carnaval. E assim, não é hora de fazer reivindicação política e muito menos social, no período do carnaval é só folia e prazer. Aliás, “é só alegria”, como diz o ditado popular. Durante o carnaval as passeatas são outras, elas consistem nos diferentes desfiles das Escolas de Samba e dos Blocos Carnavalescos nas avenidas pelo país afora, ou nos Grandes Cordões em Clubes, Praças e Ruas do Brasil, onde vão se desenvolvendo importantíssimas atividades festivas e carnavalescas, mas que não acrescentam efetivamente nada à vida das pessoas. Enfim, cobrança política não existe em tempos de carnaval.

Nessa época, nem mesmo o futebol é capaz de ser considerado algo de destaque no interesse nacional. O carnaval supera tudo e os “black blocs” estão aí para confirmar esse fato, tirando férias para se divertirem um pouco durante o carnaval. E assim, no momento presente, futebol não pode, política não pode, mas carnaval não só pode, como deve. Passeata só mesmo das agremiações carnavalescas como já foi dito e obviamente essas passeatas são regadas a muito álcool e outras drogas mais sofisticadas, mas, graças a Deus, nunca de “coquetéis molotov”. Como só se morre e se mata de prazer, costumam ser encontradas também muitas mulheres peladas e homens travestidos, além de obviamente muito samba no pé. Mas os “black blocs” continuam mascarados, apenas por hábito, mas não têm medo de que suas respectivas identidades sejam reconhecidas. É curioso, mas a máscara é uma característica marcante e comum nos carnavais e nas manifestações políticas.

Eu sinceramente não sei se o pior é o futebol ou é o carnaval para o Brasil e toda a sociedade brasileira, mas sei que ambos têm imensa capacidade massificante e que ambos fazem muito mal à política do país. De qualquer maneira, nesta semana, tudo será possível em nome da grande festa do Rei Momo. Aliás, é bom que se diga, uma festa efêmera e profana, que costuma trazer grandes prejuízos sociais, apesar da aparente alegria. Entretanto, por causa desse efêmera alegria, o carnaval sempre foi tempo de trégua e engodo para as lutas políticas.

Francisco Buarque de Holanda, o velho Chico Buarque, (o velho, porque o atual já mostrou que politicamente também é um mal caráter), já falou sobre o engodo carnavalesco no samba “Vai Passar”. Existe dois momentos da letra, particularmente interessante, no primeiro ela diz assim: “e um dia afinal, tinham direito a uma alegria fugaz, uma ofegante epidemia, que se chamava carnaval” e no segundo ela diz: “meu Deus vem olhar, vem ver de perto uma cidade a cantar a evolução da liberdade, até o dia clarear”. Pois é, será que é isso mesmo que estamos vivenciando?

Sérgio Porto, o saudoso Stanislaw Ponte Preta, conta em seu “Samba do Crioulo Doido”, que o compositor crioulo ficou doido com tanta informação histórica e acabou trocando tudo e todos. O que chama a atenção nos inúmeros erros de fatos históricos apresentados na letra desse samba é que isso pode ser um indicativo de que a história do Brasil, talvez seja menos importante do que o carnaval e assim tanto faz os erros, o que importa é o samba e o carnaval.

É como disse o Músico Marcelo Nova, líder da Banda Camisa de Vênus, quando entrevistado pelo repórter de uma rádio de Taubaté/SP, na véspera de um show que a banda fez na cidade há alguns anos atrás. “Música aqui no Brasil é bumbo e bunda o resto não importa”. Pois é, embora o repórter estivesse se referindo à Música em geral, o Marcelo Nova respondeu que onde tem samba mulher de bunda de fora, todo o restante é insignificante. Pois então, é por isso mesmo que o Carnaval assume essa importância magnânima na massificação da população do país. Confesso que mesmo não gostando do tipo de música de Marcelo Nova e sua banda, tenho que concordar que ele tem razão.

