Porque temos que plantar cada vez mais árvores?

Resumo: Neste artigo faço uma analogia do simples fato de plantar árvores com as coisas que acontecem nesse país, onde não se preocupa com o aprendizado e o conhecimento das coisas, mas, apenas com a utilidade que essas coisas produzem para alguns indivíduos de índole questionável.

A aquisição de informação e os novos conhecimentos são crescentes para toda humanidade, contudo individualmente o conhecimento é cada vez mais relativizado e consequentemente diminuído, para a maioria dos indivíduos nas diferentes populações humanas. Ou seja, a quantidade de informação e o conhecimento humano aumentam, mas o conhecimento individual, tristemente, tem decrescido.  Está cada vez mais difícil encontrarmos pessoas com um grau significativo de conhecimento e de cultura entre os cidadãos comuns, independentemente do grau de instrução e das formações específicas.

Em outras, palavras, enquanto a humanidade aprende mais, o indivíduo humano tem cada vez menos conhecimento das coisas, haja vista que ele não é mais obrigado a aprender, pois a informação fica gravada nos computadores e pode ser repetida quando necessário. É como se a memória humana estivesse perdendo o seu sentido prático.  Em suma, parece que os seres humanos estão abdicando da vontade de aprender, saber e guardar o conhecimento (memorizar).

Palavras novas surgem todos os dias e atrás delas vêm os mais diversos conceitos, definições, ilações, controvérsias e argumentações a seus respectivos respeitos. Porém, os indivíduos, progressivamente têm se afastado dessas questões conceituais e cada mais repetem aquilo que ouvem, sem procurar interpretar. Aliás, muitos, fazem mesmo questão de não entender. Vou tratar de exemplos da área em que milito mais precisa e profundamente, que é a área do Meio Ambiente. E vou partir de uma questão comum e extremamente simples. Por exemplo: Por que temos que plantar cada vez mais árvores?

A área ambiental talvez tenha sido a que mais cresceu no quanto a diversidade terminológica, complexidade estrutural e variedade de conceitos. Inúmeras palavras e ideias surgiram e assim, grande quantidade de informação tem sido produzida nesse contexto. Entretanto, coletivamente, por mais que se fale, ou melhor, que se repita palavras, parece que se entende sempre menos daquilo que essas palavras querem dizer. Ao invés de se buscar a ampliação de determinado conceito, faz-se exatamente o contrário e quanto menos complexo ele for melhor.

Há uma ausência de significado daquilo que se faz e, o que é pior, há uma imensa distância entre o que é preciso fazer e o que realmente se faz. Obviamente isso se deve a efetiva carência de compreensão das questões, que é oriunda da própria falta de conhecimento teórico sobre essas questões e ao próprio hiato que se cria entre o que faz e o que deveria ser feito. Isso gera um encurtamento das discussões e até mesmo das conversas mais simples e o uso progressivamente maior de palavras monossilábicas.

Dá até a impressão de que o simples fato de conversar assusta os envolvidos, que parecem ter conhecimento e vergonha de suas incapacidades intelectuais, mas que, por outro lado, também nada fazem de efetivo para tentar mudar essa situação vexatória. Alguém já disse que “a ignorância é uma benção” e que “boca fechada não entra mosca”, pois então isso tem sido reforçado nas conversas e discussões entre indivíduos humanos, que estão sempre mais curtas, haja vista que a mudez e ignorância são as únicas coisas crescentes nessas situações. O vocabulário das pessoas é cada vez mais modesto e limitado.

Sim, mas vamos ao nosso exemplo escolhido para tentar desenvolver melhor o meu pensamento. Eu imagino que, embora nem todo mundo esteja disposto a plantar árvores a todo momento, a grande maioria dos indivíduos humanos acha e, empiricamente, até é capaz de entender que plantar árvores é uma tarefa agradável, necessária e bastante interessante. A princípio, ninguém tem nada contra plantar árvores e muitos, embora não se manifestem abertamente, talvez, até gostariam de ter essa experiência na vida.  

Todavia, será que plantar árvores é algo efetivamente preponderante? Acredito que a maioria das pessoas possivelmente deve achar que não, porque elas entendem que existem inúmeras coisas que podem ser consideradas mais importantes e que ainda são reforçadas pela necessidade imediata e pela mídia safada. Talvez existam mesmo essas coisas mais importantes, em dados momentos e situações, porém, para todo mundo e ao mesmo tempo, poucas coisas devem existir, se é que elas existam mesmo, que possam ser tão importantes quanto plantar árvores.

