12 abr 2020
O Aviso Produzido pelo Corona Vírus (COVID-19)

O Aviso Produzido pelo Corona Vírus (COVID-19)

Resumo: O artigo trata da preocupação com o COVID-19 e sua possível relação com as ações antrópicas planetárias. É sugerido que a partir de agora a humanidade comece realmente a pensar mais sério sobre os problemas ambientais globais, pois esse parece ser o único caminho para a continuidade da espécie humana sobre a superfície do da Terra.


Aproveitando esse momento drástico, além de terrivelmente incomodo e chato, onde todos falam quase que exclusivamente do Corona Vírus (COVID-19), eu vou pegar “carona” e fazer um “convite” para propor uma “virada” e consequente ingresso num novo tempo, numa “Nova Era” planetária no sentido mais amplo e holístico que a expressão puder ter. Já que o conceito de “Nova Era” tem sido, de fato, muito discutido e por isso mesmo é de difícil entendimento, vou tentar ser mais objetivo. Talvez, a ideia contida no livro de Daren Kemp (2004), seja o mais condizente com a minha visão.

Obviamente o planeta não vai mudar para atender aos interesses humanos, até porque isso é ilógico do ponto de vista físico e químico, mas porque é principalmente impossível do ponto de vista operacional. Entretanto, o planeta já mudou e continuará mudando física e quimicamente sempre, por conta de questões climáticas e tectônicas naturais. Entretanto, mais recentemente, surgiu uma outra força, que embora pequena no contexto individual é muito grande no contexto global (planetário) e que tem sido acrescida as ações naturalmente modificadoras do planeta. Essa força chama-se ação antrópica.

Um Químico holandês e um Biólogo americano (Crutzen & Stoermer, 2000) até criaram um novo termo, identificando um novo período geológico separado do Holoceno, para identificar esse momento em que nos encontramos. Segundo esses autores, estamos vivendo o Antropoceno, ou seja, o período que define exatamente o tempo em que as ações humanas começaram a interferir e mudar mais precisamente a realidade natural.

As ações do ser humano tem produzido, mormente nos últimos tempos, uma soma significativa de consequências que têm causado transformações metabólicas profundas no comportamento natural da Terra. Além disso, o homem também tem imposto, reforçado e acelerado, por conta de seus atos ingênuos ou inconsequentes, as consequências dos processos naturais da estrutura, organização e manutenção planetária, o que só amplia as notórias e cada vez mais conspícuas mudanças.

Ao seu modo, o planeta tem reclamado e mandado inúmeros avisos à humanidade, mas nada de importante aconteceu como resposta humana. O ser humano, “dono do planeta” continuou seguindo seu caminho, como se nada estivesse acontecendo. Mas, eis que agora, depois de vários avisos prévios de menor intensidade, a ira planetária se manifestou mais séria e acentuadamente, sob a forma de um vírus, um pequeno e mísero vírus. O vírus é um instrumento bioquímico na fronteira entre um mineral e um organismo vivo, que pode causar moléstias em organismos vivos, inclusive nos humanos. Pois então, um vírus causa uma pandemia, que gera um pandemônio na humanidade e nos mostra os quanto somos frágeis e pequenos perante a natureza.

Penso eu que esse fato certamente deverá levar a termo final algumas práticas antrópicas corriqueiras ilógicas, insensatas e sobre tudo, incabíveis, que vinham sendo comuns na atualidade.  Por outro lado, deverão surgir novas práticas, que reavaliem a ideia absurda de crescimento econômico ilimitado, dentro de um espaço planetário finito e cada vez mais limitado.  Talvez, a ideia de decrescimento de Serge Latouche (2006) tenha, sim, que ser analisada com atenção e bons olhos, para poder ser praticada progressivamente pela humanidade.

A praga humana crescente e destruidora precisava ser contida e o COVID-19, talvez tenha sido o grande plano ou projeto planetário de contenção e defesa que a Terra promoveu para dar o ultimato à espécie humana. Nesse momento a humanidade está sendo “convidada” a repensar, reprogramar e refazer suas noções de desenvolvimento econômico contínuo e perpétuo. Está claro que é impossível um planeta continuar crescendo economicamente com os 8 bilhões de humanos atuais e uma projeção modesta de chegar a 11 ou 13 bilhões até o final do século, sugando cada vez mais as tetas do planeta e promovendo consequentemente as ações e os eventos catastróficos que temos visto recentemente. Isso precisa acabar.

Certos lugares planetários como o Mercado da cidade de Wuhan, na China, onde se compra e vende tudo que é tipo de organismos vivos (animais ou vegetais), vivos ou mortos, para todos os tipos e gostos e para os mais diversos fins, não devem ser benéficos à humanidade, embora posam ser benéficos à algumas pessoas. É bom citar para os incautos, porque eu acredito que a maioria das pessoas não saibam disso. Wuhan não é uma cidadezinha, ao contrário, é uma cidade moderna e a maior cidade da região central da China, possuindo mais de 11 milhões de pessoas e que, compondo uma região extremamente conurbada com outras cidades menores, forma uma concentração de cerca de 20 milhões de seres humanos. Quer dizer, não estamos falando de uma cidadezinha do interior, estamos falando de um dos grandes centros populacionais da chineses.

O mercado de Wuhan, não é um mercado municipal pequeno, como se vê, por exemplo, na maioria das cidades brasileiras pelo interior. Aliás, aquilo nem pode ser chamado de mercado, pois na verdade é um grande centro de contaminação de vírus e bactérias geradoras de doenças. É um centro oficial de transmissão de moléstias, com autorização de uso e sem nenhuma forma de segurança sanitária. Mas, é bom ressaltar que o Mercado de Wuhan, não é o único local da China ou do mundo, em que esse tipo de coisa acontece, porque o ser humano criou vários lugares do tipo Mercado de Wuhan pelo mundo afora. Wuhan é apenas um exemplo infeliz e comprovado dos muitos que existem no planeta. Aqui no Brasil mesmo, guardadas as devidas proporções, temos vários “mercadinhos de Wuhan”.

Até alguns dias estávamos em rota de colisão com o planeta, mas agora parece que efetivamente já colidimos e assim, chegamos a uma situação que exige resposta imediata: ou cuidamos da Terra ou ela “cuidará” de nós.  Dentro dos preceitos estabelecidos pela evolução biológica básica, apenas os aptos se adaptam e sobrevivem. Não quero ser fatalista, mas tenho que ser, porque me parece muito simples, com ou sem teoria da conspiração, a espécie humana necessita se adaptar às condições impostas pelo ambiente planetário ou a extinção será o caminho natural e prematuro de nossa espécie.

O que está errado e necessita ser repensado é o modelo de como a humanidade deveria ter caminhado e deverá estar caminhando doravante. Considerando que agora não estamos mais na fase do que poderá acontecer, pois já aconteceu e estamos presenciando a calamidade criada. O incêndio já aconteceu e está difícil de apagar. O leite já foi derramado e não há como retorná-lo ao recipiente. Daqui para frente, a solução é fazer diferente, para tentar não derramar mais leite. Isso será bom para o planeta e certamente será muito melhor para a humanidade.

As doenças, inclusive muitas viroses, além das últimas de origem chinesa, sempre existiram e obviamente vão continuar existindo, porque isso também faz parte do metabolismo planetário, porém, doravante, a humanidade pode, deve e tem que trabalhar na direção de minimizar essas grandes epidemias (pandemias) e não na direção contrária como vinha fazendo, dando de ombros para esses problemas, ou tratando-os como se fossem questões secundárias ou menos importantes ainda.

A prevenção e o cuidado têm que ser as palavras de ordem na relação Homem-Terra. O célebre chavão que diz: “quem ama cuida”, agora tem que ser regra oficial na nova postura para a “Nova Era” planetária. Tratar o planeta como a nossa casa não é mais uma questão apenas religiosa, mas sim uma necessidade premente, que precisa ser encarada pelos países e suas nações.

O ambiente planetário tem que ser respeitado e as ações humanas têm que ser limitadas àquilo que é estritamente necessário à sobrevivência das pessoas. O consumismo exacerbado que se estabeleceu tem que ter fim. A exploração mineral, animal e vegetal insana e inconsequente, tem que acabar. O uso indiscriminado e absurdo de agrotóxicos tem que ser inviabilizado. A queima de combustíveis fósseis tem que decrescer. Para que essas coisas efetivamente ocorram, o crescimento populacional humana precisa ser contido, o desenvolvimento econômico tem que ser limitado, minimizado ou mesmo extinto em alguns locais.  A verdade é que, não dá mais para tapar o sol com a peneira.

Eu quero deixar claro também, que não se trata aqui de discutir sistemas e regimes de governo ou posições ideológicas dessa ou daquela facção. Na verdade o que todos precisamos é entender o planeta como fonte única de tudo que a humanidade necessita e usa cotidianamente. Depois desse entendimento efetivo, temos que passar a garantir que essa fonte terrestre seja usada e mantida, sem comprometimento dos demais organismos e dos próprios seres humanos, principalmente daqueles que ainda não nasceram.

É evidente que se continuarmos no nível frenético de apropriação e degradação que tivemos até aqui, talvez os futuros seres humanos, nem cheguem a nascer. Basta! Está na hora, ou melhor, já passou da hora de parar de usar inconsequentemente os recursos naturais. O COVID-19 parece ser o aviso planetário derradeiro para que o homem se manifeste pela vida e não pela morte. A mensagem atual é muito simples: “a humanidade tem que cuidar da Terra, para que a Terra possa continuar abrigando e mantendo o homem”.

Não existe nenhum segredo e nenhuma dificuldade. O respeito ao planeta, seus limites e as formas vivas nele contidas é a grande sacada e agora a humanidade não pode dizer que não sabe disso. Não se trata mais do armagedom ou qualquer teorias sobre o fim do mundo, agora é a realidade, ou cuidamos da Terra ou ela irá dar conta de nossa espécie, até porque nós é quem dependemos dela.

A Ciência e os cientistas estão avisando faz muito tempo. A Terra está urrando faz muito tempo. A humanidade estava cega ou não queria enxergar o óbvio faz muito tempo e assim, continuou preferindo pagar para ver. Bom, agora, eu acredito que a humanidade não está gostando do que, infelizmente, está vendo. O mundo está assustado e parado por conta de uma porcariazinha de um medíocre e diminuto vírus. Meus amigos, se um vírus pode parar o mundo, o ser humano certamente também pode parar, basta apenas querer, de fato, e partir para fazer diferente do que sempre fez.  

Novas práticas, cuidado e prevenção, como já foi dito, devem ser a tônica para o futuro, ou então, quem sabe um novo vírus mais perigoso, ou algo maior e muito mais significativo definirá grotesca e compulsoriamente o fim de nossa espécie. O planeta vai continuar sua viagem e a vida vai se modificar um pouco, mas vai continuar. Historicamente nós invertemos a ordem das coisas: o ser humano não faz falta ao planeta, o planeta é quem faz falta ao ser humano. Como o ser humano desprezou o planeta, ele está prestes a deixar de existir e, pior ainda, levará algumas outras formas vivas na sua sombra.

A Evolução Biológica levou bilhões de anos para permitir a formação dos seres humanos e nos trazer até esse momento histórico, e nós com apenas, cerca de 200 mil anos de idade, “estamos querendo” acabar com o trabalho da evolução biológica. Temos trabalhado antagonicamente à Evolução, pois ele nos diz um caminho e traçamos, deliberadamente, outro. Temos contrariado a criação natural e destruído o planeta que sempre nos forneceu tudo, absolutamente tudo. Existe algo errado com nossa espécie!

