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17 jan 2024
DITADOS POPULARES E A LIÇÃO DE CASA PELA VIDA HUMANA NA TERRA

DITADOS POPULARES E A LIÇÃO DE CASA PELA VIDA HUMANA NA TERRA

Resumo: O artigo confronta alguns velhos ditados com a realidade presente, no que tange ao comportamento humano em relação à vida e ao Planeta, questionandoo desleixo dos dirigentes com as Questões Climáticas e o Aquecimento Global.


Diz o ditado que: “quem planta colhe”, entretanto, isso não é necessariamente uma verdade e muito menos absoluta, como pretendem algumas pessoas. Eu prefiro dizer que: “quem planta tende a colher”, haja vista que a colheita jamais será uma certeza, porque várias coisas podem acontecer ao longo do caminho entre plantar e colher. Nossa parte, como plantadores e interessados na colheita, é trabalhar para garantir a colheita possa acontecer. Esta é exatamente a metáfora que vou tentar traçar e discorrer nesse artigo.

A Biologia, como ciência, nos ensina que, do plantio a colheita, existem várias etapas de desenvolvimento e crescimento que têm que acontecer com aquilo que é plantado e mais ainda, nos diz também, que em cada uma dessas fases podem surgir inúmeras situações, que também podem levar à morte daquilo que foi plantado. Deste modo, me parece evidente que a colheita nunca é certa e, sendo assim o “quem planta tende a colher”, deveria ser um ditado mais ajustado ainda. Consequentemente, não basta plantar para colher é preciso cuidar e ter muita sorte, porque a chance de colher é relativamente pequena e não acontecerá se houver qualquer desastre natural ou não e, principalmente, se não forem tomados os devidos cuidados.

Vejam bem, quando se planta algo, aquilo que se plantou está sujeito as mais diversas ações das intempéries, dos predadores, dos parasitas, dos acidentes fortuitos e ainda do vandalismo. Por conta disso, o cuidado é preponderante para que possa existir a colheita, mas, ainda assim, não há certeza de nada. Cuidar, talvez, acabe sendo mais importante do que simplesmente plantar. Nessa condição, o ditado, mais uma vez deveria ser mudado, e poderia passar a ficar assim: “quem planta, cuida e tem sorte, muito provavelmente deverá ser capaz de colher aquilo que plantou”.

Pois então, meus amigos, isso é porque na natureza é sempre assim, tudo é fortuito e imprevisto. Não existem certezas e tudo é dúvida sempre. Entretanto o ser humano insiste em querer ser capaz de mudar e domar as coisas e ter a natureza sob seu comando. Deste modo, ele segue sua vida tentando enfrentar a natureza e, obviamente, consegue alguns paliativos, mas na maioria das vezes, acaba quase sempre fazendo grandes bobagens. A cada problema “resolvido” surgem outros problemas para “resolver” oriundos daquilo que já se pensava estar “resolvido” e as verdadeiras e efetivas resoluções quase nunca chegam.

Ora, quando vamos aprender que tem coisas que transcendem a nossa capacidade, que não dependem de nós e que não temos nenhuma condição de superar certas questões. Temos que entender que, embora nossas possibilidades criativas sejam brilhantes, também somos limitados e que há coisas que não temos como resolver, porque são contingências naturais violentas e somos obrigados a ter que conviver com elas. Quando muito, o que devemos fazer é procurar tomar o devido cuidado, tentando evitar, minimizar ou contornar certos problemas e situações.

Vivemos num momento em que as Mudanças Climáticas e o Aquecimento Global estão nos assombrando e assustando seriamente e cada vez de maneira mais contundente. Há muito já estamos sentido e vivenciado as consequências trágicas desses fenômenos. Já deveríamos, todos nós, estarmos cientes de que nossa sobrevivência como espécie, está claramente em risco. Nossa postura, que deveria ser de cuidar para que esse processo fosse menos violento para a humanidade, continua sendo de apenas discutir se o óbvio existe e se é o ser humano quem causa o óbvio, para depois tentar “resolver” o problema em si. Meus amigos, o Aquecimento Global é um fato incontestável e se suas causas são naturais ou são consequências das ações do homem é o que menos importa.

Culpados ou não pela existência do Aquecimento Global, obviamente somos responsáveis por seu significativo agravamento. Na verdade, todos nós sabemos, há muito tempo, que estamos aumentando muito a quantidade de gás carbônico (CO2) na atmosfera, com a queima excessiva de combustíveis fósseis e que temos minimizado rapidamente a única possibilidade natural de retirar esse excesso de CO2 da atmosfera, com o continuo desmatamento do planeta. Sendo assim, se não causamos, certamente aceleramos bastante o processo natural de aumento de CO2. Isso não é lenda e isso não cabe discussão, porque é um fato conhecido e entendido por todos.

Tem outro ditado falacioso que diz: “contra os fatos não há argumentos”. Esse ditado, também é falacioso, porque em qualquer questão, os argumentos sempre poderão existir, o que talvez não exista seja embasamento lógico nesses argumentos. Desta maneira, mais uma vez, teremos que propor mudanças no ditado, que agora poderia ficar assim: “contra os fatos, ainda que possam existir argumentos contrários, esses argumentos nunca serão capazes de negar os fatos em si”.  Quer dizer, se qualquer argumento que contaria os fatos é inverídico, logicamente deve ser descartado, como um mecanismo de orientação para proceder às ações minimizadores dos efeitos daquele fato.

