Tag: Degradação Ambiental

01 mar 2016

A Sucessão Ecológica, a Formação dos Ecossistemas e a Degradação Planetária

Resumo: O texto atual trata da questão da formação dos diferentes ecossistemas terrestres por conta das forças físicas e químicas planetárias e da rápida degradação ambiental produzida pela espécie humana. A abordagem tenta demonstrar que as atividades antrópicas têm descaracterizado o planeta e comenta comparativamente sobre equilíbrio e a solidez dos ecossistemas naturais e fragilidade dos ecossistemas produzidos pelo homem e do risco cada vez maior na ampliação desses ecossistemas artificiais.


Sucessão Ecológica, a Formação dos Ecossistemas e a Degradação Planetária

A estrutura externa do planeta Terra atualmente se apresenta esquematicamente definida numa constituição de delineamento que pode ser facilmente entendida quando se observa um mapa mundi ou um planisfério. Essa estrutura, porém, nem sempre foi assim e certamente no futuro também não será como hoje. As mudanças estruturais resultam do tectonismo, que faz com que as placas tectônicas se movam e assim permitem que a crosta terrestre também possa se movimentar sobre o manto. Essa propriedade do planeta então permite que a crosta terrestre esteja sempre em movimento e assim, se modificando ao longo do tempo.

Em síntese, por conta do tectonismo, qualquer que seja o lugar, do ponto de vista geográfico-geológico, certamente esse lugar nunca será o mesmo, porque épocas diferentes apresentaram condições geológicas diferentes, as quais produziram situações geográficas distintas. Essa é a geodinâmica do Planeta Terra. Obviamente essa mudanças são progressivas, porém muito pequenas e vagarosas. Por isso mesmo, as mudanças são quase imperceptíveis aos olhos humanos, só podendo ser percebidas quando são analisadas ao longo do tempo geológico.

Em 1915, quando Alfred Wegener, no trabalho intitulado “A Origem dos Continentes e dos Oceanos”, sugeriu a possibilidade do movimento da crosta terrestre e propôs a Teoria da Deriva Continental ou Translação dos Continentes, para muitos parecia que aquele cientista estava ficando louco, entretanto hoje sabemos que esse é um fato geológico efetivo e incontestável. Além disso, hoje também sabemos que é graças ao tectonismo que a geodinâmica planetária se mantém. Por conta desse fenômeno, diferentes locais geográficos, ao longo do tempo geológico, apresentaram características físicas, químicas e biológicas bastante distintas.

Na verdade, as atividades acontecem da seguinte maneira: as forças físicas que atuam num determinado lugar, levam ao desenvolvimento de mudanças nas características físicas e nas composições químicas das substâncias que lá existem e esse mecanismo vai acontecendo indefinidamente. Em certo momento da história geológica da Terra surgiram os organismos vivos (entes biológicos) e consequentemente esses organismos vivos que habitam o local, também têm que ir se modificando para poder ocupar essas áreas que estão sempre ficando diferentes. A Evolução Biológica nos mostra que essa ocupação foi gradativamente se estruturando de maneira progressiva e se complexando por conta das necessidades de adaptações aos “novos ambientes” naqueles “velhos lugares”.

O processo evolutivo assim, tende a caminhar das formas biológicas mais primitivas, as bactérias, passando pelos diferentes grupos de protistas, de plantas e animais, inclusive o homem. Obviamente não há obrigatoriedade de uma progressão, mas existe uma contingência progressiva condicionada pela capacidade maior ou menor de adaptação das espécies e a por isso mesmo não ocorre necessariamente o aparecimento de uma forma viva em função do desaparecimento de outra. A evolução é cumulativa e mantém populações diferenciadas em função das referidas capacidades de adaptação. Assim, existem estágios múltiplos diferenciados e convivência coletiva entre esses diferentes estágios.

Pois então, a vida, que até aqui parece ser um fenômeno exclusivo do Planeta Terra, se desenvolve, se adapta e se modifica sempre em função das condições físicas e químicas do local onde ela se encontra. Em outras palavras, a vida (a Biologia) se estabelece obrigatoriamente na dependência direta das condições físicas e da composição química do local. Assim, em última análise, são a Física e a Química quem determinam as condições básicas sobre as quais a Biologia se estabelece. Essa é uma verdade irrefutável e é através do mecanismo conhecido como Sucessão Ecológica que essa situação consegue se estabelecer e desenvolver.

Num primeiro momento, qualquer local é uma estrutura física, composta por diferentes substâncias químicas, ou seja, um componente mineral ou pura rocha. Com a ação das intempéries do tempo e dos microrganismos vivos que, por ventura, conseguem se estabelecer nesse local, progressivamente o local vai se modificando e permitindo a vinda e a permanência cumulativa e diversificada de novos organismos, até que se estabeleça um grau máximo de suporte, de ocupação e consequentemente de diversidade biológica (Biodiversidade), onde ocorre uma estabilidade da comunidade, que só irá se alterar profundamente se houver nova mudança significativa do local. É esse mecanismo crescente de ocupação e de aumento progressivo da biodiversidade que denominamos Sucessão Ecológica.

A Sucessão Ecológica a rigor se passa por 3 fases fundamentais. A primeira fase (Comunidade Inicial) é aquela em que estão presentes as espécies que primeiro conseguem se estabelecer e que iniciam o processo de colonização biológica e transformação química da rocha matriz e que irão permitir a ocupação da área por outros organismos. Exatamente por exercerem tais funções é que essas espécies são denominadas de Pioneiras ou Colonizadoras. A segunda fase (Comunidades Séries) é aquele que se compõem das espécies intermediárias que são substituídas progressivamente. As Séries podem se compor da várias subfases, que cada vez abrem mais caminhos à ocupação dos novos organismos, até atingir a terceira fase (Fase Final), onde o equilíbrio de comunidade e a sua Biodiversidade atingem o apogeu. Esta fase final é denominada de Comunidade Climácica ou Clímax, porque ela efetivamente consiste no grau máximo de complexidade biológica e estrutural daquele local. Enquanto as condições se mantiverem ambientalmente equilibradas o Clímax tende a se manter.

Foi exatamente desta maneira, que os diferentes processos de Sucessão Ecológica, ao longo do tempo geológico, foram capazes de formar os diversos Ecossistemas e os diferentes Biomas que nosso planeta apresenta hoje. O resultado da estrutura planetária atual é consequência das inúmeras Sucessões Ecológicas, até aqui, ocorridas nos diferentes tipos de locais da Terra.

Assim, a Terra levou vários milhões de anos de sucessões para atingir o estágio atual e os grandes Biomas nela existentes, Por outro lado, a humanidade em pouquíssimos anos tem atuado progressiva e rapidamente como modificador desses ecossistemas de maneira drástica e muitas vezes irreversível. Assim, enquanto a natureza cria e define a estrutura terrestre num eon (tempo geológico), o homem, por sua vez, está destruindo toda a obra natural, num “flash” de tempo.

É através das mudanças geológicas que um rio se transforma num lago, que uma baía se transforma numa lagoa, que uma lagoa se transforma num charco e que um charco se transforma em terra firme. Também é através das atividades geológicas que nasce uma ilha no oceano, que forma-se uma ilha num litoral. Mas, é através das sucessões ecológicas que ocorrem nesses diferentes locais que a vida surge, com as espécies pioneiras e se diversifica com as diferentes séries até chegar ao Clímax. E desta maneira que uma ilha recém formada no meio do oceano, em relativamente poucos anos estará repleta de vida.

