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08 out 2014

O Professor e a Caixa de Fósforos


O Professor e a Caixa de Fósforos

Assim como é uma caixa de fósforos com seus respectivos palitos incineráveis, também é o professor com o seu conhecimento e sua capacidade de ensinar. Ambos têm um grande potencial para “botar fogo”, o fósforo nas coisas e o professor nas pessoas. Entretanto, se ambos não forem estimulados, apesar do potencial que possuem, nada acontece.

O tempo passa, novos mecanismos incineradores surgem, mas na hora de acender o cigarro, de produzir um fogueira para o churrasco, na hora de queimar qualquer um objeto qualquer, enfim, na hora de “botar fogo” em alguma coisa, a primeira ideia que se tem em mente é sempre aquela da caixa de fósforos, ainda que hoje em dia, possam existir inúmeros aparelhos e mecanismos, cada vez mais modernos para produzir a incineração.

Com o professor acontece, ipsis litteris, a mesma coisa. Os mecanismos de ensino, os chamados multimeios, estão aí, cada vez mais diversificados e mais sofisticados, entretanto ninguém pensa neles antes do professor, porque eles não são capazes de realizar nada sozinhos. Apenas o professor é capaz de ensinar e os multimeios, que até podem ser ferramentas úteis, sempre necessitam do professor.

Se até aqui, apesar das novidades, não trocamos as caixas de fósforos, também não podemos e nem devemos trocar os professores, haja vista que ambos são essenciais ao bom andamento das coisas e, em certo sentido, acabam sendo vitais às necessidades em que atuam. A figura do professor, com seus multimeios ou não, da mesma forma que a caixa de fósforos com seus palitos incineráveis, também é uma ideia simples, porém insubstituível, como dizia uma antiga propaganda de caixa de fósforos.

Entretanto, ultimamente, temos tido, infelizmente, algumas ideias absurdas quanto aos professores e suas maneiras de atuar, porque diferentemente dos palitos de fósforos que têm que ser acionados mecanicamente por ação externa humana, bastando apenas riscar o palito, os professores são humanos e precisam de uma série de outras coisas para funcionar, as quais são independentes de um simples ato mecânico. Os professores pensam, sofrem, amam e principalmente têm vontade própria para agir e qualquer ato mecânico, do mais simples até o mais extremamente complexo, depende dessa vontade.

Pois então, a vontade é o agente detonador da atividade do professor e obviamente de todo e qualquer ser humano. É através da vontade que o professor pode buscar todas as outras qualidades que necessita para desenvolver bem o seu ofício de ensinar. É através da vontade que o professor estuda, aprende e ensina. O professor, antes dos multimeios, precisa ter algum conhecimento e muita vontade para poder ensinar.

Ora, mas então, como fazer explodir essa vontade internamente no professor para que ele possa “botar fogo” nos seus alunos, produzindo uma boa qualidade de ensino?

Imagino que sejam necessárias algumas condições físicas e psíquicas, mais precisamente considero pelo menos quatro condições fundamentais, as quais podem agir como estimuladoras ideais da vontade do professor.

Primeiramente é fundamental que se tenha condições infraestruturas mínimas para exercer um bom trabalho, quais sejam: local de trabalho limpo e asseado, segurança garantida, material funcional disponível dentro da necessidade mínima do uso. Depois, vejam bem depois e não antes, é fundamental um salário compatível e digno, ao menos satisfatório para o exercício da função e organizado numa grade que permita vislumbrar uma condição de crescimento funcional na profissão. O salário tem que ser consequência do trabalho e não o contrário. Sendo assim, primeiro é preciso pensar no trabalho para depois pensar no salário, mas para que o trabalho se desenvolva a contento, há necessidade de que existam algumas condições físicas ideais.

Num segundo momento, é importante lembrar que o professor precisa gostar de ser professor. Ensinar é um ofício que tem peculiaridades como outro qualquer e exige cultura e curiosidade razoável, além de grande capacidade de argumentação, de conversação e de convencimento. Embora essas características andem bastante escassas nos tempos atuais, os professores não podem abdicar das mesmas para o cumprimento do bom exercício de suas respectivas funções. Professor que não se adequa a essas peculiaridades, que não gosta do que faz e que está dando aula por falta opção melhor precisa ser banido dos meios educacionais.