João Bosco e Aldir Blanc também relatam a importância do futebol na letra do samba “Se meu time não fosse o campeão”, quando dizem assim: “e ele gritou gol, fiel a paixão. Salve o meu time querido do meu coração. Hoje eu só quero saber da comemoração e nem quero pensar, se meu time não fosse o campeão. Sorrindo ele me segredou, nós fazia uma revolução”. Os mesmos autores, na letra do samba “De frente para o Crime”, também citam “tá lá o corpo estendido no chão, em vez de rosto uma foto de um gol” …. “sem pressa foi cada um pro seu lado, pensando numa mulher ou num time, olhei o corpo no chão e fechei minha janela de frente pro crime”.

Bem, em suma, no carnaval tudo pode, até mesmo os Ministros do Supremo Tribunal Federal voltarem atrás, absolvendo e liberando bandidos políticos consagrados e contumazes, contrariando os interesses da opinião pública nacional e manifestando total dependência política do governo. Interessante é que sobre esse fato, estranhamente, não apareceu nenhum “black bloc” para fazer qualquer quebradeira ou mesmo alguma caminhada ou comentário crítico. Por que será?

Eu particularmente não sou nada a favor do Brasil sediar uma Copa do Mundo, mas confesso que gosto de futebol, da mesma forma que gosto de samba, mas odeio o carnaval, porque acho que o carnaval é apenas um circo a mais nesse país tumultuado, onde o povo, infelizmente, ainda vive de pão e circo. Entretanto, independentemente desse meu sentimento pessoal, acredito que agora essa discussão sobre a ocorrência da copa do mundo no Brasil é inócua e inoportuna, porque agora, lamentavelmente, Inês é morta e não há como mudar a situação.

Minha dúvida é a seguinte: por que não se brigou contra a possível vinda de uma Copa do Mundo para o Brasil, no momento em que ainda era possível impedir a sua vinda? Será que esses “manifestantes” estão mesmo contrários à Copa do Mundo? Não sei não, mas para mim, isso é só pretexto para fazer tumulto e acabar, ainda que ocasionalmente, como já aconteceu, cometendo assassinatos de pessoas que estão trabalhando durante as passeatas.

Aliás, o que é típico da esquerda festiva que só sabe “agitar a massa para fazer bolo” e infelizmente nada mais. Infelizmente os manifestantes acabam sendo rebeldes sem causa que são usados como massa de manobra de alguns grandes figurões. Pena que os efeitos colaterais produzidos por essas “manifestações”, como a morte do jornalista da Bandeirantes, não sejam punidos exemplarmente. Alguém morre no exercício de sua profissão e fica por isso mesmo, pois tem até Deputado pronto para oferecer ajuda aos criminosos. Caramba! Esse país é coisa de doido mesmo.

O Governo Brasileiro que anda muito preocupado com a situação econômica dos médicos cubanos, com auxílio aos pobres do Haiti, com a crise política na Venezuela e outras coisas que não têm nada a ver com o Brasil, talvez precisasse passar a lembrar que foi eleito para administrar o Brasil e não outros países, por mais que eles necessitem. Além disso, precisa lembrar ainda que o Brasil tem mais de 200 milhões de pessoas e não apenas aqueles cerca de 60 milhões que estão sendo compradas e usadas politicamente com inúmeros tipos de “Bolsas e de Cotas de qualquer coisa”. Mais uma vez eu pergunto: porque os “black blocs” não reclamam desses fatos? Será que essas “manifestações” são apenas para desviar a atenção?

É claro que, mesmo gostando de futebol, esse custo absurdo em estádios superfaturados é uma afronta e obviamente incomoda muito a mim e a qualquer brasileiro sensato, porém os estádios construídos serão de TODOS os brasileiros e “as bolsas e as cotas qualquer coisa” são apenas para os AMIGOS e algumas outras pessoas ocasionais, para fazer de contas que a coisa é séria. Além disso, aqueles que não recebem “as bolsas e cotas qualquer coisa”, acabam pagando para aqueles que recebem. Aqui cabe lembrar que o governo, em momento algum, questionou se aqueles que pagam, gostariam de estar pagando por tudo isso. O governo apenas decidiu que ia ser assim e pronto. Esse governo, na sua artimanha política de “favorecer aos pobres”, usa o dinheiro de alguns, no interesse de outros e que se exploda o avião. Aqueles que pagam não têm nem onde reclamar desse descalabro. O pior é que os membros do governo chamam isso de Democracia.