Enfim, todas as possibilidades geológicas são acompanhadas por mudanças biológicas consequentes e isso produz cada vez mais diversidade de formas vivas na Terra. Entretanto, nem sempre foi assim, porque houve um momento em que a vida ainda não existia, mas, depois que a vida surgiu no planeta, essa história de sucessão ecológica tem se repetido inúmeras vezes em todos os lugares da Terra, independentemente da ação antrópica. Embora o homem não impeça diretamente as sucessões, ele minimiza suas potencialidades quando especifica determinadas áreas no seu interesse particular e isso leva à redução das possibilidades sucessivas e consequentemente diminui a Biodiversidade.

Os Grandes Biomas planetários e suas respectivas formas de vida características são consequência dos Movimentos Geológicos e das Sucessões Ecológicas naturais. A vida no planeta cresceu e se diversificou fantasticamente e por força de ações geológicas já existiram vários períodos de extinção, mas sempre houveram novas possibilidades e novas sucessões se desencadearam e o resultado atual é esse que podemos observar. Entretanto, mais recentemente, graças a ação do homem, a vida que cresceu e diversificou, agora está decrescendo e se extinguindo vertiginosamente, em consequência da destruição dos ambientes naturais e da homogeneização dos ambientes por força das atividades humanas. Muitas espécies já se extinguiram ou estão em processo acentuado de extinção e muitos ecossistemas já se exterminaram levando consigo várias comunidades naturais.

Aa ação antrópica também produziu novos ecossistemas, diferentes dos naturais, e que, por isso mesmo são muito frágeis e de pouca diversidade biológica, porque não contemplam todos os mecanismos de sucessão que seria necessários ao seu estabelecimento se ocorressem por forças naturais. Esses ecossistemas não possuem o grau de complexidade estrutural oriundo das ações naturais manifestadas pelos organismos vivos ao longo da ocupação e assim não estão efetivamente preparados para a vida. Esses ambientes são áreas agrícolas, áreas de silvicultura e mesmo as cidades, que hoje são muito mais artificiais do que nunca.

Todos esses ambientes antrópicos, além de frágeis e de difícil manutenção, são pouco capazes de sustentar uma vida muito diversificada, devido as suas condições artificiais e assim tendem, naturalmente a se desequilibrarem. Isto é, não existe possibilidade de qualquer desses ambientes atingir uma Comunidade Clímax. O homem precisa para e entender que não há nenhuma ética planetária nas ações da tecnologia, que cresce indefinidamente sem se importar com a Terra e com seus fenômenos naturais. E aí que, de repente, vem os grandes cataclismas: o terremoto, a tsunami, o furacão e simplesmente destroem toda a obra a algumas vidas humanas, na tentativa de refazer os processos naturais. Mas, o homem insiste na sua loucura sem tentar entender, que deve existir um limite natural para as coisas e principalmente para as possibilidades tecnológicas da humanidade.

A manutenção desse tipo de ambiente artificial é muito cara economicamente, pois custa muito dinheiro; é tremendamente perigosa sociologicamente, porque facilita e aumenta a destruição de vidas humanas e também é extremamente danosa ecologicamente, pois acaba com a Biodiversidade. Em suma, esses são ambientes que não apresentam nenhuma sustentabilidade natural e por isso mesmo devem ser mantidos numa condição apenas necessária. O aumento progressivo dessas áreas não é bom para o planeta e obviamente é pior ainda para a espécie humana, que é a que mais depende da Terra.

Está na hora de começarmos a procurar entender que não podemos tudo e que daquilo que podemos, também não devemos tudo. Por fim, creio que está na hora de nos preocuparmos mais com os processos naturais e tentar imitar a natureza nas suas coisas mais fundamentais e não tentarmos violenta-la cada vez mais como até aqui temos feito. Não estou dizendo para simplesmente deixarmos a vida seguir seu curso dentro dos padrões naturais puros e exclusivos, até porque isso obviamente é impossível. O que eu quero dizer, é que devemos nos comprometer a controlar as nossas ações no interesse maior da espécie humana, Isto é, dentro de limites tangíveis e de possibilidades que garantam a nossa sobrevivência sem extrapolar os limites naturais estabelecidos. Devemos caminhar ao lado da natureza e não contra ela.

O homem já conseguiu muito, particularmente nos últimos 60 anos da história humana, se fez muito mais do que em toda a existência humana no planeta, mas agora estamos cada vez mais caminhando numa direção perigosa, a qual têm nos conduzido progressivamente a um caminho contrário aos interesses planetários e, ao meu ver, sem retorno para nossa espécie. O planeta, através dos movimentos geológicos e das sucessões ecológicas certamente ainda vai sobreviver por muitos milhões de anos à frente, num tempo geológico, mas a espécie humana talvez não consiga caminhar muito a frente, talvez nem por um “flash” de tempo estritamente antrópico.

Obviamente, eu não sou pitonisa, mas em vista do cenário produzido pelos acontecimentos recentes, creio que estou certo e isso tem me preocupado bastante. Por conta disso, estou deixando aqui o meu ponto de vista.

Luiz Eduardo Corrêa Lima


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22 set 2015

RIO PARAÍBA DO SUL, o rio da vida eterna

Resumo: Meus amigos, hoje dia 22 de setembro comemora-se o Dia do Rio Paraíba do Sul e dessa vez, só para não deixar passar a data, estou postando uma poesia que escrevi e publiquei em alguns lugares faz pelo menos de 20 anos e que fala e homenageia exatamente do nosso Rio Paraíba do Sul. Aqueles que conhecem o meu trabalho, certamente já viram essa poesia, que infelizmente continua atual, pois quase nada mudou no que diz respeito ao cuidado que a maioria de nós, os seres humanos, temos com os rios e particularmente o nosso Rio Paraíba do Sul.


 

És um rio como outro qualquer, mas és mais forte que qualquer outro. Tua água é barrenta, suja e poluída, mas és mais belo que qualquer outro.

Tens em ti o dom da vida, embora hoje, quase toda destruída, brigas sem medo para defendê-la e em meio às tuas curvas, sempre consegues mantê-la.

Ainda que haja odor fétido em tuas águas, esse cheiro ruim só te enobrece, pois mostra a grande força de vontade, que mesmo sofrendo exerces, para manter a vida em qualidade.

Querem te matar Paraíba do Sul, mas tu conheces bem os teus inimigos e sabes como torná-los incrédulos. Eles estão até ficando pasmados, pois não conseguem acabar contigo.

Mas eles continuam tentando, ácido, álcool, éter, óleo e fenol, tudo cai nas tuas águas, fizeram de ti um grande urinol.

Se não bastasse as indústrias, as prefeituras também não gostam de ti, pois a maioria delas não se preocupa contigo e todas as cidades da região em tuas águas derramam “ xixi”.

Não bastasse o “xixi” das cidades e toda a química das indústrias, jogam ainda em tuas margens toda a sujeira possível e imaginária. Com isso, atinges carga orgânica absurda, com toda sorte de parafernálias.

Existe fezes em tuas águas, não fosse a grande quantidade, talvez, até isso te fizesse bem, mas como todo exagero é danoso, essas fezes te prejudicam também.

Ainda tem mais Paraíba do Sul, quase ia me esquecendo. O que sobra da lavoura também fica sendo teu e até parece que a chuva é tua inimiga, pois te leva todo o agrotóxico, que o solo, já saturado, não absorveu.