Assim, o planeta parece que não aguenta mais o ser humano, portanto CUIDADO. O COVID-19 parece ser o aviso final. Tenho medo que daqui para frente não haja mais avisos e sim ações efetivas. Estamos todos na mesma nave espacial e todos perecemos, inclusive o piloto. Pensem nisso autoridades. Pensem nisso países. Pensem nisso pessoas.

Referências Bibliográficas

CRUTZEN, P. J. & STOERMER, E. F. The ‘Anthropocene’, Global Change Newsletter. 41: 17–18, 2000.
KEMP, D. New Age: A Guide: Alternative spiritualties from Aquarian Conspiracy to next age, Edinburgh, Edinburgh University Press, 2004
LATOUCHE, S. Pari de la décroissance, Paris, Editions Fayard, 2006.

Caçapava, 05/04/2020

Luiz Eduardo Corrêa Lima (64)

21 mar 2020
Os Interesses Pessoais e a Estranheza do Comportamento Humano

Os Interesses Pessoais e a Estranheza do Comportamento Humano

Resumo: O artigo trata da minha preocupação com a falta generalizada de respeito mútuo que se estabeleceu entre os seres humanos nos diferentes grupos sociais ultimamente e proponho uma reflexão sobre a questão. Particularmente nos ambientes de trabalho e nas redes sociais, essa situação tem se agravado muito e isso precisa acabar para o bem da humanidade.


“Pessoas falsas são como produtos piratas: atraem pela facilidade e logo decepcionam pela qualidade.” (Epicteto)

“Um puxa-saco se parece com um amigo, da mesma maneira que o lobo se parece com um cão.” (a.d.)

De repente, pelas mais diversas situações, duas ou mais pessoas se tornam ou se dizem amigas e de repente a vida parece seguir muito bem entre elas, tudo flui de uma maneira quase sublime, trocando afetos e favores, manifestando apoio, solidariedade e tudo mais que se espera de um grau maior de relacionamento amigável entre seres humanos. Entretanto, é aí que, de repente uma dessas pessoas é afastada ou desligada do local e da atividade comum entre ela e todas as outras do grupo de “amigos” e a partir daí, de maneira absurda, parece que aquela pessoa nunca havia existido e que seus “amigos” simplesmente desapareceram do mundo.

É incrível a capacidade que o ser humano possui de esquecer ou de deixar de lado aqueles que não estão mais presentes, ou que não lhe são mais úteis. Rei morto, rei posto. Diz o ditado. Bem, mas, seja lá qual tenha sido a situação ou motivo que produziu o referido afastamento, no grupo de amigos também não se fala mais naquela pessoa, a menos que seja para criticar. Pois então, é assim que o ser humano se troca de “amigos”, mais ou menos como troca as baterias usadas dos objetos eletrônicos, ou seja, joga fora e nunca mais quer saber daquilo.

Num ambiente de trabalho coletivo essas coisas são bem mais fáceis de serem observadas, até porque o trabalho é, ou deveria ser, coletivo e as pessoas deveriam ser realmente próximas, no interesse efetivo do trabalho e da empresa em questão. Entretanto, como os interesses pessoais, infelizmente, sempre sobressaem aos interesses coletivos, fica quase impossível identificar a coletividade depois de algum tempo. Ou melhor, às vezes até parece que os interesses são realmente coletivos, mas, na prática, é cada um por si e o diabo pelos demais ou na base do dito popular: “Deus que me ajude e o diabo que te carregue”.

Na verdade não sobra tempo e nem há vontade de se preocupar com o outro, particularmente quando esse outro não está mais no local e quando os interesses também são diversos ou, principalmente, quando até se compete por interesses pessoais com esse outro. Em suma, a coisa é mais ou menos assim: enquanto o meu “amigo” esteve presente ele era (parecia ser) o máximo para mim ou quase isso, mas agora que ele se foi, ele não representa nem o mínimo, porque simplesmente nem a lembrança dele existe mais. Azar dele, que se foi e sorte minha, que fiquei no lugar dele.

E se não bastasse isso, no ambiente laboral, ainda existem aqueles famosos puxa-sacos que resolvem promover agrados e até “festinhas” para justificar o verdugo daquele “amigo” infeliz, além de intensificar a bajulação, já imaginando algum benefício próprio. Os puxa-sacos, como diz o ditado, são aqueles infelizes que “não assumem nem sentados, aquilo que haviam falado de pé”. Obviamente há quem não concorde com essa situação vexatória produzida pelos puxa-sacos, mas os canalhas do grupo tudo farão para serem os principais destaques da “festinha”. Pelo amor de Deus! Isso é ultrajante! Por que o ser humano age dessa maneira?

O comportamento humano é realmente muito estranho, pois o ser humano critica e reclama das ações dos outros humanos, mas, na maioria das vezes, quando tem oportunidade de passar por uma situação similar, ele age de maneira similar e faz exatamente a mesma coisa errada que havia reclamado do outro ter feito. Ou, como disse o dramaturgo romano Plautus (254-184 a.C.): “o homem é o lobo do homem”, isto é, o homem não respeita nem mesmo o seu semelhante.

A espécie humana é a única espécie viva que, de alguma maneira, se sente bem com a desgraça dos seus semelhantes e o pior é que os indivíduos humanos, que se dizem racionais, nem pensam que amanhã ou depois eles próprios poderão ser as próximas vítimas de todas as ações infundadas que aconteceram, que acontecem e que certamente ainda continuará acontecendo. Infelizmente, a pouca visão coletiva dos humanos e sua extrema atitude egoísta e egocêntrica parece levar cada vez mais a essa situação vergonhosa e degradante.

Enquanto as demais espécies vivas atuam no sentido da manutenção do grupo, os seres humanos seguem no sentido exatamente oposto e priorizam drástica e perigosamente os interesses individuais. “O grupo, os meus “amigos”, que se danem, desde que eu me de bem”. Assim, não existem amigos de fato, existem apenas os outros seres humanos com quem drasticamente somos temporariamente obrigados a conviver para alcançar os nossos interesses pessoais. Até quando a racionalidade do “ser humano” vai continuar pensando e agindo assim?

Por outro lado, quando é que qualquer animal iria deliberadamente prejudicar a sua própria espécie ou promover o carrasco de seu semelhante? Apenas o ser humano é capaz disso. Somente o ser humano é capaz de colocar o seu interesse pessoal acima do interesse coletivo e da dignidade humana e infelizmente apenas a coletividade humana é capaz de concordar com isso sem rodeio e dentro da mais total normalidade. Em qualquer espécie viva, quem destrói indevidamente deve ser destruído, mas o ser humano é diferente, estranho e não vê aquilo que lamentavelmente não quer ver.

Num dado momento, eis que seu “amigo” (semelhante) foi injustamente degradado e violado no seu direito, nas suas condições profissionais e humanas sem nenhuma causa que justificasse ou fundamentasse o ato e você, além de nada fazer para tentar ajuda-lo, ainda propõe uma festinha para o seu carrasco. Que falta de propósito e principalmente que falta de inteligência, de amor próprio e de respeito com o seu “amigo”, que é um ser humano como você e que foi violentado no seu direito, por conta de questões certamente menos relevantes do que aquelas que seriam referentes ao ambiente de trabalho, sendo degradado como pessoa e desprezado como indivíduo em todo o seu potencial profissional. Caramba! Que situação mais besta!

Senhores, somente quem já sentiu na pele uma situação semelhante sabe como essa coisa, além de terrível e horrenda, é extremamente dolorida. É preciso que fique claro e que se estabeleçam normas especificando aos “chefes” e aos “falsos líderes de grupos sociais”, que questões pessoais não podem, de maneira nenhuma, interferir em questões institucionais, profissionais ou trabalhistas, pois quem sai sempre prejudicada é a instituição ou a empresa em questão e a atividade que ela desenvolve naquela comunidade específica. Palavras como ética, companheirismo e altruísmo necessitam ser ressaltadas, rememoradas e talvez até redefinidas para serem melhor entendidas pelos diferentes grupos sociais humanos, principalmente nos ambientes laborais.

Como último comentário, quero aqui lembrar que os famosos puxa-sacos, a meu ver, são ainda muito piores que aqueles que cometem as arbitrariedades contra os colegas de trabalho ou de organização social em nome de seus próprios egos. Os puxa-sacos são aqueles sujeitos que concordam com apatia e omissão da arbitrariedade imposta pelo outro sobre o seu “amigo” do grupo e muitos ainda têm a capacidade de tentar justificar, defender e até louvar essa ação desagradável e perniciosa. Esse tipo de sujeito é um crápula desprezível e se a humanidade não merece o tipo de homem que degrada outro homem por questões pessoais, tampouco merece o homem que concorda e apoia essa degradação.

É preciso lembrar sempre, que somos seres humanos e nossa prioridade maior deveria ser cuidar dos demais seres humanos como nós, aliás essa é a própria noção da palavra humanidade. A traição, a calúnia e a falsidade não deveriam, de maneira nenhuma, ter cabimento no relacionamento entre seres humanos, porque essas atitudes corroem o instinto fraternal que deveria ser estabelecido e moralmente exigido por toda humanidade.

Além disso, é fundamental reconhecer que independentemente de qualquer aspecto que se queira considerar, a divergência entre seres humanos é uma característica natural e salutar, que sempre vai e deve existir, o que não pode acontecer é que um ser humano se utilize dessa divergência como motivo para prejudicar, degradar ou mesmo tentar destruir o outro ser humano. Por favor, pensem nisso, antes de tomar certas atitudes descabidas e nocivas ao grupo social mais próximo e por consequência à toda sociedade.

Não se deixe fazer parte do grupo dos seres humanos que envergonham a nossa espécie e que nos mostram que existem muitos animais que podem ser considerados superiores a nós, se não como organismos vivos, certamente como entidades que respeitam seus semelhantes ou mesmo como “entidades pensantes”, que, mesmo “não sendo racionais”, conseguem “refletir” sobre a importância dos seus iguais. Não sei, mas acredito que a racionalidade humana precisa ficar mais evidente nas ações humanas planetárias e necessita, mormente, se manifestar muito mais no que se refere as diferentes relações dos seres humanos com outros seres humanos.

Os interesses individuais (pessoais) e a maldade humana não devem tem lugar no mundo que a maior parte da humanidade quer e merece ter. Desta maneira, esses interesses pessoais, que acarretam a maldade humana não devem prosperar, porque eles minguam as relações próximas entre os seres humanos. Esses interesses são degradantes da sociedade e, salvo melhor juízo, parecem ser a principal doença que tem acometido os diferentes grupos sociais humanos. Em qualquer situação ou local, devemos atuar para tentar superar essa moléstia humana, pensando mais nos interesses da coletividade e menos nos indivíduos, pois certamente esse é o caminho melhor para toda humanidade.

Luiz Eduardo Corrêa Lima

01 mar 2020
A gente se destrói enquanto se distrai ou se distrai enquanto se destrói?

A gente se destrói enquanto se distrai ou se distrai enquanto se destrói?

Resumo: Nesse artigo procuroexpor claramente o estado da arte em que o planeta se encontra e a responsabilidade da humanidade sobre essa situação caótica. Discuto sobre a necessidade de agirmos de maneira contrária ao que temos feito até aqui ou então nossa espécie muito rapidamente estará sendo extinta do planeta, haja vista que somos totalmente dependentes da Terra.