Não sei, mas eu devo ser muito ignorante, porque eu acho uma grande incoerência um governo que se diz democrático governar promovendo Medidas Provisórias, impondo regras absurdas, arbitrárias e ilógicas de distribuição de benefícios e de renda, definindo coisas a “bel prazer” e mandando os contribuintes pagarem, através da Maior Carga de Impostos do Mundo. Pois é, e o “black blocs” não parecem estar preocupados com isso. Os problemas deles são apenas as passagens de ônibus e os estádios da Copa do Mundo. Está parecendo até que os “black blocs” não são atingidos em nada pelos outros fatos. Para eles, legal mesmo é cobrir a cara com uma máscara e quebrar o patrimônio dos outros que trabalharam para conseguir, haja vista que nenhum deles e nem quem os financia deve pagar impostos normalmente e muito menos deve ser dono de lojas ou coisa parecida.

Bem, fica aqui a questão: depois do carnaval, teremos a volta da quebradeira? Se a resposta for sim, então talvez fosse interessante prorrogar o carnaval até a copa do mundo, pois assim não haveria quebradeira até lá. E durante a copa do mundo, os estrangeiros que aqui estiverem sofrerão em igualdade com os danos produzidos pela ira dos “black blocs”? E depois da copa, o que acontecerá? Bem, vamos aguardar para ver o desfecho.

Ah! A propósito, eu ia me esquecendo. Mas, no segundo semestre desse ano de 2014, nós também teremos uma eleição nacional e logo depois da copa do mundo começa a campanha eleitoral. Ao que parece, segundo as pesquisas eleitorais prévias, a coisa não vai mudar e no fim a situação vai ficar do mesmo jeito que está aí, ou quem sabe pode até piorar. Aí eu pergunto, mais uma vez: porque os “black blocs” não aproveitam suas “manifestações” para tentar promover propostas claras de mudanças políticas profundas que possam efetivamente mudar a cara desse país? Porque, por exemplo, não trabalhar seriamente para propor a mudança desse governo que está aí?

Luiz Eduardo Corrêa Lima

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04 mar 2014

A População Humana também tem que seguir os Princípios Naturais de Crescimento

Apesar de toda a falácia existente sobre a questão do crescimento populacional humano, o número de seres humanos no planeta continua progressiva e perigosamente aumentando e todos os efeitos oriundos desse aumento populacional absurdo e inconsequente são cada vez maiores. Não creio que haja muita necessidade de esclarecer tecnicamente aqui o que acontece quando uma população natural cresce fora do controle. Entretanto, para não parecer aos leigos que estou inventando problemas onde eles não existem, farei um breve resumo da questão.

Toda população natural tem um potencial biótico teórico para crescer que a permitiria crescer indefinidamente, independentemente da sua taxa de mortalidade ou de emigração. Esse potencial biótico costuma ser representado por uma curva exponencial com a forma de “J”. Entretanto, esse crescimento indefinido não acontece na natureza, porque existe um conjunto de fatores, que constituem a resistência do meio (resistência ambiental), fazendo com que a curva que cresceria continuamente seja puxada para baixo, impedindo assim o seu crescimento indefinido. Essa curva é representada por uma forma sigmoide, semelhante a um “S”.

A resistência ambiental é condicionada por inúmeros fatores que podem interferir no crescimento da população como espaço físico, carência de recursos, carência de alimentos, presença de predadores e mesmo cataclismas ou grandes eventos geoclimáticos, que podem mudar a conformação do ambiente significativamente fazendo com que a população não seja capaz de resistir e subsistir. O caminho natural e único das populações naturais presentes nessas situações é a diminuição progressiva de seu tamanho e a consequente extinção. Quero ressaltar que tudo isso pode acontecer naturalmente com qualquer população de organismos vivos existentes no planeta, inclusive com a população humana. Somos organismos vivos como outros quaisquer e estamos sujeitos aos mesmos mecanismos planetários.