Tiram a areia do teu leito e destroem tua margem natural. Isso causa uma grande dor no meu peito, pois, apesar de ser “bicho-homem”, eu sei que isso te faz muito mal.

Paraíba, velho amigo, o “rio ruim”, o índio que te deu esse nome, previu muito bem o teu futuro. Certamente, o crime contra ti terá fim, mas ainda passarás por grandes apuros.

O “rio ruim” daquele índio, hoje encontra-se muito pior. Mas, aquele índio, o bravo tupiniquim, já sabia desde os tempos remotos, que quem ri por último, ri melhor.

Paraíba, você que é calmo e sereno, sabe que o tempo é o melhor remédio. Conheces muito bem teus aquele que te maltrata. Sabes como é o “bicho-homem”, desde os tempos da colônia e do império.

Paraíba, rio da vida e da morte, não tens que brigar com o “bicho-homem”. Sabes bem, que isso não é preciso, pois, apesar de tudo o que acontece, ainda continuas belo e forte e um dia ……. certamente, o homem tomará juízo.

LUIZ EDUARDO CORRÊA LIMA

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15 ago 2015

O Meio Ambiente é o bem maior da Humanidade

Resumo:  O texto atual, mais uma vez relaciona-se com atividade humana e a degradação ambiental planetária provocada pelo homem, procurando demonstrar que o individualismo e que a falta de comprometimento coletivo, talvez, sejam as grandes causas e que as consequências são desastrosas, pois caminham para a extinção da espécie humana. A preocupação com o Meio Ambiente deve ser estabelecida como prioridade sobre todas as demais questões.


O Meio Ambiente é o bem maior da Humanidade

Nós, brasileiros, temos, sociologicamente, o hábito lamentável e infeliz de entender que aquilo que é de todos, acaba não pertencendo a ninguém. Isto é, aquilo que é comum a todos numa comunidade e por isso mesmo pertencente a todos, costuma ser considerado como algo que não tem dono e assim, acaba sendo entendido como algo que não pertence a ninguém. Essa cultura errada, que tem nos produzido inúmeros infortúnios em vários setores e atividades sociais, ultimamente também tem causado grandes problemas na área ambiental, haja vista que o Meio Ambiente é um patrimônio coletivo, um bem comum a todos (humanos e não humanos) que nele habitam. Infelizmente, temos tratado o Meio Ambiente como coisa de ninguém, ainda que ele seja um bem de todos os organismos vivos.

Estamos fazendo tudo ao contrário. Ao invés de procurarmos entender que qualquer lugar é um Meio Ambiente único e que merece ser tratado com cuidado e respeito, para a manutenção da vida nele existente, nós temos considerado que o Meio Ambiente é um lugar comum e qualquer, no qual se pode fazer de tudo, da maneira que se quiser. Ou seja, numa simples e perigosa troca entre o que é sujeito e o que é objeto numa sentença, além de contrariarmos a Constituição Federal (Capítulo do Meio Ambiente, Artigo 225), mudamos toda a noção de importância que se quer e se necessita dar ao Meio Ambiente e consequentemente minimizamos toda a questão ambiental. Dessa maneira, o Meio Ambiente passou a ser considerado um objeto sem valor, do qual alguns indivíduos de nossa espécie se apropriaram para seus interesses pessoais e cabe apenas a esses indivíduos o direito ao uso desse objeto insignificante.

Nossa cultura parece que já não tinha mais nada para socializar no interesse de grupos específicos e vulgarizar nas possibilidades de uso, por conta disso resolveu assumir que o Meio Ambiente deve ser partilhado apenas pelos diferentes grupos de seres humanos que nele habitam especificamente, sem qualquer responsabilidade ou consequência na maneira como é feita esta partilha. Em suma, assumimos uma postura ditatorial, usurpadora e antiética em relação ao planeta, às demais espécies vivas e principalmente aos demais seres humanos. Nós nos consideramos os “donos do planeta” e de todo seu espaço físico, inclusive com as demais coisas vivas, que está aí apenas para nos servir e para instigar indefinidamente a nossa imensa capacidade de degradação.

Por conta disso também, já não fazemos mais distinção entre o que certo e o que é errado. Trocamos definitivamente os sentidos do “bem estar” e do “bem viver”, ainda que as duas expressões sejam parecidas, os dois conceitos que elas implicam, na verdade, são bastante distintos. O “bem estar” tende a ser egocêntrico, momentâneo e tênue, enquanto o “bem viver” tende a ser coletivo, perpétuo e rígido. Para nós o que importa é somente a vantagem imediata do “bem estar” individual, o restante não interessa. Estamos precisando cultivar mais o “bem viver”, até para que possamos garantir algum “bem estar” efetivo e duradouro para nossa espécie, para as demais espécies planetárias e para o planeta como um todo.

A Terra necessita que encaremos o Meio Ambiente dentro de uma visão do “bem viver”, porque apenas dessa maneira é que poderemos trabalhar em prol da continuidade da vida no planeta, principalmente da vida de nossa própria espécie, que á a mais dependente de todas as espécies aqui existentes na Terra. O Homo sapiens, assim como várias outras espécies planetárias, só sobreviverá se a Terra continuar dentro de determinadas condições ambientais, as quais foram definidas pelo processo natural de evolução e permitiram o aparecimento e desenvolvimento dessas espécies. Fora desse padrão de razoabilidade ambiental nossa espécie e muitas outras se extinguirão de maneira trágica e prematura. Em muitos ecossistemas a manutenção do equilíbrio depende de características aparentemente pouco importantes aos olhos humanos, mas é exatamente nesses ecossistemas frágeis que a ação devastadora da espécie humana tem causado feridas graves e de difícil tratamento, muitas vezes sem nenhuma possibilidade de cura.

A Evolução Biológica que nos trouxe e nos manteve vivos como espécie planetária até aqui, certamente continuará seu rumo, mas a nossa espécie, pelo princípio básico da Seleção Natural, por questões óbvias, não terá como produzir nenhum mecanismo capaz de se adaptar às condições extremas que nós mesmos estamos criando e acentuando cada vez mais. Desta maneira, a extinção da espécie humana e de algumas outras será uma consequência direta dos erros que temos cometido com o Meio Ambiente planetário. Obviamente, temos certeza absoluta que conscientemente a humanidade não quer se extinguir, mas paradoxalmente ela tem trabalhado de forma deliberada e inexplicável exatamente no sentido de sua extinção precoce e inexorável.

O Meio Ambiente precisa estar no centro, não só das atenções, como se tem visto nas propagandas, mas ele precisa, principalmente, estar no centro das ações, o que ainda está difícil de se ver. Temos que parar de falar sobre o meio ambiente e temos que começar a viver de maneira ambientalmente correta. As questões ambientais devem ser tratadas com toda a relevância que merecem, haja vista que elas são as prioridades para o planeta e particularmente para a nossa espécie.

De fato, o Meio Ambiente Planetário é o que temos de mais importante, porque a Terra é a casa que abriga todos nós da espécie humana e das demais espécies de organismos vivos do planeta. Foi o Meio Ambiente que nos impôs e continua nos impondo, progressiva e gradativamente as condições que tem nos permitido a adaptação e a consequente sobrevivência evolutiva. Entretanto, com as mudanças bruscas, não poderemos continuar evoluindo, porque não será possível dar grandes saltos adaptativos. Desta forma, a evolução seguirá o seu curso no planeta, mas nós não estaremos mais nele, por conta de não podermos assumir todas as grandes mudanças adaptativas que deverão ser necessárias à nossa continuidade.