Ora, então porque tem tanta gente criando problemas quanto ao ato de alguém querer plantar árvores? Por que muitos administradores públicos entendem que plantar árvores é perder tempo, além de trabalho e jogado dinheiro fora? Por que é muito mais fácil derrubar árvores do que plantar árvores? Por que sempre é mais complicado plantar do que destruir árvores?

A meu ver, essas questões não podem ser respondidas por conta da generalizada falta de conhecimento teorizado e sistematizado nas mentes dos indivíduos humanos, que, certamente, já foram muito mais capazes do que são hoje. Está faltando discussão sobre plantar árvores e todas as coisas envolvidas nessa simples questão e em outras, talvez até, mais simples. E, podem ter certeza, que a coisa só está progressivamente piorando e não se faz absolutamente nada para estancar a sangria.

Meu bisavô, foi mais coerente e consciente, que meu avô e meu avô, mais que meu pai e meu pai, mais que eu. E, certamente, meu filho tem uma percepção menor ainda sobre essa e outras questões simples do que eu. Infelizmente, assim caminha a humanidade, com uma visão sempre mais restritiva das coisas que realmente importam a vida e a todos. A visão coletiva da encurta a cada momento.

Quer dizer, os indivíduos humanos estão emburrecendo mais e ficando mais insensíveis sobre determinadas questões, consideradas erroneamente menores e menos importantes. Infelizmente, plantar árvores é uma dessas questões. Isso é uma consequência do grande mal sociológico que está assolando a humanidade, onde só tem valor aquilo que é direto, chamativo e fugaz. Aquilo que se faz por contingência ou por hedonismo. E plantar árvores é um ato demorado, discreto e duradouro, ou seja, que acontece por puro pragmatismo.

Então, é preciso que todos entendam que plantar árvores é muito mais do que apenas gerar novos vegetais arbóreos e que essa atividade envolve inúmeros conceitos e outras questões que precisam ser conversadas e discutidas entre as pessoas. Plantar árvores é garantir vida, é proteger a água e os rios, é aumentar a taxa de oxigênio, é produzir alimento, é evitar erosão, é atrair fauna, é dar prazer, é manter a temperatura amena, é transmitir mais tranquilidade.

Enfim, plantar árvores é fonte para inspiração e resolução de inúmeras outras questões que são fundamentais ao planeta e a vida, inclusive e principalmente humana. Plantar árvores, embora seja uma atividade simples, não é algo tão vulgar e inútil como muitos idiotas pensam e como muitos canalhas querem que seja e  por isso, orientam seus subordinados nessa direção. Plantar árvores é algo fundamental e que necessita ser entendido por todos.

Pois então, meus amigos, é preciso que todos os seres humanos sejam capazes de compreender que plantar árvores é muito mais do que parece ser. Plantar árvore necessita ser uma atividade realmente orientada, para que a humanidade tenha a devida dimensão da importância dessa atividade.  Ou seja, plantar árvores tem que ser uma atividade coerente e consciente, que precisa ser feita com vontade e com determinação, porque ela tem importância vital para o planeta e porque tem influência em quase todas as demais atividades humanas.

O que está acontecendo com a humanidade é exatamente isso. Há uma carência total de conhecimento das verdades e um incremento tremendo na satisfação do ego. A propósito, isso, por si só, não é um mal absoluto. O mal é que só se investe nisso e mais, se investe nisso simplesmente como engodo, para enganar e manobrar as pessoas. O não entendimento das coisas é algo pensado e programado, com vistas ao interesse de alguém que quer apenas ganhar mais dinheiro ou mais alguns votos ou quaisquer outras benesses mundanas e individuais, as quais não agregam nenhum valor humanitário.

O ser humano está sendo levado a ficar cada vez mais longe daquilo que a humanidade necessita entender. A questão poderia ser resolvida a partir do famosíssimo, mas eticamente pouco usado, tripé da responsabilidade: querer, dever e poder. Nem tudo que se quer, se deve ou se pode fazer; nem tudo que se deve, se quer ou se pode fazer e nem tudo que se pode se deve ou se quer fazer. Pois então, no Brasil, a grande maioria dos políticos pensa assim: “tudo que eu quero, eu devo e eu posso, o resto que se dane”. Se o político não quer plantar árvores, ele não planta e fica assim. Ele não se explica e assim sua ação acaba não sendo elucidada, porque não é nem, ao menos, discutida.

