Tag: Língua Portuguesa

08 fev 2023
A Esculhambação com a nossa Língua Pátria II

A Esculhambação com a nossa Língua Pátria II

Resumo: O artigo tem como objetivo chamar a atenção do fato de que se está progressiva e perigosamente complicando e desvalorizando cada vez mais a nossa Língua Portuguesa, assim, é preciso fazer um alerta à sociedade brasileira sobre o risco lamentável que essa situação representa para a população e para o país.  


Há cerca de um mês atrás publiquei um artigo aqui mesmo nesse site, intitulado “A Esculhambação com a nossa Língua Pátria” e recebi vários comentários que faziam referências a uma questão que propositalmente evitei de comentar naquele momento. Porém, informei a todos que me interpelaram, que estaria fazendo outro artigo para abordar exatamente aquela questão que estava sendo solicitada. Bem, eis o artigo.

Depois que tivemos uma Presidente da República que se autointitulava “Presidenta”, mas que, para muitos, estava mais próxima de “Presidanta”. Espero que as antas que me perdoem pela comparação. Mas, creio que todos se lembram da imensa dificuldade, da citada “Presidanta”, em concatenar ideias, articular palavras e construir frases coerentes na língua portuguesa. Pois então, eis que surge agora um novo problema linguístico, para esculhambar de vez com o nosso idioma pátrio. Deus que nos perdoe e “São Rui Barbosa” que nos ajude a livrar de mais esse castigo, sugerido pelos “gênios do mal” que assolam esse país e que estão iludindo muitos e investindo seriamente nesta propositura absurda.

Certamente, o leitor já sabe que estou me referindo a pretensa relativação (minimização) do pronome indefinido “todo” ou “todos” (no plural), tornando-o definido ou menos abrangente em seu significado primário. Pois então, tem gente querendo que o pronome “todos”, agora possa ser sinônimo de uns, de alguns, de poucos e até de muitos, porém jamais terá o significado de total ou completo, será sempre parte de um contingente maior e mais abrangente, a não ser quando exclusivamente indicado ao gênero masculino.

Isto é, o “todo” agora só engloba uma parte, que é parte masculina, como ocorre com o seu feminino “toda”, que cabe ao gênero feminino, como, aliás, sempre aconteceu. Entretanto, agora surge um terceiro pronome “todes” ou “todxs”, que engloba os “demais pretensos gêneros linguísticos”, que NÃO EXISTEM e nem podem existir na língua portuguesa, até porque também inexistem na realidade biológica. Todos, todas, “todes”, todxs” “tutti” ou “toddy” dá tudo no mesmo, desde que não seja em português, mas na nossa boa língua portuguesa tem que ser todos.

Vejam bem, eu não estou me referindo aos gêneros humanos, que as pessoas normais e eu também só conhecemos dois. Entretanto, hoje em dia, tem gente que admite vários, mas esse é outro problema que discutirei mais à frente. De qualquer maneira, é preciso ficar claro que na língua portuguesa, nós não fazemos e nem devemos fazer esta distinção de pretensos gêneros, porque, de fato, ela não nos leva a lugar nenhum. Ora, isso só pode ser brincadeira e de muito mal gosto, além de ser uma tremenda irresponsabilidade e uma falta total de conhecimento da língua portuguesa.

Das muitas bobagens que algumas pessoas, que infelizmente ainda existem na sociedade brasileira, desocupadas e pouco preocupadas com as questões mais sérias que o país enfrenta, agora também existe essa questão, que, embora recente, já está causando conflito em alguns setores. A tão comentada questão da pretensa inclusão de um pronome neutro na Língua Portuguesa, que alguns desses ilustres idiotas estão defendendo, não passa de uma grande absurdo. Essa ideia, concentra tanta incoerência e tolice que está deixando muita gente boa e séria efetivamente incomodada e com uma pulga atrás da orelha, haja vista que vivemos no país do absurdo.

Vejam bem meus amigos, a Língua Portuguesa não pode simplesmente ser mudada porque alguns “gênios do mal” querem ou pensam que isso deva acontecer. A última flor do Lácio, no dizer de Olavo Bilac, não merece esse tipo de tratamento, por gente que, pelo que se vê, não conhece realmente nada de Português e quer falar da maneira como bem entende, usando a língua no seu interesse particular. Aliás, peço vênia, porque acredito que essas pessoas possam realmente falar da maneira como bem entenderem, porém, o que elas certamente não podem, é querer que essa idiotice seja assumida compulsoriamente pelas demais pessoas do país e quiçá do mundo, que têm o Português como língua oficial.

O pior de tudo é que a questão deriva de outra, ainda mais absurda e ilógica, que a ideia dos vários gêneros humanos, o que, obviamente, não existe, como já citei acima. Mas, cabe explicar melhor. A espécie humana é bissexuada (com dois sexos) e com dimorfismo sexual bastante evidente na maioria das vezes. Desta maneira, assim como outras espécies dioicas, apresenta dois tipos morfológicos fundamentais de indivíduos: o masculino e o feminino. Aliás, é bom que se diga que em toda a natureza só existem, de fato, dois sexos e dois gêneros. Qualquer coisa diferente disso é balela e não cabe nenhuma discussão séria.