Bem, apesar de todo o procedimento errado ao longo da história, ainda continuamos caminhando e evoluindo até aqui e talvez seja possível caminhar um pouco mais. Porém, os nossos passos estão cada vez mais incertos, nossos ambientes próximos estão cada vez mais perigosos, nossas ações são cada vez mais inseguras e nossa jornada parece está ficando cada vez mais curta. Chegamos a uma encruzilhada, na qual temos duas alternativas excludentes: ou paramos e mudamos nosso modo de viver e investimos no “bem viver” ou então continuamos preocupados com o “bem estar” no pouco tempo que nos resta, antes da extinção. Não há, absolutamente, nenhuma outra alternativa e a escolha é exclusivamente nossa.

Somos uma espécie única, no meio de milhões de outras, que habita um planeta único, do qual tiramos tudo que necessitamos para viver, a despeito do interesse e das necessidades das demais espécies planetárias. Ao mesmo tempo, destruímos esse planeta e essas espécies sem nenhuma cerimônia, sem nenhum constrangimento e principalmente, sem parar para pensar que as consequências de nossas ações, só trarão prejuízos a nós mesmos.

 Lamentavelmente, a julgar as nossas ações como indivíduos, parece que a vida humana passou a se manifestar efetivamente como uma contingência individual, cuja única certeza é a morte (extinção) e não existe projeto futuro no que se refere a condição viva de nossa espécie e sua manutenção na Terra. O ideal da sustentabilidade planetária é uma utopia, pois a maioria dos seres humanos não aparentam ter nenhuma preocupação com as gerações atuais e muito menos com as futuras. O “bem estar” do presente é o único interesse. Dessa maneira, não há porque buscar o “bem viver” que pode nos levar um pouco mais para o futuro como espécie.

É claro que ainda deve existir algum tempo para nossa espécie, mas precisamos urgentemente rever os nossos procedimentos em relação ao Meio Ambiente planetário que nos mantem. Ou seja, precisamos mudar radicalmente a maneira de tratar o nosso Planeta Terra e as demais criaturas nele existentes. Não é mais possível continuar da forma que chegamos até aqui, há necessidade de criar uma nova Filosofia e de desenvolver uma nova Metodologia, que nos direcione para a noção efetiva de que o Meio Ambiente é um bem coletivo e nos permita agir na contenção imediata da degradação do planeta e que garanta nossa continuidade na Terra.

 

Luiz Eduardo Corrêa Lima

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02 abr 2015

O Direito, a Economia e a Sustentabilidade

Resumo: O novo texto aborda a questão do descaso com a prática da sustentabilidade planetária em relação aos interesses estritamente econômicos e em consequência disso, identifica a situação progressivamente mais complicada que a população humana vem sofrendo, porque continua crescendo indefinidamente e necessita cada vez de recursos naturais, os quais, por sua vez estão mais escassos. É fundamental que a sustentabilidade passe efetivamente a ser condição obrigatória nas diferentes atividades antrópicas para que a espécie humana possa se manter por mais algum tempo no planeta.


O Direito, a Economia e a Sustentabilidade

Estamos efetivamente num “mato sem cachorro”, porque estamos num mundo de faz de contas, onde os interesses econômicos se sobrepõem ao direito e onde a sustentabilidade é palavra muito dita e repetida, mas parece ser pouco (nada) ouvida e, o que é pior, quando é ouvida, não é nada entendida. Isto é, a sustentabilidade é letra morta, mormente pelos poderes constituídos, que deveriam ser os responsáveis pelos direitos comuns e pelos interesses comunitários e coletivos. Quer dizer, tudo virou um grande “boné velho” que serve na cabeça de qualquer um e quem tem o poder, mormente o econômico, é favorecido pelo Direito e acaba usando esse boné com mais frequência. Aliás, usa por quase toda vida, enquanto os demais têm que sofrer as interferências das intempéries diuturnamente nas suas respectivas cabeças.

Aquilo que se deseja, ou melhor aquilo que é bom para a comunidade e que deveria ser defendido pelo direito comum, porque é o melhor ao interesse público, acaba sendo minimizado pelo interesse econômico. O Poder Público que deveria primar pelos interesses comuns, em consequência das grandes investidas fraudulentas do poder econômico, que embora exista de fato não é legal porque não existe de Direito, acaba cedendo aos interesses desse “pseudo-poder” e determinando o prejuízo da comunidade e do planeta. Quer dizer, vivemos um estado de caos social, no qual quem tem dinheiro (poder econômico), independentemente do interesse coletivo, determina o destino e pode fazer praticamente tudo. Por outro lado, quem não tem dinheiro, mesmo tendo razão, acaba não podendo nada. O pior é que alguns chamam esse estado de coisas de “Estado Democrático de Direito” e dizem que nosso país é uma Democracia.

Nesse momento, alguns leitores dirão: mas não há mudança nenhuma nessa situação, porque a história brasileira e quiçá mundial, sempre representou algo mais ou menos assim, ou seja, “os economicamente pequenos que não podem nada obedecem aos economicamente grandes que podem tudo”. É verdade! Porém, hoje há um dado novo que nunca foi considerado e que é preponderante à própria existência humana no planeta. Hoje, existe a questão da sustentabilidade que não é, nem pode ser de maneira nenhuma, mais uma simples falácia de ambientalistas de plantão ou de “ecochatos”. A sustentabilidade é uma necessidade premente, com a qual o gênero humano necessita estar preocupado e envolvido se quiser continuar existindo no planeta por mais algum tempo. A sustentabilidade, por conta de sua importância preponderante na atualidade, deveria inclusive ser considerada como o principal referencial social e mesmo democrático.

A sustentabilidade, além de ser um interesse coletivo maior é uma necessidade fundamental para o próprio planeta e assim ela transcende o simples interesse coletivo antrópico. Assim, a sustentabilidade é muito maior que o gênero humano, pois ela é de interesse planetário e não apenas antrópico. O Direito coletivo, no que se refere a sustentabilidade, não diz respeito somente às populações humanas, mas sim à Terra e à todas as espécies planetárias e por isso mesmo deveria ter um peso coletivo muito maior. Infelizmente não é isso que tem sido visto, porque o homem continua privilegiando os interesses econômicos sobre os interesses ambientais e relegando qualquer coisa que não tenha a ver com dinheiro a planos secundários. Desta maneira apenas o interesse antrópico dos poucos humanos que são economicamente privilegiados continuam tendo prioridade.

Enquanto isso, a temperatura do planeta continua crescendo; as geleiras seguem derretendo rapidamente; as áreas verdes e reservas florestais vão desaparecendo; as jazidas minerais estão se exaurindo; as reservas de água potável sempre diminuindo; as áreas desertificadas perigosamente aumentando; a poluição do ar, do solo e das águas estão chegando em níveis absurdos e inimagináveis em algumas áreas do planeta; as populações naturais e a biodiversidade estão cada vez menores, pois a extinção provocada pela atividade humana, principalmente com a destruição dos ambientes naturais é cada vez maior. Parece que a humanidade não se apercebeu que todas essas coisas têm, além do significado natural, também grande importância econômica e esse comprometimento gera escassez cada vez maior e consequentemente isso tem tornado as coisas progressivamente mais caras e mesmo para aqueles humanos que ainda (em breve também não terão) têm algum dinheiro as coisas estão progressivamente mais difíceis.

