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15 out 2023
DIA DO PROFESSOR: 60 ANOS DE “FESTA”

DIA DO PROFESSOR: 60 ANOS DE “FESTA”

Resumo: Proponho uma análise reflexiva sobre algumas atividades que atualmente estão sendo desenvolvidas por muitos professores. Entendo que a educação é a base do desenvolvimento sustentável de um país e o professor que deveria ser artífice desse mecanismo, em grande parte, tem caminhado no sentido errado, quando valoriza algumas peculiaridades, deixando de lado o todo da população.


Há exatos 60 anos, o então Presidente da República Federativa do Brasil João Goulart, através do Decreto 52.682 de 14 de outubro de 1963, estabeleceu o dia 15 de outubro como o Dia do Professor. De lá para cá, a data tem sido comemorada, cada vez com menos pujança, haja vista que a profissão e seu prestigio profissional seguem em decadência vertiginosa no país. A data escolhida em alusão a criação do Ensino Elementar no Brasil, através da Lei de 15 de outubro de 1827, estabelecida pelo Imperador Dom Pedro I e que criou a obrigatoriedade do ensino de primeiras letras em todos os lugarejos do território nacional.

Como forma de lembrar a data e sua história, eu resolvi aproveitar este momento “festivo” para propor à toda sociedade, em particular aos colegas e amigos professores, para que façam comigo uma reflexão, no sentido de tentar salvar aquilo que nos resta como verdadeiros profissionais da educação. Depois de quase 70 anos de vida e quase 50 anos de exercício efetivo do magistério, acredito que posso emitir alguma opinião sobre o que está acontecendo no país, em relação ao sucateamento da educação e da nossa nobre profissão de professor.

Os professores do passado queriam mostrar às pessoas e ao mundo as inúmeras possibilidades, considerando a grande mágica que a educação poderia fazer na vida de cada ser humano. Entretanto, na atualidade, os professores estão longe daquela pretensa vontade. Tristemente a visão dos últimos anos tem sido outra.  Atualmente muitos dos professores, aparentemente, querem apenas uniformizar e, se possível, igualar mesmo toda a sociedade, numa condição de mesmice generalizada e indistinta. Se antes o desafio era mostrar a diversidade e sua importância para o aprendizado e à vivência social entre os seres humanos, tentando conviver mais e melhor, com e apesar dessa mesma diversidade. Agora está tudo muito diferente e a realidade é bem outra, pois agora a diversidade é usada como “arma” contra os que são menos diversos.

Hoje a diversidade tenta se impor como condição especial nas escolas e a história humana vai se fazendo por conta de intrigas e questões sociais criadas para transformar em problemas as diferenças naturais entre os seres humanos. E os professores assistem a tudo como se isso fosse normal, quase sem interferência ou com interferência comprometida. Os poucos que tentam interferir coerentemente acabam sendo massacrados por forças estranhas à educação.

Na atualidade as pessoas significam pouco ou nada, o que importa são as suas características distintas. Deste modo, quanto mais características distintas e peculiares, maior é a importância dos indivíduos e isso acaba sendo reforçado nas suas respectivas mentes, pela escola, pelo professor e principalmente pela mídia maldosa e nojenta que domina o cenário e investe maciçamente na segregação da sociedade. Nossa sociedade caminha através da criação de problemas oriundos diretamente ou intensificados pela mídia impiedosa que apenas quer ver “o circo pegar fogo”.

O desafio do professor atual é ser e fazer de maneira diferente desse padrão ilógico e anti-humano que se estabeleceu, tentando demonstrar que se somos tão bons tendo tais características diversas, podemos ser muito melhores se não nos objetivarmos especificamente a elas. Isto é, devemos tratar nossas características naturalmente, haja vista que elas são naturais, entendendo que nem eu e muito menos o outro ser humano, tem qualquer culpabilidade causal pela existência dessa característica. Tudo é consequência da diversidade natural da própria humanidade e que ninguém é melhor ou pior por apresentar o aspecto A, B ou C, pois somos todos seres humanos.

Nossa humanidade deve suplantar a nossa vontade e sobretudo, o nosso egoísmo. Não se trata aqui de deixar de lado as coisas para criar mártires, mas sim de produzir pessoas melhores e mais envolvidas com os demais seres humanos, apesar de todas as diferenças possíveis e existentes na sociedade. Está faltando humanidade e sobrando arrogância e egoísmo nos diferentes grupos sociais e isso começa pelas escolas na presença dos professores. A sociedade está em guerra por questões pouco importantes para os seres humanos e que não têm, verdadeiramente, nenhum significado para melhoria da vida de todos.

Considerando que os professores são os principais artífices da mudanças na sociedade, cabe a eles, mais diretamente, a responsabilidade maior, pela condução das mudanças que deve interferir positivamente nesse quadro social esdrúxulo e confuso. Entretanto, é preciso que os professores queiram efetivamente fazer isso e para tanto algumas coisas têm que acontecer. Será necessário exterminar essas escolhas inúteis e nefastas de criar seres humanos piores ou melhores aqui e ali, para atender aos interesses de alguns malfeitores poderosos, cujo interesse único é contaminar a sociedade cada vez mais para beneficiar os seus próprios interesses.

Os professores são os únicos profissionais capazes de cumprir essa árdua tarefa, mostrando a sociedade que a diversidade é salutar e que devemos conviver perfeitamente com ela, sem preconceitos, sem exageros e principalmente sem arbitrariedades sociais para justiçar esse ou aquele fim. A função dos professores é lembrar a todos os alunos e demais membros da escola que, antes e acima de tudo, somos todos seres humanos e que só evoluiremos como humanos, se respeitarmos os direitos dos demais seres humanos. Não devemos investir em guerras sociais, mas sim em consensos humanitários mais significativos.