Não pense na frase que intitula esse artigo como um simples trocadilho, porque na verdade não é essa a intenção, pois a questão é realmente muito séria. Estamos diante de uma situação em que o planeta está sendo destruído por conta de nossa “distração”, isto é, enquanto nos distraímos a Terra mingua e a vida vai se acabando. Vivemos atualmente essa dicotomia e não parece haver interesse real em resolver a questão. Assim, alguns estarão imaginando que a afirmativa do título possa ser um dilema sem solução. Enquanto isso, os formadores de opinião, aqueles que manobram e conduzem a opinião pública, ludibriada pela falta de vergonha e interesse estritamente político dos governos e ainda pela falta de civilidade e do interesse financeiro exclusivo da mídia, continuam tentando manter a situação exatamente assim.

Antes de começar a discorrer sobre o assunto, primeiramente é preciso discutir sobre os verdadeiros sentidos do verbo distrair. Se o verbo distrair for usado no sentido de “passar despercebido”, não estar focado” ou “não estar atento”, o problema da degradação ambiental planetária, embora seja por causa da humanidade, pode ser considerado um crime culposo, porque muitos seres humanos ainda não sabem, ou melhor, não entendem e nem têm a verdadeira noção da realidade, por falta de informação, de conhecimento e mesmo por desinformação programada.

Entretanto, se, por outro lado, o verbo distrair quiser dizer “espairecer” ou “matar o tempo por prazer”, aí a coisa é bem pior e o crime é doloso. Porque, se além de degradar o planeta a humanidade acha que isso é normal e está de fato se lixando para as possíveis consequências, haja vista que o importante são as benesses imediatas que a degradação traz para alguns dos seres humanos. Pensando deste modo qualquer coisa que aconteça não é responsabilidade dos seres humanos, porque é feito no “interesse maior” da humanidade.

De qualquer maneira, nos dois sentidos, está havendo distração, ocasional ou pensada e o planeta tem sofrido bastante, com incremento cada vez maior do número de espécies ameaçadas de extinção e efetivamente extintas; ecossistemas degradados e totalmente perdidos e ambientes naturais e mesmo artificiais contaminados e destruídos pelas ações humanas. Por outro lado, o planeta, à sua maneira, também tem reclamado bastante, produzindo inúmeras catástrofes naturais e ampliando muito o número, a frequência e os danos produzidos por esses eventos. Ou seja, a distração que causa a degradação e a desgraça, acaba trazendo mais desgraça.

Outra coisa que precisa estar muito bem definida é a verdadeira noção do que seja prioritário. Se observarmos no dicionário, a palavra prioridade significa: “condição do que é o primeiro em tempo, ordem, dignidade”. Assim, ela sempre pede um complemento; prioridade de quê? Prioridade de quem? Prioridade para quê? Prioridade aonde? Prioridade para quando? Enfim, a prioridade deve ser definida, tendo alguns objetivos claros a serem almejados. Deste modo, no que se refere a nossa questão inicial, a primeira pergunta a ser feita é a seguinte: a nossa prioridade é a vida ou é a distração?

 Se estar e se manter vivo forem as prioridades, qualquer coisa que se faça contra a vida não se justifica em hipótese nenhuma. Mas, se a vida for apenas uma brincadeira temporária e, deste modo, consequentemente a distração for a prioridade, qualquer coisa, importante ou não, se justifica para garantir a distração. O que parece é que estamos ativos e preocupados apenas com a segunda hipótese e deste modo eu acredito que estamos vivendo os últimos tempos da estrada evolutiva humana, porque nossa espécie caminha a passos largos para a extinção. Tudo por conta da nossa distração contundente e contumaz.

Sinceramente eu não sei o que a humanidade está esperando para começar a mudar de filosofia, de pensamento e de comportamento em relação ao planeta e a qualidade de vida dos seres humanos e das demais espécies vivas do planeta. Não sei porque cargas de água, mas atualmente muitos dos seres humanos têm confundido viver com sentir prazer e talvez, por causa dessa insigne confusão, os humanos têm preferido mais sentir prazer do que propriamente viver, esquecendo que para ter prazer, antes é preciso estar vivo. Vivemos uma irresponsabilidade coletiva, reforçada por alguns governos, pelas organizações da mídia e lamentavelmente por alguns segmentos arcaicos e obtusos das sociedades humanas.

Não quero aqui me colocar acima do bem e do mal, ao contrário, como ser humano, quero me incluir na parte que causa o problema. Desta maneira tenho que fazer a “mea-culpa” e como ser humano devo demonstrar minha consciência de que o homem como espécie biológica, assim como todas as espécies vivas do planeta, necessita sobreviver e lamentavelmente nossa existência implica na destruição de outras espécies vivas, na destruição dos ambientes naturais e consequentemente na degradação planetária. É impossível que a espécie humana se mantenha viva no planeta sem degradar o ambiente de alguma maneira. É claro que obviamente isso explica grande parte da degradação que causamos, mas não justifica de maneira nenhuma o “status quo” que estamos vivendo, ou seja, essa continuidade incessante e inconsequente de exploração dos recursos.

Ainda que essa nossa condição degradadora seja uma verdade inquestionável, não é por conta desse fato que devamos continuar destruindo sem nenhum critério e principalmente sem comedimento, mormente com as demais espécies vivas. O homem se apoderou do planeta como se fosse seu proprietário e como se a natureza e os recursos naturais fossem infinitos. Assim, a humanidade tem feito o que quer a seu bel-prazer, sem nenhuma preocupação e sem nenhuma responsabilidade com o planeta e com as demais espécies vivas, nem mesmo outros seres humanos.

Nesse sentido, pensar em desenvolvimento sustentável, em sustentabilidade, em uso parcimonioso dos recursos naturais, em controle do crescimento populacional e extermínio do consumismo exacerbado e principalmente no respeito as demais formas vivas, seriam alguns aspectos prioritários aos interesses da vida humana na Terra, que deveriam não só ser estimulados, mas talvez até obrigados aos cidadãos. Entretanto essa não é a tendência que se observa na maioria dos países do planeta, onde cada vez mais, são cometidos abusos do direito uso dos recursos e do espaço planetário. Ao contrário, o que se vê é o aumento progressivo e massificante da população, uma preocupação excessiva com os interesses em transformar os recursos naturais em recursos econômicos e o uso indevido, indiscriminado e cada vez mais descontrolado dos recursos naturais pela humanidade, como se o planeta fosse infinito e como se nossa espécie fosse transcendente e imortal. Além disso, é preciso acrescentar a criação e a introdução de compostos químicos tóxicos, que visam garantir o aumento da produção agrícola sem qualquer preocupação adicional.

O planeta já está cansado de avisar que assim não é possível continuar, mas a humanidade é surda ou insiste em continuar não querendo ouvir, alguns por falta de conhecimento, outros por interesses particulares e a grande maioria por pura falta de sensibilidade e principalmente por falta de responsabilidade, preferindo seguir os falsos profetas do consumismo ou se manter a parte como que achando que o problema não é nosso. Pois então, assim, enquanto a gente se distrai, o planeta e tudo que existe nele, inclusive e principalmente os seres humanos, acaba se destruindo. A continuar assim, o planeta sofrerá muito, porém dará um jeito e irá se manter apesar de tudo, mas muitas das espécies vivas, principal e particularmente a espécie humana, certamente perecerão. Aliás, muitas espécies já estão se extinguindo por conta de nossas ações e ninguém parece se importar.

Aqui cabe lembrar, mais uma vez, que nossa espécie, exatamente por conta de sua versatilidade em explorar e modificar o planeta, acaba sendo também a mais dependente de todas na Terra, porque enquanto outras espécies se utilizam, quase exclusivamente de recursos limitados dos ecossistemas em que habitam, os seres humanos transcenderam o limite ecossistêmico e podem retirar qualquer coisa de qualquer lugar. Enquanto a maioria das espécies tem limitações físicas e geográficas insuperáveis, a espécie humana no seu afã exploratório superou também essas limitações. Nossa espécie é realmente fantástica, pena que nossa visão seja muito caolha e não nos permite enxergar direito.

Por conta disso, temos dificuldade de ver e entender que somos animais de grande porte e nossa capacidade reprodutiva nos permitiu chegar a quase 8 bilhões de indivíduos, todos necessitados dos inúmeros recursos naturais planetários. Pois então, os recursos naturais antes abundantes, agora são escassos e muitos humanos já não têm acesso a eles e essa é uma dependência cada mais progressiva. Isto é, mais humanos, menos recursos disponíveis e mais dependência. Como agravante, muitos humanos ainda se utilizam de muito mais recursos do que realmente necessitam, desperdiçando grande parte por puro prazer (“distração”).

Foram exatamente esses dois aspectos, a extraordinária capacidade exploratória e a fantástica eficiência reprodutiva de nossa espécie, que nos possibilitaram explorar e destruir insana e inconsequentemente os recursos naturais do planeta. Crescemos, multiplicamos e destruímos aleatória e indiscriminadamente. Em outras épocas, nós não tínhamos consciência de quão danoso era esse nosso poder, mas hoje nós certamente temos a exata dimensão do erro que cometemos historicamente. Caramba! Por que, então, simplesmente, não paramos de errar e investimos em começar a fazer a coisa certa?

É preciso que a humanidade passe a entender, de fato, que a gente também se destrói, enquanto se distrai, destruindo o planeta e que somente nós, pode colocar fim ao processo de extinção humana que já está em curso. Apenas nós, a espécie humana, temos o poder de reverter ou pelo menos, protelar essa perspectiva infeliz de extinção. Nossa salvação depende de nós mesmos, mas é necessário começar antes que atinjamos um nível de degradação em que não será mais possível controlar o processo.

Nossa distração, por bem ou por mal, nos levou a uma encruzilhada entre a continuidade e a extinção de nossa espécie, eu acredito e espero que a opção da maioria dos seres humanos seja continuar vivendo. Desta maneira, que nossa distração maior doravante seja trabalhar com afinco para manter nossa espécie viva no planeta Terra. Nós já sabemos o que temos que fazer, só precisamos começar o trabalho. Comecemos dando mais valor aos nossos semelhantes, aos demais organismos vivos, às coisas da natureza e menos valor ao dinheiro e às coisas relacionadas à economia, pois é por aí que as coisas precisam se estabelecer.

Façamos com que todos os humanos entendam que todas as coisas (os recursos naturais|) têm valor por elas mesmas e que o dinheiro é só uma maneira de representar o valor dessas coisas. Assim, nós não precisamos de dinheiro, precisamos sim dos recursos naturais. Lembrem-se que na hora que os recursos naturais acabarem, obrigatoriamente o dinheiro perderá seu valor e simplesmente não servirá para nada, porque não adiantará ter dinheiro, se não existir o que comprar ou que vender.

É muito simples entender o raciocínio que estou propondo. Se não quisermos que nossa espécie desapareça da Terra precocemente, temos que parar de destruir o planeta e garantir a perpetuação dos recursos naturais planetários. Temos que dar mais valor aos recursos naturais e menos valor ao dinheiro e tudo que dele decorre.

Luiz Eduardo Corrêa Lima

10 fev 2020
Políticas Públicas X Políticos Privados

Políticas Públicas X Políticos Privados

Resumo: Nesse artigo, procuro chamar a atenção das pessoas que objetivam políticas públicas efetivas para votar com responsabilidade nas próximas eleições municipais e destaco a necessidade do compromisso sério que o eleitos devem ter com o município e com a sociedade. Lembro ainda, que o político eleito é um empregado muito bem pago pela comunidade que o elegeu para servir a sociedade e que o eleitor deve acompanhar e fiscalizar o trabalho dos políticos no exercício de seus mandatos. 


Não sei o que acontece conosco, mas aqui no Brasil, diferentemente dos demais países do mundo, o estabelecimento de Políticas Públicas pelos órgãos governamentais, nas três esferas do Poder, parece se constituir numa grande dificuldade e por isso mesmo raramente as políticas necessárias são desenvolvidas e quando são, poucas delas se efetivam. Mas, porque isso acontece?

