Cordel da Falta d´água na Bacia do Rio Paraíba do Sul

Resumo: O texto desta semana é um Cordel, que procura contar o que está acontecendo com a situação da água na Bacia Hidrográfica do Vale do Paraíba do Rio Paraíba do Sul e que propõe, numa linguagem clara e simples, como é típico na Literatura de Cordel, algumas sugestões do que pode ser feito para minimizar ou mesmo para resolver os problemas estabelecidos. Por outro lado, a história da Bacia Hidrográfica e da região do Vale do Paraíba do Sul, além da fé e da religiosidade da população valeparaibana também são trazidas à baila e demonstradas no texto.


 

Cordel da Falta d´água na Bacia do Rio Paraíba do Sul

Cadê a agua que vinha de riba e que descia pelo Paraíba? Cadê a água que vinha do alto e que corria pelo rio abaixo? Cadê a cheia das represas que sobrava nas barragens a mil? Cada a água de Paraibuna, Santa Branca, Jaguari e Funil? Onde está a água meu Deus? Por que será que ela sumiu? E agora que a água se foi, Para acabar de vez com a festa, Querem levar o que resta a outras paragens, outro local. Querem mandar para ribeira, fazendo subir pela Cantareira para abastecer a capital. Mas, e nós, donos da água, daqui na nossa terra natal, vamos ficar na seca total? Acho que isso não é legal. E mesmo que seja legal, certamente será imoral. Não faz sentido, eu lamento, tirar nossa alimento e sustento, trocando as águas com o tempo, deixando nosso povo ao relento. Povo que segundo a história, na passagem de muitos anos, ajudou o Brasil e sua glória. Da travessia para as alterosas, subindo ao topo da Mantiqueira, para encontrar pedras preciosas, chegando à produção cafeeira, a grande projeção brasileira, até o desenvolvimento industrial, hoje a maior riqueza regional. No que se refere a água, fazemos mais que a obrigação, doando parte dessa riqueza para gente de outra população, que segue pouco mais adiante, rio abaixo e a montante, lá no estado do Rio de Janeiro, outro grande estado brasileiro, cuja capital e cidade principal, também foi a capital Federal. No passado, naquela cidade, por sina, por vontade divina, ou apenas pura infelicidade, a falta d`água era quase total e seu solo era puro sal. Não fosse nossa colaboração, dando água àquela população, talvez toda a beleza e grandeza, daquela imensa cidade não pudesse existir de verdade. Mas, com o Rio Paraíba, nossa inteligência e prudência e também  com nossa bondade tiramos a capital da carência, com água e vida em qualidade. Nosso Vale da água abençoada, onde apareceu a famosa Santa, que apadrinha e protege o país, Aparecida, que nos encanta, e que nos torna mais feliz. A Santa que surgiu do rio, das águas Paraíba do Sul e hoje, coroada como rainha e vestida em seu manto azul, protege o Brasil de Norte a Sul. É essa água de origem mágica, o nosso manancial sagrado, que hoje está mal tratado, por desleixo, por descaso, falta de atenção e de zelo. Essa riqueza abençoada, agora está desaparecendo. Toda a Bacia do Rio Paraíba está carente e empobrecendo. A vida na região vai perecendo apesar do rio, da Santa, de nosso apelo e lamento. Esquecemos nossa missão relevante, compromisso com o futuro adiante, não cuidamos das fontes d`água, secamos muitas das nascentes, criamos situação preocupante para nós e para muita gente. Agora temos que rezar à Santa, para que ela apareça de novo e com sua força que é tanta, traga água para o povo. Nossa Santa forte e de luz, Aparecida, a mãe de Jesus, de certo nos devolverá nossa paz e o bem viver, porque a água voltará a verter. Fiquem atentos porque em breve, a nossa Bacia vai renascer, a água vai voltar a jorrar e correr e as represas de novo vão encher. Certamente não faltará água, pois Nossa Senhora vai interceder. E mesmo com nova transposição, a água seguirá abundante, e o Paraíba seguirá rumo adiante, indo atravessar o Rio de Janeiro, fertilizando aquele estado inteiro, até chegar na foz, em Atafona, onde o Atlântico lhe espera, e ele completa seu eterno ritual. Gradualmente o Paraíba se encerra, vai descansando devagar e pontual. Além de sua água milagrosa, leva o brio e força de homens e de mulheres belas e valorosas do vale a quem empresta o nome. Gente que conhece suas águas, sabem que elas são poderosas, que nunca vão parar de correr e muito menos de existir, muito embora, algumas vezes, novamente, até possam diminuir. Mas esse será apenas um recado. lembrete de Deus e da Santa, para a gente não se esquecer do rio que nos viu nascer. Cuidemos bem do Rio Paraíba e ele seguirá cuidando do Brasil, Cuidemos mal do Rio Paraíba e não haverá mais água por aqui. Nem aqui, nem na capital estadual e muito menos na ex-capital federal. Não haverá água nas represas, nem Paraibuna, nem Santa Branca, não haverá nem mesmo a pretensa transposição, do Jaguari para a Cantareira e isso soará como brincadeira. Assim, a água não chegará nem perto do lago de Funil. Todo cidadão no Rio de Janeiro de outra fonte dependerá, se quiser encher o seu cantil. Se não guardarmos toda a Bacia, qualquer coisa que se queira fazer, será apenas mais especulação, porque a água irá desaparecer e não haverá nenhuma solução. Para guardar a Bacia Hidrográfica Serão necessárias várias medidas. Manter a flora, com plantas nativas, reflorestando todas as nascentes e margens das águas correntes, controlando a erosão nociva, impedindo o desbarrancamento e controlando o assoreamento. Preservar e proteger as vertentes, garantindo o não secamento. Tratar o esgoto doméstico e industrial, evitando a poluição hídrica geral. Não usar os venenos e tóxicos, que vão se acumulando no solo, degradando todo seu potencial, exterminando os microrganismos, desertificando alguma área regional. Minimizar a poluição da atmosfera, limitando as fuligens e o metano, controlando a taxa de ozônio, óxidos de enxofre e nitrogênio, e do perigoso monóxido de carbono. Assim, melhorando o ar e garantindo nosso oxigênio. Diminuir os gases do efeito estufa, principalmente o gás carbônico, que além de causar poluição aérea, também interfere no clima total, e que hoje é causa mais séria do terrível aquecimento global. Acabar ainda com os particulados, Que há muito têm se acumulado E que causam preocupações Ao ambiente em geral, pois caem do ar sobre o chão e se acumulam por gerações, ou então correm para as água, causando mais poluição. Sigamos pois, nossa obrigação, cuidemos da Bacia inteira e auxiliemos a nação brasileira, pois Nossa Senhora Aparecida, lá do alto está nos vendo e podem estar certos que ela, com muito amor e paixão, seguirá sempre nos protegendo. Diante dessa clara situação, não faltará água à população e sobrará amor no coração, para superar outras crises e reverter qualquer situação.

 

Luiz Eduardo Corrêa Lima

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