Outra coisa muito importante é que o professor, além de culto e curioso, como já foi dito, seja também conhecedor de sua matéria e que esteja sempre atualizado em relação a mesma. Para tanto torna-se necessário que existam cursos de extensão, de atualização, de reciclagem e de aperfeiçoamento que o professor possa cursar por conta dos empregadores, mas também por suas próprias expensas, haja vista que o interesse em melhorar profissionalmente deve ser, de forma precípua, do próprio professor. É fundamental que o professor saiba muito bem sobre aquilo que fala, pois ele tem que convencer ao aluno quando está falando e só quem conhece tem segurança e produz convencimento. Sem conhecimento não se cria bagagem, não se está seguro, não se desenvolve capacidade argumentativa e assim não é possível ensinar e muito menos convencer quem quer que seja.

Por fim, também é muito importante que o outro lado, os alunos, se predisponham a receber a informação e que vislumbrem aquele conhecimento contido na informação como fonte de interesse para sua vida individual ou social, tanto do pontos de vista teórico, prático, funcional, filosófico, ético e moral. Se o aluno não der importância ao ensino, certamente o ensino não acontece, porém o professor tem que procurar demonstrar essa importância que o aluno precisa ver e que muitas vezes ele infelizmente não quer. Embora o aluno deva vir para a escola cônscio de sua parte no processo educacional, a tarefa de motivar, em certo sentido, também pertence ao professor. Cabe a ele tornar a sua aula interessante para despertar um pouco mais o interesse de seu aluno.

Não sei se isso é bom ou ruim e nem vou discutir esse fato aqui, porque foge ao interesse deste modesto ensaio. Porém, a verdade é que no ensino privado as condições acima descritas estão mais bem estabelecidas do que no ensino público e assim fica fácil entender porque o ensino privado está significativamente melhor que o ensino público, embora isso não seja uma regra absoluta. Todavia, faço questão de lembrar que no passado a verdade era outra e ocorria exatamente ao contrário do que hoje acontece e muitos de nós, inclusive esse escriba, tiveram seus ensinamentos básicos em escolas públicas. Aliás, é bom ressaltar, que as vagas nas escolas públicas eram disputadas através de concursos e só os melhores, a partir de uma nota mínima estabelecida anteriormente ao concurso, conseguiam ingressar nessas escolas.

A caixa de fósforos exige condições especiais para produzir o efeito esperado, por exemplo, para “botar fogo” é preciso haver oxigênio no ambiente onde a riscagem do palito de fósforo acontece. Além disso, é necessário que o palito de fósforo e o local da riscagem na caixa estejam secos. Se essas condições mínimas forem estabelecidas e o ato mecânico que estimula o efeito se efetivar, certamente a incineração sempre acontecerá.

Com os professores a questão é bastante diferente, embora eles também sejam profissionais que têm necessidades especiais, não basta apenas satisfazer essas necessidades para que a ação esperada se realize. Os professores trabalham com um material que é especial, o aluno, o qual também é um ser humano. Como já vimos, esse tipo de material, o aluno, assim como o professor, tem vontade própria e essa característica pode mudar tudo, independentemente das condições ideais estarem todas estabelecidas. Ao contrário do que muita gente pensa, ensinar é uma tarefa muito difícil e não é qualquer um que pode estar em condições de desenvolver essa função, há necessidade de um bom preparo, de uma boa qualificação e sobre tudo de muita vontade.

Em suma, se todas as condições básicas forem satisfeitas e se os alunos e os professores tiverem vontade reciprocamente, os professores poderão “produzir boas chamas”, dar boas aulas e assim formar bons alunos. Porém, se não houver vontade, mesmo que todas as condições estejam estabelecidas, o palito que produziria a chama da Educação não se incinerará e as chamas não se formarão. Ou seja, sem vontade não há ensino. Aliás, sem vontade não há nada.

Então meus amigos, acabo finalmente de chegar onde eu queria. Estamos vivendo um momento em que somos cientes da necessidade dos professores como profissionais, porque estamos carentes de informação e de conhecimento. E mais, temos certeza de que a Educação é o único caminho que poderá nos levar a uma condição melhor. Entretanto, estamos fazendo a coisa errada, pois estamos tentando acender palitos de fósforos molhados e o que é pior, no vácuo. Desse jeito vamos ter que destruir muitas caixas de fósforos e gastar muitas vezes mais energia do que conseguiremos produzir. Isso admitindo que sejamos capaz de conseguir produzir alguma coisa, o que, pelo andar da carruagem, é bem pouco provável, para não dizer impossível.