Essa tarefa complicada será realmente um grande desafio, no atual estágio em que a humanidade se encontra e se alguém pode fazer isso acontecer, certamente é o profissional da educação, ou seja, o verdadeiro professor. Cabe ressaltar que o professor é o agente que convive com toda a diversidade social e atua na orientação e na instrução da sociedade. A escola, local de trabalho do professor, é um minimodelo da sociedade e os professores, que são os mantenedores desse modelo, podem e devem, obviamente se quiserem, tomar as rédeas desse compromisso e tornar a situação bem melhor do que o que temos visto.

Por conta disso, é que precisamos, cada vez mais, de professores capacitados e eficientes. Professores desvinculados de obrigações sociopolíticas e versados na verdadeira história da humanidade e não em interesses particulares de quem quer que seja. O futuro que nos aguarda, depende exatamente dos professores compromissados com a humanidade e atuantes nas questões disciplinares e sociais, sem paixões e principalmente sem vínculos doutrinários, para poder garantir a instrução às pessoas e a educação ao seres humanos e a humanidade como um todo.

Aqui, é bom lembrar que ensinar não é sinônimo de educar. Ainda que quem educa certamente ensina, a recíproca não é verdadeira. Educar, antes de tudo, envolve na liberdade de escolha e ação do educando, enquanto ensinar envolve em instruir e treinar para fazer algo, independentemente da escolha. A instrução é programada e espera um resultado, mas a educação transcende qualquer limite programado e ela só se dá efetivamente, quando o educando é capaz de se realizar por si só, quando o educando não mais precisa do educador e quando ele é capaz de modificar e de reverberar a partir daquela ideia inicial. Educar é muito mais do que ensinar e instruir.

Por outro lado, a diversidade humana é fundamental para nos permitir mais acertos do que erros no aprendizado das inúmeras ações sociais e humanitárias. Entretanto, como, atualmente, alguns resolveram priorizar certas diversidades e enfatizar suas existências, como se fossem “modelos sociais” a serem estabelecidos e obviamente a coisa tem fugido da lógica. Esses “modelos sociais” passaram a exigir regras precípuas, haja vista que certas características da diversidade humana que eles possuem, acabaram sendo entendidas como “superiores” e assim eles querem ter estabelecidas suas vantagens sociais.

Ora, discutir diversidade dessa maneira, numa sociedade plural, onde há diversidade em tudo e em quase todos, além de não fazer nenhum sentido, não pode ser um bom negócio para a própria sociedade. Isso só pode gerar conflito, porque obviamente, todos querem ter um direito a mais e um dever a menos. Desta maneira a sociedade se transforma numa verdadeira Torre de Babel, onde cada qual cuida de falar a sua língua e o outro que de se vire. Isso só serve para individualizar e a corporativar mais as relações que cada vez são menos públicas e mais particulares.

Deste modo, precisamos de seres humanos melhores, mais preocupados com a humanidade e não de pessoas robotizadas ou autômatos que desempenham uma função, mas que não sabem o porquê de cumprirem aquela determinada função dentro da sociedade. Consequentemente, a reflexão, o entendimento, a compreensão e a criação consequente, que são os principais frutos da educação e que são fundamentais para a melhoria das pessoas e da sociedade, não conseguem ser efetivados.

Pois então, o professor, que deveria ser o profissional capaz e responsável por construir e aperfeiçoar essa sociedade, infelizmente está cada vez mais raro, pois hoje qualquer instrutor (adestrador) sem nenhuma vergonha, se entende como um professor, mesmo quando apenas repete e exige o que não conhece e, o que é pior, a sociedade concorda com isso. A verdade é que, tristemente, as escolas estão cheias de picaretas travestidos de professores.

Deste modo, as pessoas (alunos), quando muito, são apenas treinadas para fazer (repetir) coisas. Não importa se essas coisas são boas ou ruins para a sociedade e muito menos para humanidade. A prática usual da coisa é o que importa. As consequências advindas não interessam a ninguém, ou interessam apenas a alguns privilegiados da sorte pela diversidade. Ora, me desculpem, mas quem age assim, não é um professor de fato, quando muito será um instrutor de qualidade bastante questionável, que até poderá, ocasionalmente, formar bons profissionais, mas jamais ensinará a pensar e muito menos refletir no interesse humanitário.

As escolas e as salas de aulas estão cheias de gente assim, “ministrando aulas” e isso tem favorecido drástica e acentuadamente a ruptura da sociedade e complicado bastante a nossa condição de ser humano. Essa situação tem feito muitas pessoas assumirem posturas e condutas sociais que não trazem nenhum benefício social e, o que é pior, que geralmente causam imensos conflitos e acabam sendo anti-humanas. Os professores poderiam e deveriam intervir na amenização desses problemas, mas muitos deles assumem posições que só servem para acirrar as batalhas, ao invés de atenuá-las, porque eles estão diretamente envolvidos nessas respectivas questões.

Senhores, vamos refletir sobre essa situação complicada e procurar atuar na sua resolução, através da orientação de uma convivência pacífica entre os diferentes grupos e interesses sociais. Todos nós temos preferências e prioridades, mas nenhum de nós é mais importante que qualquer um de nós na sociedade. Ninguém pode se assumir como dono absoluto dos direitos, da verdade e que o resto que se dane. É na escola que essa particularidade tem que voltar a ser ensinada e o verdadeiro professor é o sujeito social que pode, se quiser, começar a resolver essa questão.

Professores melhores, levarão às escolas melhores e às sociedades melhores, sem discriminação e sem qualquer viés ideológico. Valorizemos a diversidade humana e convivamos bem com ela. Certamente quase ninguém aceita integralmente todas as peculiaridades sociais, pelos mais diversos motivos, mas todos têm ciência de que dependem da sociedade para continuar se sentindo vivo e da humanidade para continuar se sentindo humano. A única maneira de conseguirmos atender os nossos anseios socio-humanitários e respeitando os direitos e os deveres de toda a sociedade, sem privilégios e sem desprestígio de quem quer que seja. Somos todos humanos e temos apenas que nos respeitar dentro dessa condição que é (deveria ser) igual para todos.