Assim, o crescimento real de uma população segue um padrão definido que é regulamentado pela capacidade reprodutiva do seu potencial biótico e pela resistência ambiental. Enquanto a população é pequena a resistência ambiental é pequena, mas quanto mais a população cresce maior fica a resistência. Essa situação é conhecida como capacidade de suporte do meio ou carga biológica máxima e em última análise e ela quem garante uma situação final de equilíbrio populacional. Essa situação final de equilíbrio populacional se mantém com flutuações médias em torno de um tamanho populacional ideal ao longo das gerações e desta forma as populações naturais tendem a se perpetuar no ambiente em que vivem.

É bom também lembrar que, salvo raras exceções, a maioria das populações naturais de organismos vivos não é cosmopolita. Aliás, a maioria das populações cosmopolitas hoje existentes assumiram essa condição em consequência da ação antrópica. Isto é, foi a população humana que propiciou o ir e vir de muitas espécies pelo planeta afora e que fez com que muitas dessas espécies hoje possam estar em quase todos os locais planetários. Entretanto, é preciso que fique claro que essas populações inicialmente se desenvolvem em áreas restritas, elas eram populações endêmicas que viviam em regiões com recursos naturais e espaço físico definidos.

Esse fato do endemismo primitivo precisa ser destacado, porque ele torna a resistência do meio ainda mais limitante ao crescimento populacional, haja vista que são necessárias características ambientais específicas para que as diferentes populações possam sobreviver nos diferentes ambientes. Algumas populações naturais foram capazes de desenvolver significativas possibilidades adaptativas e assim conseguiram resistir em outras regiões. Porém, essa não parece ser uma regra natural abrangente e efetiva na natureza, porque a grande maioria das populações naturais não consegue sobreviver sem essas condições ideais especiais.

No caso humano, em que pese o fato da população humana primitivamente também ser uma população natural, nossa condição endêmica foi desde o início mascarada por nossa capacidade migratória e exploratória. A espécie humana se distribuiu pelo planeta e se tornou uma espécie cosmopolita e além disso, também se tornou uma espécie capaz de criar mecanismos que podiam suplantar alguns dos limites impostos pela resistência ambiental, quando até foi capaz de modificar o meio à sua volta adequando esse ambiente ao seu próprio interesse. Não bastasse isso, a espécie humana inventou e incrementou a agricultura, a domesticação e a transformação física e química dos materiais. Além disso, ela desenvolveu a cultura e através dessa característica pode ir passando o que aprendia e conhecia através da educação e do ensinamento às gerações subsequentes. Nossa espécie criou muitas coisas e se aprimorou cada vez mais nessa capacidade quase exclusiva de se apropriar da natureza e de mudar significativamente o ambiente a sua volta.

Nesse sentido, a espécie humana é realmente muito diferente da grande maioria das demais espécies vivas. Entretanto, é necessário que fique claro, que isso não torna a espécie humana definitivamente independente do ambiente em que vive no planeta, seja esse ambiente qual for, porque tudo o que é utilizado pela população humana é necessariamente originário do planeta Terra que é finito e limitado de recursos naturais. Assim, o poder da espécie humana de modificar as coisas em seu interesse, embora real, é temporário, pois em última análise sempre há dependência do ambiente planetário como fonte de recursos, qualquer ocorre com qualquer espécie viva. A diferença efetiva é apenas o fato de que o espectro de captura e exploração da espécie humana é maior, em função de sua capacidade adaptativa maior e de sua expressiva tendência exploratória e criativa, além, obviamente, de sua condição de espécie cosmopolita assumida secundariamente e de seu próprio desenvolvimento cultural.