O problema ocorre porque alguns dos “gênios do mal”, defensores dessa ideia maluca, conseguiram incutir na mente de alguns de seus seguidores que na espécie humana existem vários gêneros, possivelmente para que fosse possível tentar justificar suas respectivas e diferenciadas opções sexuais. Deste modo, cada opção se achou no direito de requerer o status de um gênero diferente para a sua condição sexual e acredita que uma “simples” mudança linguística resolveria o problema, no que diz respeito a maneira específica de tratar ou de se referir as pessoas envolvidas nessa questão.

Vejam bem, que fique claro que eu não tenho absolutamente nada contra a opção sexual de quem quer que seja e respeito todas as pessoas como pessoas, independentemente da raça, da religiosidade, da condição social e principalmente de como, de onde ou com quem se relacionem ou durmam.  Aliás, muito pelo contrário, entendo que cada um tenha realmente o direito de optar pela orientação sexual que quiser, porque acredito que toda e qualquer pessoa deve ser, antes de qualquer coisa, livre e respeitada como pessoa e tratada de maneira igual a todas as demais pessoas. Assim, ressalto que minhas referências aqui estão relacionadas única e exclusivamente com a integridade da língua portuguesa escrita e falada, que é a única língua oficial do Brasil.

Por outro lado, deve estar bem claro também, que a língua não pode ser utilizada como mecanismo orientador de resolução ou mesmo de simples minimização de conflitos e questões sociais menores, pois a amplitude linguística é maior, já que ela é para todos e não apenas para alguns. Grupos étnicos ou grupos sociais diferentes podem, devem e muitas vezes têm linguagens diferentes entre si, mas eles não podem impor as suas respectivas linguagens aos outros grupos.

Uma minoria social não pode condicionar grandes mudanças linguísticas apenas por simples vontade, capricho ou pirraça. Aliás, se isso virar moda teremos tantos idiomas quantos forem os diferentes grupos sociais. Desta maneira, sugiro aos interessados, que usem a linguagem que quiserem, mas não tentem mudar aquilo que não faz sentido à língua pátria e à grande maioria da população que, até aqui tem se entendido muito bem, na língua que conheceram e assumiram cultural e historicamente.

Apenas para lembrar, devo dizer que, no mundo, a Língua Portuguesa existe oficialmente há mais de 800 anos, quando foi feito, em português, o Testamento do terceiro Rei de Portugal (Dom Afonso II), que assim oficializou documentalmente a língua, em 1214. Entretanto, cabe ressaltar que o português falado remonta aos séculos VI ou VII e deste modo, tem cerca de 1.500 anos. Quer dizer, a língua tradicional é um patrimônio nacional e não deve ser utilizada como um mero objeto de interesse de alguns. Como disse Fernando Pessoa: “minha pátria é minha língua”.

Nossa língua portuguesa é bastante antiga e não vai ser um modismo qualquer, nem uma questão semântica particular do interesse estrito de algumas pessoas do final do século XX ou do início do século XXI, que poderão modificá-la e deformá-la arbitrariamente. Qualquer mudança na língua portuguesa só poderá ser estabelecida após o uso consumado pela população nativa e depois de muitas discussões e acordos linguísticos internacionais entre os linguistas dos vários países lusófonos. É preciso ter em mente que a língua oficial de uma país vai muito além dos meros interesses grupais e com a língua portuguesa isso, obviamente, não é diferente.

Portanto, é importante que aqueles que continuam querendo propor mudanças no idioma entendam que essa é uma tarefa complexa que envolve outras questões, além da própria questão linguística. Particularmente, quando se trata de uma língua como a nossa, que hoje está distribuída em 4 continentes (Europa, América, África e Ásia) em nove países e em alguns estados isolados e insulares, essas questões passam a ser muito mais complicadas. Além disso, a língua portuguesa é a nona mais falada no mundo por falantes totais e a quarta mais falada no mundo por falantes nativos, segundo a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa – CPLP (05/05/2022) e assim as possíveis mudanças envolveriam muita gente (cerca de 300 milhões de pessoas).

Desta maneira, baseado na dimensão e nas complexidades relacionadas com a língua portuguesa, pessoalmente não acredito que a maioria dos países envolvidos na questão vai concordar em mudar o idioma, somente por conta do interesse específico e, talvez, sem fundamento, de um determinado e pequeno grupo de pessoas. Até porque, historicamente, os países sempre procuram agir de maneira conservadora e assim contrária a esse tipo de situação proposta. Ou seja, os países costumam considerar como prioritários os interesses gerais da própria língua e sua devida significância para a maioria da comunidade lusófona.

Se não bastasse isso, ainda tem uma questão eminentemente técnica e bastante importante. Talvez, a mais importante de todas. A língua portuguesa não possui um pronome neutro na sua concepção e por isso não há necessidade de um sujeito quando se emprega um verbo impessoal. Já a língua inglesa, por exemplo, possui um pronome neutro e assim, mesmo no uso de um verbo impessoal, sempre existe a necessidade de um sujeito e aí que entra o substantivo neutro “it”. Por exemplo, em português você diz, “está chovendo” (sem sujeito porque chover é impessoal) e em inglês você diz “it is raining” (com o pronome “it” como sujeito).