As diversidades e variedades sociais, morfológicas, comportamentais, ideológicas e psíquicas são consequência da existência da própria humanidade e isso nós não podemos mudar. Assim, nós devemos conviver bem com todas essas variantes se quisermos continuar sendo humanos. Precisamos cuidar para que não nos transformemos em monstros sociais e assim atuemos para favorecer o aumento do conflito social e consequentemente para o fim progressivo de nossa espécie. Nos denominamos Homo sapiens, então vamos fazer valer a nossa sabedoria em prol de nós mesmos.

Parabéns a todos os professores pelo Dia dos Professores e espero que todos se lembrem da responsabilidade que nós temos com nossa profissão, com a sociedade brasileira e com a humanidade. Não podemos deixar que continuem nos enganando e criando questões sociais para justificar o abandono generalizado das escolas e a desvalorização sempre maior de nossa profissão, que, apesar de todas as dificuldades, continua sendo a mais importante de todas e não pode se sujeitar a mesquinhez, a indignidade e a imoralidade de alguns.

Professores, deixem de ser marionetes e deixem de torcer para esses “oportunistas sociais” que estão por aí, apenas para criar problemas. Vamos acordar para a realidade brasileira e vamos trabalhar para atender as necessidades nacionais e realizarmos festas efetivas para a nossa profissão doravante.

Luiz Eduardo Corrêa Lima (67) é Biólogo; Professor, Pesquisador, Escritor, Revisor e Ambientalista.

15 out 2021
Dia do Professor

Até quando o “Dia do Professor” continuará sendo uma ilusão?

Resumo: O texto traz uma crítica referente a grande farsa representada na comemoração do Dia do Professor aqui no Brasil, em consequência do sucateamento desta profissão e deste profissional, que estão cada vez mais desprestigiados pela sociedade, pelos dirigentes políticos e administradores neste país.  


Mantendo a tradição dos últimos 40 anos, estou aqui mais uma vez trazendo meu artigo para lembrar do Dia do Professor. Como de costume, vou rememorar e lamentar a mesma história de sempre, ou seja, o mal uso da data ou o uso apenas político desta data que deveria homenagear a ilustre profissão de professor. Todo mundo, no mês de outubro, lembra da data do Dia do Professor. No mundo a data é comemorada internacionalmente no dia 05 de outubro, por ato da UNESCO, em 1994 e aqui no Brasil, por força do Decreto Lei 52.682, de 14 de outubro de 1963, a comemoração acontece no dia 15 de outubro.

No resto do mundo eu não sei e nem ouso afirmar nada sobre a comemoração do Dia do Professor, mas, aqui no Brasil, a lembrança da data, na verdade, ao invés de uma comemoração, parece mais um motivo para esquecer, definitivamente, que essa é a profissão mais importante que existe, porque sem ela não existiriam as outras. Deste modo, o profissional da educação e do ensino, o professor, deveria ser o profissional mais respeitado e mais prestigiado de todos. Entretanto, aqui no Brasil, esse fato, além de não ser estimulado como verdadeiro, também está muito longe de qualquer coisa parecida.

Nosso país, além de não prestigiar, como deveria, em absolutamente nada profissão de Professor, também está muito longe de qualquer mérito no que diz respeito às áreas de trabalho do professor, ou seja, a educação e o ensino, nos últimos anos totalmente sucateadas no país. Assim, quando se fala na comemoração do dia professor nesse país, só pode ser pura demagogia, porque na verdade os governos e a sociedade brasileira, costumeiramente, não têm achado nada importante a educação e muito menos a profissão de professor. Aliás, pelo contrário, de maneira geral, a educação tem piorado progressivamente e a profissão de professor, sob todos os sentidos, tem valido menos.

Sou suspeito para falar dessa questão, porque sou professor e me orgulho imensamente de ter exercido essa ilustre profissão ininterruptamente por longos 45 anos (1976 a 2020). Aliás, eu continuaria exercendo, se não fosse exatamente a má vontade o desinteresse efetivo de algumas instituições de ensino do país na educação e o desinteresse particular por aqueles professores que acreditam e defendem a educação e que entendem o exercício da função de professor, deveriam ser prioridade nesse país.

Isto é, ultimamente, por questões outras, que embora injustificáveis do ponto de vista educacional, ainda interferem bastante em muitas instituições de ensino. Dessa maneira, muitas vezes a educação tem trabalhado contra a ilustre figura do professor e consequentemente contra a própria educação. Bem, mas, deixemos isso de lado e vamos voltar ao objeto desse artigo que é o Dia do Professor.

O Dia do Professor, foi criado para lembrar da importância do profissional de educação e de ensino. Embora, por um lado, tenha sido uma tarefa bastante árdua e trabalhosa, principalmente, por conta das dificuldades operacionais e trabalhistas em relação à profissão. Mas, por outro lado, certamente muito prazerosa e gratificante, particularmente quando se tem o devido reconhecimento por parte da maioria dos alunos e o incentivo por parte de muitos colegas de profissão.

Esta data, que deveria ser um marco educacional nacional, apenas tem servido para que os professores demonstrem anualmente o seu descontentamento e a sua angústia quanto à sua situação profissional e quanto ao descaso da educação no país, como eu estou fazendo, mais uma vez, nesse momento. O Brasil, depois de uma série de erros ocasionais e mesmo intencionais dos governos que se sucederam nos últimos 30 anos, só caminhou para trás na área educacional.

Diante dessa situação caótica, o coitado do verdadeiro professor ficou perdido no exercício da sua função e na sua capacidade de reivindicar, porque qualquer picareta passou a ter direito de assumir a condição de professor e com isso, cada vez mais o verdadeiro professor foi desqualificado como profissional. Infelizmente, na atualidade, na situação funcional do professor profissional tem sido possível encontrar de tudo. Deste modo, tem muita gente por aí “ministrando aulas” e “ensinando”, sem nenhuma condição.

