PARA VALORIZAR A MULHER NÃO PRECISA EXCLUIR O HOMEM

Para valorizar a mulher não precisa excluir o homem

Resumo: Um aspecto muito discutido nos últimos tempos que é a Valorização da Mulher, porém o autor avalia que certos grupos sociais parecem estar confundindo a necessária valorização da mulher com uma possível exclusão do homem e alerta que essa atitude acaba sendo um grande mal para a humanidade.


Outro dia participei de um evento muito interessante sobre questões culturais, enfocando principalmente a cultura regional e em dado momento do evento uma determinada mulher, apoiada por duas outras, se levantou e fez questão de dizer, com certo sarcasmo e muito vanglorismo, que havia conseguido promover e realizar uma determinada atividade cultural na sua cidade sem a participação de nenhum homem e que, apesar das críticas e reclamações dos homens, a atividade foi perfeita e que os homens morreram de raiva. Ela disse ainda, que seu grupo está planejando e vai realizar a mesma atividade novamente sem a presença de homens, para comprovar que “eles não são importantes”.  Isso, segundo a oradora, é “para demonstrar a valorização da mulher” e as outras duas concordaram plena e efusivamente com aquela situação.

Confesso que não falei nada naquele momento, porque eu era um estranho no ninho, um convidado de última hora que não conhecia a imensa maioria das pessoas presentes (cerca de 40 pessoas, sendo a maior parte mulheres) e talvez minha fala fosse criar uma situação mais desagradável ainda. Mas, eu não só me senti muito ofendido, como fiquei com uma grande preocupação em relação ao rumo que essa chamada luta pela valorização da mulher está tomando. Sinceramente, acho que devo ser muito burro, pois não consigo entender o porquê do simples fato de excluir os homens de uma atividade qualquer, possa ser a melhor maneira de valorizar a mulher. Por conta disso, resolvi escrever esse texto e apresentar o meu pensamento sobre o assunto.

Antes de qualquer coisa, quero dizer que não tenho absolutamente nada contra a valorização da mulher, até porque vejo que essa é, de fato, uma tarefa bastante importante e necessária. Aliás, penso que, realmente, essa é uma necessidade para a sociedade e também, do ponto de vista estritamente biológico, para a espécie humana. Nesse texto, vou tentar discutir sobre isso mais detalhadamente e obviamente já estou preparado para as críticas que certamente irei receber. Por outro lado também quero deixar claro que não estou querendo criar polêmica, estou apenas fazendo um constatação e demonstrando minha preocupação com a questão.

Assim, devo dizer que entendo que quando se fala de valorizar a mulher, o entendimento deve ser de única e exclusivamente valorizar a mulher. Então, quem quer valorizar a mulher, deve realmente valorizar a mulher como entidade biológica representante da espécie humana, assim como o homem. Entretanto, não é bem isso que se tem visto por aí, porque na grande maioria das vezes que se comenta sobre a valorização da mulher.

Na verdade, está se fazendo a desvalorização do ser humano indiretamente, sob a máscara da pretensão de valorização da mulher. Isso acontece porque se quer tentar, por um lado, valorizar a mulher, o que obviamente é muito bom. Entretanto, por outro lado, muitos se aproveitam, deliberada ou ocasionalmente, para simplesmente desvalorizar e excluir o homem e isso não é bom para a espécie humana, nem do ponto de vista social, pois cria um antagonismo social entre os sexos e muito menos do ponto de vista biológico, porque separa a espécie humana em dois grupos distintos e rivais. Vou tentar esclarecer melhor o que estou querendo dizer.

Quando se quer promover a mulher, muitas vezes se esquece que ela é parte de um todo maior, que é a sociedade humana, a qual se compõe de homens e mulheres. Ou seja, a mulher não está, nunca esteve e jamais estará isolada, ela faz parte de um grupo maior que é a humanidade. Ainda que quantitativamente as mulheres componham a maior parte da humanidade, torna-se imprescindível considerar que a totalidade de seres humanos se compõe indistintamente de mulheres e homens. Feliz ou infelizmente nossa é espécie não é como as espécies de minhocas, por exemplo, onde cada indivíduo apresenta os dois sexos. A espécie humana tem dois indivíduos distintos que a compõem, cada um deles com seu sexo, um é o macho (chamado de homem) e outro é a fêmea (chamada de mulher).

Em Biologia, essa condição é definida como espécie dioica, isto é, que possui dois tipos diferentes de seres. As espécies de minhocas são monoicas, porque apresentam um único tipo de ser que abriga naturalmente os dois genitais e assim possui os dois sexos. Esses seres que apresentam os dois genitais num único corpo são biologicamente denominados de hermafroditas. Desta maneira, as espécies de minhocas são hermafroditas e a espécie humana é unissexuada, isto é, possui os sexos separados.

Assim, as minhocas não necessitam criar um “absurdo sexual” para defender os interesses de suas espécies, até porque os indivíduos das diferentes espécies de minhocas devem ser, antes de qualquer coisa, necessariamente, “pró-minhocas”, já que não tem como existir conflito sexual entre eles, haja vista que apresentam os dois sexos no mesmo corpo. A espécie humana, ainda que ocasionalmente, está tentando criar uma situação “pró-mulher” dividindo a espécie humana, além de biologicamente, também sociologicamente, como se mulher e homem fossem espécies distintas. Ora, isso é um absurdo, pois homem e mulher são biologicamente indivíduos da mesma espécie, a qual, por ser dioica, apresenta seres morfologicamente distintos quanto ao sexo, como já foi dito. 