Acredito que isso acontece, simplesmente porque no Brasil, o poder público é uma entidade aviltada e confusa entre o governo, o estado e o partido e assim os interesses dessas entidades acabam sendo os que vigoram. Por outro lado, os Políticos, os sujeitos que são eleitos para defender, manifestar e desenvolver as Políticas Públicas, não têm interesse real no estabelecimento das mesmas, haja vista que eles são diretamente ligados ao poder, o qual não é verdadeiramente público.

Desta maneira, ao assumir a condição e o cargo para os quais foram eleitos, os Políticos Brasileiros sofrem de um “mal súbito” e “se esquecem do compromisso público” para os quais foram eleitos, com a sociedade que os elegeu e aí passam a se preocupar apenas e tão somente com seus interesses pessoais ou daqueles grupos sociais específicos que eles representam direta e efetivamente. É claro que existem honrosas e significativas exceções, mas lamentavelmente a postura individual ou corporativa dos políticos costuma ser a regra nacional.

Infelizmente a grande maioria da sociedade brasileira ainda não se apercebeu que esse vício político fatídico, presente na maioria dos políticos brasileiros é um grande problema nacional, talvez o maior de todos os problemas, que enfrentamos aqui no Brasil. Deste modo, fica a pergunta: como é possível estabelecer políticas públicas com políticos privados e de interesses quase que exclusivamente particulares?

É preciso que as pessoas, os cidadãos comuns que elegem os políticos, tenham em mente que os políticos são empregados das sociedades e que são escolhidos por elas para representar e defender os interesses primários dessas mesmas sociedades. Em tese, nenhum político eleito, no exercício de seu mandato eleitoral, é dono do seu próprio nariz. Na verdade ele é um empregado da sociedade que o elegeu. Por isso mesmo, o grande escritor português, Eça de Queiroz, há mais de 100 anos, já afirmava: “políticos e fraldas devem ser trocados de tempos em tempos, pelo mesmo motivo”, mas parece que ninguém se lembra mais desse importante recado antigo, pelo menos aqui no Brasil.

Tudo bem, que o político pense que ele é o dono de seu mandato. Aliás, tudo mal, que ele pense assim, porque o mandato não é dele, porém esse é um direito, que ele acha que tem, mas que na verdade não tem. O mandato é, na verdade, uma carta de representação que ele recebe da sociedade que o elegeu, a fim de defender os interesses dessa sociedade. Os políticos devem ser impulsionados por empurrões sociais, para que se lembrem que não são donos de seus mandatos. Assim, a sociedade que elege esses crápulas, por sua vez, tem que cobrar sua ação no interesse da própria sociedade e se ele se mantiver desligado e desatento ao interesse social, a sociedade deveria ter o poder de banir esse político de seu cargo eletivo. Digo mais, penso ainda, que esse político deveria ser proibido de participar de qualquer eleição futura, ficando inelegível para sempre.

Mas, como eu disse no início, aqui no Brasil a coisa é diferente, pois a sociedade não impulsiona, não empurra e não cobra. Deste modo, o político não faz nada daquilo que se propôs a fazer durante o mandato e, o que é pior, em toda eleição ele estranhamente não só é candidato, como quase sempre se reelege.  Quer dizer, existe uma parceria entre o político safado e o eleitor idiota ou talvez, mais safado que o político e assim o interesse público não se manifesta e as políticas públicas consequentemente não aparecem.

O mais interessante é que a cada nova eleição as esperanças se renovam, entretanto o resultado acaba sendo sempre o mesmo, porque não se consegue mudar o resultado repetindo os mesmos erros. Assim, depois da eleição, durante o mandato, a cena é aquela, já tradicional no país: mais um político safado no poder, mais eleitores frustrados e lamentavelmente, mais uma vez a sociedade não tem benefícios públicos. As eleições, em nível municipal, estadual e nacional são meras encenações, em que alguns malfeitores iludem a sociedade para se manter no poder e a sociedade apática assiste continuamente esse lamentável teatro. Completamos 130 anos de República no Brasil e até hoje, a maioria de nós, ainda não enxergamos isso.

No final do século XIX, o Historiador brasileiro, Capistrano de Abreu escreveu, em uma de suas obras, aquilo que poderia ser a resolução de todos os problemas do Brasil. Ele sugeriu uma lei, que tinha apenas dois artigos: “Artigo Primeiro – Daqui para frente todo brasileiro toma vergonha na cara; Artigo Segundo – Revogam-se as disposições em contrário”. O grande problema dessa lei é que até hoje nós, brasileiros, ainda não tomamos vergonha na cara e continuamos escolhendo e elegendo políticos safados e servindo de massa de manobra e força política para eleger esse tipo de malfeitor e depois, simplesmente reclamamos que as políticas públicas não acontecem.

Ora, os grandes culpados somos nós mesmos. Não há Políticas Públicas interessantes, porque não há eleitores realmente interessados e nem políticos efetivamente preocupados com o exercício de seus respectivos mandatos. Isso acontece, porque os eleitores não se manifestam durante o mandato de seus políticos eleitos e esses, por sua vez, têm certeza quase absoluta de que nada irá acontecer e na próxima eleição, certamente eles serão reeleitos e continuarão ganhando dinheiro público para defender seus interesses particulares. Assim, a caravana segue e nada muda, seguindo “tudo como dantes no quartel de Abrantes”.

Está na hora de criarmos algum mecanismo legal que obrigue o político a fazer política e não a viver de politicagem e de negociatas com seus comparsas e afins. É preciso acabar com a mamata dos políticos no país. O exercício das funções políticas deve ser fiscalizado e deve existir um mínimo de compromisso legalmente estabelecido, que justifique o trabalho desenvolvido durante um mandato político. Entretanto, enquanto isso não acontece, os poucos eleitores sérios e preocupados com a nação têm que acompanhar de perto o mandato e cobrar o exercício efetivo dos políticos eleitos.

Na esfera municipal, a grande maioria dos Vereadores são apedeutas e não sabem nem suas respectivas funções no exercício do mandato. Eles não fiscalizam os chefes do poder executivo (Prefeitos) e não propõem absolutamente nada e, o que é pior, eles apenas precisam estar presentes, uma vez por semana, numa sessão que costuma durar em média cerca de duas horas para receber e embolsar os seus vencimentos, que são efetivamente vultosos. Aqui em Caçapava, por exemplo, o salário de um Vereador é cerca de R$ 8.350,00 (oito mil e trezentos reais) e se considerarmos 4 a 5 reuniões por mês, ou seja, 8 a 10 horas de trabalho obrigatório por mês.

É isso mesmo. Eu não estou exagerando em nada, porque formalmente o exercício do mandato de Vereador não exige nenhuma obrigação adicional, além da participação nas sessões semanais da Câmara Municipal, qualquer outra coisa que ele fizer ou não, é problema exclusivo dele e ninguém tem nada a ver com isso. É incrível, mas não há nenhuma obrigação adicional: o Vereador é livre para fazer o que quiser com seu mandato. O Vereador não precisa falar ou fazer absolutamente nada, além de registrar sua presença nas sessões semanais.

Desta maneira, cada hora obrigatoriamente “trabalhada” varia de R$ 835,00 a R$ 1.043,00, o que é realmente uma grana muito alta, principalmente se compararmos os vencimentos do Vereador com o salário mínimo mensal do país. Se, ainda juntarmos, ao salário de R$ 8.350,00, todas as vantagens e regalias, além das benesses da função, como carros, motoristas, assessores, telefones, diárias, lanches e outras coisinhas, há de se convir que: estar na condição de Vereador é, antes de qualquer coisa, um grande negócio e uma excelente fonte de rendimentos.

Aliás, cabe aqui outro esclarecimento aos incautos: cargo político eletivo não é profissão. A função de agente político é entendida como uma função social nobre e que é gratificada com uma colaboração mensal por força de Lei, mas não é um emprego no sentido estrito da palavra. Vereador, Prefeito, Deputado, Governador, Senador ou Presidente são agentes políticos e não profissionais da política. O exercício desses mandatos é remunerado e isso até se justifica em alguns casos, mas não deveria ser fonte primária de vencimentos de ninguém, exatamente para que não fosse possível gerar dependência econômica do exercício dessa nobre função social.

Posso até estar errado, mas entendo que o Vereador obrigatoriamente deve ter outra fonte profissional de renda, para não depender única e exclusivamente dos seus vencimentos de Vereador, exatamente porque essa dependência financeira da função, acaba fragilizando sua condição de fiscal social municipal e obviamente favorecendo à possíveis condições de ações indevidas e corruptivas. Mas, essa é outra história e eu não vou discutir sobre isso nesse momento.

Pois então, aqui no Brasil, mais uma vez, a coisa é mal entendida e o sujeito se candidata e se elege, estando apenas preocupado com os vultosos vencimentos, que, como foi demonstrado no exemplo acima, consiste numa hora de trabalho muito bem paga e que gera um montante mensal, que a grande maioria dos cidadãos brasileiros, mesmo trabalhando de 40 a 48 horas por semana, geralmente não consegue alcançar. É preciso que o eleitor esteja atento e possa identificar o candidato que quer e pode servir à cidade daquele que quer apenas se servir dela, mas essa também é outra história que não cabe ser discutida agora.

Talvez seja por conta do belo montante em dinheiro, benesses e honrarias que muita gente tenha interesse premente de ocupar um cargo político e acaba se lançando candidato. Entretanto, muitas dessas pessoas não apresentam nenhuma preocupação com as políticas públicas e com o interesse real de servir a sociedade. Muitos desses sujeitos acabam se elegendo e assim, descobrem que é muito fácil enganar o eleitor e muito bom ganhar dinheiro sem ter obrigação nenhuma e sem fazer nada. Desta maneira, o sujeito faz tudo, legal e ilegalmente, para se manter na condição de eleito e o pior é que ele muitas vezes consegue. Mas, isso só é possível com o apoio e o voto do infeliz do eleitor, pois nenhum safado se elege sem voto.

É nesse momento, que aquele eleitor que e ajudou a manter o safado no poder ou a eleger um novo safado, reclama que não existem Políticas Públicas para os mais diversos fins sociais. Ora, fiquem certos que desse jeito não vão existir Políticas Públicas Sociais nunca, ou elas acontecerão apenas ocasionalmente, como tem ocorrido até aqui, porque tudo favorece a manutenção desse “status quo”. Mudar essa condição é a tarefa e, embora seja muito difícil, temos que trabalhar arduamente para conseguir isso.

Senhores eleitores, o ano de 2020, que está apenas começando, é mais um ano eleitoral, portanto fiquem atentos e não se deixem enganar nas próximas eleições. Não votem em políticos safados, em políticos profissionais, nem em políticos oportunistas. Tampouco seja mais um oportunista, tentando eleger o amigo ou parente que diz que vai lhe ajudar. Lembre-se que todos nós, eu você e os políticos vão passar, mas a cidade é que terá que continuar existindo, para os seus filhos, seus netos, seus bisnetos e demais descendentes oriundos de você e também das outras pessoas.

A manutenção e a continuidade das cidades futuras dependem das Políticas Públicas estabelecidas no presente. Assim, trabalhe ativa e duramente para que os Políticos eleitos nas próximas eleições, independentemente de serem seus amigos ou parentes, sejam pessoas bem intencionadas e sujeitos sérios, competentes, com visão globalizada dos problemas municipais e sobre tudo, indivíduos capazes de pensar as cidades do futuro, as quais garantirão a qualidade de vida dos seus descendentes, inclusive e principalmente daqueles que ainda nem nasceram.