A explicação acima implica no fato de que a mudança pensada pelos “gênios do mal” não é simplesmente criar um pronome neutro, mas mudaria muita coisa em toda a língua, como consequência desse fato. Na verdade, acabaria tendo que ser criada outra língua, muito diferente do atual português, porque haveria interferência em quase toda a estrutura linguística. Assim, talvez a melhor solução para esse pessoal interessado no pronome neutro, seja efetivamente aproveitar a língua inglesa e utilizá-la como sendo a sua “língua oficial”, porque aí não haveria nenhum impedimento e tampouco seriam criados problemas adicionais.

Com certeza ninguém reclamaria, porque o inglês já é a língua oficial do planeta e como esse pessoal quer mesmo é aparecer, eu acredito que aparecer em inglês é melhor, porque, além de ser inglês, atinge mais gente, aparece mais e dá mais status.  Entretanto, é importante salientar que isso levará necessariamente os interessados a outro grande problema, que é a necessidade de saber a língua inglesa. Pois então, se grande parte desse pessoal não costuma saber nem o próprio português que é romano e nativo, certamente o pessoal deverá ter muito mais problemas para aprender o Inglês que é exótico e germânico.

Bem, mas essa é outra história e certamente esse não é um problema meu, nem dos demais brasileiros que falam e querem continuar falando o bom e tradicional português nativo, a língua de Camões, sem desenvolver nenhum absurdo linguístico. Aquele português com dois gêneros e onde a citação do gênero masculino engloba o feminino nos empregos coletivos, sem invenções e sem tolices, como um pretenso “machismo da língua” e que não mudam absolutamente nada no relacionamento entre as pessoas, os seres humanos, independentemente de opção sexual, e que realmente não podem levar a lugar nenhum.

Aliás, bobagem por bobagem, se houvesse machismo linguístico de fato, deveríamos chamar de “o língua portuguesa” ou masculinizar o termo língua, criando “o línguo português”. Fica estranho, não é? Pois então, isso é tão ilógico e sem nexo quanto “todes” ou “todxs”, como está sendo proposto por alguns.

Se quisermos verdadeiramente sugerir mudanças linguísticas importantes, acredito que primeiro devemos começar por alfabetizar todas as pessoas em língua portuguesa, o que lamentavelmente ainda está muito longe de acontecer em nosso país. Sabemos que jovens saem do nono ano do Ensino Fundamental sem nenhuma alfabetização, passam pelo Ensino Médio tentando aprender um pouco da língua e chegam às Faculdades semianalfabetos, sendo incapazes de interpretar os textos que têm que ler. Além disso, não se posse deixar de citar o fato de que infelizmente a maioria das pessoas desse país escreve errado e fala errado. Essas questões sim é que nós efetivamente precisamos mudar e corrigir, para o bem das pessoas e do país.

Quer dizer, já temos preocupações reais, maiores e antigas com a língua portuguesa e não faz sentido produzirmos outras por puro capricho. Depois que resolvemos nossos problemas básicos e fizermos o nosso dever de casa, aí sim, poderemos aprender ou discutir qualquer coisa sobre a língua portuguesa e até fazer algum diletantismo sobre a nossa bela e importantíssima língua nativa. Mas, por enquanto, eu continuo achando que essa ideia da criação e inclusão de um pronome neutro na língua portuguesa, consiste numa tolice, que não pode e certamente não vai prosperar.

Quero crer que o problema maior não esteja na língua, o problema maior está nas pessoas e nas suas índoles, que as levam a querer a todo custo satisfazer as suas próprias necessidades e interesses, independentemente da coletividade. Muitas agem pensando que são as “donas do mundo” e que podem estabelecer qualquer critério para qualquer atividade ou situação que queiram, mas a verdade é que as coisas não podem acontecer assim.

Luiz Eduardo Corrêa Lima (66), Biólogo, Professor, Pesquisador, Escritor, Revisor e Ambientalista.

09 jan 2023

A Esculhambação com a nossa Língua Pátria

Resumo: O artigo tem como objetivo chamar a atenção do fato de que se está progressiva e perigosamente desvalorizando a nossa Língua Portuguesa, assim, é preciso fazer um alerta à sociedade brasileira sobre o risco lamentável que essa situação representa para a população e para o país.


Vivemos num país em que pouco ou nada se valoriza daquilo que temos desde nossa origem e, por isso mesmo, temos trocado valores muito de nossos ao longo da história. Muitas dessas trocas certamente produziram, além das modificações culturais, problemas e muitas dificuldades sociais e comportamentais para o povo brasileiro, mormente para os cidadãos mais antigos, que se surpreendem sempre mais com as “novidades”.

Aliás, cabe ressaltar que muitas dessas “novidades” são programadas por grupos políticos para induzir questionamentos e sugerir absurdos, fazendo desacreditar princípios que estavam fidelizados nas longínquas comunidades brasileiras. Entretanto, essa questão, embora exista, seja nociva e deva ser discutida, foge ao propósito deste artigo e não será objeto do texto.