Gente, está na hora de melhorar as escolas, mas de colocar gente boa e capaz dentro delas, de remunerar e qualificar melhor os professores, de questionar os pais para que ajudem a motivar seus filhos, de aprovar os bons e de reprovar os maus alunos, pois só assim, vamos poder “botar fogo” na educação do país, produzindo um ensino de boa qualidade que nossa gente tanto necessita. Chega de conversa mole, pois na vida tudo se põe à prova, até mesmo uma simples caixa de fósforos, se está em desacordo é descartada, então porque com a Educação, que certamente é a mais fundamental das atividades humanas, temos tentado mascarar a realidade e agir diferente.

Luiz Eduardo Corrêa Lima

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03 dez 2013

Um pouco sobre Educação

Bem todos aqui presentes sabem que não sou lá muito bom para fazer piadas, até porque gosto de um tipo de piadas que a maioria das pessoas não entende e assim elas acabam não achando nada engraçadas as minhas piadas. Entretanto, dessa vez, fiquei um pouco mais animado porque me pediram para vir até aqui neste evento para falar um pouco sobre Educação e ainda que eu também não entenda quase nada desse assunto, apesar dos mais de 37 anos de exercício do magistério, gostei da ideia de discorrer sobre o tema, porque esse é um assunto interessante e extremamente engraçado, pelo menos aqui no Brasil.

Nessa área já aconteceu de tudo, desde a existência de Presidente Semianalfabeto, com título de Doutor Honoris Causa, passando por um Ministro da Educação que comprou Diploma de Mestrado para tentar enganar o Congresso e a População Brasileira, até chegar a uma ex-terrorista de origem Búlgara, que por não conhecer nada da língua portuguesa vive insistindo em ser chamada de Presidenta da República. Em suma, Educação no Brasil é realmente algo que começa a inexistir, desde os altos poderes e faz a gente rir muito, por conta da picaretagem dos personagens poderosos.

Bem, mas, e nós aqui o que temos com isso?

Com tantas situações inusitadas na administração pública do país no que se refere a Educação dos nossos administradores, nós não poderíamos esperar assunto mais interessante para ser comentado e nesse sentido, penso que também posso dar os meus palpites, até porque eu talvez seja o sujeito mais burro que conheço. Digo isso, porque quase todas as pessoas que conheci entraram e saíram da escola, mas eu sou tão burro que que só entrei e até hoje, aos 57 anos de idade, ainda não consegui sair. E pelo jeito, só vou mesmo conseguir sair da Escola, quando estiver indo direto para o Cemitério. O pior é que de lá, do Cemitério, certamente eu não vou sair mesmo. Quer dizer, chegarei ao Cemitério com vasta experiência em Educação, mas que não terá me servido para nada, porque enfim a única coisa que, talvez terei conseguido, seja morrer educadamente.

Tem um ditado que diz: “educar é preparar para vida”, mas no meu caso específico “educar só parece ter me preparado para levar à morte”, haja vista que vou morrer na Educação. A única vantagem disso é talvez eu venha a ser um morto bem educado e depois de morto, efetivamente não falarei mais mal de ninguém.

Bem, mas vamos deixar a minha morte de lado e voltar ao assunto, a EDUCAÇÃO.

O termo EDUCAR vem do latim e no passado queria dizer “conduzir para fora”, no sentido de mostrar o mundo exterior ao educando ou aluno. Hoje o termo está mais para conduzir mesmo o aluno para fora da escola, haja vista o alto grau de evasão escolar, em consequência das diversas desistências e abandonos. Por outro lado, já que vivemos na era das máquinas e do lazer, alguns alunos preferem entender que EDUCAR é o nome de uma loja de carros cujo proprietário tem o nome de Eduardo e daí a loja ser conhecida como “EDU-CAR”. Outros alunos ainda vão mais além, porque como o Eduardo, o dono da loja, vive fazendo caça submarina de pequenos tubarões, dizem que ele pratica “EDU-CAÇÃO”.

Uma das dimensões da Educação é o ENSINO, palavra que na verdade é uma sigla que significa: “Eu Não Sei Isso, Nem Ouso”. O Ensino é consequência de ENSINAR, ou seja “Em si, no ar”, já que o aluno vai à escola para ser ensinado e continua sem saber absolutamente nada, ou seja, ele continua “no ar”.