Nossas cidades podem e devem ser melhores e só nós, como eleitores que somos, podemos definir as condições, as Políticas Públicas, para que elas melhorem, através dos nossos votos. Por favor, reflitam bem, pois ainda temos mais de 9 meses para as eleições e esse é um tempo bem razoável para estudarmos detalhadamente os candidatos e fazermos as escolhas corretas. Chega de político safado e de eleitor cumplice de suas safadezas. É necessário que o eleitor entenda, de uma vez por todas, que as Políticas Públicas dependem de Políticos Públicos. Isto é, o interesse público social deve ser a meta prioritária e não o interesse individual de quem quer que seja. Chega de Políticos Privados.

Meus amigos, Feliz Ano Novo a todos, mas, por favor, não se esqueçam que os políticos são empregados da sociedade, eleitos apenas para atender às necessidades e aos interesses sociais. Qualquer outra coisa diferente que se diga sobre esse assunto é balela e falácia de malfeitores e picaretas, por isso a participação social efetiva do eleitor, antes, durante e principalmente, depois do processo eleitoral é fundamental para que as Políticas Públicas possam ser estabelecidas.

Luiz Eduardo Corrêa Lima (63)

20 jan 2020
O Maior Problema da Humanidade ao Longo da História

O Maior Problema da Humanidade ao Longo da História

Resumo: Nesse texto coloco minha impressão do atual estado de degradação da sociedade, em consequência da inversão de valores e da falta de generalizada de consideração do ser humano pelo próprio ser humano. Acredito que esse seja realmente o maior problema da humanidade na atualidade e sugiro que este deve ser o caminho para iniciar a recuperação da sociedade.  


Muita gente costuma afirmar que: “o mal não existe: o mal é uma criação do homem”. Em certo sentido, por mais que muitos não queiram admitir, se acaba mesmo tendo que aceitar essa afirmação como verdadeira e considerando que a maldade é uma questão específica humana. Até porque, embora se observe muita agressividade na natureza, não se vê nenhuma maneira estrita de maldade nas demais espécies vivas do planeta, principalmente no que diz respeito aos seus respectivos semelhantes.

Por outro lado, pelo que tem sido possível observar ultimamente, está parecendo que o mal humano está progressivamente maior, pois a humanidade aparenta estar em guerra contra si e contra o planeta e assim, a maldade tem se demonstrado como uma característica cada vez mais comum da nossa espécie. Mas, será que isso é mesmo uma verdade? Somos, de fato, uma espécie má ou apenas está faltando um pouco mais de coerência, de amor, de respeito e comiseração no tratamento com os nossos semelhantes?

Atualmente as pessoas não querem saber quem são as outras: “todo mundo está aqui, mas parece que não está, quase ninguém se mostra abertamente à sociedade, isto é, ninguém é, nem quer ser coisa alguma num contexto maior, simplesmente para não ter que se explicar e nem ter que se comprometer”. Sendo assim, como ninguém quer se mostrar, acaba sendo melhor também que as pessoas não procurem saber muito sobre as outras. Quer dizer, a coisa é mais ou menos assim: “eu não falo de mim; você não fala de você e assim a gente não se conhece, não se envolve e realmente não se responsabiliza”. “Eu vivo minha vida, você vive a sua e nós seguimos em frente, sem olhar para os lados”. Em outras palavras: o desleixo e o descaso tomaram conta da sociedade, que se despreza e se individualiza cada vez mais.

Por conta disso, hoje, na grande maioria dos grupos sociais, ninguém sabe quem é quem e deste modo apenas se vive de olho no próprio umbigo e não se convive de fato com quem está à volta. Por mais interessante, destacado e até mesmo importante que alguém possa ser num determinado grupo, na maioria das vezes ninguém olha, nem repara, e muito menos se preocupa com esse sujeito. A verdade é que cada indivíduo humano se fechou no seu mundo, olhando apenas para o seu umbigo e ninguém quer saber de nada mais, mormente, do umbigo do outro.

Ora, como é possível conhecer o mundo sem conhecer as pessoas, os demais seres humanos semelhantes a nós, que estão no mundo ou, pelo menos, a nossa volta, no nosso grupo social? Como é possível fazer parte verdadeiramente de um grupo social, se não se procura ter conhecimento real e efetivo das demais pessoas que compõem esse grupo? Pois então, esse é o grande problema, que gera toda a crise e toda aparente e progressiva maldade dos seres humanos.

Todo mundo faz, fala, causa e acontece, independentemente de quem esteja do outro lado, porém ninguém ouve, atende, participa, compartilha com quem está do outro lado. Para a grande maioria dos humanos, as outras pessoas simplesmente inexistem. O outro, aquele que está do nosso lado, tem sido sempre o que menos importa no atual convívio social da humanidade De uma maneira geral, o ser humano está cada vez mais arrogante e menos humilde no relacionamento com seu semelhante. O egoísmo tem sido a marca maior do nosso tempo e tudo se resolve na primeira pessoa do singular, eu. Enquanto essa situação não mudar, será bastante difícil, talvez seja mesmo impossível, modificar o mundo humano e suas terríveis e crescentes tendências à maldade.

As coisas boas que todos dizem querer e o bem maior da sociedade humana, dependem da ação de todos e por isso todos necessitam se conhecer e participar, ou melhor, efetivamente conviver. Cabe lembrar que conviver quer dizer viver junto e viver junto é muito mais do que apenas morar ou habitar junto. Viver junto envolve compromisso de vida junto, ou seja, ser junto e não apenas de estar junto. Conviver é se envolver e compartilhar sentimentos, momentos e atitudes juntamente.

Para conviver tem que conhecer. Pense bem e responda: qual foi a última vez que você pensou em apenas ligar para o seu “amigo”, só para saber como ele está ou o que está fazendo? Para saber como está a saúde daquele filho dele que estava adoentado? Para oferecer uma ajuda voluntária naquele projeto que ele pretendia desenvolver? Pois então, assim é que efetivamente se convive.

Infelizmente, a situação costuma ser assim: o indivíduo que manda sempre um “Bom dia” pela rede social é o mesmo que não cumprimenta seu subalterno, quando chega no seu local de trabalho e finge que não vê aquele vizinho, quando cruza com ele na rua. Ora, alguma coisa está errada com esse tipo de indivíduo, mas é exatamente isso que traz a maldade, porque o outro se sente ofendido e acaba contra atacando. Deste modo, duas pessoas se tornam inimigas, sem nem se conhecerem direito, apenas por mágoa, por precaução ou por se auto defender daquilo que ela pensa que a outra pode fazer. Meus amigos, infelizmente essa é a verdadeira raiz do problema: “está faltando humanidade aos seres humanos”.

Faz muito tempo que já viramos máquinas e só pensamos em ter e poder. Não importa o outro, independentemente de quem seja esse outro, desde que eu possa mais ou que eu tenha alguma vantagem. Não há tempo e nem há direito para quem é diferente daquilo que a minha vontade quer. Quando será que os preocupados em ter entenderão que antes de ter é preciso ser, no nosso caso, ser humano? Quando será que os preocupados em poder entenderão que só existe poder com dominação e se eu posso, alguém necessariamente deixa de poder? Se há quem tem e pode, os “poderosos”, certamente há quem não tem e não pode, os “dominados”. Os poderosos se esquecem costumeiramente, que eles vivem na dependência direta dos dominados e isso gera repulsa e ódio.

Por outro lado, se os dominados, de repente, resolverem cruzar os braços, o que será dos poderosos? Isso também gera repulsa é ódio. O embate se faz e a maldade cresce a partir dessa competição medíocre que existe entre dois seres semelhantes, que deixam de ser humanos, pois não se toleram, exatamente porque inverteram as prioridades e a noção de viver bem.

É claro que essa competição pode produzir muita dor, principalmente para o lado mais fraco, os dominados, mas certamente, se houver interesse, também poderá trazer muito valor a ser descoberto por parte dos poderosos e egoístas.  Pois então, é exatamente isso que está faltando ao mundo, principalmente aos pretensamente poderosos, o valor. Não me refiro ao valor monetário, mais o valor verdadeiro, o valor que realmente é e não o valor que apenas vale.

Estou falando daquele valor que envolve a ética, o direito, a justiça, a igualdade, a decência, o respeito, a moral e sobretudo o altruísmo e a identidade humana. Todos esses adjetivos que mostram que o outro é tão humano, quanto aquele que tem recursos e poder. Esse outro humano, que não tem recursos e poder, também precisa de espaço para sobreviver e principalmente para viver na sociedade, com todos os direitos e deveres que ela possibilitar. A humanidade precisa compreender que o bem maior da sociedade é consequência da prática cotidiana dos bons valores.

Pois então, se o ser humano efetivamente passar sempre a tratar o outro ser humano como, de fato, todos os seres humanos querem e devem ser tratados, tenham certeza que tudo começará a mudar nas relações humanas e a maldade humana passará a ser progressivamente menor. Desta maneira, nós deixaremos de dar efetiva razão a máxima que iniciou esse texto e provaremos que certamente, o mal é indiferente e pode até existir, mas a maldade obviamente não é uma criação humana arbitrária e naturalmente condicionada à nossa espécie, como muitos dizem ser.

A maldade é apenas e tão somente o resultado trágico de uma confusão de ações, oriundas de interesses individuais, criadas pela humanidade, em consequência dos desajustes sociais produzidos, por conta da inversão de valores ao longo da história humana. Sendo assim, a maldade humana não é uma condição definitiva. Ao contrário disso, a maldade humana é uma situação temporária que pode e deve ser modificada no interesse precípuo da própria humanidade.

No dia em que a humanidade compreender claramente esse fato e se propuser a trabalhar ativamente contra essa condição desagradável e degradante da sociedade, a partir desse exato momento, finalmente, nós estaremos começando a extinguir a maldade e nos tornando verdadeiramente seres humanos. Nossa condição de seres humanos melhores ou piores, depende exclusivamente de nós mesmos.

Luiz Eduardo Corrêa Lima

27 dez 2019
formatura damasco 2019

Discurso de Formatura – Damasco 2019

Resumo: Nesse discurso histórico como Paraninfo da última turma de Ensino Médio da Escola Professora Francisca Salles Damasco de Caçapava, faço referência direta aos jovens formandos e suas preocupações com os seus direitos e a pouca ou nenhuma importância com os deveres e chamo a atenção dos mesmos solicitando que fiquem atentos as novas situações que estão por vir e que eles provavelmente nunca imaginaram que viriam, porque a tutela e a proteção paterna escondia a realidade.


Senhoras e Senhores.

Primeiramente quero agradecer aos alunos por escolherem este “velho mestre” ou “mestre velho”, pois no meu caso, o sujeito e o predicado se confundem, como Padrinho desta bela turma de Ensino Médio que tivemos a felicidade de acompanhar por três longos anos. Aliás, é bom que seja dito, que essa é efetivamente uma das turmas que está entre as melhores que já passaram pela nossa Escola Damasco, pelo menos, nesses 31 anos que estou por aqui, tentando ensinar um pouco de Biologia e demonstrar que essa é uma ciência importante na vida de qualquer ser humano, até porque nós e as demais espécies do planeta nada mais somos do que Biologia.

É óbvio que nem tudo que aconteceu nesses três anos foi maravilhoso, porque em todas as coisas, sempre existem aspectos positivos e negativos. Entretanto, tenho certeza que o saldo foi bastante positivo no caso específico dessa turma e eu estou realmente muito envaidecido pela homenagem, pois me mostra que, apesar de todos os problemas, meu trabalho ainda está bom, a ponto de agradar jovens como vocês. Muito obrigado, esse incentivo me dá mais forças para seguir na minha lida de Professor de Biologia, mesmo depois de 43 anos de pleno exercício profissional.