Ao longo do tempo, a espécie humana conseguiu fazer com que a resistência ambiental fosse mascarada e até certo ponto, suplantada pela sua capacidade criativa e modificadora. A população humana criou mecanismos adicionais que levaram a modificação dos padrões naturais de crescimento populacional, através da superação da resistência ambiental e do consequente aumento do seu potencial biótico. Assim, ao contrário de outras populações naturais, nós humanos, suplantamos um pouco os limites naturais, por conta de ações tecnológicas que modificaram as nossas possibilidades de crescimento populacional. Essas ações tecnológicas, além de reduzir as taxas de mortalidade e ampliar as taxas de natalidade, permitiram novas situações de ocupação de espaço, de produção de alimentos, de segurança e resistência as ações externas.

Enfim, a população humana, em certo sentido deixou de se enquadrar nos preceitos mínimos estabelecidos à uma população natural, pois foi capaz de adequar quase tudo ao seu interesse imediato e assim pode continuar crescendo de maneira aleatória, porque a maioria dos fatores limitantes estava aparentemente sob o seu controle. Nesse quadro, chegamos a 6 bilhões de habitantes no ano 2000, já passamos de 7 bilhões em 2012 e não sabemos onde vamos parar. Várias pesquisas existem sobre essa questão e os melhores cenários apontam para uma possível estabilização e um “equilíbrio natural” que se dará em torno dos 10 bilhões da habitantes. Na verdade, os cenários variam entre 9 a 12 bilhões. Mas, a que custas ambientais, sociais e econômicas vamos conseguir atingir essa pretensa estabilização?

Hoje quase ¼ da população humana já está vivendo na mais total miséria. Doenças degenerativas oriundas principalmente de maus hábitos alimentares, como o câncer nos diferentes órgãos digestivos, têm matado muita gente. Doenças respiratórias, oriundas de poluição atmosférica têm produzido outro enorme contingente de vítimas. Os ecossistemas naturais desaparecem e são degradados continuamente, por falsos interesses florestais, industriais e minerários. As cidades “incham” de indivíduos, prédios, carros, resíduos e não têm mais como permitir o transitar normal das pessoas e a assim, a violência urbana e mobilidade urbana viraram grandes problemas sociais em consequência da carência de espaço. O consumismo exacerbado e a falta de critério no uso dos recursos naturais, torna cada vez mais difícil e caro o custo de vida.

Em suma, o caos é total. Nada disso parece estar preocupando a população humana que não para de crescer e de aumentar as necessidades de recursos naturais. Será que teremos que produzir mais transgênicos; desmatar maia áreas naturais; utilizar mais agrotóxicos; destruir mais solos férteis; poluir e contaminar mais água, solo e ar; produzir mais resíduo sólido orgânico; gerar mais resíduo químico industrial; extinguir mais espécies vivas degradando ambientes naturais?

Nos últimos anos tem sido observado o aumento progressivo da temperatura planetária, originário principalmente das ações antrópicas, em consequência da produção e liberação excessiva de dióxido de carbono (CO2) na atmosfera. O Aquecimento Global é um fato comprovado e o homem é o principal culpado desse fenômeno, embora muitos ainda insistam em não querer acreditar, esse é um efeito real e cada vez mais evidente das ações antrópicas no planeta. Por outro lado, também têm acontecido eventos geoclimáticos extremos com maior frequência e cada vez mais violentos, os quais também resultam das atividades antrópicas planetárias.

Ora, parece que a resistência ambiental finalmente está mostrando as suas garras e a população humana, como qualquer outra no planeta se evidencia incapaz de resistir e não está conseguindo vencer a natureza. Nós humanos, apesar das aparências e de nossa arrogância e egoísmo, nós não somos “super seres biológicos”, somos iguais a qualquer espécie viva existente no planeta. Nossa população também se comporta como qualquer outra e precisamos estar em acordo com as regras naturais de ocupação do espaço planetário, de limite da utilização dos recursos naturais e de tamanho efetivo da população.