Para ensinar existe a lendária figura do Professor, aquele que leva o conhecimento e a clareza. Aliás, a ideia contida na palavra PROFESSOR, tem variado muito ao longo do tempo e lamentavelmente tem diminuído bastante de crédito e de tamanho. No tamanho vejam o que aconteceu: o Professor foi “Catedrático”, foi “Professor”, foi “Mestre”, foi “Fessor”, foi “Prof”, foi “Prô”, foi “Sôr”, foi “Sô” e agora é apenas “P”. Como eu disse está diminuindo, porém chato mesmo acabou ficando para as filhos das Professoras que agora são conhecidas como “filhos da P”, o que há de se convir, não soa lá muito bem.

Quanto ao crédito, o Professor, que sempre teve salário baixo, mas sempre teve crédito, agora nem salário o infeliz tem mais. O Holerite do professor possui vários apelidos interessantes. Por exemplo: “Ejaculação Precoce”, porque acaba rapidinho para os homens e “Menstruação” porque nunca dura mais que três dias para as mulheres. Na verdade o Holerite acaba sendo a “declaração de pobreza” do professor. O crédito do professor, mudou de coluna e se transformou em débito. Desacreditado, debilitado e descreditado, o único banco onde você ainda é capaz de encontrar o Professor é sentado no “banco da praça”, mas mesmo assim isso é muito raro, porque já existem praças em que não estão deixando qualquer um sentar nos bancos. Tem mendigo mais feliz do que Professor, porque os mendigos ainda podem, pelo menos, sentar e dormir nos bancos das praças.

O Professor ensina ao aluno, aquele sujeito que deveria ir à escola para aprender, o apedeuta à busca de clareza e conhecimento. Pois então, o aluno é o outro lado do processo educacional. Primitivamente o termo ALUNO fazia referência àquele indivíduo jovem e ainda “sem luz”, que iria até a escola para receber a clareza e a orientação daquele que lhe professaria palavras que lhe forneceria essa luz, o Mestre. Bonito isso, não é? Mas, entender esse negócio era tão complicado, que parece que faltou energia, a luz sumiu e não se faz clareza nenhuma.

Hoje, o aluno é o sujeito que vai à escola somente para fazer algazarra e bagunça, inclusive apagando mesmo a luz, causando “blackouts” em grupos afinadíssimos em uníssono. Assim o termo ALUNO pode ser entendido hoje como “ALL-UNO”, do tipo: “um por todos e todos por um”, como no velho slogan dos Três Mosqueteiros. O Mestre, por sua vez, é aquele sujeito que atribui nota a algazarra do aluno e a escuridão da escola. Como a nota é dada a cada dois meses, ela é conhecida como NOTA BIMESTRAL, ou seja a nota dada pelo Mestre a cada dois meses.

Outro aspecto muito interessante na Educação é o famoso Livro Didático. O Livro Didático é aquele objeto que deveria ter a função de fazer o aluno estudar. Entretanto, o tiro saiu pela culatra e esse tipo de Livro desobrigou o aluno de escrever, pois com esse material o aluno só precisaria passar a ler. Por outro lado, como o livro é ilustrado, cheio de figuras, (mesmo não sendo lá uma figura muito ilustre), o aluno que já não escrevia, passou também a não ler, porque agora ele pode simplesmente apenas passar a ver figuras. Um certo aluno me confidenciou o seguinte: “Genial esse tal de Livro Didático, tem uma imagens interessantes. Caramba! porque vocês demoraram tanto para inventar esse negócio?”.

Mas o Livro Didático não é tão maravilha assim, folhear páginas vendo figuras, para lá e para cá, criou um problema sério em alguns alunos que desenvolveram LER. Não, não, por favor não confundam. Eles não passaram a desenvolver a Leitura, eles apenas adquiriram LESÃO DE ESFORÇO REPETITIVO – LER, nos dedos das mãos. Entretanto, muitos têm achado excelente, porque agora, por ordens médicas, eles são obrigados a ficar cada vez mais longe dos livros e não têm que ler absolutamente mais nada. O Livro Didático também é conhecido como Livro de Texto e sobre esse aspecto ele apresenta outra peculiaridade interessante, porque como diz o nome Livro de Texto, o aluno aproveita e também diz eu “detesto” esse tipo de livro, aliás, assim como “detesto” qualquer outro livro ou coisa que eu tenha que ler.