Bem, um dos últimos, talvez o último, reduto de sustentação das comunidades contra essas “novidades” esteja preso à língua pátria, o nosso bom e belo, português. Todavia, este baluarte de força que tenta nos garantir a pátria e sua história primordial e cotidiana de mais 5 séculos vividos, também vem sendo agredido e degradado rotineira e continuamente, principalmente nos últimos 60 anos. A nossa ilustre língua portuguesa, que sobreviveu a toda influência da língua espanhola à nossa volta, que resistiu as violentas tacadas da língua francesa e que resistiu ao namoro e as tentativas da língua holandesa, agora está praticamente sendo derrotada e engolida pela língua Inglesa ou, o que é bem pior, uma “coisa” parecida com a língua inglesa, recém-criada e que anda se espalhando por aí, como vou tentar explicar.

Vejam bem, aqui preciso dar algumas esclarecimentos. Primeiramente, quero deixar claro que não tenho nada contra a língua inglesa. Ao contrário, eu tenho grande admiração e sou ciente de sua importância, haja vista ser a língua mais importante e mais falada no mundo. Na verdade, o que me preocupa não é o fato de que as pessoas falem inglês aqui no Brasil também, porque isso é benéfico para o país e obviamente para a nação brasileira. Não sou louco e nem quero que os brasileiros continuem no “terceiro mundo”, sou ciente de que precisamos evoluir e conhecer a língua inglesa é fundamental para a nossa evolução.

Minha preocupação maior, reside no fato de que estamos assumindo com muita facilidade termos da língua inglesa e omitindo (esquecendo) os próprios termos da nossa língua portuguesa. Isso tem se tornado uma prática, cada vez mais comum e de repente estamos assumindo um inglês, seja lá por exigência de mercado, por moda, por condição social ou mesmo por necessidade. Nossa cultura linguística e por abrangência, nossa cultura geral, tristemente, estão sendo abandonadas com anuência da nossa sociedade.

Bem, todos sabem que a língua é uma estrutura dinâmica, que obviamente muda e deve mesmo mudar com tempo, em função dos mais diversos fatores. Então, a minha preocupação também não é somente com as mudanças da Língua Portuguesa, mas sim com a maneira como essas mudanças têm acontecido, tanto na origem da mudança, quanto na coerência que conduzem a elas. Estamos desenvolvendo um “monstrengo linguístico” sem lógica, sem procedência e que não se justifica de maneira nenhuma. Quando muito, esse “monstrengo” que se espalha sorrateiramente por conta do uso massificante sem nenhum critério avaliativo de sua real dimensão linguística, poderia ser explicado pela necessidade de uma comunicação mais moderna e sempre atualizada.

Mas, por outro lado, Portugal e outros sete países lusófonos, além do Brasil, conseguiram estar atualizados sem criar um “monstrengo linguístico” e seguem falando o Português tradicional, sem nenhum grande comprometimento do idioma pátrio. Cabe lembrar aos cidadãos brasileiros, que o Português hoje é a sexta língua mais falada no mundo e isso se deve principalmente aos mais de 220 milhões que hoje compõem a nossa população.

Ou seja, nós, os brasileiros, somos os principais responsáveis diretos pelo crescimento e desenvolvimento contingencial da língua portuguesa no mundo e, por isso mesmo, deveríamos estar mais diretamente interessados em manter a língua portuguesa como uma das nossas prioridades, até pela nossa pretensa condição de destaque no cenário internacional. Valorizar nossa língua deveria ser uma questão precípua para o nosso país. Porém, com nosso desleixo, isso não está parecendo ser uma realidade.

Falar Inglês é uma necessidade no mundo moderno e possivelmente isso não tenha mais retorno. Quer dizer, o mundo todo certamente deverá falar inglês. Aliás, como já começa a ser assim também com o mandarim chinês. Entretanto, aqui no Brasil, nós não precisamos e muito menos não devemos esquecer que nossa língua pátria é o português. Temos que ter em mente que nossa alfabetização e nossa comunicação básica deve ser feita principalmente em português.

Pois então, o que está acontecendo hoje no Brasil é exatamente um fato estranho e contraditório ao esperado. Ao contrário do que deveria estar acontecendo, nós estamos substituindo e assumindo, sem nenhuma cerimônia e muito menos necessidade, as palavras em inglês, para descrevermos e identificarmos coisas e situações que claramente temos condições de definir e de atribuir conceitos a partir de nossa própria língua e deste modo criar os termos devidos.

Há inclusive um agravante terrível desse fato, que é quando estamos não só usando o inglês, como desenvolvendo e promovendo um “falso inglês”. É isso mesmo, nós estamos até inventando uma “nova” língua inglesa aqui no Brasil, para justificar o nosso desleixo linguístico. Quer dizer, nós não falamos o Português e ainda erramos quase que propositalmente no inglês, criando, repetindo, divulgando e multiplicando verdadeiros absurdos idiomáticos que não fazem coerência em nenhuma das duas línguas. Vou exemplificar para esclarecer melhor o que estou querendo dizer.

Sempre gosto de usar o exemplo do “cheeseburger” inglês, que acabou sendo traduzido como “Xburguer” em português, ou seja, o “cheese” (queijo em inglês) virou “X” na tradução para o português. Se nos direcionarmos mais particularmente para as áreas da administração, da economia, ou da informática, encontraremos vários outros absurdos desse tipo. Enfim, essas coisas grotescas existem em todas as áreas do conhecimento.