Ou seja, o professor verdadeiro, está diluído no meio de outros profissionais e assim as questões profissionais da categoria se dispersaram no contexto. Quando se comemora o Dia do Professor, na verdade se comemora o dia de uma série de outros profissionais que ministram aulas das mais diversas matérias, muitas vezes sem as mínimas condições cognitivas e profissionais. É claro que também há muita gente competente nesse rol, porém a maior parte não está nem aí com a educação, o ensino e com a profissão de professor. É exatamente por conta disso que a profissão de Professor não se fortalece e o Dia do Professor fica cada vez mais lendário.

Não sei até quando o país seguirá nessa tendência de progressivamente acabar com o Professor e não posso afirmar até quando a população brasileira consciente conseguirá aguentar essa triste contingência. Também não sei até quando os verdadeiros professores vão continuar resistindo a esse descalabro, mas tenho certeza de que essa situação necessita ser modificada para o bem do país. É preciso reencontrar o fio da história e voltar a situação de ter a educação como prioridade nacional e o professor como o principal agente profissional do processo de educar e ensinar, para que o Brasil possa chegar ao lugar que merece no cenário internacional.

Se esse fato acontecer com o Brasil voltando a entender que a educação deve ser o fundamento primário de qualquer país, aí sim o professor poderá passar efetivamente a comemorar o seu dia de maneira devida. Caso contrário, continuaremos na nossa hipocrisia, “enxugando gelo” e enganando a população, fazendo festa por uma data que não se justifica, porque ela é uma mera ilusão, que serve apenas para mascarar a triste realidade da educação nacional.

Alguns loucos, dentro os quais eu me coloco, estão reclamando por isto há muito tempo, mas parece que ninguém quer ouvir. Nós, continuamos aguardando que aqueles que detém o poder, parem de discutir inutilidades e que se envolvam efetivamente naquilo que é importante. Por outro lado, esperamos também, que a sociedade passe a se manifestar mais e atue de maneira mais efetiva, exatamente na única questão que pode nos tornar um povo melhor, isto é, na educação.

É fundamental que nós não nos esqueçamos de que existe um profissional específico para essa área de atuação, que é o Professor. Além disso, também é importante considerar que esse sujeito tem que ter as devidas qualificações para exercer o magistério: vocação, conhecimento específico da matéria, cultura geral, didática e capacidade de argumentação. Os picaretas do magistério que estão por aí, algumas vezes até com apoio das próprias instituições de ensino, porque custam menos aos cofres dessas instituições, precisam ser banidos da educação. 

Somente assim, lá na frente, poderemos novamente comemorar, de fato e de direito, o Dia do Professor, porque aí a data terá sentido verdadeiro. Por enquanto, seguimos por aqui, esperando e torcendo para que haja luz na mente dos brasileiros, em especial nas mentes daqueles que detém o poder e dos que atuam como dirigentes das instituições de ensino desse país. A incerteza e a desconfiança com muitos dos profissionais que atuam na Educação, talvez sejam as principais causas da má qualidade do ensino no Brasil e as autoridades precisam estar atentas a esse fato.

A Educação é uma tarefa fundamental para a sociedade e por isso mesmo, deve ser realizada por profissionais capacitados e devidamente habilitados e esses profissionais devem comemorar o seu dia com alegria, entusiasmo e otimismo e não com tristeza, indiferença e pessimismo. Assim, com muita ponderação, eu quero deixar aqui os meus Parabéns aos verdadeiros professores do país por mais uma 15 de outubro: “Dia do Professor”.

Luiz Eduardo Corrêa Lima (65) é Biólogo, Professor, Pesquisador, Escritor, Revisor e Ambientalista

15 out 2020

DIA 15 DE OUTUBRO DE 2020: UMA HOMENAGEM NECESSÁRIA

Resumo: O texto tem o objetivo de homenagear os Professores na passagem de mais um 15 de outubro (“Dia do Professor”), além de reconhecer e enaltecer o trabalho especial desenvolvido por esses profissionais ao longo desse período de Pandemia. Em que pese a má vontade de alguns administradores públicos e de setores da imprensa, os professores produziram um verdadeiro espetáculo de improvisação, criatividade e profissionalismo, para garantir o funcionamento das escolas e a continuidade das aulas, nesse momento conturbado que o país e o mundo estão passando.  


Quando o ano de 2020 começou, pelo menos aqui no Brasil, ninguém imaginava o que ainda estava por acontecer, nesse ano atípico. O início do ano foi normalíssimo e transcorreu dentro do que se espera comumente, com as festas de ano novo e as férias de verão da maioria das pessoas, durante o mês de janeiro. Passada a normalidade festeira e festiva do mês de janeiro, começou fevereiro e como sempre o carnaval foi o destaque nacional e ele também aconteceu normalmente, embora já se ouvisse falar, ao longe (“bem longe”), sobre um vírus oriundo da China que poderia trazer consequências mundiais desagradáveis. Porém, como estamos a quase 17.000 Km da China, por vários aspectos, esse vírus não deveria para nos preocupar, ao menos naquele momento e o carnaval transcorreu festivo como sempre.

Logo após ao carnaval, as aulas começaram nas escolas, em todos os níveis de ensino. E foi aí que o bochicho sobre o vírus chinês começou a crescer, inicialmente o problema já estava sério lá pela Europa. A distância agora era de apenas 1/3 da citada anteriormente, pois estava em cerca de 6.500 e não mais os 17.000 Km de distância iniciais, mas, ainda assim, tudo seguia aparentemente dentro da normalidade aqui no Brasil. Até que, no início da terceira semana de março (do dia 15 ao 21), precisamente no dia 17 de março (terça-feira), tudo mudou da água para o vinho ou se preferirem, da certeza de que o ano seria apenas mais um, igual a tantos outros já vividos, para o estranho, perigoso e assustador ano de 2020, que estamos vivendo.