Outra dimensão importantíssima da Educação é a avaliação, mas atualmente ela está mais para “avariação”, pois o que se avalia na escola hoje é a incapacidade de educar, a qual é cada vez maior. Não se mede aquilo que é melhor, mas sim o que é menos pior. O nível educacional já virou subnível e falta pouco para sair do prumo e entrar totalmente em desnível. Quer dizer, está mesmo uma “avariação”. Nosso recorde mais honroso na educação é estar sempre entre os piores, ajudando a segurar a lanterna, em todas as avaliações internacionais e dizem que estamos melhorando muito. Basta ver os resultados dos PISA (Programa Internacional de Avaliação de Estudantes – sigla em inglês) para ver as sucessivas PISADAS que temos tomado por ficar sempre embaixo dos outros. Caramba! No que tange à Educação, nós somos sensacionais. Nós somos mesmo danados ou será que deveria dizer danosos (avariados)?

A Escola que já foi uma importante instituição social, onde os atores (Professores e Alunos) trabalhavam pela Educação, agora é um ponto de encontro onde professores e alunos se encontram, algumas vezes por semana, para discutir futilidades e ampliar o relacionamento social e o grau de conhecimento sobre a DIVA (Departamento de Informações da Vida Alheia) e outras coisas desimportantes. Na verdade, em geral, a escola virou um enorme teatrão onde os professores são artistas a fingir que ensinam e os alunos são artistas a fingir que aprendem. Ainda que seja triste afirmar: “a Educação é a maior piada desse país”.

No passado a escola era conhecida como COLÉGIO, que primitivamente trazia a idéia de reunir, talvez reunir para colar (Cola – légio: “a Cola diabóloca ou o Centro da Cola”). No Colégio os alunos colavam e assim tinham aprovação. Hoje a coisa mudou, agora os alunos não precisam mais colar, porque serão aprovados de qualquer maneira, haja vista que a aprovação é automática e por isso o nome mudou e agora o antigo Colégio denomina-se ESCOLA (Ex – Cola) e assim, por convencimento, estamos extinguindo também a cola nas ex-colas.

Antigamente, qualquer aluno, bom ou mal, tinha pelo menos que ler, porque quando o Professor lhe perguntava: menino você leu o a assunto? Ele respondia: “LI-CEU fulano”. Mas, hoje isso mudou e mudou muito, pois os alunos e talvez muitos dos professores nem saibam o que é o Liceu de Aristóteles. Aliás, na Grécia Antiga também tinha a Academia de Platão, mas hoje os alunos só pensam na Academia de Ginástica e na musculação e pensam que ele é derivada do ideia de um filósofo grego que ficou muito forte fisicamente, porque comia muito e por isso mesmo ficou conhecido como “platão”. Nas Academias de hoje, o “platão” foi substituído pelos suplementos alimentares, isto é, as bombas que os alunos ingerem inadvertida e descontroladamente, para ganhar massa física. Pois é, antigamente a Academia era na Grécia, mas hoje, embora a Academia possa ser em qualquer lugar, ela continua sendo um programa de grego.

Hoje com a INTERNET, se o professor perguntar se o aluno leu alguma coisa ele responderá mais ou menos assim: “então mano prof, sabe como é, né? As mina pira e aí não dá para ficar, tipo, lendo… é melhor fazer um “curso”, quer dizer, é só pegar o “mouse”, tá sabendo, o “mouse”, e clicar com o cursor e fazer um curso no dicionário do Google. Pô, cara, é muito “manero”, já tá tudo lá. Então, porque eu vou ler, quando precisar eu pego e aí, sabe como é, né? As mina pira e é nós na fita. Em suma, o Computador é a Igreja, a Internet é Jesus Cristo, o Google é o próprio Deus, enquanto a escola, o professor, a leitura, o idioma e o país, que se …. Bem, deixa para lá.

Essa mania de eletrônicos também criou outra situação bastante interessante nas Escolas, que estão cada vez mais parecidas a grandes centros aeroespaciais. Digo isso, porque os alunos de hoje, mais parecem astronautas do que estudantes, pois eles não só estão ligados como estão efetivamente cheios de fios, cabos e antenas. Os estudantes se associaram tão intimamente com Smartphones, Ipods, Ipeds, Tablets, Laptops e outros produtos estranhos, alucinantes, coloridos e barulhentos, que parecem ter se transformado em verdadeiros “voyagers do futuro” e os professores, ainda que aparentemente sejam normais, na verdade são insignes “dinossauros arcaicos”. Desta maneira, enquanto os alunos seguem na escuridão, embora na velocidade da luz, os professores seguem luminosamente, esperando o dia em que o grande meteoro trará o clarão que extinguirá a todos.