Por que nós não traduzimos simplesmente as palavras e usamos a tradução? Por que o “site”, não pode ser simplesmente o local ou o sítio? Se é para traduzir a ideia de “site”, a palavra sítio me parece perfeita. Se é para aportuguesar o termo original em inglês, então deveria ser “saite”. Agora, quando se escreve “site” em português e se pronuncia “saite”, como se estivesse em inglês, alguma coisa (na verdade, muita coisa) está errada. Que língua estranha é essa?

Então, minha preocupação reside exatamente nesse aspecto, estamos criando uma outra língua, que nem é Português e nem Inglês. O pior é que a maioria de nós está naturalmente assumindo isso como se fosse correto e sem nenhuma contestação. Já perdemos quase tudo que tínhamos de nossos valores primários, mas não podemos perder também a nossa língua nativa com justificativas mesquinhas e incoerentes para defender outros interesses.

No Português encontrado nos textos da “internet” então, além do inglês predominante, ainda criamos uma série de abreviaturas e reduções linguísticas do português que constituem uma linguagem totalmente distinta e que só pode ser entendida por quem convive diuturnamente com ela. O resultado disso é que quando mandamos qualquer jovem e, infelizmente, também alguns adultos, fazer uma redação ou escrever um texto qualquer, encontramos uma situação aviltada e totalmente degradada da língua, que em alguns casos não pode ser entendida por uma pessoa que só conheça o português normal. Quer dizer, aqui no Brasil “o Português normal já deixou de ser a língua oficial”, pelo menos para parte significativa da população.

Outra coisa absurda é o verdadeiro festival de siglas que são usadas sem nenhuma cerimônia e por qualquer pessoa em qualquer momento. Se o cidadão que for ler a mensagem não conhecer as siglas que o emissor escreveu, ele que se dane, porque ele deveria saber. Deste modo, as siglas são usadas aleatoriamente e muitas das mensagens certamente não são entendidas porque se resumem a siglas que só que escreveu conhece. A comunicação agora também depende da capacidade que as pessoas têm de decorar o significado das milhares de siglas existentes.

Como eu disse no início essa situação, por menos significativa e importante que alguns possam pensar que seja, trata-se na verdade de um grande problema, porque nos remete ao abandono e ao desleixo de um dos mais importantes valores que deveríamos conservar, que é a nossa língua nativa. Não quero fazer renascer um arcaísmo total da língua, mas é preciso que se avalie melhor o que está sendo feito com nosso idioma. Nesse sentido é fundamental que sociedade, principalmente o governo (em todos os níveis), as escolas e os professores de português tomem uma posição mais enérgica no combate contra esse descalabro, essa esculhambação crescente, enquanto ainda há tempo.

Luiz Eduardo Corrêa Lima (66) é Biólogo (Zoólogo), Professor, Pesquisador, Ambientalista, Escritor e Revisor. Membro da Academia Caçapavense de Letras (ACL) e Academia de Letras de Lorena (ALL).

15 maio 2022

O que está acontecendo com o uso da Língua Portuguesa?

Resumo: Neste artigo procuro chamar a atenção sobre o atual desprestígio da Língua Portuguesa pelas pessoas e sobre os problemas oriundos dessa constataçãoTento demonstrar que a população brasileira está esquecendo a importância da língua pátria e que esse fato se constitui num fator de significativo empobrecimento cultural que necessita ser extinto para o engrandecimento da Brasil. 

Agora, depois de quase um ano e meio sem trabalhar, ou melhor, sem ministrar aulas regulares, por estar aposentado e inativo, na minha função precípua de Professor, tenho conversado mais com outras pessoas, apesar de todas as dificuldades impostas pela pandemia do COVID 19. Desta maneira, tenho tido mais tempo para observar e reparar melhor o comportamento dessas pessoas. Pois então, tenho me preocupado em observar, principalmente os hábitos de falar, o uso das palavras e à utilização da nossa língua portuguesa.

Então, foi neste contexto que surgiram duas questões fundamentais, as quais têm me chamado bastante a atenção. O que está acontecendo com o povo brasileiro, em relação à Língua Portuguesa, que está sendo cada vez mais esquecida? Será que os brasileiros, dentre outras coisas, também estão ficando progressivamente mais mudos, quanto ao nosso querido português? Deste modo, vou comentar um pouco do meu pensamento sobre o que pode estar acontecendo.

Para começar, devo dizer que minhas observações têm me permitido chegar a conclusões preocupantes e algumas delas até estarrecedoras sobre o forte incremento da superficialidade no conhecimento linguístico dos indivíduos brasileiros e talvez mesmo, sobre o crescimento exponencial da bestialidade humana, porque às vezes penso que esse pode não ser somente um problema brasileiro, mas, quem sabe uma questão mundial de “emudecimento humano”. Pude identificar que a maioria das pessoas é incapaz de estabelecer frases e resolver questões linguísticas simples. Muitas pessoas também são incapazes de criar e realizar ações práticas e funcionais comuns que envolvam a fala e principalmente a escrita, pelos mais diversos motivos.