Não considerar a sustentabilidade é “um tiro no pé”, mesmo para os que têm visão curta e estritamente econômica, porque essa atitude compromete o planeta com todas as espécies vivas, inclusive e principalmente os humanos, e obviamente também o “bolso” (ou a bolsa se preferirem) da humanidade, porque aumenta a dificuldade de exploração e consequente aquisição de certos produtos. Os consumistas mais ferrenhos são incapazes de perceber esse problema, mas infelizmente ele existe e, o que é pior, talvez esse seja o principal problema da humanidade na atualidade. O desperdício de recursos naturais por conta do descaso com a sustentabilidade e do consumismo exacerbado tem levado à carência de muitos recursos naturais e paralelamente a destruição de ecossistemas e a degradação planetária quase que total.

No caso específico dos seres humanos, como a nossa população cresce absurdamente, a dependência planetária só aumenta e o consumismo transcende largamente o limite da necessidade. Os espaços físicos são ocupados aleatoriamente e de maneira totalmente incoerente, não respeitando os atributos naturais e muito menos a geomorfologia planetária, o que é extremamente perigoso. A exploração irracional dos recursos naturais renováveis ou não renováveis pela nossa espécie na busca insana de novos materiais e no desenvolvimento de novas tecnologias para consumo é cada vez mais significativa e já existem recursos totalmente exauridos há muito tempo, mas a degradação continua.

Os alimentos naturais estão cada vez mais caros e mais difíceis de serem conseguidos e assim a fome humana já atinge cerca de ¼ da população. A alternativa de usar os agrotóxicos já se mostrou, além de extremamente perigosa e daninha, também pouco eficaz, pois contaminou grandes áreas, destruiu solos férteis em vários locais do planeta, envenenou alimentos e matou muitos humanos e inúmeros outros organismos vivos. O desenvolvimento de transgênicos, os famosos “Organismos Geneticamente Modificados” – OGMs, que muitos dizem ser a salvação da humanidade para a carência de alimentos, poderá, pelo contrário, ser a nossa aceleração para a extinção, haja vista que não temos ainda como avaliar definitivamente os possíveis males, considerando o uso desse tipo de alimento ao longo das sucessivas gerações. Entretanto, a julgar pelo que já foi possível avaliar, o risco do uso continuado de transgênicos é, no mínimo, bastante perigoso e por isso mesmo não deve ser recomendado.

Já atingimos o limite físico do possível e já superamos a capacidade natural de resiliência do planeta e este, por sua vez, já tem demonstrado sua “irritação” e tem produzido um aumento significativo das grandes catástrofes ambientais pelo mundo afora. Os eventos catastróficos crescem em número e em grau e avançam em novas áreas de forma generalizada e assustadora. Não temos nenhum poder contra as forças da natureza e não temos nenhuma noção de como fazer para minimizar ou pelo menos, tentar controlar alguns desses acontecimentos catastróficos, quando muito nós apenas podemos prever a ocorrência de alguns deles, o que de fato não resolve nada.

Enfim, os cientistas do mundo inteiro já cansaram de informar que a situação já passou da condição de normalidade e hoje está efetivamente catastrófica e ao que parece, estamos de fato e rapidamente a caminho da extinção final da espécie. Mas aí vem a pergunta: o que pensam disso os economistas e administradores públicos preocupados apenas com o dinheiro? O que pensam disso os homens que tratam do Direito Internacional?

Grandes acordos Internacionais são feitos para não ser cumpridos e outros acordos só são cumpridos no interesse puramente econômico de quem os propõe. A Economia pode até ser algo importante, mas só existe Economia se existir ser humano, pois a Terra e as demais espécies vivas não precisam de Economia. Parece que nós estamos tão empenhados no dinheiro que esquecemos que o dinheiro só serve para nós e que nós só poderemos usá-lo se estivermos vivos. Estamos brincando com a possibilidade real de extinção prematura de nossa espécie sobre a superfície da Terra e não estamos nem aí com essa fato.

O que os poderes constituídos estão fazendo para acabar com isso? O que o Direito Internacional pode fazer para tentar resolver o problema? Como vamos chamar mais a atenção dos administradores públicos para que eles pensem mais na vida e menos no bolso?

Não sei, mas gostaria de saber até quando vamos nos manter omissos quanto a esta situação, até porque eu realmente não sei se teremos tempo para resolvê-la a contento. Aliás, acredito que não temos mais tempo para sanar definitivamente o problema, haja vista que nossa população não para de crescer de maneira absurda. Entretanto, talvez ainda seja possível amenizar e assim retardar o fim trágico que nossa espécie terá, mais cedo ou mais tarde. Certamente não viverei para ver tal fato, mas desde já peço perdão aos meus filhos, netos, bisnetos e demais descendentes, que por ventura venha possuir, porque acredito que nossa bomba já explodiu e agora é só uma questão de tempo.

A Ecologia é uma ciência primária que só foi (começou a ser) entendida tardiamente e, ao que parece, irá morrer virgem, pois o homem não conseguiu (não quis conseguir), ao menos até aqui, desvendar seus mistérios mais simples. Por outro lado, o Direito que deveria ter interferido para salvar a vida, ficou perdido nas teias difusas da subjetividade, do interesse pessoal e da injustiça. A sustentabilidade deixou de ser sonho romântico, utopia infundada ou realidade possível, para ser uma inviabilidade física comprovada exclusivamente pelo desinteresse, pela inescrupulosidade e pela ganância da raça humana.

O “economês” desenvolvido com a força do capitalismo, mas não esquecido pelo socialismo, fez valer o seu ideal de riqueza, deixando para traz a verdadeira riqueza que é a vida planetária, em particular a vida humana que virou brinquedo no interesse do “deus moeda” e do capital. Saímos por aí a destruir a natureza, a construir artefatos, a fazer compras e a consumir sem sentido. O homem esqueceu que tudo que existe naturalmente tem valor e que o dinheiro é uma criação humana que não existe naturalmente e que deveria apenas representar o valor daquilo que de fato existe, os recursos naturais. Subestimamos a droga monetária que criamos e ela está nos destruindo, da mesma maneira que temos feito com a natureza.

Triste fim da espécie humana e triste fim da história da humanidade nesse planeta, a qual poderia ser contada de maneira distinta se o homem, apenas o homem, assim o quisesse. Mas, ele não parece querer, ele parece preferir a glória de morrer em vão, na ilusão de uma vida pessoal curta e efêmera, do que a objetivar concretamente a realidade de tentar ser naturalmente feliz, através de uma vida real e verdadeira construída na determinação de permanecer o maior tempo possível como espécie planetária e temporária que certamente somos.

Infelizmente, na maioria das vezes, cada um de nós pensa apenas e tão somente em cada um de nós. De maneira geral, nós somos extremamente egoístas e não pensamos como espécie, pensamos e agimos apenas como indivíduos. Para a maioria de nós, os outros seres vivos, inclusive os demais seres humanos, simplesmente não existem ou se efetivamente até existem, não são entes importantes.