Isto é, temos que parar de discutir as causas do Aquecimento Global e temos que partir ativamente para as ações que possam fazer com que seus efeitos sejam sentidos numa escala cada vez menor pelo planeta como um todo e pela humanidade em especial. Entretanto, enquanto discutimos balelas, fica a pergunta: o que temos feito de fato, sobre isso? Eu respondo, infelizmente muito pouco, quase nada. Basicamente nos limitamos a continuar produzindo reuniões, apresentando belos textos e maravilhosos discursos políticos, onde os safados e picaretas têm todo espaço do mundo para fazer suas falácias, tal qual aos ditados citados aqui e nada se “resolve”. 

São conversas que se arrastam, ao longo das cinco últimas décadas, sem nenhuma consequência global prática e direta, no que diz respeito a minimização da questão e obviamente, enquanto isso, o Aquecimento Global só aumenta. Quer dizer, o Aquecimento é Global, mas a prática no tratamento (cuidado) dele é, quando muito localizada, aqui e ali. Todo mundo reclama, que a Terra está aquecendo, mas quase ninguém faz o dever de casa que é trabalhar para que a parte que nos cabe, o aceleramento efetivo do processo no planeta, seja progressivamente minimizado, haja vista que, efetivamente, não podemos acabar com o aquecimento em si. Nós sabemos o que temos e como devemos proceder, mas preferimos continuar conversando e seguimos fazendo as mesmas coisas erradas que sempre fizemos.

Vejam bem Senhores, somos cientes dos fatos que nos confirmam que não temos como “resolver” o problema e que também somos cientes dos fatos que nos informam que podemos agir no intuito de lançar menos e retirar mais CO2 da atmosfera e, mesmo assim, nós ainda continuamos marcando reuniões para discutir o que vamos fazer. Ora, isso parece piada de mau gosto! Não é possível, deve existir alguma coisa muito errada na espécie humana, porque, desta maneira, ela trabalha contra o planeta e contra ela mesma.

Mesmo que consideremos novamente o ditado: “quem planta colhe”, certamente, do jeito que estamos seguindo, nós só vamos colher nossa extinção prematura, porque, sequer, estamos fazendo o nosso dever de casa. Continuamos com longas reuniões infelizes e ineficazes, onde se perde bastante tempo, se gasta muito dinheiro, onde políticos infelizes e incapazes falam inúmeras idiotices e não são capazes de tentar nem, ao menos, criar mecanismos eficazes e efetivos para fazer aquilo que se pode, ou melhor, que o fato pede que se faça. Ou seja, trabalhar para diminuir progressivamente o excesso de CO2 que colocamos na atmosfera.

Somos cientes de que não vamos “resolver” o problema, mas vamos fazer a nossa parte e, quem sabe, ainda possamos garantir um pouco mais de tempo para nós e algumas espécies do planeta, que tem resistido às nossas ações brutais, absurdas e cotidianas. Meus amigos, nós já sabemos que: “contra os fatos, ainda que possam existir argumentos contrários, esses argumentos nunca serão capazes de negar os fatos”. Vamos deixar de lado as conversas inócuas e aborrecedoras aos verdadeiros interesses do assunto e vamos começar logo a colocar as mãos na massa, atuando nas únicas coisas que, de fato, têm sentido e que, de fato, são aquelas que, podemos e devemos fazer.

Isto é, devemos parar de queimar combustíveis fósseis, investindo e trabalhando mais com energias alternativas que não queimam substâncias orgânicas e plantando mais árvores para tentar absorver o excesso de CO2 que já produzimos e distribuímos na atmosfera até aqui. Temos um passivo de contaminação ambiental muito grande e não podemos mais nos darmos ao luxo de continuar criando um presente que trará mais passivo de CO2 para o futuro. Precisamos tirar a quantidade extra de CO2 que já colocamos na atmosfera e parar de aumentá-la progressiva e perigosamente.

Outro ditado diz que: “devagar se vai ao longe”, mas também não é bem assim, pois nesse caso específico, se formos “devagar”, certamente nós não chegaremos a lugar nenhum. Ou melhor, “devagar” nós apenas aceleraremos o nosso processo natural de extinção. Não temos tempo para ir “devagar”, ao contrário, já deveríamos estar desesperados e com muita pressa. Já passou da hora de realizarmos ações verdadeiras e o nosso futuro como espécie viva, já está bastante comprometido.

Por outro lado, também não se trata de “ir ao longe”, pois temos certeza de que isso não acontecerá, haja vista que, além do Aquecimento Global e das suas consequência climáticas, também existe o alto grau de comprometimento que produzimos nos recursos naturais do planeta. Nossa dependência planetária é total, mas nós não queremos enxergar a realidade à nossa volta e seguimos duvidando e “empurrando com a barriga”, como se tudo estivesse normal e esperando para ver no que vai dar.