A meu ver, isso acontece, primeiramente porque, simplesmente, algumas dessas pessoas foram levadas a acreditar que ser superficial e que não opinar são boas características humanas na atualidade. Por outro lado, também parece que enriquecer o vocabulário pessoal ou se envolver em questões linguísticas são condições pouco importantes para o ser humano. Deste modo, as pessoas imaginam que questões relacionadas a capacidade de fala humana não precisam ser condizentes com os interesses delas.

Diz o ditado que: “quem fala o que quer, ouve o que não quer”. O problema é que atualmente quase ninguém fala e consequentemente quase ninguém ouve e assim também quase não se ensina e quase não se aprende, porque falar, além de difícil, é perigoso é vexatório para muitos. Tem gente que prefere ficar calado porque “quem fala muito acaba dizendo besteiras”; entretanto, é preciso lembrar que “quem cala, consente” e que se “em boca fechada, não entra mosquito”, certamente também não entra cultura.

Outras pessoas consideram que “essas coisas” linguísticas, terminológicas, gramaticais, semânticas e principalmente relacionadas à concordância são bastante complicadas e dão muito trabalho para serem organizadas. Assim, preferem desconsiderá-las descaradamente, sem nenhum constrangimento. Outras, ainda porque elas sabem que, de fato, elas não possuem base intelectual linguística para planejar e desenvolver tais feitos. Essas pessoas são conscientes de suas limitações e preferem ficar caladas por pura opção.

Ainda que todas as possibilidades citadas sejam terríveis, infelizmente a última, pelo menos na minha maneira de pensar, é a mais comprometedora, porque incide exatamente na possibilidade de pensar que a língua, além de não ser importante, não compromete a formação intelectual e mesmo construtora da comunicação entre os indivíduos. Tenho medo de imaginar a que ponto chegaríamos se todas as pessoas começassem a simplesmente não falar ou apenas dizer coisas sem noção e sem sentido. Ou seja, como se falar fosse simplesmente emitir sons e fazer barulhos sem nenhuma logicidade.

Os brasileiros precisam entender que o simples ato de falar, além de ser a nossa principal maneira de comunicação, também é um mecanismo fundamental para o crescimento intelectual e cultural do ser humano e isso precisa ser divulgado para que se aprenda e se procure conhecer cada vez mais corretamente a nossa língua oficial. É preciso que haja um investimento educacional sério para o uso cotidiano regular da língua portuguesa, tanto falada, quanto escrita.

Estamos vivendo um momento da história, em que a humanidade desenvolveu bastante a sua capacidade de comunicação e assim deveria se esperar que a comunicabilidade entre as pessoas fosse maior, melhor e sobretudo mais efetiva, porém, não é isso que se percebe. A comunicação está ficando mais fácil para os mais próximos e mais afins, por conta de outros códigos comunicativos, mas a comunicabilidade está ficando mais difícil entre os diferentes grupos, porque o entendimento tem piorado drástica e progressivamente.

As “tribos”, quase, só conseguem se comunicar nas próprias “tribos”, ou seja, entre si. Assim, as palavras são menores, as falas estão cada vez mais curtas, os assuntos mais restritos e exigindo menor conhecimento de tudo, inclusive e principalmente da língua pátria, do nosso bom e velho idioma português. Na linguagem escrita, as construções são muito pobres e repetitivas. As preocupações com a maneira correta de escrever inexistem. A concordância não tem mais nenhuma importância. Os acentos atualmente são objetos de luxo da língua, pois não costumam mais serem empregados. Assim, usa acento quem quer e geralmente usa errado.

Em outras palavras, estamos criando dialetos e determinando códigos e simbolismos, cada vez mais específicos e exclusivos de interesses dos grupos sociais específicos e, deste modo, mesmo com todas as facilidades atuais, temos diminuído muito a nossa verdadeira capacidade de comunicação. Embora isso soe mal e pareça muito estranho, é exatamente o que tem acontecido. A verdade é que estamos falando pouco, conversando pouco e consequentemente ouvindo pouco. E, por outro lado, também estamos lendo menos e escrevendo muito menos ainda.  

Por incrível que pareça, o português, que está oficialmente em 4 continentes da Terra, em 9 países e atualmente é a quinta língua mais falada no mundo, exatamente por conta do grande contingente populacional brasileiro. Como contrassenso, o português está morrendo principalmente aqui no Brasil. Agora criamos siglas para tudo e entenda quem quiser ou puder. O “internetês” também tem atuado para ampliar essa situação, mas quero deixar claro que o problema é bem maior e que as siglas e o “internetês” não são os únicos culpados.

Em suma, acredito que a Comunicação entre os diferentes grupos sociais humanos, pelo menos aqui no Brasil, está cada dia pior e isso precisa mudar. Cabe ressaltar que, embora existam várias espécies, onde os indivíduos têm a capacidade de se comunicar entre si, a possibilidade de falar, a imensa diversidade de sons produzidos, além dos diversos tipos de códigos e simbolismos na comunicação humana são fatores fundamentais que efetivamente demonstram nossa superioridade evolutiva em relação às demais espécies vivas.