Em suma, a Educação é uma coisa legal, desde que não haja regras e nem professores. A Escola é algo melhor ainda, desde que não seja diária e nem obrigatória. O Ensino é algo fantástico, desde que seja daquilo que a televisão e a mídia mandam fazer. O Professor é um bom sujeito, o que não quer dizer que seja um sujeito bom e obviamente que ele está sujeito às intempéries. Mas, o aluno…. Ah! O aluno. O aluno é o cara! O cara de pau, que tem que passar óleo de peroba na cara todo dia para evitar a proliferação de cupim. O pior é que a Educação deveria ser para ele, mas parece que nem ele e nem o governo ainda não se tocaram desse fato.

Enfim, eu pergunto: isso é ou não é muito engraçado? Ou será muito triste?

Luiz Eduardo Corrêa Lima

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18 out 2013

Educação Ambiental: uma modesta opinião

Nos últimos tempos tanto tem sido usada a expressão Educação Ambiental, que até parece o grande tema da novela do horário nobre. Entretanto, a prática cotidiana sobre a Educação Ambiental tem estado mais para aquele “programa maravilhoso” das 4 horas da madrugada que ninguém vê. Em suma, o discurso é bom, mas a prática quase não existe. Mas, por que isso acontece, por que a pratica da Educação Ambiental quase não existe?

Eu quero acreditar que seja porque se criou um monstro maior do que de fato ele possa ser. Isto é, a Educação Ambiental, embora seja muito importante, não é nenhum “bicho de sete cabeças”, não faz milagres e certamente não irá resolver todos os problemas da humanidade. Ou melhor, na verdade, se a humanidade continuar agindo contra os interesses da própria humanidade e do planeta, a Educação Ambiental não irá, infelizmente, resolver problema nenhum.

A Educação Ambiental consiste num modelo educacional que prepara os seres humanos para viver respeitando e considerando que os espaços e os recursos são limitados e que devemos nos preocupar com os usos devidos desses aspectos a fim de permitir que outros humanos possam também ter os mesmos direitos que nós em qualquer tempo atual ou futuro. É preciso que nós humanos estejamos devidamente educados a proceder dentro dessa linha de pensamento, porque somente assim poderemos continuar tendo condições de viver aqui na Terra ou em qualquer outro que, por ventura, possamos habitar no futuro.

A Educação Ambiental deveria estar tentando produzir um “novo modelo de homem”, bastante diferente daquele que historicamente conhecemos. Mas, eu estou há mais de 30 anos ouvindo falar nesse assunto e trabalhando no sentido de procurar desenvolver esse “novo homem” e até agora nada, porque as mudanças são muitas. Se considerarmos Estocolmo, 1972 como ponto de partida, na verdade, já faz 40 anos que esse “novo homem” deveria estar vivendo, mas, até aqui quase nada aconteceu.

Pois é, continuamos fazendo as mesmas coisas erradas que o meu avô fazia há 80 anos, quando ninguém ainda falava em Educação Ambiental e quando não havia nenhuma preocupação com os problemas ambientais. Obviamente, o meu avô e toda sua geração não tinha o nível de conhecimento que temos hoje sobre as questões ambientais planetárias e talvez, por isso mesmo, ele e sua geração não tivessem culpa de cometer alguns dos erros que cometeram.

Aliás, é necessário dizer que na época do meu avô e seus contemporâneos, existia pelo menos Educação, hoje nem isso existe mais. Muitas vezes, nós ambientalistas, estamos nos esquecendo de que Educação Ambiental é, antes de qualquer coisa, Educação e que esse é atualmente o produto que está cada vez mais em falta no mercado, principalmente aqui no Brasil. Basta observarmos os nossos níveis internacionais no que diz respeito a questão da Educação. Sinto dizer, mas nós não conseguiremos nenhuma Educação Ambiental se antes não conseguirmos Educação no sentido mais amplo que a palavra possa ter.