E digo mais, nem mesmo a criação de uma figura maior, um Deus, o Criador, o Todo Poderoso, fez o homem temer ou pensar um instante, porque o homem continuou egoísta e seguiu firme no seu propósito insano de destruir o planeta e toda a criação divina. Assim, o que é pior ainda, posso drástica e lamentavelmente concluir que Deus provou sua incapacidade ou, quem sabe, sua inexistência quando deixou o homem programar rápida e eficientemente a autodestruição da humanidade, além da degradação da criação planetária.

Que destino! Trágico fim! O homem soberano, a besta mor, o deus da Terra, feito a imagem e semelhança do Criador para crescer, multiplicar, dominar e reinar sobre as demais espécies da Terra, agora jaz. Vou torcer para que meus pensamentos não se efetivem tão brevemente e que ainda seja possível controlar a besta humana e manter ao menos parte de nós ainda vivendo no “planeta azul” por mais algum tempo.

 

Luiz Eduardo Corrêa Lima

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20 mar 2015

A VERDADEIRA QUESTÃO AMBIENTAL

Resumo: O texto desta semana é mais um daqueles textos “velhos”, pois publiquei pela primeira vez em 2005, mas que continua bastante atual, porque praticamente nada mudou ao longo desses 10 anos, no que se refere a população humana no planeta Terra. Ou melhor, mudou sim, mas para pior, porque ampliamos em pelo menos 1 bilhão de pessoas a população do planeta nesse período. Atualizei o texto para o memento e resolvi republicá-lo. O texto faz um relato da situação do crescimento população humana no planeta, como causa principal dos problemas ambientais e da necessidade de que seja desenvolvido algum mecanismo de controle desse crescimento.


A VERDADEIRA QUESTÃO AMBIENTAL

No dia 05 de junho de 2015, estaremos comemorando 43 anos do “Dia Internacional do Meio Ambiente”. Depois de, pelo menos, 3.000 anos fazendo somente coisas erradas, descobrimos, há apenas 42 anos atrás, que existe uma questão ambiental e que precisamos cuidar bem do único planeta que temos e de onde tiramos tudo o que usamos. Entretanto, é bom que se diga que o principal problema na questão ambiental que hoje estamos vivenciando não é, de forma alguma o aquecimento global, ou mesmo o desmatamento das florestas tropicais, ou ainda a poluição hídrica, ou atmosférica ou edáfica. Essas são meras consequências do único e grande problema que existe. O problema ambiental crucial é o crescimento descontrolado e absurdo da população humana sobre o planeta, porque é desse aspecto que decorrem todos os outros problemas ambientais.

Nossa espécie tem sido de uma eficiência reprodutiva tremenda, pois com todas as guerras, com todas as catástrofes, com todas as doenças e com todos os flagelos que a humanidade tem sofrido ao longo da história, nossa população nunca parou de crescer e nos últimos anos esse crescimento foi vertiginoso. Como uma bola de neve, o crescimento populacional da humanidade tem impulsionado os demais problemas ambientais, os quais, consequentemente, também crescem sem parar e estão cada vez mais difíceis de serem controlados. O planeta, por sua vez, tem nos avisado que não suporta mais, através da ocorrência de catástrofes cada vez maiores.

O aumento da população humana faz com que haja necessidade de aumentar a retirada de recursos naturais, aumenta a necessidade de espaço para os humanos e suas tarefas, aumenta a quantidade de resíduos, aumentando também a poluição e a degradação ambiental, além de várias outras coisas que prejudicam o meio ambiente global, danificando o planeta, extinguindo espécies e diminuindo a qualidade de vida da humanidade. Em suma: “não é possível controlar a degradação ambiental se não tivermos uma detenção no crescimento populacional da humanidade”.

Se fizermos uma revisão histórica e observarmos o que aconteceu com a curva do crescimento populacional humano, veremos que, para atingir o primeiro bilhão de humanos sobre o planeta foram necessários milhares de anos, pois isso ocorreu desde o início dos tempos humanos até aproximadamente o ano de 1750, coincidindo exatamente com a I Revolução Industrial. Para atingir o segundo bilhão, levou cerca de 190 anos, desde 1750 até mais ou menos o ano de 1940. Desta última data até o ano 2000, ou seja, em apenas 60 anos, atingimos a magnífica e assustadora marca de seis bilhões de humanos sobre a Terra. Quer dizer, levamos quase toda a história humana para atingir um bilhão, menos de duzentos anos para dobrar o bilhão e pouco mais de 50 anos para triplicar os dois bilhões e atingir a marca de seis bilhões e hoje já superamos os sete bilhões.

Não parece possível, mas alguma coisa tem que estar errado com a taxa de fecundidade de nossa espécie e com sua capacidade tão profícua de se reproduzir. Na natureza, não é comum uma população crescer tão rápido e as poucas que assim fazem, também decrescem muito rapidamente e não sobrevivem por muito tempo. Ou seja, a extinção chega muito rápido para essas espécies, exatamente porque elas esgotam os recursos à sua volta muito rapidamente.

Até onde iremos chegar? Até quando o planeta nos aguentará? Será possível reverter esse quadro? E se não for, o que faremos?

A situação e o momento que estamos vivenciando são, de veras, preocupantes, e não temos, efetivamente, produzido nenhuma resposta concreta para nenhuma das perguntas anteriores. Entretanto, não é esse o pior problema. A questão maior é que o tempo passa e continuamos coletivamente a não fazer absolutamente nada sobre a situação.

Tirando uns poucos cientistas e ambientalistas que vira e volta lembram do problema, ninguém mais discute e nem diz nada sobre esse tema. Parece haver um grande tabu, quanto ao crescimento populacional humano. Os governos, a sociedade civil e as instituições (principalmente as religiosas), não parecem estar preocupados com o assunto e continuam indiferentes ao problema. Todos falam da necessidade de resolvermos a questão ambiental, porém ninguém faz menção ao crescimento populacional, que precisa ser atacado e assim, nada acontece. Seguimos como se nada pudesse nos acontecer.

Enquanto a gente continuar se preocupando apenas com os efeitos produzidos pela degradação ambiental contínua e não nos detivermos e investirmos em nenhuma ação efetiva contra a causa primária, que é o crescimento populacional, não haverá como resolver os problemas ambientais. Quer dizer, tudo o que se fizer, será sempre paliativo. Estamos trocando seis por meia dúzia. E no fim o resultado é sempre zero. Ou melhor, na verdade, o resultado é sempre negativo, porque o empate, nesse caso, é uma derrota, haja vista que a degradação sempre acaba aumentando.

A ONU e todas as nações do mundo devem conduzir uma grande discussão internacional sobre a temática dos males produzidos pelo crescimento populacional desenfreado da população humana e sobre a necessidade de serem produzidos mecanismos que promovam o controle da natalidade. Esses mecanismos deverão ser viabilizados o mais rápido possível. Acordos internacionais são prementes nessa área e hoje, já virão com grande atraso.

O planeta que hoje abriga, além de toda a diversidade biológica (cerca de 20 milhões de espécies vivas), mais de sete bilhões de humanos e cujos recursos naturais já estão, em várias situações, quase totalmente exauridos, não suporta mais. A continuar assim, com esse crescimento populacional humano desenfreado e absurdo, o fim estará próximo, pelo menos para nós, humanos e talvez para todo o planeta. A Terra não suportará mais uma dobrada da população humana, nos próximos 30 a 50 anos.