No momento, nós deveríamos apenas querer sobreviver um pouco mais e garantir que estaríamos prolongando o nossa temporada planetária como espécie viva e assim, estaríamos ajudando as gerações futuras a ter uma chance maior de existir. Além disso, obviamente estaríamos também auxiliando na manutenção da vida das demais espécies planetárias que ainda ficariam na Terra depois de nossa extinção. Sempre é bom lembrar aos incautos, que o planeta certamente sobreviverá sem o homem e que a vida continuará, independente de nossa existência.  

A propósito, para os mais desligados e pouco entendidos na questão, devo dizer que a nossa extinção também é um fato natural que certamente acontecerá com todas as espécies vivas, inclusive a nossa. A única dúvida é quanto tempo ainda nos resta na Terra. Trabalhemos para alongar nossa estadia planetária e não para encurtá-la. Quero acreditar que todos gostariam de que esse tempo ainda fosse longo, muito longo., mas na prática o que se vê não é isso. A espécie humana historicamente tem andado na contramão do planeta e da sua própria sobrevivência e precisa mudar de comportamento para, pelo menos, garantir um final menos infeliz.

Não se assustem, nós não vamos ver esse final, ela não vai ocorrer de hoje para a manhã. Entretanto, temos que entender que isso é um fato natural, que em dado momento irá acontecer. Podem ter certeza de que se continuarmos nessa apatia e nesse comportamento insano, de continuar apenas conversando e não fazendo nada, os próximos anos vão ser cada vez piores e mais tristes. Tenho pena dos que virão, porque eles tendem a sofrer muito mais que nós.

Antes de terminar deixo aqui, mais um ditado que diz: “Deus ajuda a quem cedo madruga”. Meus amigos o dia já está amanhecendo e por mais paciente que Deus seja, creio que Ele não vai querer perder mais tempo conosco, haja vista que não estamos fazendo a nossa parte devidamente. Mesmo aqueles que não acreditam na existência de Deus, devem procurar entender que sem continuidade, seu legado, sua descendência e sua história simplesmente também deixam de existir. Ou seja, sua vida, rica ou pobre, bela ou feia, interessante ou medíocre jamais poderá ser contada e você viveu à toa e para nada. Será que é isso mesmo que nós esperamos de nossa existência na Terra?

Senhores governantes e dirigentes das diferentes nações planetárias terrestres, parem de brincar, pois vocês também vão morrer e muitos de seus descendentes futuros também não nascerão e se nascerem não terão um planeta em condições para que possam viver. A humanidade e o restante da vida no planeta necessitam, urgentemente, que os Senhores trabalhem mais e conversem menos. Assim, esqueçam quaisquer outras questões e atuem ativamente no sentido de garantir a manutenção da vida aqui na Terra, pois essa é a coisa mais importante hoje e sempre. Qualquer outra questão certamente é menos relevante e pode esperar. Parem de se preocupar com as picuinhas e tirem um tempo para pensar na questão da continuidade da vida humana mais seriamente.

Para terminar, devo dizer que se os Senhores plantarem e cuidarem, obviamente a colheita poderá ser benéfica, mas como tudo é naturalmente incerto, ainda assim correremos riscos. Entretanto, como sabemos que contra fatos os argumentos são inúteis e que precisamos continuar seguindo em frente para podermos ir ao longe, com Deus ao nosso lado, sempre nos ajudando e que só existe uma solução. Nós precisamos que os Senhores sejam mais competentes e responsáveis na condição especial que ocupam, como líderes das nações humanas que habitam o nosso “pálido ponto azul” do Universo.

Por fim, é preciso lembrar ainda de mais alguns ditados verdadeiros, que dizem o seguinte: “o primeiro passo é sempre o mais importante” e “hoje é o primeiro dia do resto de nossas vidas”. Deste modo, façamos bom uso desse nosso primeiro dia, dando o nosso primeiro passo e “não deixando para amanhã, o que pode e deve ser feito hoje”. Nós, não podemos voltar ao início e apagar os erros do passado, mas, certamente, nós podemos trabalhar na construção de um novo futuro que permitirá um final diferente daquele que está se apresentando.

Luiz Eduardo Corrêa Lima (67) é Biólogo (Zoólogo), Professor, Pesquisador, Escritor, Revisor e Ambientalista

24 jan 2016

COP 21: sucesso efetivo?

Resumo: O artigo aponta sobre as possíveis dificuldades de cumprimento dos compromissos planetários por parte de alguns dos países que participaram da COP 21. Embora tenha havido consenso no que se refere a necessidade de ações que garantam as taxas de CO2, na verdade nenhuma formalidade ficou estabelecida para o cumprimento das metas apresentadas pelos países. Assim, são questionados os possíveis riscos, haja vista as diferentes necessidades dos diferentes países.


COP 21: sucesso efetivo?

Existe um antigo ditado que diz: “o futuro a Deus pertence”, entretanto, eu penso que seja ilusão sempre deixar nas mãos de Deus todas as possibilidades de continuidade da vida futura. Penso que devemos tentar construir o nosso futuro através de ações que justifiquem os nossos interesses. Dessa maneira, é preciso projetar o futuro, aprendendo com os erros do passado, trabalhando dura e arduamente no presente, cumprindo todos os compromissos assumidos e assim tentando garantir construção do futuro. Obviamente também será necessário esperar que Deus permita que o nosso trabalho seja profícuo e que a nossa vida possa efetivamente alcançar o futuro, entretanto o projeto tem que ser nosso e não de Deus.