De repente, foi decretada uma parada geral e estabelecida uma quarentena no país. Todos tinham que ficar em casa, porque a doença, denominada COVID 19, que é causada pelo Corona vírus, SARS-CoV-2, já estava por aqui e embora ela tivesse baixa taxa de letalidade, por outro lado, o vírus possuía grande poder de transmissibilidade. Assim, se não houvesse cuidado, muita gente seria contaminada ao mesmo tempo e os setores de saúde não teriam, o suporte físico e estrutural, para resolver todas as questões e o caos seria instalado no país. A recomendação foi ficar todo mundo em casa isolado, esperando que o pico da pandemia passasse.

O setor da Educação é o que envolve o maior número de pessoas no país, com mais de 25% da população. São mais de 50 milhões de estudantes, quase 3 milhões de professores e mais de 1 milhão de funcionários. Isso diretamente, mas se considerarmos, os gestores, os transportadores, os fornecedores de alimentos, os administradores de cantinas, os geradores de matériais didáticos e vários outros, certamente esse número chegará a quase 40% da população brasileira, ou seja, mais de 80 milhões de brasileiros, a grande maioria jovens.

De repente tudo parou e obviamente a educação, com os já citados, quase 80 milhões de pessoas envolvidas nesse setor, tendo que parar também. As aulas foram suspensas em todos os níveis de ensino. E agora o que e como fazer? Não vou me ater aos demais 130 milhões de brasileiros, mas quero falar desses 80 milhões que vivem direta ou indiretamente na dependência da educação nesse país. Em especial vou me referir aos 3 milhões de professores desse país.

Bem, na fatídica semana de 15 a 21 de março de 2020, que foi a mais conturbada que já presenciei do alto dos meus 64 anos, mais de 60 deles dentro de escolas. Desde então, houve de tudo que se possa imaginar de problemas nas escolas. E agora? Como vai ser? O que vai acontecer? Como deixar mais de 40 milhões de crianças e jovens em casa sem atividade?  É interessante, mas como um passe de mágica, já na semana seguinte, praticamente tudo já estava relativamente solucionado e muitas escolas já estavam definindo e trabalhando numa nova rotina, porque os professores não perderam tempo e sabiam muito bem de suas respectivas responsabilidades.

Aulas remotas, aulas virtuais e pesquisas na INTERNET, rapidamente saíram da cartola, porque a educação não pode parar. O profissional do Ensino, o PROFESSOR, tal qual um camaleão, teve que se travestir, se mascarar, se camuflar e se adaptar às novas necessidades imperantes. E assim, um novo modelo de escola e de ensino começou a surgir e seguiu até o final do Primeiro Bimestre Letivo, porque ainda havia esperança de que a “coisa” fosse passar depressa. No entanto, a crise se agravou e o país, entrou por inteiro dentro dela. Ou seja, a “coisa” não passou e houve necessidade de se manter o padrão diferenciado das aulas.

Veio o Segundo Bimestre Letivo e a situação continuou se agravando e ainda no final do primeiro semestre o Ministério decidiu que as aulas continuariam remotas, também para o Segundo Semestre Letivo (a portaria estabelecida foi obrigatória somente para as Instituições de Ensino Superior). Em julho houve férias dos professores, mas em agosto a situação permaneceu a mesma e assim está transcorrendo o ano letivo de 2020 até agora. As escolas estão vazias, mas as aulas, os professores e os alunos, salvo aquela semana de março, NUNCA PARARAM e estão em plena atividade.

Estamos em outubro e somente agora, é que algumas escolas e alguns setores escolares estão começando a voltar à condição anterior àquela que se estabeleceu em março. Mas, mesmo assim, essa é uma condição provisória, porque a situação ainda é bastante preocupante e, de repente tudo pode retornar. De qualquer maneira, as Instituições de Ensino Superior e a maioria das escolas de Ensino Fundamental, vai continuar funcionando remotamente até o fim do ano.

A separação, o isolamento, o afastamento do convívio social, enfim o confinamento produzido pela quarentena não conseguiu parar as escolas e sua importância para a sociedade, embora tenha mudado notoriamente suas aparências. As escolas viraram espaços imensos sem pessoas, prédios vazios, grandes desertos arquitetônicos. De repente, se descobriu que a escola não tem que ser necessariamente um prédio cheio de pessoas. Muito embora a socialização das pessoas também seja parte importantíssima do processo educacional e obviamente a escola também tem que se ligar nessa questão. Entretanto, esse aspecto foge ao propósito desse texto.

Com o prosseguimento da mudança dessas aulas diferentes do padrão que estava até então estabelecido, ou seja, com as aulas presenciais passando a ser aulas remotas e virtuais, iniciou-se uma nova realidade nas escolas. Os professores tiveram que, literalmente, se virar e aprender muito além de suas especialidades e habilidades. Os eletrônicos passaram a ser importantes ferramentas de ensino e bem naquela situação do ditado que diz: “a condição faz o ladrão”, o computador, o “tablete” e o celular (antes tão discutido sobre seu uso nas escolas), passaram a ser ferramentas obrigatórias da educação e do processo ensino-aprendizagem.

Mas, não foi tão simples assim, porque essa necessidade dos eletrônicos e da informática, gerou outros tipos de problemas, que tiveram que ser superados e que ainda não foram totalmente resolvidos. Além da grande quantidade de analfabetos e semianalfabetos digitais e dos muitos carente de conhecimentos de informática do país, também existe uma questão socioeconômica real nessa situação, haja vista que nem todos, tanto as escolas, quanto os alunos e os professores, tinham possibilidade de acesso e de aquisição dessas ferramentas.

Vejam bem, a situação era bastante complicada e a dificuldade era tríplice: não possuir o equipamento, não saber usar o equipamento a contento e transformar o uso mal visto do equipamento em algo útil, importante e necessário ao ensino. Mas, ainda assim, o resultado foi (está sendo) muito bom. Muitos professores e eu me incluo nesse grupo, teve e continua tendo, muita dificuldade, mas não houve esmorecimento e todos continuaram trabalhando, um ajudando ao outro naquilo que era possível. Tudo isso, porque os professores sabem que o aluno, as aulas, a escola e a educação são as coisas efetivamente mais importantes, pois só elas podem mudar esse país e melhorar a qualidade de vida das pessoas.

