A Inconsistência da Paixão

Resumo: O Prof Luiz Eduardo apresenta uma poesia que fala da paixão e do “amor proibido” e das suas inconveniências sociais, mas que contesta sobretudo os rótulos de moralidade entre os amantes. É um texto curto e cheio de insinuações, onde se debatem dois pontos de vista distintos, daquela que dá e daquele que procura o “amor proibido”. Tenho certeza que o texto será de agrado dos leitores, até porque é um texto premiado e publicado em outros momentos e talvez alguns dos leitores já tenham tomado contato com o seu teor em outra publicação.


A Inconsistência da Paixão

A dama que o homem beija, não é dama é gueixa E por isso tudo deixa, sem reclamar, nem sentir queixa E vai deixando seu delicioso gosto, forte como ameixa, Com o homem enrolado em suas madeixas. Pobre homem iludido está achando que é o tal, Mas é ela quem controla o momento, Comanda o tempo, define o modo, determina o local. Enfim, ela dirige todo o evento. Tudo é devidamente planejado por ela. Ela garante o amor e o homem adquire o prazer. O tempo registra o furor e o modo justifica o fazer. Infeliz da gueixa que recebe o homem, Pois ele só quer prazer e ela precisa viver. A gueixa de sorte só sucumbe com a morte E morre feliz, porque sempre se manteve forte.

No futuro, aquele homem triste, sem sorte e sem norte, lamentará a morte daquela gueixa que certo dia ele quis. A cena seria terrível e o momento deprimente, Pois ambos, querendo a realidade mudar Vão assumir posturas para desagradar. Na hora de sua morte, a gueixa falará para o homem: “se você disser que me amou morrerei mais feliz”. Mas, o homem safado, ou talvez preocupado, Escondendo a verdadeira emoção e sem ser nada educado, Responde para gueixa que não poderia ter amado o pecado. A gueixa então, num gesto final diz: “pecado de quem? De mim que te recebi e te dei amor sem desdém ou de ti que me procurastes com vintém? Pagastes pelo amor que você não tem E eu te dei esse amor que conheço bem”. Afinal, quem pecou com quem?

A vida é assim mesmo e o amor é essa grande confusão. A gueixa, apesar do desplante, esclareceu bem a situação, mas o homem, seguro de si e cheio de pretensão, mesmo com a morte da gueixa, continuará negando aquela paixão.

Luiz Eduardo Corrêa Lima

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