Pois então, a COP 21 (21ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima – UNFCCC) ocorrida em Paris, em dezembro de 2015, apresentou um relatório final em que fica evidenciada preocupação de todos os 195 países presentes com a questão climática planetária e que todos pretendem fazer alguma coisa para minimizar o aquecimento global. Porém, não ficou decidida nenhuma obrigação para ninguém. Isto é, cada país deverá ser responsável por aquilo que se comprometer e ponto final. Não sei, mas penso que faltou alguma coisa mais. Faltou a amarração final do acordo, mas como foi dito acima, o futuro pertence a Deus, no entanto eu acho que estamos atribuindo muita responsabilidade para Deus e nenhuma para nós mesmos.

Infelizmente, a história passada da humanidade não nos permite ter muitas esperanças sobre as possibilidades de cumprirmos os compromissos e o relatório final da COP 21 deixou uma agenda aparentemente muito frouxa de compromissos para os países signatários, no que diz respeito às diversas possibilidades de garantir a manutenção climática da Terra e vida futura da humanidade. Na verdade, nem se cogitou de uma efetiva agenda de ações e compromissos. Apenas se decidiu que os países membros, independentemente de qualquer exigência inicial, assumissem suas respectivas responsabilidades, se programassem e projetassem suas ações futuras para controle das emissões de carbono e outras atividades afins, visando a minimização dos problemas climáticos planetários.

Se, por um lado, os avanços científicos e tecnológicos nos animam, porque nos demonstram que somos capazes e que existem possibilidades reais de minorar os problemas ambientais e climáticos progressivamente, através dos novos mecanismos alternativos que têm sido desenvolvidos. Por outro lado, as profundas diferenças entre os países do mundo em nível cultural, educacional, econômico, científico e principalmente moral, não nos permitem ter grandes expectativas quanto à capacidade generalizada de ações promissoras e muito menos de que haja real interesse dessas ações por todos os países envolvidos. Não só as diversidades são muitas, como as necessidades também e são essas últimas, mais contundentes, que se manifestam primeiramente nos países pobres.

É bom lembrar que existem países na Terra cuja realidade é muito mais que triste, pois esses países não apresentam nenhuma condição para estar preocupados com aumento da temperatura do planeta, porque suas necessidades próximas são outras e certamente são mais prementes. Seus habitantes vivem numa imensa miserabilidade, sem condições nenhuma de qualidade de vida. Esses seres humanos precisam comer, beber, morar, vestir, além de inúmeras outras coisas menos importantes para se manter vivos. Enfim, a questão é muito complexa e depende de um significativo investimento do resto do mundo, em especial dos países ricos, para minimizar a pobreza no mundo.

Embora os países mais pobres contribuam individualmente pouco com as emissões de carbono, na somatória entre todos eles a quantidade total é bastante considerável e também precisa ser controlada. Entretanto, certamente eles não vão, a bel prazer, de maneira nenhuma, se preocupar com suas emissões de carbono, haja vista que têm problemas mais sérios e imediatos para resolver. Sair da miséria deve ser, antes de qualquer coisa, a prioridade desses países.

Penso que a COP 21 poderia e deveria ter criado mecanismos para, pelo menos, tentar garantir a diminuição das diversidades degradantes entre os países ricos e pobres, sugerindo, promovendo e comprometendo alguns mecanismos que viabilizassem a diminuição da pobreza no mundo, ainda que isso representasse um decréscimo econômico para os países ricos e possivelmente até mesmo para a economia mundial. Mas esse é o preço que tem que ser pago para garantir a nossa vivência no planeta e certamente essas medidas de redução da pobreza mundial, ao longo do tempo, se mostrarão mais eficientes e satisfatórias ao meio ambiente global, que determinadas atividades específicas de interesses nacionais restritos para algumas das nações mais ricas.

Assim, sou de opinião que, se nosso navio não continua à deriva, pelo menos continuamos sem o compromisso real de um projeto concreto mundial de trabalho e esforço coletivo dos países para garantir a diminuição das emissões de CO2 (Dióxido de Carbono, Anidrido Carbônico ou Gás Carbônico), ou seja, o navio está adernando e certamente poderá naufragar a qualquer momento. Ainda que os países, principalmente aqueles que mais contribuem para o aquecimento global, tenham apresentado as suas metas e que efetivamente deverão tentar cumpri-las, na realidade a responsabilidade para o cumprimento dessas mesmas metas, continua sendo um compromisso individual de cada país consigo mesmo e depois, sempre existe a possibilidade de mudança de planos pelos mais diversos motivos. Assim, a falta de amarração é um fato, no mínimo, perigoso e temerário, haja vista que a história humana não nos anima a realmente acreditar no cumprimento correto desse tipo de acordo.

Aqui no Brasil, por exemplo, temos a experiência de que para cada governo novo, surge uma nova política que desconsidera tudo que estava sendo feito pelo anterior e resolve começar algo diferente. Assim, a cada quatro anos muda praticamente tudo e quase nada tem continuidade. Além disso, existem acordos que alguns grupos (Partidos) distintos se recusam a cumprir, por simples pirraça. De maneira geral, o país é o que menos interessa aos administradores e políticos, os interesses dos grupos é que são importantes. Assim, lamentavelmente, se alguma questão anteriormente acordada por um grupo, que já não está mais no poder, for desinteressante ao novo grupo que passar a assumir o comando nacional, simplesmente aquela questão anterior deixa de ser considerada importante e passa a não mais existir. É duro e triste, mas infelizmente é assim mesmo que esse país funciona. Obviamente, o Brasil não deve ser o único desse jeito.