Meus amigos, depois de toda essa exposição, eu quero dizer o seguinte: nesse dia 15 de outubro de 2020, em que se comemora mais um DIA DO PROFESSOR, é muito simples. Quero lembrar desse verdadeiro Herói Nacional, que apesar das divergências políticas, num ano complicado, foi à luta e se virou em adquirir ou em arrumar o material para trabalhar, estudou e está estudando e aprendendo sobre coisas que nada tem a ver com sua formação e muito menos com sua disciplina de interesse didático-pedagógico. Professor, parabéns. Quero que esse dia seja, de fato, um dia bastante especial na sua vida

O professor fez e está fazendo isso tudo, porque ele acredita e sabe que a educação precisa ter continuidade e embora o país tivesse parado a educação tinha que seguir seu rumo, como se tudo continuasse igual aos anos anteriores. O professor, esse profissional camaleão, mostrou que que sua função é insubstituível, que seu valor é indiscutível e que sua responsabilidade com a nação brasileira está muito acima da miséria de salário que lhe pagam na maioria das vezes. Aliás, cabe lembrar que a maioria dos professores está, de fato, trabalhando muito, alguns além da própria capacidade física. Mas por que isso?

Porque os professores sabem que sem educação não há solução e agora esperam que as autoridades, os poderes constituídos do país, e a sociedade como um todo entendam de uma vez por todas que sem professor não há educação e que sem educação não há nada. Não fosse o professor esse sujeito especial e esse país do absurdo e das maracutaias também estaria efetivamente fadado a ser o país da desgraça e da ignorância. Graças a Deus, que a maioria dos professores é constituída de pessoas do bem.

O país quase todo de quarentena e o Professor trabalhando mais e recebendo menos pelo seu trabalho. Trabalhando mais, porque teve que correr para tentar aprender novas técnicas e usar novos aparelhos eletrônicos para desenvolver seu ofício e recebendo menos porque por decreto todos os trabalhadores do país, inclusive os professores, tiveram seus salários diminuídos. Só houve exceção para os administradores e políticos safados e picaretas desse país, muitos dos quais quase nunca trabalham, nem mesmo em tempos de normalidade. Porém, os professores que trabalharam (estão trabalhando) muito mais, que foram além, assim como o pessoal da saúde, não fizeram parte das exceções e tiveram seus salários reduzidos. 

E agora, quais as perspectivas para o final de 2020 e para 2021? Infelizmente nós não sabemos ainda o que irá e como irá acontecer. Entretanto, temos certeza de que os professores já estão preparados e se novas mudanças se fizerem necessárias, certamente os professores, como soldados em guerra, estarão na linha de frente e outra vez se reinventarão ou se camuflarão para defender a educação desse país.

O que mais dizer de pessoas e de profissionais dessa ética, desse quilate e desse grau de nacionalismo? Quero crer que devo apenas pedir aplausos e reconhecimento pelo trabalho essencial, preponderante e necessário de quem tenta manter uma sociedade mais justa e sobretudo as pessoas intelectualmente mais capazes de discernir, que o Brasil pode e deve ser o maior país da Terra e que o caminho para isso é a educação de seu povo.

Feliz Dia dos Professores e meus efusivos parabéns a todos aqueles que estão tentando ajudar a construir cotidianamente a melhora da educação desse país, independentemente de qualquer calamidade, pandemia, ou mesmo de qualquer governante irresponsável ou profissional de mídia mentiroso que usam seus trabalhos como forma de enganar a população, alguns até levianamente dizendo absurdos do tipo: “os professores estão recebendo sem trabalhar”.  Pois então, esses picaretas deveriam ter vergonha na cara e trabalhar mais pelo país, ao invés de emitir opinião sobre aquilo que desconhecem.

Mais uma vez, PARABÉNS COLEGAS PROFESSORES pelo nosso dia e por todos os dias, em que somos capazes de exercer a nossa profissão e cumprir o nosso compromisso profissional com a educação desse país, independentemente do que dizem e pensam alguns idiotas que estão por aí.

Luiz Eduardo Corrêa Lima (64)

14 out 2015

COMO MUDAR A REALIDADE DO PROFESSOR NO BRASIL?

Resumo: Por conta de estarmos na semana em se comemora o Dia do Professor, nesse artigo é apresentada uma abordagem da situação lastimável em que a profissão de professor foi colocada e também é solicitado um envolvimento maior da população no sentido de tentar minimizar o desleixo das autoridades constituídas sobre a questão profissional do professor, quando se compara essa profissão com outras. É preciso que sejam analisadas as causas e corrigidas as pendências que produziram essa situação.


COMO MUDAR A REALIDADE DO PROFESSOR NO BRASIL?

Nesta semana estaremos vivenciando mais um 15 de outubro. Desde de 1963, nessa data, comemora-se o Dia do Professor no Brasil, portanto nesse dia 15 de outubro, nós professores deveríamos estar em festa, porque estamos oficialmente completando 52 anos da nossa data comemorativa e que, no passado, já foi motivo de orgulho, de festa e de júbilo para muitos professores como nós. Entretanto, hoje é apenas mais uma data marcada no calendário, a ser comemorada por alguns obstinados e outros poucos “loucos e idiotas”, como eu, que ainda acreditam na Educação como solução e que sabem que sem o professor a Educação é apenas uma balela dos inúmeros politiqueiros de plantão que existem no Brasil. Entretanto precisamos ir em frente, pois temos um país e mais de 205 milhões de almas para melhorar de vida em todos os níveis e sem educação isso efetivamente será impossível.