Baseado nisso, precisamos estabelecer rapidamente um padrão de controle populacional planetário que seja compatível com os interesses naturais, pois todas as ações humanas decorrem da necessidade cada vez maior em função da população que não para de crescer e, o que é pior, cresce descontrolada e aleatoriamente. A espécie humana já superou os limites naturalmente estabelecidos e agora só existem duas alternativas possíveis à nossa sobrevivência: ou mudamos os nossos hábitos e tratamos o ambiente em que vivemos como algo efetivamente importante e, para tanto, é necessário começar a diminuir nossa pegada ecológica, o que só poderá acontecer, minimizando progressivamente o crescimento da população humana ou então continuamos a seguir o caminho errado em que investimos historicamente e que lavará certa e rapidamente em direção à extinção anunciada e prematura de nossa espécie.

A escolha é nossa. Agora não se trata mais de discutir picuinhas. Os fatos estão aí para quem quiser ver. A realidade à nossa volta fala por si. A questão é de vida (continuidade) ou morte (extinção) da espécie humana.

Luiz Eduardo Corrêa Lima

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17 fev 2014

A Ecologia e o Carnaval Brasileiro

No passado as fantasias dos foliões nos grandes desfiles das Escolas de Samba e dos Blocos Carnavalescos e até mesmo as fantasias que concorriam nos grandes Concursos de Fantasias se utilizavam de muitos materiais retirados diretamente da natureza, tanto de origem inorgânica (mineral), quanto de origem orgânica (animal ou vegetal). Entretanto, a partir do início da década de 1980, o pensamento ecológico ganhou força no cenário nacional e mesmo o carnaval teve que ser repensado para que pudesse passar a ser “ecologicamente correto”. Desta maneira, vários produtos sintéticos começaram a ser desenvolvidos e a natureza também passou, progressivamente, a ser mais respeitada pela nossa festa maior. A utilização de material natural só não está totalmente extinta nos desfiles, por conta de ínfimos detalhes, os quais não representam nada de significante no todo.

Nos últimos 30 anos não se mata mais animal ou planta e nem se explora essa ou aquela pedra mineral para fazer fantasias para desfiles. Por outro lado, os grandes Concursos de fantasias também se extinguiram e o material que hoje é utilizado nas fantasias, ou é sintético e produzido especificamente para aquele fim ou é e reaproveitado de fantasias anteriores. Além disso, praticamente todo o material utilizado compõe-se de material que pode ser reciclado. Aquilo que acaba não podendo ser reaproveitado em fantasias nos anos seguintes é transformado através de diferentes ações de reciclagem, mas não se destrói mais a natureza e nem se produz mais resíduo como antes. As próprias entidades desenvolveram mecanismos, através de cooperativas par vender ou mesmo trocar os diferentes materiais de acordo com suas necessidades.

O custo operacional das fantasias hoje continua sendo caro, porém só atinge o bolso do folião ou da agremiação e não causa nenhum mal à natureza e assim não afeta a qualidade de vida de nenhum ecossistema natural e nem traz nenhum dano direto ao planeta. Hoje Carnaval e a natureza conseguem trafegar na mesma cadência e através de práticas ambientalmente e socialmente sustentáveis têm produzido um brilho, talvez até mais interessante para os interesses da festa popular e mesmo para os holofotes das televisões pelo mundo afora.

A Ecologia e o Carnaval Brasileiro – Guaratinguetá, 17 de fevereiro de 2014

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04 dez 2013

Ecologicamente correto, socialmente justo e economicamente viável e interessante

Os padrões atuais de desenvolvimento estão altamente carregados de sustentabilidade, pelo menos na sua essência teórica e partem do pressuposto que a frase que intitula esse artigo seja uma premissa para todos os projetos que possam ser mentalizados e produzidos. Entretanto, será isso uma verdade? Será que a sustentabilidade pensada, preconizada e necessária está sendo praticada na íntegra?