Os seres humanos estão cada vez mais próximos dos objetos e das questões de seus interesses do que das demais pessoas. Quando eu digo isso, não me refiro apenas à proximidade espacial, mas também a proximidade parental efetiva, pois parece haver uma necessidade progressiva e perigosa de se envolver menos com as pessoas de outros grupos sociais. Esse fato, além ampliar o emburrecimento linguístico coletivo, também acaba por aumentar o egoísmo, o individualismo e o corporativismo, características que conduzem a outros males bem maiores e muito mais comprometedores à nossa espécie.

Estamos deixando de ser humanos e nos tornando quase objetos, talvez tipos especiais de máquinas. A tecnologia, que na sua raiz, veio para auxiliar os seres humanos na realização dos trabalhos, assumiu, por conta de outros interesses sociais, a função maior de orientar a vida da humanidade e isso está emburrecendo o homem. A humanidade está, cada vez mais, idiotizada e perdendo a capacidade de pensar, de falar, de escrever, de discutir, enfim de criar e de demonstrar os principais atributos da espécie humana. Somos diferentes das demais formas animais vivas, exatamente por conta desses atributos especiais que adquirimos ao longo da nossa evolução biológica e que estamos progressivamente perdendo. A capacidade de falar talvez seja o principal desses atributos

Passei 45 anos ministrando aulas e sempre me considerei um excelente professor, porque além de cumprir com responsabilidade, afinco e firmeza o meu trabalho no magistério, na pesquisa e na orientação de jovens, eu também sempre me preocupei em tratar bem os meus alunos, colegas e demais pessoas do convívio escolar e, além disso, em todos esses 45 anos, sempre fui de alguma maneira homenageado pelo meu trabalho, pelos meus alunos, ou pelos meus colegas de profissão, ou mesmo pelas instituições onde trabalhei. Ou seja, além de eu me achar competente, as pessoas à minha volta e diretamente ligadas ao meu trabalho, aparentemente também pensavam da mesma maneira.

Enfim, minha carreira como Professor e Pesquisador parece ter sido aquilo que costumamos chamar de sucesso e de minha parte, mesmo sendo suspeito por falar de mim mesmo, eu penso que foi um grande sucesso mesmo a minha carreira profissional. Entretanto, tenho observado que gente como eu e alguns outros “dinossauros” que ainda se encontram por aí, certamente serão totalmente extintos nos próximos anos. E aí, automaticamente eu me pergunto: o sucesso de minha carreira só serviu para mim? Se for assim mesmo, então minha carreira foi um verdadeiro fracasso e não um sucesso, porque, aquilo que eu sempre entendi como sucesso, na verdade nunca existiu.

Meus alunos, colegas e instituições foram meus camaradas ao me incentivarem e homenagearem, pois eles já imaginavam que eu era algo diferente, um ser estranho dos demais, porque eu argumentava e sabia sobre o que argumentava e ainda procurava esclarecer sobre aquilo que argumentava, usando a Língua Portuguesa. Pois então, esse tipo de pessoa preocupada em informar, orientar e sobretudo esclarecer e contextuar o assunto, no meu caso específico como professor, mas esse tipo de pessoa existe (existia) em qualquer profissão ou em qualquer área do saber, agora está em extinção, porque hoje é difícil encontrar alguém que ainda se expresse e se faça entender corretamente em bom Português.

Atualmente pessoas do tipo acima citado são verdadeiras raridades, pois são entidades diferentes da realidade sociológica que se propaga. A Sociedade hoje, investe pesadamente num padrão bastante diferente desse, onde o conhecimento, mormente linguístico, e tudo que ele produz de bom ao indivíduo humano não consiste mais numa característica essencial e importante dos indivíduos de nossa espécie, pelo menos aqui no Brasil. Não precisamos conhecer basicamente mais nada, basta apenas existir e sobreviver.

Pois então, como eu não concordo com essa vida insignificante e sem sentido da atualidade, que desprestigia o conhecimento e prioriza futilidades, eu tenho que confessar que estive tremendamente enganado ao longo de minha vida. Eu pensava que agradava com meus discursos e minhas preleções, onde, aparentemente, todos ficavam extremamente atentos, mas na verdade a maioria dos espectadores apenas escutava (se é que escutava mesmo) as minhas palavras e talvez imaginava algo sobre minha pessoa. Hoje eu sei que a grande maioria desses espectadores, nunca foram expectadores, porque nunca houve expectativa, pois de fato eles não me ouviam, eles apenas visualizavam a minha fala.

Na verdade, talvez, eles apenas admirassem a minha capacidade de colocar as palavras e demonstrar o meu conhecimento sobre um determinado assunto abordado, mas na mente deles, esse conhecimento, que era exclusivamente meu, constituía-se numa grande bobagem, porque o conhecimento para eles está no computador e infelizmente eles são incapazes de querer pensar de outra forma. Quer dizer, a atenção era resultante do espanto de ver que alguém é capaz de saber alguma coisa, às vezes, até muita coisa, independentemente da existência ou não do computador. Possivelmente, alguns nem imaginem, que quem criou as informações e colocou-as dentro do computador foram seres humanos como nós.