A falta generalizada de Educação, que lamentavelmente, por vários fatores, só tem se ampliado ultimamente, tem elevado e incrementado muito a falta de valores morais e éticos. Ninguém está nem aí com a comunidade do seu entorno e muito menos com toda Sociedade. Os conceitos do que é certo ou do que é errado não existem mais, ou então estão totalmente esquecidos e muitas vezes foram deliberadamente invertidos para favorecer a outros interesses. A lógica social agora é a seguinte: desde que se ganhe (o verbo ganhar aqui tem o sentido mais abrangente possível) alguma coisa, tudo (tudo mesmo) se torna viável e possível de acontecer, independentemente do que ou de quem se possa estar prejudicando.

Infelizmente, essa é a regra, a já famosa “Lei de Gérson”. Temos visto de tudo, desde jogar filhos pelas janelas de apartamentos, até matar os próprios pais; roubar igrejas e instituições de caridade a até mesmo fazer relações sexuais com pessoas mortas. Não há nenhum parâmetro para delimitar a discrepância social e a insanidade humana. E nós estamos aqui tentando falar de Educação Ambiental, que envolve, além da Educação, também a Moral, a Ética e o exercício pleno de cidadania.

A libertinagem e o abuso são totais e estão cada vez mais descabidos. Mata-se do jogo de futebol à porta da casa, do cinema ao hospital, do mendigo ao milionário e do bandido ao Santo. E o pior é que ainda há quem fale em defender os direitos humanos. Pergunto eu: que direitos? Que humanos?

A vida humana passou a ser um brinquedo que alguns têm o direito de tirar e que outros não têm se quer o direito de reclamar, quanto mais de tentar defender. E Deus e as religiões, que postura (posição) essas entidades tomam nessa peleja de loucura?

Enquanto a desgraça acontece, há pastores brigando na mídia por mais audiência, e outros religiosos omitindo e escondendo crimes e criminosos para defender os interesses estritamente proselitistas de suas respectivas igrejas. Mas, não parece haver mais nenhuma religião indo além dessa simples questão de contrariar as outras para tentar aumentar o rebanho. Aonde vamos parar?

Pois então, como podemos tentar demonstrar a importância da Educação Ambiental se não temos Educação nenhuma? Temos uma Sociedade alijada de valores verdadeiros, os quais deveriam ser seus interesses primários e ainda por cima totalmente desinteressada em relação aos mecanismos democráticos que podem minimizar diferenças sociais. Além disso, temos uma mídia que está comprometida apenas com interesses venais, uma porção de religiosos de fachada, um nível de governança totalmente equivocada, no que diz respeito aos interesses da sociedade e, o que é pior, altamente corporativa e nefastamente corrupta.

O planeta está pedindo socorro e nós aqui pensando em fazer Educação Ambiental num mundo comprometido com causas sem significância nenhuma e com valores totalmente corrompidos e invertidos. Só o que importa é o dinheiro no bolso, todo o resto é secundário. Só o que se quer é ter. Só se pensa em ganhar mais dinheiro para consumir mais e ter mais. Onde vamos chegar com essa noção absurda de que estar bem é ter tudo de material para si próprio, independentemente de onde venha, de qual seja esse material e de quem possa estar, de fato, precisando dele?

Temos uma Terra só, mas há muito tempo já estamos vivendo como se tivéssemos duas ou três, porque o uso de recursos naturais, o consumo humano e a necessidade do lucro não querem mudar de procedimento e induzem a população, através da mídia e de muita picaretagem a manter o status quo. De repente, quando se tem uma grande oportunidade de tentar frear esse conjunto de absurdos, como aconteceu recentemente na Rio + 20, nós acabamos deixando tudo como está e continuamos mantendo o mesmo nível de incoerência e de insanidade com o planeta.

Meu Deus, será que a humanidade endoidou totalmente? Será que não há mais ninguém com sanidade mental suficiente para tentar acabar com esses absurdos? Por favor, alguém pare esse mundo maluco que eu quero e preciso descer? Que espécie estranha e inconsequente é o Homo sapiens!

Mas, a Educação Ambiental continua sendo necessária, porém, diante de tanta coisa errada na apropriação do homem pelo planeta, lamentavelmente ela é apenas mais uma das muitas necessidades. Esse quadro é grave e precisa ser modificado para o bem do planeta e da própria humanidade. Entretanto, infelizmente, não me parece que estejamos dando a devida importância que a questão necessita. Será que vamos continuar pagando para ver até onde é possível chegar?

Luiz Eduardo Corrêa Lima

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