Depois de toda essa discussão, o que eu efetivamente quero dizer é que acredito que o nosso navio continua à deriva. Penso que o limite de aquecimento de 2 graus Celsius, até o ano 2100, dificilmente será mantido. Não se pode nem dizer que o acordo final da COP 21 foi um contrato de risco, porque na verdade não há contrato, existe apenas a certeza de que vamos continuar correndo sérios riscos, os quais seria melhor que não corrêssemos. Infelizmente, isso é muito pouco perto daquilo que a maioria dos ambientalistas esperava da COP 21.

Em certo sentido, aparentemente continuamos do mesmo jeito, a única coisa que mudou é que agora somos cientes da possibilidade de naufrágio e que cada passageiro do navio deve, por si só, elaborar o seu programa a seu bel prazer e se for possível (ou se for interessante), deverá cumprir esse programa no interesse de todos os demais passageiros da embarcação. Ora, isso é acreditar e depender muito de quem até agora nada tinha feito em relação às possibilidades consideradas. Ou seja, isso é achara que o naufrágio não precisa ser evitado, porque não existe risco.

Não quero ser pessimista, mas como eu já disse, essa situação de atribuir responsabilidade está muito tênue, sendo quase como mandar um “lobo bom” tomar conta do galinheiro, porque por mais que ele possa fazer de produtivo, haja vista que ele é um “lobo bom”, sempre haverá alguma galinha que terá que ser comida, ou por necessidade ou até mesmo por uma questão de sua índole de lobo. Lobo é lobo e, nesse caso, cabe ressaltar que Thomas Hobbes já disse que o homem é o lobo do próprio homem. Em suma, sem compromisso formal, acredito que vamos continuar a enxugar gelo, o qual, aliás, não para de derreter, porque a temperatura não para de subir.

Enfim, temos que parar de pensar isolada e individualmente, cada país com seus problemas. Temos que ressuscitar John Lennon e pensar num único país, um país chamado Terra, onde todos os seres humanos vivem a vida em paz. Temos que assumir Gaia, como propôs James Lovelock, entendendo que somos parte de um todo maior, viajantes dentro dessa grande nave espacial, pois só assim teremos certeza de que trabalharemos para tentar garantir o futuro, pois independentemente da vontade de Deus, estaremos fazendo nossa parte.

Senhores, vejam bem, como as coisas são difíceis e como o ser humano é complicado. Enquanto a gente sai de uma reunião internacional com 195 países reunidos, ao fim da qual se ajusta um grande acordo de cavalheiros, dentre nós mesmos existem alguns que não estão nem aí com toda a conversação produzida. Por exemplo, logo depois da COP 21, a Coréia do Norte afrontou o mundo fazendo testes bélicos, explodindo uma bomba de hidrogênio. Mas, tudo bem, temos certeza que a maioria dos humanos não são como o líder norte coreano. Não sei até quando, mas vamos tentar acreditar na raça humana mais uma vez, até porque todos os humanos da Terra estão na mesma dependência de que esse navio não naufrague.

Acredito que os países deveriam ter firmado alguns acordos mais contundentes, os quais, de alguma maneira, obrigassem a assumirem suas responsabilidades individuais e coletivas em prol do planeta e da humanidade, porém não foi isso que aconteceu. De qualquer forma, nós já vimos que a espécie humana é genial e que obviamente também não é impossível que as coisas possam efetivamente melhorar. Agora só nos resta aguardar o futuro e embora devêssemos caminhar sozinhos, porque fomos nós que criamos os problemas. Mas, vamos acreditar na espécie humana, mormente nos dirigentes das nações e esperar que Deus nos ajude e nos conduza mais uma vez na direção certa.

Luiz Eduardo Corrêa Lima



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22 jan 2015

Do ponto de vista ambiental, 2015 começou muito bem

Resumo: Voltando às atividades o Professor Luiz Eduardo começa o ano de 2015 cheio de esperança, trazendo aos leitores algumas novidades que sacudiram esse início de ano. A julgar pelos primeiros acontecimentos 2015 será um ano em que as questões ambientais preponderantes deverão ser tratadas com merecem e isso certamente implicará na melhoria da qualidade de vida dos humanos no planeta Terra. Leiam o artigo e as notícias alvissareiras que ele traz.


Depois de curtas e merecidas férias, eis que estamos aqui de volta, esperando que 2015 seja uma no maravilhoso para todos. A partir dessa semana, toda semana teremos um novo texto no site. Para começar o ano vou me ater a três notícias que foram trazidas à baila pela grande mídia na última semana, mas que não tiveram os devidos destaques que deveriam, porque a própria grande mídia não faz muita força em discutir um assunto, quando ele realmente interessa a todos.

Notícia 1 – O ano de 2014 foi mais quente da história.

A exemplo do que já havia acontecido em 2013, o ano de 2014 bateu novo recorde e continuou sendo o mais quente de todos os tempos e a julgar pelo mês de janeiro que estamos tendo agora, certamente 2015 irá superar 2014.