Alguns segmentos da espécie humana, diferentemente das minhocas, parece que não querem ser “pró-humanos”, porque esses segmentos estão, cada vez mais, tentando ser “pró-sexo feminino”. No passado era o sexo masculino (machismo – “pró-homem”) e agora é o sexo feminino (feminismo – “pró-mulher”). Ora, isso não faz nenhum sentido biológico e acaba sendo uma grande idiotice social. É claro que existe uma triste e lamentável verdade histórica, na qual a mulher foi muito prejudicada pela sociedade machista, mas isso não obriga a essa tentativa atual absurda que alguns têm pleiteado, de criar uma ruptura sociológica contundente da mulher com o homem. Até porque, isso certamente é muito ruim para a espécie humana como um todo.

Com certeza, nesse momento, muita gente já está me xingando e dizendo que estou dizendo essas coisas porque sou homem e ainda que certamente eu não conheço, ou não ligo para as dificuldades das mulheres. Mas, eu quero dizer que penso exatamente ao contrário desse padrão, pois sou extremamente ciente dos males e preconceitos que as mulheres sofreram e muitas ainda sofrem, ao longo da história humana e, como já afirmei no início desse texto, não concordo em absolutamente nada com isso. Entendo que a mulher, deve sim, se valorizar e se mostrar para a sociedade, que lamentavelmente ainda é machista em muitos casos, demonstrando sua importância para a espécie humana, tanto do ponto de vista biológico, como social.

Mas, por outro lado, eu também não acredito que abrindo oficial e declaradamente uma “guerra dos sexos” essa situação (questão) será resolvida. Isso, considerando que exista mesmo uma questão nesse contexto, porque talvez haja apenas rusgas de sentimentos e exageros comportamentais, que lamentavelmente aconteceram e ainda acontecem. Até porque, o fato da história ter dado privilégios ao homem ao longo do tempo, não significa que doravante qualquer indivíduo do sexo masculino deva ser punido ao nascer pelo simples fato de ter nascido homem. É certo que existem homens contrários às mulheres, mas isso não é uma regra atual. Aliás, acredito que nunca foi.  

Em sema, eu não acredito que haja necessidade de querer combater e exterminar os homens, até porque se isso acontecer a nossa espécie, que não consegue se reproduzir por nenhum dos mecanismos de Partenogênese*, acabará se extinguindo. Deste modo, acredito que se vangloriar apenas e tão somente, pelo fato de trabalhar para excluir os homens de determinadas situações não me parece ser correto. Aliás, parece ser algo inútil, além de desagradável, malévolo e muito ruim, que ainda soa mais como uma forma de tentar se vingar dos homens, do que efetiva e propriamente de valorizar as mulheres.

Não vale a pena lutar pela exclusividade feminina, o que vale a pena é demonstrar que a mulher pode fazer certas coisas, em certos momentos, muito melhor que os homens e vice-versa, apenas porque a nossa espécie é assim. Existem homens brilhantes e obviamente também existem mulheres brilhantes e nós não podemos nos esquecer disso e nem tentar impedir que as coisas continuem naturalmente sendo e acontecendo assim, porque essa é uma condição fundamental para a manutenção da espécie humana.

Por favor, pensem nisso e vamos tentar parar com esse negócio absurdo de querer excluir os homens e se vangloriar com isso. Lembrem-se que homens e mulheres são dois lados de uma mesma moeda, que é a espécie humana. Só manteremos a força e o valor dessa moeda se protegermos e preservarmos os direitos individuais de ambos. O melhor para a espécie humana é que o homem e a mulher sejam iguais em direitos e deveres e que esta isonomia passe a ser real e verdadeira em todas as situações. Espero, sinceramente, e sem nenhuma maldade, que minha mensagem aqui expressa seja avaliada e entendida. Somos seres humanos e não apenas homens e mulheres. Toda vez que um homem se vangloria de ser superior a uma mulher ou vice-versa, a espécie humana morre um pouco.

Estou certo de que o feminismo é bom e o antimachismo é melhor ainda para as mulheres, porém a tentativa de prevalência exclusiva de um sexo sobre o outro é um mal lamentável, terrível e perigoso, porque pode produzir o extermínio da nossa espécie muito mais rapidamente do que seria de se esperar pelas condições naturais. Acredito que, nessa questão de valorização da mulher, temos que pensar coletivamente como espécie humana e não como separadamente como indivíduos desse ou daquele sexo da espécie. Tomara que a mulher seja realmente mais valorizada, mas é preciso tomar cuidado para que essa valorização da mulher não implique, ainda que indiretamente, na exclusão do homem.  Somos uma só espécie. Pensem nisso.

Luiz Eduardo Corrêa Lima (63)

*Partenogênese é um tipo de reprodução assexuada presente em
inúmeras espécies de animais, na qual as fêmeas dessas espécies se reproduzem
por si sós, isto é, sem nenhuma participação efetiva dos machos, ou seja os
óvulos das fêmeas desenvolvem-se sem ter que ser fecundados pelos machos.

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