Agora nossos “brilhantes” dirigentes inventaram o Plano Nacional de Educação (Lei 13.005 de 25/07/2014), que se compõe basicamente de 20 metas para serem implantadas e estabelecidas entre 2014 e 2024 e mais uma vez, esse plano “fantástico e revolucionário” envolve muito pouco a figura do professor. Apenas as metas 15, 16, 17 e 18 abordam alguma coisa sobre a profissional do magistério. Entretanto, somente as metas 17 e 18 falam alguma coisa, mas muito genericamente, sobre a questão salarial, o que é muito pouco. Meta 17: valorizar os(as) profissionais do magistério das redes públicas de educação básica de forma a equiparar seu rendimento médio ao dos(as) demais profissionais com escolaridade equivalente, até o final do sexto ano de vigência deste PNE.

Meta 18: assegurar, no prazo de 2 (dois) anos, a existência de planos de Carreira para os(as) profissionais da educação básica e superior pública de todos os sistemas de ensino e, para o plano de Carreira dos(as) profissionais da educação básica pública, tomar como referência o piso salarial nacional profissional, definido em lei federal, nos termos do inciso VIII do art.06 da Constituição Federal”.

Em suma, criar um Plano Nacional de Educação sem atribuir a devida importância ao professor é o mesmo que querer jogar futebol sem ter contato com a bola, ou seja, mais uma vez não deverá funcionar.

Ora, só pode ser piada querer falar de Educação, sem, se quer, discutir detalhadamente a melhoria das condições de trabalho e principalmente de salário do professorado nacional. Nesse país, que me desculpem as funções úteis e os seus profissionais sérios, mas, nesse país, onde a grande maioria dos profissionais ganha o suficiente para sobreviver, o professor tem que ganhar a sua vida nos bicos que consegue fazer, porque a educação, que é a área de atuação do professor, não é tratada a sério. Assim, o trabalho do professor é uma atividade quase voluntária, um sacerdócio como diziam os antigos, no qual ele se oferece prontamente por conta da paixão que tem pelo trabalho que executa e não exige nada em troca. É preciso acabar com essa lenda de achar que o professor é um tipo diferente dos demais e que não está sujeito às mesmas necessidades dos outros seres humanos.

A coisa já começa errada quando a gente observa que sempre, em qualquer profissão, alguém vende alguma coisa, mas o professor não vende nada, o professor dá aulas. (Grifo proposital do autor.) Está mais que na hora desse negócio mudar e a função de ministrar aulas passar a ser um negócio efetivo, onde o professor deverá entrar com o seu conhecimento e sua didática para vender alguma informação e produzir algum conhecimento no seu aluno, mas principalmente onde deverá ser pago condizentemente por aquilo que faz.

Cabe aqui lembrar que segundo a Constituição da República Federativa do Brasil, em seu Artigo sétimo, que trata sobre os direitos dos trabalhadores, e o professor obviamente é um trabalhador, traz estabelecido em seu inciso IV o seguinte texto: “salário mínimo, fixado em lei, nacionalmente unificado, capaz de atender às suas necessidades vitais básicas e às de sua família com moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência social, com reajustes periódicos que lhe preservem o poder aquisitivo, sendo vedada sua vinculação para qualquer fim”. Assim, o salário é muito mais que um direito, ele é sagrado e tem que ser suficiente para suprir as necessidades mínimas de quem o recebe, mas essa não tem sido a realidade para muitas profissões e muitos profissionais, principalmente para os professores, que têm necessidades específicas nas suas respectivas formações e na grande maioria das vezes, não recebem condizentemente com a formação que possuem.

Entra ano e sai ano, entra político e sai político e a situação salarial do professor nunca é resolvida. Por que isso acontece? Por que tanto desprestígio com a profissão de professor, num país onde a educação ainda é a maior carência nacional? Que mal histórico os professores fizeram aos políticos e dirigentes desse país? Só pode haver uma resposta para as perguntas acima: educação não é algo realmente que possa interessar a quem administra o Brasil e já faz muito tempo que a realidade é essa.

Mas, por que a educação não é importante para um país de mais de 205 milhões de habitantes?  Também só existe uma resposta para essa pergunta: os poderosos preferem manter o “status quo” de uma população ignorante para continuar dominando a massa idiotizada nacional. Quanto mais ignorante for a população, melhor será para quem administra, pois a fiscalização popular será sempre menor e a capacidade de cometer absurdos administrativos (leia-se roubos e falcatruas) com a conivência, ou pelo menos sem a devida cobrança da população, será sempre maior.  Os indivíduos que se sucederam no comando do país vêm, há muito tempo, trabalhando direitinho para manter esse “status quo”. Vou fazer 60 anos e não vi ninguém, ao longo desses anos, absolutamente nenhum dirigente nacional, independentemente de partido político, tentar mudar efetivamente a situação salarial do professor. Ou melhor, mudou sempre para pior. Quer dizer: ou os dirigentes são todos indivíduos de mal caráter ou são todos indivíduos contrários à profissão de professor.

Analisando friamente as duas possibilidades, eu chego à conclusão que mesmo que todos fossem realmente sujeitos de mal caráter, eles certamente teriam amigos e parentes professores e assim, mesmo por puro nepotismo, não seriam tão maldosos o quanto efetivamente são com os professores. Sendo assim, a única explicação é a segunda, isto é, os dirigentes são indivíduos contrários à profissão de professor. Mas, por que esses indivíduos teriam uma briga específica contra a profissão de professor? Talvez, porque essa é a única profissão que pode demonstrar à população, o quanto muitos desses sujeitos são canalhas e safados. Além disso, existem muitos que não eram primitivamente canalhas e nem safados, mas que são ludibriados e ficam magicamente iludidos pelos cargos que ocupam, quando se assumem dirigentes. Obviamente, todos esses indivíduos, direta ou indiretamente, temem que a população possa saber a realidade que acontece com eles.

Espera aí Luiz: você está afirmando que todos, efetivamente todos, sem exceção, todos os dirigentes do país são sujeitos canalhas e safados, que não querem ver, ou bobos que são levados a não querer ver a população brasileira ficar mais esclarecida e melhor preparada para ajudar o país a se desenvolver sustentavelmente? Infelizmente, é exatamente isso que acontece.