Olhe para o seu lado e tente imaginar que a quantidade de tudo o que você vê (exceto de recursos naturais que já deverão ter se exaurido totalmente), daqui a 50 anos estará, no mínimo, dobrada. Ou seja, onde você está agora, existirão duas pessoas com todas as necessidades humanas que você tem, daqui a 50 anos. Acho que fica muito claro, que, por uma questão física, isso não vai ser possível.

Urge que alguma coisa seja feita para impedir o colapso que nos espera. É preciso que a sociedade como um todo e principalmente certos segmentos religiosos, caiam na realidade e parem de fazer devaneios e acreditar em milagres, pois efetivamente, pelo menos nessa questão, eles não existem. O mundo é físico e não metafísico e o que não cabe no mundo físico não pode ser discutido, por uma simples questão de sobrevivência humana.

A verdade física está na Lei de impenetrabilidade da matéria que diz que “dois corpos não podem ocupar o mesmo lugar no espaço ao mesmo tempo” e sendo assim, não há como colocar mais humanos no planeta sem tirar outras coisas dele. Lamentavelmente, o planeta não cresce como a população humana. Nessa escalada, haverá (talvez, já esteja havendo) um momento em que faltará um dos dois, ou seja, ou faltam humanos ou faltam as coisas que os humanos e as demais criaturas vivas do planeta tanto necessitam. No caso em questão, algumas coisas já estão faltando há muito tempo para alguns humanos.

Sendo assim, o crescimento da população é, indiretamente, também o seu extermínio, pois a competição entre nós e as demais criaturas da Terra é cada vez maior e para sobrevivermos estamos sempre destruindo alguma coisa, até mesmo outros humanos. Ao invés de nos destruirmos, certamente será bem melhor mantermos a medida devida do equilíbrio para nós e para o planeta. O tamanho de nossa população parece já ter chegado nesse nível satisfatório e não deve crescer mais para o bem da Terra e de toda a humanidade.

Como espécie biológica só buscamos a nossa manutenção no planeta e, nesse sentido temos que tentar sobreviver a qualquer custo. Mas, por outro lado, como seres humanos, buscamos a felicidade e para tanto precisamos refletir e avaliar o que temos feito com o planeta, pois não poderemos ser felizes sem a nossa casa, a única que temos, o planeta Terra.

A maneira correta de mantermos o meio termo entre a nossa condição de ser biológico (natural) e a nossa condição de ser humano (social) é controlando o tamanho de nossa mancha populacional e o uso de tudo o que precisamos para nos manter vivos no nosso planeta azul. O Desenvolvimento Sustentável e a Sustentabilidade que tanto se fala, não são possíveis sem o controle do crescimento da população humana no planeta.

O planejamento familiar deve ser item prioritário nas pautas das reuniões dos governos e também deve ser matéria obrigatória nos programas de Educação. A Educação Ambiental, hoje tão em moda, deverá tratar a questão da reprodução humana e do planejamento familiar da maneira mais objetiva que puder, ressaltando as consequências desagradáveis e maléficas do aumento da população humana no planeta.

O mundo precisa saber que não podemos mais reproduzir indefinidamente, pois há um limite de suporte para a Terra. A imprensa precisa trabalhar essa questão da forma mais agressiva possível, para que as pessoas tomem consciência do que significa cada ser humano a mais no planeta.

No passado errávamos porque desconhecíamos, mas hoje, não há mais porque errar. Somos cientes dos males que produzimos ao planeta e a humanidade e quanto maior for a população humana maior será esse mal, até o momento em que entremos numa situação irreversível. Até aqui, só extinguimos prematuramente outras espécies, mas ao que parece, ainda não estamos satisfeitos e caminhamos para causar também o fim prematuro da espécie humana.

Apenas uma espécie nesse planeta é capaz de julgar os seus erros e modificar suas ações conscientemente. Se nós humanos não nos lembrarmos desse fato e se não quisermos, efetivamente, mudar a realidade das coisas, dificilmente o Homo sapiens sobreviverá.

Luiz Eduardo Corrêa Lima

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13 dez 2014

O Lixo na Natureza e a Guerra Homem X Terra

Resumo: O Professor Luiz Eduardo recupera um artigo que escreveu faz algum tempo e nos leva a refletir sobre a questão do lixo que nós humanos produzimos e os malefícios que isso traz para o planeta e para nós mesmos. O artigo chama a atenção para o fato de que hoje existe muitas resoluções tecnológicas para a maioria dos problemas que causamos, mas parece, mais uma vez, faltar vontade política de resolver as pendências nessa área. A Política Nacional de Resíduos Sólidos que deveria ter entrado em vigência em agosto passado, ainda se encontra em discussões sobre sua impossibilidade de aplicação pela maioria dos municípios brasileiros e com isso nada se faz. Entretanto, é preciso que as faça alguma coisa e o texto está aí para lembrar que esse assunto não é novo, assim como a falta de vontade política de parte dos governantes desse país.


O Lixo na Natureza e a Guerra Homem X Terra

Todos os organismos vivos sem exceção, de uma forma ou de outra, se utilizam de recursos naturais para sobreviver e todos eles também produzem resíduos. Neste artigo vamos chamar generalizadamente os recursos naturais de “matéria prima” e os resíduos de “lixo”. Em geral, o lixo produzido por qualquer organismo vivo é de alguma maneira degradável e por conta dos mecanismos naturais acaba voltando ao sistema como fonte de matéria prima para novamente ser utilizado nos ciclos biogeoquímicos naturais e servir outra vez para os organismos vivos do ecossistema onde está sendo descartado. Assim, em condições naturais, como todo lixo é reaproveitado, não há acumulo do lixo produzido por praticamente nenhum organismo vivo, exceto o lixo produzido pelos organismos humanos.

Lamentavelmente, o caso humano é muito diferente. Somos uma espécie extremamente curiosa, inteligente, obreira e criadora, que tem a capacidade de modificar certos padrões naturais e mesmo de inventar novos padrões para satisfazer os nossos interesses imediatos. Por conta dessa nossa capacidade criadora cada vez maior, do nosso desenvolvimento científico e tecnológico progressivamente apurado, quimicamente nós somos capazes de criar artificialmente inúmeras substâncias novas e, o que é pior, o poder de resiliência do planeta Terra ainda não conseguiu recuperar e reaproveitar muitos dos ingredientes químicos encontrados nessas substâncias que nós temos fabricado.

Infelizmente, nós inventamos certos lixos que a natureza ainda não conhece e que, por isso mesmo, ela não sabe lidar com os mesmos e assim, geralmente não tem como degradá-los para serem reutilizados como matéria prima. Mesmo quando a natureza consegue produzir algum tipo de degradação, esta costuma ser muito demorada e não é possível o reaproveitamento daquele lixo como matéria prima ainda por bastante tempo. Desta maneira, nós humanos, minimizamos os recursos da natureza, tanto para nós, quanto para os demais organismos vivos, pois diminuímos potencialmente a ação naturalmente recicladora do planeta. Em suma, nós utilizamos (consumimos) os recursos naturais (matéria prima) e nem sempre devolvemos um resíduo (lixo) em condições de ser reaproveitado pelos ecossistemas naturais.

Parece incrível, mas o excesso de lixo é certamente o segundo maior problema que encontramos para a nossa continuidade como espécie viva no planeta Terra. O primeiro, obviamente, é o crescimento demográfico de nossa população, do qual decorrem todos os outros problemas, particularmente o aumento acentuado do lixo. Enquanto não controlarmos o nosso crescimento populacional, tudo sempre será muito mais difícil, em alguns casos será realmente impossível. Isso quer dizer que: o nosso segundo problema é a principal consequência do primeiro e se não resolvermos o primeiro, não teremos como resolver o segundo e também todos os outros que se sucedem.