Mas, aí eu pergunto: onde está a novidade?

Qualquer pessoa de bom senso e minimamente ligada às questões ambientais já sabia que essa situação iria acontecer, porque vivemos em pleno aquecimento global e continuamos não fazendo nada para tentar amenizar o problema. Os grandes grupos econômicos e alguns países ainda insistem em não querer aceitar essa verdade e continuam a justificar o injustificável com argumentos torpes e mesquinhos, cujo fundamento é exclusivamente econômico. Mas as pressões são cada vez maiores e alguns governos estão começando a forçar barra para o controle de algumas coisas nessa área, com é o caso da China. Já é tempo desse pessoal entender, a exemplo do que disse o economista Paul Singer; “a economia é uma pequena parte da ecologia”.

Notícia 2 – Apenas 1% da população mais rica detém 50% de toda a riqueza do planeta.

Essa notícia chega a chocar de tão violenta, pois é inadmissível apenas 80 mil pessoas possa ter a mesma quantidade total de riqueza que 3,1 bilhões de pessoas. A pobreza planetária é muito grande e só tem aumentado. Cada vez mais o hiato entre ricos e pobres é maior e desse jeito não será possível resolver nada. Do ponto de vista ambiental, social e econômico, isto é, dentro dos preceitos da sustentabilidade é impossível manter a vida humana dentro desse status quo. Assim, ou dividimos as riquezas de maneira melhor ou nossa espécie estará fada a se extinguir pereceremos.

Mas, aí eu pergunto mais uma vez: onde está a novidade?

E mais uma vez a resposta é a mesma, isto é, qualquer pessoa de bom senso e minimamente ligada às questões ambientais já sabe disso, porque está claro que precisamos dividir melhor as riquezas entre as diferentes nações e progressivamente acabar com a pobreza no mundo. Porém, os países e as pessoas ricas não parecem estar muito interessados nisso e assim os pobres vão sobrevivendo como puderem, onde puderem e até quando puderem. Os ricos precisam saber que eles só existem porque os pobres ainda existem e que se todos os pobres forem esmagados economicamente, certamente os ricos também não terão como continuar vivendo. O único consolo é que eles viverão um pouco mais tempo, mas seu fim também chagará. O Presidente dos Estados Unidos, Barak Obama, está iniciando um trabalho interno naquele país, visando aumentar impostos dos indivíduos mais ricos para auxiliar no estabelecimento de medidas que favoreçam economicamente os indivíduos mais pobres.

Notícia 3 – O Papa disse que a Humanidade precisa parar de reproduzir igual aos coelhos.

Essa talvez tenha sido a mais importante notícia desse início de ano, porque finalmente, a maior autoridade da igreja Católica, o Papa Francisco, resolveu sair da toca e, mesmo sem contrariar os preceitos estabelecidos pelo catolicismo, sugeriu que a reprodução precisa ser responsável e que talvez fosse interessante não gerar muitos filhos.

Ora, estamos no meio de uma grande conturbação em consequência dos acontecimentos ocorridos na revista francesa Charlie Hebdo e da manifestação lamentável assumida pelos muçulmanos mais radicais. Não vou aqui discutir quem está certo ou quem está errado, mas acho que matar os autores das charges não resolve a questão, ao contrário, só trará mais problemas e mais charges. Entretanto, em meio a tudo isso, o Papa, resolve apresentar um argumento, ainda que tímido, em favor do controle da natalidade, o que também é uma afronta as essências das ideias, tanto católicas quanto muçulmanas.

Mas, aí eu pergunto mais uma vez: onde está a novidade?

E mais uma vez a resposta é a mesma, isto é, qualquer pessoa de bom senso e minimamente ligada às questões ambientais já sabe disso, simplesmente porque não há recursos e nem espaço para todos. É preciso estabelecer critérios de ocupação planetária e de tamanho mínimo populacional, porque senão os recursos se findarão e aí não haverá como nossa espécie e muito menos as nossa religiões sobreviverem.

O Papa, toda a igreja católica e todas as religiões do mundo já sabem disso. Todos têm certeza de que não dá para a população humana continuar crescendo loucamente como aconteceu até aqui e que a violência, em certo sentido, é consequência direta desse crescimento populacional absurdo e aproveitou o momento de crise e de violência para sugerir uma maneira de pensar melhor sobre a aleatoriedade da reprodução humana nos diferentes credos religiosos, mormente nos dois maiores segmentos religiosos, os católicos e os muçulmanos. Na minha opinião o recado do papa foi o seguinte: “quanto mais reproduzimos mais ampliamos as nossa diferenças e radicalizamos os nossos pensamentos em relação aos diferentes e isso não é bom para nenhum de nosso segmentos”.

O estabelecimento de critérios populacionais também seria interessante para amenizar outros problemas de ordem ambiental e principalmente de ordem social. Além de diminuir as pressões econômicas sobre os recursos. Ou seja, o Papa Francisco está dando aulas de sustentabilidade ao tentar lembrar aos seguidores do catolicismo que o homem não é um coelho que reproduz por mero instinto, mas sim que precisamos ter consciência do que representa cada humano a mais no planeta Terra.