Creio que não, pois normalmente não costuma haver comprometimento total da noção norteadora de sustentabilidade ao longo do andamento de todo o projeto, independente da área de atividade onde ele esteja inserido. O que acontece é que geralmente, no decorrer do processo, as coisas vão mudando e se travestindo gradativamente, o que acaba por mascarar a sustentabilidade prevista e assim a velha noção de progresso e de crescimento a qualquer custo infelizmente continua, ainda que indiretamente, imperando e comandando as ações. Por conta disso é que têm ocorrido inúmeros fracassos econômicos, sociais e principalmente ambientais em projetos intencional e primitivamente ditos sustentáveis.

Vejam bem, a consequência natural de tentar corrigir o fracasso, quanto à sustentabilidade do projeto, acaba produzindo malefícios piores e quem mais sofre com esse fato é o meio ambiente. Somos seres humanos e nos defendemos muito mais social e economicamente do que ambientalmente. Lamentavelmente, os nossos diferentes padrões culturais têm alguns aspectos comuns e a priorização socioeconômica em detrimento do meio ambiente é um desses aspectos. Independente de nossa Cultura original, nós temos sido histórica e generalizadamente levados a entender que o ambiente não é algo que tenha grande importância.

Em outras palavras, o que estou querendo dizer é que, embora a noção de sustentabilidade não seja em si mesma uma utopia, haja vista que é possível produzir bons projetos sustentáveis, essa noção, em certo sentido, é contra as culturas estabelecidas na humanidade, porque tenta priorizar algo que não estamos culturalmente preparados para dar a devida importância. Assim, a noção de sustentabilidade acaba sendo uma falácia, porque na prática o que continua valendo primeiramente é o interesse econômico, depois o social e por último fica o interesse ambiental, o qual deveria ser primário. Isto é, o meio ambiente está sempre sendo relegado para o terceiro plano em importância, quando na verdade deveria ser o primeiro.

Mas, como sanar essa deficiência sociológica e cultural da humanidade, tentando priorizar as questões ambientais em detrimento dos interesses da Economia? Como demonstrar que a sociedade e o planeta só ganharão com a priorização ambiental?

Aparentemente, em função do que já foi dito, essas questões propostas não têm respostas possíveis e definitivas, que produzam modificações positivas para o meio ambiente, no cotidiano da maioria das pessoas nas sociedades humanas, haja vista que elas estão culturalmente programadas exatamente para o contrário. Entretanto, essas respostas precisam existir e necessitam ser postas em prática para garantir a sustentabilidade e, em última análise, a manutenção da vida humana sobre a superfície do planeta.

Tenho observado em várias oportunidades que ainda não há consenso entre a maioria das pessoas, mesmo aquelas preocupadas com o meio ambiente, sobre a importância das questões ambientais para a humanidade. Eu já ouvi, mesmo de alguns ambientalistas a seguinte questão: como o sujeito vai se preocupar, por exemplo, com o desmatamento das florestas, se ele não tem o que comer?

Aliás, não é só isso. Na verdade, ainda não há percepção de que as questões sociais cotidianas foram antes questões ambientais pontuais não cuidadas ou mal cuidadas. Problemas sociais são consequência de problemas ambientais. Pouca gente percebe, por exemplo, que falta de moradia é consequência de falta de espaço, que violência urbana é consequência de falta de alimento e de espaço, que a falta de critério político-administrativo é o que produz falta de saneamento básico e as doenças que advém disso.

Comer bem envolve em plantar bem, produzir bem, cozinhar bem. O problema é que parece que as pessoas esqueceram que têm que plantar para comer, pois a comida que comem vem do supermercado. Esqueceram da natureza. Na prática, hoje se entende apenas que alguns plantam para ganhar dinheiro e se esquece que plantar é fundamental para produzir alimento e poder comer, que é uma das necessidades biológicas (natural, ambiental) vitais. Estar socialmente bem é consequência de estar ambientalmente bem, ou seja, num ambiente ecologicamente equilibrado e compatível com a vida. Não entendo como é possível se pensar diferente. Assim, temos que pensar no meio ambiente prioritariamente.