Obviamente muitos desses indivíduos não chegaram ao poder pensando assim, mas ao atingirem o topo, foram obrigados a assumir uma postura que privilegia tudo, menos a educação e o infeliz do professor é quem paga o pato, exatamente porque ele é o sujeito que vive em função direta da educação. Essa postura que o país apresenta e que no primeiro momento pode até não ser culpa do dirigente, mas que acaba sendo principalmente dele, em consequência de suas ações, voluntárias ou não, contra a educação e contra o professor é que precisa ser combatida. As organizações em defesa da profissão de professor têm que lutar frontalmente contra esse aspecto para que a situação econômica do professorado possa melhorar.

A propaganda, o marketing, o consumo, enfim as empresas e atividades que promovem e dependem de ações que cegam a população e apresentam inverdades como formas de felicidade é que devem ser combatidas para melhorar a educação a situação dos professores. São essas empresas e atividades que invertem a realidade e que mentem veementemente sobre as necessidades que levam alguns dos governantes a vender a alma e esquecer que foram eleitos para tentar melhorar a vida das pessoas e do lugar. O poder dessas instituições físicas e principalmente jurídicas na compra de opinião pública e na capacidade de manipular os interesses governamentais é que mascara o interesse da educação e que inibe a possibilidade de transformar o professor num profissional como outro qualquer.

Veja bem, não quero que o professor seja melhor que ninguém, só quero que ele receba o mesmo tratamento dos demais. Por que a hora de trabalho de determinados profissionais no serviço público vale R$100,00 (cem reais) e a hora da grande maioria dos professores gira entorno de R$10,00 (dez reais)? Alguma coisa está errada com esse país ou com esses profissionais, porque a diferença, nesse caso, é da ordem de 10 vezes mais. Se isso é legal, certamente não é moral. Acho que o sujeito que recebe R$100,00 reais por hora ganha de mais e o recebe R$10,00 por hora ganha de menos. Mas, eu não quero e não vou discutir sobre esse aspecto absurdo agora.

Para essas entidades do mal, aquelas que mentem para a população, o professor é realmente um monstro que precisa ser combatido, porque ele traz problemas aos seus interesses escusos e exclusivamente econômicos. As instituições que atuam na defesa dos profissionais de educação devem declarar guerra contra essas entidades, ou então a educação continuará andando na contramão e os professores, que hoje já estão na pobreza, estarão fadados a miserabilidade eterna. Os políticos sérios, que eu acredito que ainda existem, por sua vez têm que ficar atentos às manobras dessas entidades que chegam sorrateiramente evidenciando outras importâncias e esquecendo cada vez mais a educação e o infeliz do professor. Esses políticos devem tomar cuidado e se vacinarem, para também não serem infectados pelos vírus do fim da educação e da pobreza eterna dos professores.

São 52 anos da data, porém, nos últimos 40 anos, certamente só andamos na contramão, mas ainda é possível mudar a história e melhorar a vida de nossos 205 milhões de almas penadas. Entretanto isso só acontecerá, quando a educação for realmente prioridade e quando esse momento chegar (se chegar), obviamente o professor passará a ser prioridade também, porque não existe educação sem escola, da mesma forma que não existe escola sem aluno e não existe aluno sem professor.

A história recente do Brasil trabalhou para extinguir o professor e não conseguiu e nem vai conseguir nunca, porque a escola, mesmo essa escola mentirosa que está aí, também depende desse infeliz que ensina e que tenta transformar para melhor a vida das pessoas. Se nessa escola ruim o professor já é indispensável, imaginem então, quando o Brasil tiver uma educação de verdade, como esse profissional será extremamente necessário. Senhores, busquemos pois, a verdadeira educação, sem a intromissão de mídia e dos picaretas de plantão que estão historicamente fazendo desse país um local digno de pena e motivo de chacota internacionalmente.

Um pais que se estabelece entre os 10 primeiros na economia mundial, mas que está próximo de ser o centésimo em qualidade de vida e bem depois dessa condição de centésimo quando se avalia apenas a educação. Um país que possui a quinta maior população do planeta, que tem centenas, talvez milhares de Universidades, (estão cadastradas cerca de 2.400 instituições de ensino superior no Brasil), mas em que a maior e a principal delas (USP) não se encontra nem entre as 100 primeiras do mundo. Um país efetivamente carente de Educação como o nosso, precisa investir muito no professor para tentar mudar de cara e se desenvolver com toda a sustentabilidade que o mundo necessita.

O professor é certamente o único profissional que pode mudar a realidade educacional do Brasil, mas é preciso que as pessoas que atuam na área queiram verdadeiramente ser profissionais professores. Com o salário que se paga ao professor, infelizmente, só alguns “loucos” e muitos incompetentes, que não servem às outras profissões, têm se manifestado no interesse de trabalhar nessa “profissãozinha”. Se quisermos mudar essa situação, temos que melhorar a situação profissional, particularmente a situação financeira da profissão de professor, que urge por ser mais valorizada pelo bem da educação nacional.

É bom lembrar que o professor é profissional que forma todos os outros e assim, se o professor é ruim, os demais profissionais certamente também serão. Acho que o Brasil precisa refletir mais e rapidamente sobre esse significativo aspecto. (Grifo proposital do autor.)

Feliz 15 de outubro para aqueles professores que, como eu, ainda acreditam que as coisas podem mudar, que esse país tem jeito, desde que os professores competentes, os políticos sérios, a população pensante e decente queiram efetivamente se envolver na melhoria da educação nacional. Ainda poderemos viver verdadeiramente felizes dias dos professores no futuro, pois tudo pode ser melhor para a Educação, para nós professores e para o Brasil.

Referências:
BRASIL, 2012. Constituição da República Federativa do Brasil - 1988 (35ª Edição), Biblioteca Digital da Câmara dos Deputados, Centro de Documentação e Informação, Brasília, 446p.
BRASIL, 2014. Planejando a próxima década: conhecendo as 20 metas do Plano Nacional de Educação, MEC/SASE, Brasília, 62 p.

Luiz Eduardo Corrêa Lima

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