Por outro lado, quero dizer para vocês que “a sopa acabou” e que agora está na hora de vocês terem que se virar sozinhos. Isto é, a responsabilidade de cada um de vocês acaba de aumentar tremendamente. Não, seus pais não vão manda-los embora de casa. Não o mundo também vai acabar agora. Não, não se preocupem porque não é nada disso. O que estou querendo dizer é que a vida de cada um de vocês, a partir desse momento, em que concluem o Ensino Médio, certamente tomará um “novo rumo”. E vejam bem, quando eu digo “novo rumo”, quero dizer exatamente isso, no sentido mais amplo que a expressão possa ter.

A partir de agora vocês terão que dar as respostas que vida lhes propuserem por si sós. Repito, mais uma vez, obviamente seus pais não lhes abandonarão, mas eles não poderão mais estar sempre presentes e mesmo que eles estejam sempre presentes, depois que todos vocês completarem a tão sonhada “maior idade”, os 18 anos, as respostas serão exclusivamente de vocês. Alguns de vocês, já completaram a “maior idade” e falta muito pouco para os outros.

A partir dessa fatídica data, os 18 anos, todos vocês serão legalmente considerados cidadãos responsáveis por seus atos e seus pais ou responsáveis não terão mais os encargos e nem a obrigação individual de responder pelas ações de vocês. Isto é, finalmente vocês terão atingido, além do Ensino Médio, o tão sonhado nível de “donos dos seus narizes”, o que, para a maioria de vocês, parece ser a solução de todos os problemas existentes. Mas, eu quero aqui, assumir a condição de “advogado do diabo” e afirmar taxativamente que essa forma de pensar é um grande engano, porque agora é que seus problemas irão aumentar e se complicar bastante. Talvez, vocês nunca tivessem parado para pensar nesse detalhe e nesse momento, mas eu vou tentar clarear e refrescar um pouco mais as suas mentes.

Não se esqueçam, que a sociedade funciona e tramita entre os direitos e os deveres e que esses direitos e deveres que vocês têm e que, até aqui, eram responsabilidade de seus tutores (pais ou responsáveis), depois dos 18 anos, passarão a ser, apenas e tão somente seus. Quer dizer, agora os seus problemas realmente aumentarão e isso pode ser bom ou ruim, em função, única e exclusivamente, de que problemas serão esses. As respostas também não dependem mais de seus pais ou responsáveis, os quais obviamente poderão e certamente deverão opinar nas suas respectivas ações, mas, eles não serão mais seus tutores, porque a partir de agora, como eu já disse: “a sopa acabou” e vocês serão “os donos dos seus narizes”.

Só para dar alguns exemplos, olhem só algumas perguntas e reflexões que alguns de vocês certamente nunca fizeram, mas que agora irão necessariamente ter que começar a fazer: vou continuar estudando ou vou trabalhar para ganhar meu próprio dinheiro e comprar as coisas que preciso? E se eu resolver estudar, o que vou estudar? Se eu resolver trabalhar, como arrumar emprego?  Se eu não trabalhar, vou continuar na dependência financeira de meus país e talvez eles não possam me dar o que eu acho que preciso. Será que meus pais vão concordar com isso? Vou continuar morando na casa dos meus pais ou vou morar em outro lugar? Mas, se eu for morar em outro lugar, obviamente terei que estar trabalhando para poder me manter. Então, talvez seja melhor eu continuar estudando e trabalhar ao mesmo tempo. Mas, será que eu aguento essa dureza de vida?

Mas, não para por aí, porque existem outros aspectos e outras perguntas. Por exemplo: bem agora que eu já sou “o dono do meu nariz”, o que acontecerá se eu me meter numa situação ruim? É bom lembrar que, depois dos 18 anos, qualquer um pode ser efetivamente preso e dependendo do tipo de situação, ninguém (nem os tutores) poderá fazer nada. E a minha namorada ou o meu namorado, vem comigo, na minha nova empreitada, ou eu vou deixar ela ou ele sozinha? E a minha família o que pensa disso? Eles não são mais meus tutores, mas continuam sendo minha família e a opinião deles deve importar ou não? E ela ou ele e as suas respectivas famílias o que pensam disso? Se eles não concordarem, nós iremos fugir? Mas, e aí, como iremos sobreviver?

Enfim, não estou querendo assustá-los, mas é bastante complicado e o que estou tentando dizer é que a vida é exatamente isso, ou seja, perguntas e respostas que se transformam em ações, que se enquadram em direitos e deveres individuais. Alguém já disse que: “a vida é feita de escolhas”. Pois então, eu só estou querendo que atentem para que essas ações sejam efetivamente bem escolhidas, pensadas e realizadas dentro da sobriedade devida, porque eu sei que a maioria dessas perguntas nem existiam quando vocês ainda estavam cursando o Ensino Médio, mas as respostas, cada uma a seu modo, precisarão ser dadas coincidentemente logo depois que vocês concluem essa etapa de formação.

Meus queridos, a verdade é que agora vocês estão natural e socialmente deixando de ser crianças, concluindo o Ensino Médio e estão atingindo a “maior idade”, sendo cidadãos, homens e mulheres de fato e de direito. A vida é assim mesmo e tudo é muito rápido, nem dá tempo para refletir e certamente vocês ainda não tiveram tempo de reparar nesse fato. Aí, eu pergunto: será que vocês estão devidamente preparados para esse salto de seriedade, de compromisso e de responsabilidade?              

Embora vocês talvez não tenham percebido, a Escola Damasco, com certeza, fez o que pode e trabalhou sério para preparar vocês, do ponto de vista educacional, intelectual e até moralmente, para esse momento crucial. Mas, a Escola Damasco também era um tipo de tutor e desta maneira, também tem seus limites estabelecidos por direitos e deveres e não podia ir além de certo nível. Não temos dúvida de que formamos bem, porque trabalhamos direito e fizemos o melhor possível, mas temos dúvidas, se o que fizemos está efetivamente dentro daquilo que é esperado por cada um dos senhores e suas famílias.

Nós procuramos dar os exemplos certos, mas não existe uma obrigatoriedade da concordância total com esses exemplos ao longo da vida de vocês. Certo ou errado é uma questão de maneira de pensar, de agir, de tratar culturalmente e algumas vezes é até uma questão biológica dos diferentes grupos sociais. Bem, mas, eu vou parando por aqui e não vou mais “colocar minhocas na cabeça” de vocês, porque tenho certeza que, para muitos, o meu discurso já está chato demais e eu já disse o que pretendia.

Assim, para terminar, eu quero apenas esclarecer que só estive aqui fazendo a minha parte, dando o meu recado, na condição de Paraninfo, escolhido por vocês, porque desejo realmente que vocês sejam homens e mulheres felizes. Por favor, pensem e reflitam bastante nas decisões que vocês tomarão daqui para frente e, se porventura, tiverem qualquer dúvida na hora de tomar uma decisão, contem sempre com o apoio dos seus tutores (pais e responsáveis), inclusive com a Escola Damasco e com esse “velho mestre”. Porém, lembrem-se que a responsabilidade, doravante, será sempre e tão somente de cada um de vocês.

Bem-vindos à vida adulta. Um forte abraço em cada um, sucesso e felicidade.

Professor Luiz Eduardo Corrêa Lima

08 dez 2019
plano hidro

O Plano Nacional de Recursos Hídricos e os Diferentes Entes da Federação Brasileira

Resumo: O texto comenta sobre a importância do estabelecimento do novo Plano Nacional de Recursos Hídricos, que deverá ser aprovado em 2010 e será aplicado nos próximos 20 anos (2021 e 2040). Por outro lado, o texto traz algumas preocupações com a eficiência e a eficácia das normas que serão definidas, porque se não forem aplicados critérios objetivos e rígidos, o plano poderá ser dificultado, por questões de conflitos de interesses entre os entes políticos da federação brasileira.


Primeiramente quero aproveitar o momento para reafirmar o que todo mundo já sabe, mas parece não querer saber e nem se preocupar muito com o assunto: “a água e sua gestão é um problema mundial e talvez seja o maior problema de todos”. O Brasil, por ser o país que abriga a maior quantidade de água no estado líquido de todo planeta e a nação brasileira por ser a verdadeira detentora dessa riqueza imensurável, assumem uma responsabilidade ímpar sobre a gestão desse valioso recurso natural, renovável e imprescindível à vida. Desta maneira, existe uma necessidade premente de que se estabeleçam normas e procedimentos para a gestão da água no país.

Por conta disso e de outras questões adicionais relacionadas à própria água, foi proposta e aprovada pelo Congresso Nacional a Lei Federal 9433, em 08 de janeiro de 1997 (“Lei das Águas”), que está vigendo desde aquele ano. Esta lei estabeleceu, em seu Artigo 1º, item V que: “a bacia hidrográfica é a unidade territorial para implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos e atuação do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos”. Isto é, as Bacias Hidrográficas são as unidades básicas de gerenciamento da água em todo o território nacional.

Além disso, no Artigo 5º, no item I, também definiu como instrumentos fundamentais à gestão os Planos de Recursos Hídricos, os quais deverão ser estabelecidos pelas diferentes Bacias Hidrográficas e ainda, no artigo 8º, determinou que esses planos devem ser elaborados por Estado e para o País. No caput do artigo 7º, também é dito que os: “os Planos de Recursos Hídricos são planos de longo prazo, com horizonte de planejamento compatível com o período de implantação de seus programas”. Pois então, o atual Plano Nacional de Recursos Hídricos esgota seu tempo devida e necessita de uma revisão agora em 2020. Assim, um novo Plano Nacional de Recursos Hídricos precisa ser estabelecido.

A Lei 9433/97 diz ainda que o Plano Nacional de Recursos Hídricos e os diferentes Planos das Bacias devem determinar as ações de aproveitamento, manutenção, recuperação da água, visando atender da melhor maneira os usos múltiplos de suas águas, obviamente respeitando as prioridades impostas pela citada lei. Cabe lembrar também que no seu Artigo 1º, dos fundamentos da Política Nacional de Recursos Hídricos, o item III afirma que: “em situações de escassez, o uso prioritário dos recursos hídricos é o consumo humano e a dessedentação de animais”.

É bom que se diga, que a Lei 9433/97 foi muito feliz, porque Bacia Hidrográfica é certamente a melhor forma de tratar e gerenciar o espaço geográfico em qualquer situação e não só para questões hídricas. Entretanto, a divisão política e administrativa do país, dos estados e principalmente dos municípios, na maioria das vezes, não condiz necessariamente com aquela estabelecida naturalmente pelas bacias hidrográficas. Assim, alguns estados e muitos municípios próximos, muitas vezes ocupam bacias ou sub-bacias distintas, o que produz dificuldades administrativas e operacionais significativas, as quais criam entraves à gestão da água.

Por outro lado, a Constituição da República Federativa do Brasil (1988) e o Estatuto da Cidade, Lei Federal 10257/2001, que regulamenta os artigos 182 e 183 da própria Constituição, estabelecem que cada município estabeleça seu Zoneamento Ambiental, seu Parcelamento, Uso e Ocupação do solo e ainda seu Plano Diretor. Além disso, o item I do Artigo 30 da Constituição Federal também estabelece que o município deve legislar sobre assuntos de interesse local.

Quer dizer, em certo sentido, o município tem o poder legal de tomar as posturas contrárias àquelas estabelecidas pelo Plano de Bacia, pois embora o plano seja legal e estabelecido por legislação federal, muitas vezes ele poderá não ser de interesse do público local. Ou seja, contra o interesse público municipal. Em suma, poderemos ter que enfrentar discussões duras e embates legais, onde, a princípio, todos os entes políticos e administrativos terão algum tipo de razão. Mas, o que será melhor para a gestão das águas e para o Meio Ambiente nesta situação?