Para esse tipo de espectador, o “Tio Google” é um gênio, que nasceu sozinho, culto e inteligente e o “Tio Luiz” é um infeliz que estudou e trabalhou muito porque alguém impôs, ou porque ele queria ser melhor que os outros, ou porque não havia coisa melhor para fazer com o seu tempo, ou ainda porque não havia outra forma de ser, mas hoje tudo isso é dispensável e ninguém precisa obter conhecimento, porque o Google já tem toda a informação necessária. É lamentável, mas esta é uma triste realidade.

Pois então, o perigo reside exatamente nesse aspecto, ou seja, na coletividade acreditar que ter conhecimento é algo dispensável. Tem muita gente achando que, como a informação está no computador, ninguém mais precisa se preocupar mais com ela e muito menos em adquiri-la. Desta maneira, “adquirir conhecimento passou a ser uma grande perda de tempo, que não serve para nada”.

O resultado desse descalabro social é o desprezo pelo conhecimento e por qualquer atividade intelectual, principalmente linguística, e o consequente crescimento da bestialidade social, que só se importa com amenidades. Infelizmente a cultura linguística virou sinônimo de futilidade. Como já dizia o saudoso Sérgio Porto (“Stanislaw Ponte Preta”), no seu FEBEAPA (Festival de Besteiras que Assola o País), lá na década de 1960, os erros linguísticos são terríveis. Se os erros já eram terríveis e inadmissíveis naquela época, agora então, o que dizer?

Pois então, as coisas continuam piorando e as perspectivas estão cada vez mais desagradáveis e comprometedoras para a própria sociedade brasileira, que está intelectualmente e linguisticamente cada vez mais pobre. É claro que a língua é dinâmica e obviamente muda com o tempo. Porém, ao contrário do que está acontecendo, a língua, deveria crescer e mudar para melhor, se tornando mais rica com o tempo e essa sua diversidade crescente deveria ser algo natural e inspirador. 

Entretanto, o que se tem, tristemente, observado é uma redução da diversidade língua e da capacidade de comunicação falada e escrita no idioma pátrio. Isto é, a língua portuguesa está cada vez mais pobre, mais generalizada (vulgarizada) e pouco falada e menos escrita ainda. Na verdade, aqui no Brasil hoje, se fala um tipo de “idioma” que consiste numa mistureba de gírias ilógicas, incrementada por palavras de outros idiomas, principalmente o Inglês, que gera uma coisa terrível e quase ininteligível para algumas pessoas, principalmente aquelas mais velhas.

E vejam que eu não estou nem me referindo a essa questão de acabar com o conceito linguístico do gênero das palavras e outros absurdos que estão sendo propostos por alguns analfabetos funcionais, manuseados por outros interesses e envolvidos com outras questões sob o comando de quem quer que seja. Enfim, a bestialidade só aumenta, o país claudica, a nação emburrece e a Língua Portuguesa, lamentavelmente, acaba sendo, quem mais sofre e o que menos importa a todos.

Por outro lado, ainda cabe dizer que essa linguagem diferente e estranha é um “idioma” progressivamente mais bagunçado e sem sentido, que esconde e nega a verdadeira língua portuguesa, além de deformar as demais línguas envolvidas, com criação de termos totalmente incongruentes e teratológicos. Por exemplo, aqui no Brasil se estraga o português e o inglês ao mesmo tempo, quando se cria uma palavra como “X burguer”, porque, ao menos no sanduiche, o cheese do queijo em inglês já virou “X” no português e assim, tem gente comendo sanduiche de” X com hamburguer”, pensando que é queijo com hamburguer.

Eu sinceramente acredito que deveria existir um certo limite para tanto absurdo linguístico e entendo que a própria sociedade deveria se unir no sentido de dar um basta nesta situação que não agrega nenhuma valor à nação brasileira. Ao contrário isso leva a uma situação lamentável e vexatória, que apenas demonstra o quanto a sociedade brasileira ainda está longe de entender os valores nacionais primários.

Franz Kafka, um cidadão da República Tcheca afirma que: “a única coisa que temos que respeitar, porque ela nos une, é a língua”; “Fernando Pessoa, um cidadão Português, disse que: “minha pátria é minha língua”, aquela mesma língua que Olavo Bilac, um cidadão brasileiro chamou de: “a última flor do Lácio”, inculta e bela” e afirmou que: “a pátria não é a raça, não é o meio, não é o conjunto dos aparelhos econômicos e políticos: é o idioma criado ou herdado pelo povo”.

Pois é, foi nessa mesma língua portuguesa que Rui Barbosa se tornou o “Águia de Haia” e afirmou que: “a palavra é o instrumento irresistível da conquista da liberdade”. Infelizmente, na atualidade, grande parte dos brasileiros não consegue perceber os grandes significados contidos em cada uma dessas curtas sentenças e assim destroem propositalmente o nosso querido idioma pátrio e agem para que o país siga seu rumo sempre atrás de outras nações.

Luiz Eduardo Corrêa Lima (66) é Biólogo, Professor, Pesquisador, Escritor, Revisor e Ambientalista. É Membro da Academia Caçapavense de Letras (ACL), da Academia de Letras de Lorena (ALL) e da Academia Rotária de Letras do Vale do Paraíba (ABROL-Vale do Paraíba)