Infelizmente, hoje a visão que esses políticos têm é de que: o que é bom para mim é bom para todo mundo. Com essa visão eles conseguem enganar a todos e fazem o que querem. Ah! É claro, que às vezes eles até plantam algumas árvores e até podem fazer outras coisas úteis, para não se comprometerem em demasia, mas, obviamente, eles não querem que ninguém aprenda e entenda de coisa alguma. O político safado sabe que, muito mais importante do que, meramente, as pessoas plantarem árvores é que elas não tenham a devida noção da importância que essa atividade possui.

Plantar árvores não poderia ser uma ato mecânico que acontece para agradar alguns, mas, infelizmente, tem sido somente isso. Plantar árvores é uma necessidade que precisa ser esclarecida a todos os seres humanos e que tem que se estabelecer como regra básica das atividades antrópicas no planeta. Lamentavelmente, enquanto alguns pouquíssimos seres humanos desafiam tudo e todos pela simples ideia de que a humanidade necessita plantar árvores, a maioria esmagadora de seres humanos está totalmente alheia e essa verdade. Ou seja, esta é uma informação, um conhecimento, que, embora necessite, não consegue se espalhar devidamente pelas diferentes comunidades

A vida como conhecemos hoje é totalmente dependente das plantas e se não entendermos essa importância e esse fundamento, jamais chegaremos a uma situação de tranquilidade e plenitude moral com relação ao planeta e própria humanidade. Plantemos mais árvores, contudo é preciso termos consciência da preponderância dessa atividade. Isto é, que saibamos e sejamos capazes de explicar o porquê precisamos continuar plantando. É preciso que se fale, que se converse bastante sobre essa questão para que toda a humanidade possa compreender e assumir essa obrigação.

Esta é uma pequena analogia para nos lembrar de que há coisas simples e cotidianas que podem ter relevâncias muito mais abrangentes e significativas do que os picaretas querem que a gente acredite ter. Existem inúmeras outras coisas assim, o problema é que a maioria dos humanos parece estar cega aos interesses mais nobres e se associam facilmente àqueles interesses que não guardam nenhuma relação próxima com a realidade planetária ou com as necessidades maiores da humanidade.

As pessoas simplesmente imaginam que estão fazendo as coisas certas, mas, na verdade, estão sendo manipuladas por qualquer grande ilusionista que trabalha ativamente para que tudo continue sempre da mesma maneira. Falta ética, falta vergonha e sobretudo, falta humanidade a esses ilusionistas de índole dantesca. Todavia, também falta discernimento das pessoas que são ludibriadas e talvez, também falte coragem para encarar as situações constrangedoras e vexatórias que se apresentam diuturnamente.

Meus amigos, por favor, desconfiem e acordem para a realidade. Exerçam as ações com discernimento ou, seguindo o meu exemplo proposto, plantem árvores com vontade, conhecimento e sobretudo, com a sabedoria necessária para a compreensão de que o planeta precisa de árvores e a humanidade precisa ainda mais que o próprio planeta. Plantar árvores é uma obrigação moral e uma necessidade vital planetária e isso precisa ser entendido por toda a humanidade e, por conta disso, esta, assim como tantas outras, é uma questão que precisa ser mais difundida entre os seres humanos.

Mais do que plantar árvores, temos a obrigação de compreender porque necessitamos plantar árvores. O dia em que finalmente compreendermos esta necessidade, provavelmente não precisaremos mais nos preocupar com o plantio de árvores em si mesmo, porque, nessa ocasião, certamente já teremos intensificado o nosso projeto maior, que é manter as árvores que existem no planeta e assim, estaremos muito mais confortáveis, física, mental, ambiental e socialmente.

Senhores, as palavras têm poder, desde que entendidas e vivenciadas. Se não for assim, as palavras acabem sendo meros símbolos que se decora e se repete. Não podemos mais continuar fazendo as coisas sem nenhum entendimento. Somos seres humanos, pensantes, racionais e temos que investir o nosso intelecto em ações preventivas e não apenas curativas das mazelas que criamos ao longo da história.  Nós somos intimados a compreender esse fato.

Não adianta fazer por fazer e preciso saber o porquê daquilo que se está fazendo, pois este é o único modo de dar o verdadeiro valor à ação ou à atividade em questão e de demonstrar que somos realmente seres humanos. Pensem nisso.

Luiz Eduardo Corrêa Lima (69) é Biólogo, Professor, Pesquisador, Escritor, Revisor e AmbientalistaCaçapava, 06 de maio de 2025.

Write a Comment