Pois então, esse é o grande nó górdio da questão e que precisa ser superado, mormente agora que estamos discutindo e preparando o Plano Nacional de Recurso Hídricos, o qual se encarregará de definir as diretrizes da gestão das águas, a partir de 2021 até 2040. Cabe lembrar, que além da União, o Brasil tem 26 estados, 1 Distrito Federal e 5.570 Municípios. Como fazer com que os estados e municípios se adequem incondicionalmente ao que será estabelecido, deixando muitas vezes os seus interesses locais de lado? A situação é realmente muito complicada, porém precisa ser resolvida antes do estabelecimento efetivo do Plano Nacional.

Aqui no Vale do Paraíba, nosso problema é mais complicado ainda, porque o Rio Paraíba do Sul e sua Bacia Hidrográfica são pertencentes à União, mas muitos de seus afluentes são estaduais e alguns são exclusivamente de domínio municipal, mas a Constituição, no Artigo 24, item VI, estabelece que somente a União e os Estados podem legislar sobre à agua. Assim, como resolver esse imbróglio e fazer a gestão das águas? Os municípios terão seus interesses mantidos dentro do que os estados estabelecerem? Os rios municipais serão deixados aos interesses às legislações municipais, em condições especiais de uso? Isso será legal? Os rios estaduais seguirão a legislação estadual que terá ressalvas para permitir a ação dos municípios? Isso será legal? Enfim, existem várias questões que precisam ser bem definidas, pois O Plano Nacional é previsto para os próximos 20 anos e precisa estar bem adequado para não trazer mais transtornos do que soluções.

Observem bem o tamanho do problema que teremos na nossa frente e que ninguém na comunidade está discutindo. Eu vou ainda dar uma de “advogado do diabo” e colocar mais sério um complicador. O Plano Nacional é para 20 anos, mas os estados e Municípios trocam seus administradores a cada 4 anos e obviamente os interesses políticos mudam com essas mudanças. Assim, como manter os municípios “fiéis” ao Plano Nacional depois dele aprovado? Como será realizada a fiscalização dessa “fidelidade”? Isso não é brincadeira, o problema realmente existe e precisa ser pensado e evitado, se possível. O princípio da prevenção nos indica que: “é melhor prevenir do que remediar”. Assim, que ações estão sendo e serão tomadas para evitar as situações controversas que decorrerão desse problema?

Aliado a tudo isso, ainda é bom lembrar que o governo federal está estudando a possibilidade legal de unir alguns municípios brasileiros. Se essa união acontecer, de fato, e se o Plano Nacional de Recursos Hídricos já tiver sido aprovado, considerando o demarcação territorial anterior à fusão dos municípios, como ficará a situação? Acredito que o Plano Nacional de Recursos Hídricos, deverá se estabelecer dentro de um critério geográfico para os próximos 20 anos, assim esse plano terá que considerar a fusão, se é que ela vai mesmo acontecer.

Em suma, com a fusão (união) dos municípios ou sem a fusão dos municípios, o Plano Nacional deverá ser único e qual será ele? De qualquer maneira o Plano tem data certa e a fusão ainda não tem. Assim, o Plano não deverá, a priori, seguir os pressupostos da fusão dos municípios, o que poderá produzir problemas operacionais futuros, caso ocorra mesmo a fusão proposta.

Eu confesso que não sou capaz de resolver todos esses problemas e acredito mesmo que ninguém sozinho tenha essa capacidade. Entretanto, vou me atrever e deixar aqui a minha modesta opinião e manifestar algumas sugestões sobre como imagino deveria ser tratada a questão, a fim de que o Plano Nacional de Recursos Hídricos possa ter êxito, além da efetiva abrangência Nacional e não se dissocie numa imensa colcha de retalhos mal feita, por conta dos diferentes interesses locais, regionais ou estaduais aqui e ali.

1 – Primeiramente penso que a União deveria estabelecer uma consulta pública aos Estados e Municípios, a fim de se informar sobre as pretensões locais quanto ao uso da água, obviamente de acordo com os preceitos estabelecidos na legislação vigente.

2 – Estabelecer o Plano Nacional de Recurso Hídricos considerando princípios gerais, respeitando a segurança hídrica e procurando atender, dentro das possibilidades reais, as pretensões locais que forem condizentes com a legislação.

3 – Como não haverá acordo total, porque certamente os interesses serão muito diversos, deverão ser estabelecidas regras legais claras, baseadas em análises técnicas e sanções rígidas aos Estados e Municípios que, por acaso, não quiserem cumprir o que estiver estabelecido.

4 – Estados e Municípios vizinhos e que pertencem à Bacias Hidrográficas comuns, deverão ter acordos legais estabelecidos para garantir o cumprimento devido da gestão da águas de interesse comum.

5 – A União deverá criar um órgão fiscalizatório específico para tratar da água e seus múltiplos usos, o qual possa atuar efetiva e eficazmente no controle do cumprimento do Plano Nacional em todo território brasileiro.

6 – No caso efetivo de haver uma nova divisão territorial, se houver tempo, esta divisão deverá ser considerada pelo Plano Nacional, pelo simples fato de que não podemos desconsiderar a realidade geopolítica na gestão dos recursos hídricos.

Como fazer para cumprir essas metas ou para se definirem outras que possam ser necessárias eu realmente não sou capaz de responder, mas, por outro lado, é certo que se nada for feito, também não adiantará absolutamente nada estabelecer um Plano Nacional de Recursos Hídricos, que, como tantos outros que existem no país, passará a ser mais um “plano de papel”. Aliás, o mal do Brasil em certas áreas tem sido exatamente esse: “se planeja muito, mas se constrói efetivamente pouco, porque se esbarra na burocracia e nos interesses difusos”. Está na hora de acabar com esse ranço e de mudar essa história. Está na hora de cumprir efetivamente aquilo que se escreve, sem ressalvas, lembrando que o Plano consiste numa legislação é nacional e que “dura lex sed lex”.

No caso específico da água, do jeito que a coisa anda, hoje ainda temos muito, mas amanhã, com todas essas mudanças climáticas que estão acontecendo e com os políticos e administradores que o país possui, ninguém sabe o que pode acontecer. Assim, é fundamental que se estabeleça um Plano Nacional de Recursos Hídricos que seja realmente de interesse nacional e que privilegie a nação brasileira antes de qualquer outro interesse. Por conta disso, é fundamental que o povo brasileiro exerça a sua devida cidadania nesse contexto.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BRASIL, 1997. Lei Federal 9.433, de 08 de janeiro de 1997 (Lei das Águas). Institui a Política Nacional de Recursos Hídricos e cria o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos, Diário Oficial da União, Brasília, 09/01/1997.

BRASIL, 2008. Lei Federal 10.257, de 10 de julho de 2001 (Estatuto das Cidades). Senado Federal. Secretaria Especial de Editoração e Publicações, Subsecretaria de Edições Técnicas, 3ª Ed., Brasília.

SÃO PAULO, 2019. Constituição da República Federativa do Brasil, de 05 de outubro de 1988. (Atualizada até a Emenda Constitucional nº 101, de 03 de julho de 2019). Imprensa Oficial do Governo do Estado de São Paulo, São Paulo.

Luiz Eduardo Corrêa Lima

21 nov 2019
Porque a Educação é a única solução do país.

Porque a Educação é a única solução do país.

Resumo: Este texto tenta demonstrar que o grande problema do Brasil é a falta quase generalizada de Educação do povo brasileiro que acontece por questões puramente políticas e conclama a nação brasileira consciente a tomar as rédeas e assumir a grande revolução educacional que precisa ser feita no Brasil para o bem nacional presente e futuro.  


Existe um velho chavão, porém, mais que isso, uma grande verdade que diz: “sem educação não há solução”. Entretanto a postura política e administrativa das autoridades e governantes brasileiros, ao longo da história, tem sido apenas a de repetir o chavão, porém esquecendo da verdade que ele contém, porque não há envolvimento, de fato, e nem interesse em demonstrar essa realidade, para tentar mudar a cara do país. Infelizmente a Educação não tem sido, nem de longe, prioridade para os diferentes administradores brasileiros, ao longo da história contemporânea desse país.

O propósito desse pequeno artigo é exatamente tentar explicar às autoridades constituídas no Brasil, que a frase acima não é apenas um chavão para ser repetido, mas sim uma verdade e que a verdade contida na frase é uma tarefa que precisa ser assumida e cumprida por todos os administradores públicos e seguida pela sociedade brasileira. A Educação tem que ser uma busca constante de qualquer coletividade e uma obrigação efetiva das autoridades no país, assim ela precisa ser privilegiada na aplicação dos recursos públicos. É preciso entender de uma vez por todas que todo e qualquer recurso utilizado na educação não significa custo, mas sim investimento, porque a Educação sempre traz retorno.

Dito isso, vamos aos porquês que, imagino eu, possam esclarecer melhor que o velho chavão, a verdadeira necessidade da educação, para que todos, principalmente os administradores e políticos desse país, possam entender.

1 – Uma pessoa educada é uma pessoa de fato, já uma pessoa não educada não pode se distinguir muito de outros organismos vivos, porque apenas vive e praticamente age por instintos, tentando suprir suas necessidades vitais e não por consciência e reflexão nas suas ações.

2 – Quem tem educação pode perceber a realidade histórica do mundo à sua volta e discernir entre o certo e o errado, as mentiras e as verdades, que são ditas por aí. Pode até fazer confusão, mas sempre terá o direito de escolher a sua opção. Os erros ou acertos conscientes são bem diferentes daqueles produzidos por ação dos outros, através de massificação. A pessoa educada não age como marionete, a não ser que queira.

3 – “Somente a educação liberta a pessoa”. Acredito que essa seja uma frase tão verdadeira quanto o surgimento de um novo dia após cada noite. O problema é que as informações e os “ensinamentos” de áreas que são apresentados às pessoas, por conta de uma mídia safada e infeliz, mostra que as coisas erradas podem e devem prosperar em relação as coisas certas. Não vou dar exemplos, para que não digam que estou sendo preconceituoso ou até mesmo partidário, mas os educados sabem muitos exemplos do que estou falando.

4 – A educação liberta a pessoa, porque o sonho efetivo da liberdade só existe mesmo, para quem tem a verdadeira dimensão do que seja a liberdade e isso só é possível de se estabelecer à luz da educação. O ser humano só é livre quando tem capacidade de escolha e só a educação permite o desenvolvimento consciente dessa capacidade.

5 – O sujeito possuidor de educação pode tudo, obviamente dentro da lei, mas o sujeito carente de educação, nem imagina o que pode, o quanto pode e nem sabe que existem leis impostas pela sociedade. Esse sujeito é digno de pena, pois vive à margem da sociedade e muitas vezes não sabe mesmo o que faz.

6 – Se o país quer crescer, antes de tudo, é preciso educar o seu povo. A Educação é uma causa de interesse nacional. A história de inúmeros povos ao redor do mundo está aí para provar essa verdade, apenas os políticos e administradores brasileiros não conseguem (querem) enxergar isso e preferem manter o status quo para garantir suas falcatruas e maracutaias.

7 – Friamente, dos mais de 210 milhões de brasileiros, estatísticas a parte, pelo menos, metade desse contingente é composto de analfabetos e de analfabetos funcionais. Como é possível falar em desenvolvimento e sustentabilidade para uma população com esse contingente educacional tão pífio?

8 – Um país só será realmente capaz de crescer sustentavelmente, quando sua população for efetiva e suficientemente educada, para entender a importância desse crescimento. Não sendo assim, quando muito, continuará apenas recebendo as benesses interesseiras dos “países amigos” que querem mantê-lo nessa condição inferior.