Quer dizer, a sustentabilidade só existe se tivermos o meio ambiente na sua base e só há uma maneira de conseguirmos isso: temos que mudar o paradigma e criar uma nova Filosofia que possa discutir e introduzir a Educação Ambiental maciçamente nas diferentes sociedades humanas e produza um novo modelo de comportamento na humanidade. Precisamos acabar com essa coisa de que pequenos projetos podem resolver grandes questões. Infelizmente, não temos mais tempo para isso. Temos que partir para o grande projeto de mudança comportamental do homem atual, para produzirmos um homem do futuro consciente e já programado para priorizar as questões ambientais antes das demais. Precisamos de uma nova Cultura que privilegie o meio ambiente. Aliás, se isso efetivamente vier a acontecer, todas as questões sociais, ao longo do tempo, deixarão de existir, porque estaremos resolvendo todos os problemas da humanidade.

Partamos, pois, para discutir e efetivar esse nosso projeto de Educação Ambiental planetário, para todos os humanos e para bem de todos os demais habitantes do planeta. Que fique claro, de uma vez por todas, que a Educação Ambiental tem que ser definida e ensinada conceitualmente, para que possa ser entendida, vivenciada e produza modificações comportamentais efetivas e perenes na humanidade. O empirismo aplicado a projetos não justifica outras questões conceituais importantes e infelizmente, ainda cria modismos sem entendimento das reais necessidades planetárias.

Portanto, quero esclarecer que não estou aqui me referindo, por exemplo, a nenhuma orientação sobre um simples projeto envolvendo a reciclagem de resíduos, estou sim pensando em trabalhar conceitual e comportamentalmente para que a humanidade procure produzir mecanismos que não possibilitem a geração de mais nenhum resíduo. Por mais absurdo que isso possa parecer, essa deve ser uma meta. A reciclagem de resíduos é um pequeno detalhe que acontece em alguns locais, mas nós temos que pensar no todo planetário. Não quero apagar incêndios, quero acabar com a possibilidade de ocorrência deles.

Não devemos mais nos envolver apenas com pequenas experiências locais, temos sim, que mudar a forma de pensar do homem para que todos os humanos possam agir dentro de premissas ambientalmente corretas. Não há mais tempo para resolvermos apenas algumas questões locais, precisamos pensar e solucionar as questões planetárias. Cuidar do planeta deve ser entendido, por toda a humanidade, como algo tão vital quanto à necessidade de comer ou de respirar.

Temos que sair do paliativo e adentrar na construção de uma sociedade embasada filosoficamente na importância do planeta e de tudo que nele existe, inclusive nós. Porém, não devemos nos sentir como “seres superiores”, pois esse foi, historicamente, o grande erro cometido pela humanidade ao longo dos tempos. Isto é, nós humanos fomos levados culturalmente a acreditar que somos as coisas mais importantes que existem no planeta e assim nos assumimos como “Os Verdadeiros Donos da Terra”. A espécie humana não é dona de nada, além de seu próprio destino, que é o mesmo das demais espécies, ou seja, a extinção, que pode ser tardia ou prematura.

Nossa espécie é apenas uma pequena parte do planeta como tantas outras e deve respeitar a demais partes para garantir uma maior longevidade de sua existência na Terra. A única coisa que devemos obrigatoriamente ter é uma responsabilidade maior que as demais formas vivas, haja vista que aparentemente somos a única espécie que tem consciência de sua existência. Essa é a grande verdade que precisa estar clara na mente de todos os humanos do futuro.

Assim, quero concluir afirmando que a sustentabilidade, além de ser uma necessidade planetária e uma obrigação da humanidade. Entretanto, ainda temos que nos preparar mais seriamente para ela, priorizando o meio ambiente em relação aos demais interesses. Temos que sair da falácia e entrar na realidade, pois o tempo urge. Doa a quem doer, mas projetos não sustentáveis não podem mais ser pensados e muito menos operados e produzidos.

Luiz Eduardo Corrêa Lima

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