Pois então, meus amigos e leitores, creio que o ano de 2015 começou cheio de esperanças para todos os ambientalistas como eu. A China investindo mais em energia limpa. Os Estados Unidos pensando em taxar grandes fortunas. O Vaticano sugerindo reproduzir menos. Pelo que vimos nesse curto período, o ano está prometendo mudanças significativas e os grandes encontros internacionais na área ambiental, terão que se manifestar quanto a esses três assuntos e quem sabe as respostas, ainda que tardias não comecem a chegar, até porque nunca é tarde para começar e o planeta Terra e principalmente os mais de 7.2 bilhões de humanos, ricos e pobres, necessitam que algo seja feito.

Estou realmente acreditando que 2015 venha a ser um divisor de águas para o meio ambiente e espero particularmente que o encontro que já está acontecendo em Davos, na Suíça (World Economic Forum Annual Meeting 2015), onde se discute mais uma vez sobre a questão da pobreza no mundo, possa trazer posições extremamente importantes e positivas para as grandes questões ambientais planetárias. Tomara que eu tenha razão e que meus “feelings” se concretizem. Mas, só o fato do Papa pensar e falar em reproduzir com responsabilidade, já torna esse começo de ano muito especial para os ambientalistas e para as perspectivas planetárias futuras.

Luiz Eduardo Corrêa Lima

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29 out 2013

É preciso reagir à Crise Ambiental Global

O mundo se arrasta numa crise ambiental sem precedência e ao que parece também sem limites, ou com limites drásticos à existência da espécie humana sobre a superfície do planeta, mormente depois da publicação e divulgação do 5° relatório do IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas), que confirmou o agravamento do Aquecimento Global. Por outro lado, a humanidade continua seguindo passiva na sua emblemática e infeliz missão de retirar e consumir recursos naturais, além de jogar cada vez mais CO2 (Gás Carbônico) na atmosfera e liberar resíduos tóxicos no ar, na água e no solo do planeta.

É incrível, mas nada muda nos planos dos governos e muito menos na filosofia e nas ações comportamentais das diferentes pessoas pelo planeta afora. O fim do mundo e da civilização humana atual parece ser realmente um mecanismo natural, bíblico e messiânico, para o qual toda a humanidade semelhante à ovelhas num rebanho uniforme e conformado está seguindo compulsória e mansamente. A realidade a nossa volta é bastante assustadora, mas nós continuamos agindo como se nada de importante estivesse acontecendo.

Quando vamos acordar para a realidade?

Nossa história planetária registra inúmeros momentos de tensão e medo coletivo em várias situações e em diferentes civilizações e momentos. Entretanto, o momento atual que certamente é o mais crítico e perigoso que a humanidade já enfrentou, porque o risco agora é global e não apenas localizado, não parece oferecer nenhuma preocupação adicional a grande maioria dos seres humanos, principalmente àqueles humanos detentores de poder político e administrativo. Embora não haja carência de líderes, lamentavelmente parece haver grande carência de liderança efetiva no mundo engajada na questão ambiental e por isso mesmo a humanidade segue alienadamente contemplando a desgraça e investindo cada vez mais na degradação do planeta e na miserabilidade dos seres humanos.

Por que somos tão resistentes e insensíveis em relação a crise ambiental?

Estamos efetivamente tão enfeitiçados pela propaganda que perdemos as nossas identidades, nosso altruísmo e principalmente o nosso brio e a nossa capacidade de nos rebelarmos e de lutarmos para garantir um mundo melhor para nós e principalmente para os que ainda virão. (Se é que eles ainda virão mesmo.) Somos complacentes, condescendentes e vivemos como crianças num parque de diversões, apenas preocupados em contemplar, consumir e nos divertir. O pior é que não existe nenhuma tentativa de mudança ou de controle dessa condição de indiferença, apesar da natureza estar constantemente nos avisando, através de mecanismos catastróficos inusitados e cada vez mais violentos.

Onde foi parar a nossa capacidade de percepção dos problemas?

Vejam bem que existem três grandes questões pendentes a serem respondidas nessa pequena argumentação acima e nós precisamos responder clara e efetivamente a elas. Vou tentar manifestar minha opinião a esse respeito e dar alguns palpites, os quais talvez possam facilitar as ações e os mecanismos que viabilizem possíveis soluções para os problemas ou que, pelo menos, permitam orientar um pouco melhor as pessoas sobre o que acontece para que elas possam estabelecer suas próprias maneiras de tentar propor ou mesmo de estabelecer ações mitigadoras e controladoras ou até preventivas sobre determinados aspectos.

Sobre a primeira questão, eu penso que não vamos efetivamente acordar enquanto não houver uma ação coletiva que envolva a toda a sociedade, enquanto pensarmos como segmentos isolados que têm interesses diversos, nunca vamos acordar para a realidade e assim não haverá solução para o problema. Essa ação coletiva deverá partir das grandes entidades sociais, as quais precisam estabelecer uma política comum para tratar a crise ambiental global. Os governos, as corporações, as entidades educacionais e religiosas deverão ter destaque nesse mecanismo de orientar as populações sobre a realidade e sobre as potencialidades a serem desenvolvidas no sentido de minimizar a questão e de solucionar os problemas. É claro que os efeitos serão produzidos gradativamente, mas as perspectivas só serão boas se houver efetivo engajamento das partes e se não houver esmorecimento. A política estabelecida precisa ser cumprida a qualquer custo, pois ela será a única prioridade.