9 – No Brasil tudo é grande: a área geográfica, a população, a biodiversidade, os recursos hídricos e inúmeras outras coisas, inclusive a falta generalizada de educação e principalmente o egoísmo e a sem-vergonhice dos políticos e administradores públicos. Só mudaremos esses últimos itens se educarmos à população.

10 – Ou saímos do marasmo, acabando com esse ranço e investindo pesada e maciçamente na educação de nosso povo, ou estamos fadados a sermos uma eterna colônia dos países desenvolvidos e marionetes nas mãos dos países ricos e de alguns políticos safados, que historicamente comandam, usando e abusando das pessoas e das instituições desse país.

Enfim, o Brasil tem jeito, mas o país e sua gente estão à mercê de um complô de picaretas que assumiram o poder há décadas e que querem manter o “status quo” da ignorância nacional, para continuar fazendo farra com a coisa pública. Está na hora de darmos um basta nesse negócio e tratar o país e a nação brasileira como merecem. Entretanto, isso só acontecerá se o povo for educado o suficiente para entender que essa é uma grande necessidade nacional. Enquanto a educação for tratada como uma coisa vulgar, um mero encargo, mais um simples problema social, ou ainda, um setor ocasional e pouco importante que existe na administração pública, infelizmente não sairemos desse marasmo histórico e até aqui crônico.

É preciso entender que a cura para todos os problemas nacionais está na educação. A educação é a única prioridade, pois todas as demais coisas dependem dela. Não existe nenhuma maneira de resolver as questões públicas, TODAS ELAS, sem educação. Por conta disso é que precisamos entender que realmente: “sem educação não há (não houve e nunca haverá) solução”. Senhores políticos, tomem vergonha na cara e parem de brincar com o Brasil.

Meu amigo leitor, você que faz parte daquela metade que não é analfabeta funcional, por favor, exerça a sua função de  cidadão de bem e ajude a trabalhar em prol da educação da outra metade brasileira viva, que ainda não entendeu o óbvio e também daqueles tantos brasileiros que certamente ainda nem nasceram e que precisarão de um país melhor mais educado e estabelecido para viver. Afinal esses futuros brasileiros não devem pagar a conta por aquilo que nós e outras gerações anteriores deixamos de fazer.

Pensem nesse aspecto e façam as suas respectivas partes, porque isso não custa nada e o Brasil, a nação brasileira atual e futura, antecipadamente agradecem. Os futuros brasileiros, dentre esses, os meus e os seus netos e bisnetos, só poderão ser mais felizes se forem mais bem-educados e para isso temos que fazer a nossa parte hoje. Basta de burocracia e enrolação, está na hora da verdadeira educação.

Luiz Eduardo Corrêa Lima (63)

03 nov 2019
Outubro Rosa e Novembro “quase” Azul

Outubro Rosa e Novembro “quase” Azul

Resumo: Apresento um pequeno Cordel, a fim de chamar a atenção para a prevenção do Câncer de Mama, o que mais mata mulheres e o Câncer de Próstata, o segundo que mais mata em homens no país. Embora, o texto seja alegre e cômico, como é comum na Literatura de Cordel, a questão é realmente séria e estou dando o meu recado.  


Outubro Rosa e Novembro “quase” Azul

Temos ouvido bastante sobre câncer,
De outubro rosa a novembro azul.
Temos recebido muita informação,
Que está vindo de todos os cantos,
Um tanto do norte e outro do sul.
Mas, por mais que se comente,
Infelizmente, a verdade é uma só:
O câncer continua matando gente.
E quem não quiser virar estatística,
É melhor procurar ir se adequando
para ter uma perspectiva otimista
e da coisa continuar se esquivando.

Nas mulheres é um pouco mais fácil,
Porque elas são muito mais corajosas,
Examinam seus próprios corpos,
Se acariciam e querem ficar vistosas.
E de uma maneira agradável,
Tudo vai bem no outubro rosa.
Através da massagem na mama,
elas sabem o que lhes convém
e se observam nódulos ou edemas,
correm logo para o médico,
pois não querem passar problemas
e muito menos seguir para o além.

No homem é mais complicado,
Porque não dá para avaliar sozinho,
Necessitam de uma mão amiga
Com um dedo que toque certinho.
Assim o mês de novembro,
ainda não está totalmente azulado,
porque a maioria dos homens,
não aceita o exame disseminado.
Falam muito sobre essa história
E dela fazem grande gozação
E alguns homens envergonhados
Preferem arriscar a sorte
Nunca fazendo uma avaliação.

Quando por fim descobrem o câncer,
Às vezes a situação já está feia
Fazem tudo, até mesmo cirurgia,
Mas a doença cresce e lastreia.
Quase sempre o fim é terrível
E está difícil um jeito de mudar.
Enquanto esses machões idiotas,
Não quiserem se examinar.
O médico está lá aguardando,
Basta apenas ir consultar,
Deixando a vergonha de lado,
Sendo tocado sem reclamar.

O toque que tanto envergonha
Deveria ser premiado com placa,
Porque é somente através dele
Que se vê a dilatação prostática.
Se a doença é descoberta cedo,
O câncer ainda pode ser tratado
E se o tratamento é bem feito
O homem pode mesmo ser curado.
E vai passar o resto da vida
Tranquilo e sem grandes preocupações
desenvolvendo com normalidade
a grande maioria de suas funções

Então, meus amigos machões,
escutem bem o meu recado,
Deixem de lado essa besteira
De achar que receber toque anal
É coisa de homem transviado.
Façam logo como as mulheres,
Encarem o exame, mesmo preocupados,
Porque o dedo do seu médico,
Pode ser um apêndice contundente
Mas talvez seja abençoado.
pois lhe dará segurança física
E vida longa, apesar de avexado.

Pense bem e reflita:
Sem o dedo posso morrer rápido,
Com o dedo posso viver mais
E gostando ou não da dedada,
Continuar vivendo sempre satisfaz.
Uma dedada ou outra,
Pode até ser bem desagradável,
Mas a garantia do tempo de vida
Ah! Isso é inegociável.
Meu amigo machão saia dessa
E pondere sobre sua vida:
Longa e feliz com o dedo do médico
Ou curta e infeliz sem sobrevida?

Prefira o primeiro caso,
Apesar do descaso e da dor.
Porque esse será um segredo
Entre você e seu examinador
E se você não gostar da experiência,
Porque doeu muito ou incomodou.
Não existe nenhum problema,
É só procurar por outro doutor,
Mas não deixe de fazer o exame,
Porque, antes de qualquer coisa
O exame, além de bom indicador
Também é um ato de amor.

As mulheres já sabem disso
E amam tocar os seus seios,
Mas você não se toca sozinho
E continua dependendo de terceiro.
Seu médico é um profissional.
Confie que ele sabe o que faz.
Agora se você não ama sua vida
Meu amigo machão, reze muito,
Porque você não terá paz.
O câncer não tem preconceito
Pode ocorrer em todos os homens
Tanto nos homo como nos heterossexuais.

E você meu amigo machão,
que tem medo de um dedo
Perde para aqueles que não ligam
E que, às vezes, até recebem mais.
Em suma, seu medo não faz sentido,
Sua crença é uma mera ilusão.
E se você não se ama o bastante,
Pense naqueles do seu coração.
Sua mãe, seu pai, sua filha,
Sua mulher, seu filho, seu irmão,
Pois todos eles, sem exceção,
Sabem que você não é uma ilha.

E todos mais contentes ficarão
Com você livre de um mal maior,
Ou de qualquer risco ou operação.
Por isso, eu estou insistindo:
Meu amigo, faça o exame,
Esqueça o macho que você diz ser
E seja bastante macho para viver
Independentemente de qualquer gozação
e das dedadas que receber.
O dedo pode até doer bastante,
Mas o câncer dói muito mais
E mata rápido, quase num instante.

Enfim, a escolha é apenas sua.
Mas manifeste-se rapidamente,
Tome logo uma decisão positiva,
Clara, lógica e consciente.
Porque talvez não haja tempo
Para que você se arrependa
De sua incerteza incoerente.
Precisamos ter novembro azulado,
Igualzinho ao outubro rosado,
Para que o câncer maligno
Que flagela os seres humanos
seja totalmente eliminado.

Luiz Eduardo Corrêa Lima

15 out 2019
Dia do Professor

PROFESSOR: UM PROFISSIONAL MUITO ESPECIAL

Existe um profissional em que o tom das palavras, embora não aparente, é sempre o mesmo, mas o tom da voz, muitas vezes necessariamente se altera e isso tem várias explicações, que identificam esse profissional.

1 – Ele tem vontade de acertar.
2 – Ele tem o afã de convencer.
3 – Ele tem necessidade de ter razão.
4 – Ele tem que controlar a inconveniência da emoção.
5 – Ele tem muito desejo de ser compreendido.
6 – Ele pressupõe que o outro não conheça ou que esteja errado.
7 – Ele não quer que o outro se dane.
8 – Ele esbanja altruísmo e muita humildade.

Todas essas explicações podem momentaneamente estar certas ou erradas, mas isso você só conseguirá entender se existir um PROFESSOR na sua vida, porque apenas o PROFESSOR poderá lhe permitir entender e avaliar cada uma das situações do contexto, pois somente o PROFESSOR lhe dará argumentações abrangentes e motivos esclarecedores que lhe permitirão concluir, em qual das situações a questão se passa. Quem não teve PROFESSORES VERDADEIROS e adequados é carente de humanidade e sempre:

1 – Briga quando sabe que está errado.
2 – Se convence com o próprio erro.
3 – Acha que é um sabichão e nunca pode estar errado.
4 – Vive mais do coração, pois desconhece o cérebro.
5 – Quer ser superior às demais pessoas.
6 – Imagina que todos são incapazes.
7 – Não está nem aí para o que alguém pensa.
8 – Tem o egoísmo como meta de vida.

Apenas esse profissional, o PROFESSOR, é capaz de mostrar a cada indivíduo humano o seu referido lugar na sociedade e de fazer de cada ser humano no sentido biológico, uma pessoa no verdadeiro sentido sociológico da palavra. É por isso, que me orgulho muito de ser PROFESSOR, porque mesmo tendo sempre vontade de acertar eu sei que erro, por isso eu grito e fico nervoso, mas, sobretudo, eu sei pedir desculpas quando estou errado, eu penso e reflito e principalmente eu tento aprender um pouco mais daquilo que eu já pensava que sabia e acabo sempre descobrindo que o outro quase sempre tem alguma novidade para me contar e me trazer como novidade. Ou seja, como PROFESSOR, eu avalio que a humanidade é uma escola e tem muito a me dizer e me ensinar.

Um PROFESSOR é assim, alguém que no seu humilde afã de ensinar, acaba tendo que aprender, e nunca quer que essa alternância constante de ensinar aprendendo e aprender ensinando acabe, pois ele sabe que o aprendizado é infinito e que o melhor de qualquer pessoa é o fato dela ser pessoa, antes de qualquer outra coisa e somente uma pessoa pode ensinar a outra. Aquele sujeito que errou muito, mas sempre se dedicou, ao longo de sua vida inteira, a aprender com as demais pessoas, para poder saber mais e assim ensinar a algumas outras pessoas é o verdadeiro PROFESSOR.

Parabéns PROFESSOR por todos os dias de sua vida e felicitações particulares pela data de hoje (15/10), que merecidamente reconhece a sua importância para a nação brasileira e para o mundo. Feliz daquele que teve um PROFESSOR de verdade e que pode se inspirar nesse PROFESSOR para viver.

Luiz Eduardo Corrêa Lima (63)