Resumo: Meus amigos, hoje dia 22 de setembro comemora-se o Dia do Rio Paraíba do Sul e dessa vez, só para não deixar passar a data, estou postando uma poesia que escrevi e publiquei em alguns lugares faz pelo menos de 20 anos e que fala e homenageia exatamente do nosso Rio Paraíba do Sul. Aqueles que conhecem o meu trabalho, certamente já viram essa poesia, que infelizmente continua atual, pois quase nada mudou no que diz respeito ao cuidado que a maioria de nós, os seres humanos, temos com os rios e particularmente o nosso Rio Paraíba do Sul.
És um rio como outro qualquer, mas és mais forte que qualquer outro. Tua água é barrenta, suja e poluída, mas és mais belo que qualquer outro.
Tens em ti o dom da vida, embora hoje, quase toda destruída, brigas sem medo para defendê-la e em meio às tuas curvas, sempre consegues mantê-la.
Ainda que haja odor fétido em tuas águas, esse cheiro ruim só te enobrece, pois mostra a grande força de vontade, que mesmo sofrendo exerces, para manter a vida em qualidade.
Querem te matar Paraíba do Sul, mas tu conheces bem os teus inimigos e sabes como torná-los incrédulos. Eles estão até ficando pasmados, pois não conseguem acabar contigo.
Mas eles continuam tentando, ácido, álcool, éter, óleo e fenol, tudo cai nas tuas águas, fizeram de ti um grande urinol.
Se não bastasse as indústrias, as prefeituras também não gostam de ti, pois a maioria delas não se preocupa contigo e todas as cidades da região em tuas águas derramam “ xixi”.
Não bastasse o “xixi” das cidades e toda a química das indústrias, jogam ainda em tuas margens toda a sujeira possível e imaginária. Com isso, atinges carga orgânica absurda, com toda sorte de parafernálias.
Existe fezes em tuas águas, não fosse a grande quantidade, talvez, até isso te fizesse bem, mas como todo exagero é danoso, essas fezes te prejudicam também.
Ainda tem mais Paraíba do Sul, quase ia me esquecendo. O que sobra da lavoura também fica sendo teu e até parece que a chuva é tua inimiga, pois te leva todo o agrotóxico, que o solo, já saturado, não absorveu.
Tiram a areia do teu leito e destroem tua margem natural. Isso causa uma grande dor no meu peito, pois, apesar de ser “bicho-homem”, eu sei que isso te faz muito mal.
Paraíba, velho amigo, o “rio ruim”, o índio que te deu esse nome, previu muito bem o teu futuro. Certamente, o crime contra ti terá fim, mas ainda passarás por grandes apuros.
O “rio ruim” daquele índio, hoje encontra-se muito pior. Mas, aquele índio, o bravo tupiniquim, já sabia desde os tempos remotos, que quem ri por último, ri melhor.
Paraíba, você que é calmo e sereno, sabe que o tempo é o melhor remédio. Conheces muito bem teus aquele que te maltrata. Sabes como é o “bicho-homem”, desde os tempos da colônia e do império.
Paraíba, rio da vida e da morte, não tens que brigar com o “bicho-homem”. Sabes bem, que isso não é preciso, pois, apesar de tudo o que acontece, ainda continuas belo e forte e um dia ……. certamente, o homem tomará juízo.
LUIZ EDUARDO CORRÊA LIMA
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