Precisamos demonstrar as populações que os fenômenos catastróficos, que temos observado progressivamente, não acontecem por acaso, mas sim porque as ações do homem no planeta têm produzido modificações ambientais e climáticas significativas que levam a ocorrência maior desses eventos violentos. As pessoas têm que entender que o clima muda naturalmente, mas que as ações do homem sobre o planeta têm modificado significativamente o clima e acelerado muito dos processos naturais e por isso, os eventos climáticos catastróficos têm sido mais frequentes e maiores. O processo de orientação em relação e esse fatos deverá ter que ser preciso, contínuo e constante para que as populações, em todos os níveis social, econômico e cultural possam estar atentos e sejam capazes de entender e perceber essa verdade.

A segunda questão me parece estar ligada com as nossas crenças religiosas que nos levaram a inferir que “Deus tudo fará para o bem da humanidade” e com as nossas crenças científicas de que a “tecnologia poderá resolver todos os problemas” que o homem criar. Ao meu ver ambos os argumentos são falhos e extremamente fracos, entretanto, embora falaciosos, esses são os argumentos que estão mais presente no pensamento comum. Para a grande maioria das pessoas Deus sempre dará um jeito de tirar a humanidade dessa enrascada. Sinto dizer, mas está na hora de sairmos dessa ilusão e passarmos à ação.

A crise ambiental, ao contrário de outras crises é sistêmica e globalizada, mas é pouco perceptível às pessoas na sua totalidade, porque os efeitos acontecem sempre localizadamente e a maioria das pessoas, talvez por falta de conhecimento, não faz a devida correlação entre esses diferentes efeitos. Seus resultados são sentidos em pequena escala e não chegam a comprometer grandes segmentos ou setores ao mesmo tempo e assim sua percepção se faz em escala pouco significativa nas diferentes áreas e populações humanas. Entretanto, como sua ação é sistêmica, a continuar assim, os efeitos acumulados vão sendo progressivamente mais abrangente e certamente irão atingir um ponto em que não vai haver mais possibilidade de controlar e muito menos de retroagir e aí o fim de nossa espécie e de muitas outras estará decretado.

Precisamos sair do marasmo e das crendices e estabelecer mecanismos efetivos que propiciem ações coletivas em favor do meio ambiente e da qualidade de vida planetária. Comecemos por parar de degradar, de utilizar recursos naturais alucinadamente e de lançar toda sorte de resíduos nos ambientes naturais, principalmente CO2 (principal agente do aquecimento global) na atmosfera, o qual é o maior causador das catástrofes climáticas.

Precisamos desenvolver mecanismos que permitam orientar e esclarecer sobre essas questões técnicas e suas características, além de convencer as pessoas de que a realidade é uma só: ou mudamos nosso comportamento em relação ao planeta ou nossa espécie será extinta. Não dá mais para ficarmos discutindo teoria fundamentalistas sobre a existência humana, temos sim que tomar atitudes que previnam o nosso fim, independentemente de acreditarmos ou não nessa possibilidade. As pessoas precisam estar conscientizadas de que a possibilidade de extinção prematura da espécie humana é real e precisam agir no sentido de evitar que isso possa acontecer. Os líderes terão que exercer uma liderança efetiva pois terão um papel fundamental na orientação dessa condição.

A terceira questão tem bastante a ver com a segunda, quando se refere a nossa falta de percepção, mas difere dela quando leva a entender que nem sempre agimos assim, ou melhor para muitas outras coisas nós efetivamente continuamos tendo percepção, mas para as questões ambientais não. Na verdade aqui se trata, muito menos de percepção e muito mais de importância. O que acontece é que nunca se deu a devida importância que os problemas ambientais merecem ter e assim a maioria não se apercebeu de sua importância e implicação para a humanidade e para o planeta. Há muita falácia sobre os problemas ambientais e poucas ações efetivas que levem ao entendimento e os devidos riscos oriundos desses problemas.

É exatamente nesse ponto que as lideranças deverão se manifestar e aparecer, pois somente sobre o comando de líderes bem intencionados e convictos da necessidade de mudança comportamental é que poderemos obter os resultados satisfatórios que objetivamos. A importância ambiental deve estar clara e deve ser priorizada, de forma tal, que não existam dúvidas sobre sua importância vital. Questões econômicas deverão ficar relegadas ao segundo plano. Os líderes têm a obrigação de convencer as demais pessoas sobre esse fato preponderante. Os objetivos traçados deverão ter o ambiente como prioridade única, pois todo o resto dependerá da melhoria ambiental.

O planeta clama por uma ação antrópica em prol de sua melhoria. A humanidade, por sua vez, precisa agir no sentido de tornar essa melhoria uma realidade, pois só assim a espécie humana poderá continuar sua história evolutiva na Terra. Vamos pois, cumprir o nosso compromisso conosco, com as demais formas de vida planetária e principalmente com a continuidade da vida humana e com as gerações futuras, as quais têm todo o direito de viver nesse planeta único e fantástico, como nós ainda vivemos.

Luiz Eduardo Corrêa Lima

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