Mas, a boa notícia é que hoje temos tecnologia para quase todos os males que cometemos. Seguramente 80 a 90% de todos os males causados pelo impacto humano sobre o planeta já têm possibilidade de serem solucionados. Isto quer dizer que a mesma tecnologia que nos trouxe os males, também já desenvolveu mecanismos capazes de minimizar ou mesmo extinguir esses males na grande maioria dos casos. Mas, então por que nós simplesmente não acabamos com os problemas e voltamos a viver em paz com o planeta e com as demais criaturas vivas?

Penso que a resposta para esta questão está relacionada com quatro aspectos: primeiro porque nós já ocupamos espaços demais da Terra com nossa grande população e com tudo que com ela se relaciona; segundo porque precisamos diminuir bastante as diferenças sociais criadas entre os homens ao longo do tempo; terceiro porque precisamos realmente assumir a importância vital dessa questão e querer resolver os problemas de fato e quarto porque necessitamos desenvolver ações de governança que invistam e promovam políticas públicas compatíveis com as reais necessidades das populações humanas, independentemente de custos econômicos. Temos que esquecer, coletivamente, algumas coisas que valorizamos muito, mas que não têm grande importância para a nossa vida e, por outro lado, temos que começar a nos envolver em novos valores que sejam de significado vital para nossa espécie. Esse ideário necessariamente passa por uma mudança de filosofia, que deverá produzir uma mudança de atitude e que finalmente promoverá a uma mudança de comportamento.

Embora isso, em tese, pareça ser relativamente simples, na prática essa questão é bastante complicada, até porque muitos dos governos não estão fazendo e nem têm a pretensão de fazer o dever de casa. Além disso, porque infelizmente a maioria das pessoas não está disposta a modificar os seus hábitos de pensar e consequentemente de agir. De um modo geral, ninguém está muito disposto a fazer coisas diferentes, principalmente no que diz respeito a perder determinados “confortos” que foram adquiridos ao longo da história. Em particular, o grupo dos grandes empresários que detém a maior parte dos recursos econômicos necessários para efetivar as ações, aparentemente, são os menos interessados em resolver os problemas, até porque a maioria dos representantes desse grupo acredita ser os que mais “perderão” com as mudanças.

Infelizmente nossa sociedade não está preparada para o que precisa ser feito e muitos ainda acham que as questões relacionadas com o meio ambiente são balela que não têm nenhum significado e que dinheiro, poder e conforto são efetivamente as únicas coisas que importam à humanidade na busca constante da felicidade. Nossas crenças erradas e nossos maus hábitos não serão facilmente apagados do pensamento coletivo de nossa espécie de uma hora para outra, porém, precisamos começar a pensar diferente. Toda essa mudança é um processo e todo processo é sempre gradativo. Mas, o tempo é insensível, implacável, severo e não para.

De qualquer maneira, nós necessitamos começar o mais rápido possível a fazer algumas coisas que possam minimizar os problemas, porque temos pouquíssimo tempo para tentar solucionar esses problemas, até porque grande parte da situação já está fora de controle. Já superamos em cerca de 30% a capacidade de utilização do planeta e por isso mesmo, já faz algum tempo que estamos efetivamente em guerra contra o planeta. A Terra, por sua vez, também já começou a se defender e em certo sentido está nos contra atacando. Ultimamente as batalhas têm sido muito ruins para nós humanos. As catástrofes são cada vez maiores em tamanho e piores em efeito.

Apesar de todo estrago que fizemos ao longo do tempo, nós não conseguimos e certamente não conseguiremos destruir o planeta, mas aos poucos ele está dando o troco, porque ao tentar se defender de nós, ele agora já está nos destruindo. Quer dizer, como já era esperado pelos mais sensatos, nós estamos começando a perder a guerra. O tempo para o planeta é quase eterno, mas para nós é extremamente curto e passageiro. Assim, ou mudamos de atitude e de comportamento ou simplesmente perecemos. Essa guerra não terá fim, enquanto nós não começarmos a trabalhar e auxiliar na recuperação do planeta. Portanto comecemos logo a fazer o dever de casa, pois a metade ainda cheia da ampulheta para a manutenção da vida humana no planeta está rapidamente se esvaziando. Vamos jogar a tolha e nos associarmos a Terra, enquanto ainda temos oportunidade de termos uma derrota honrosa, com vida. Do contrário, estaremos fadados a uma extinção precoce e extremamente próxima de nossa espécie.

Há urgência na resolução dos problemas e por isso mesmo precisamos partir para resolver aqueles que podem ser resolvidos mais rapidamente. O lixo humano, na minha maneira de entender, é a coisa mais fácil de ser controlada pelos governos e precisamos investir arduamente na tecnologia existente e no desenvolvimento de novas tecnologias para não aumentar a sua produção. A diminuição progressiva do tamanho das populações humanas, obviamente é algo mais complicado, porque é dependente de outros fatores, inclusive aspectos de cunho religioso, mas depende principalmente da vontade humana e precisa ser objeto de pauta e de trabalho dos governos. Com certeza, esse problema levará mais tempo para ser controlado, mas obviamente também deverão ser empregados esforços imediatos na tentativa de resolução dessa questão.

Não tenho dúvidas de que será muito difícil, mas também não tenho dúvidas de que a humanidade viveu dias muito ruins em outros momentos da sua história e até aqui, tem conseguido sobreviver. Estamos precisando apenas de um pouco mais de interesse de todos, de seriedade dos governos, de envolvimento real dos empresários e de empenho e participação das sociedades, para que possamos garantir a sobrevivência de nossa espécie e a qualidade de vida que as populações futuras são merecedoras.

Diz o ditado que: “o futuro a Deus pertence.” Entretanto, eu prefiro acreditar que o futuro se faz e se garante com as ações corretas do presente. Tenho certeza que Deus não vai se importar se começarmos a programar bem o nosso futuro. Aliás, creio mesmo que, ao contrário, se trabalharmos corretamente, Deus nos auxiliará e nos garantirá um futuro com qualidade de vida e com o planeta que desejamos. Se fizermos as ações certas hoje, certamente estaremos muito bem amanhã.

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31 out 2013

A Insistência no Petróleo e a Degradação Ambiental

A questão da dependência energética circula e se agrava cada vez mais pelos diferentes países que querem “crescer” (entenda gastar energia) progressiva e eternamente. Várias maneiras de adquirir energia já foram desenvolvidas, desde a queima direta da madeira, o carvão mineral, os mais diversos tipos de óleos vegetais e animais, o petróleo e todos os seus derivados, o sol, o vento, as correntes as marés e até mesmo o lixo. Enfim, já foram identificadas e desenvolvidas várias fontes e inúmeros mecanismos para a obtenção de energia.

Alguns desses mecanismos são totalmente avessos aos interesses ambientais e outros são alentadora e paradoxalmente benéficos ao meio ambiente. Pois então, em época de crise ambiental, era de se esperar que os seres humanos dentro de sua racionalidade dessem preferência e prioridade aos mecanismos de obtenção de energia que fossem favoráveis ao meio ambiente e vários países do mundo, mesmo os mais conservadores, estão trabalhando abertamente nesse sentido.

 Aqui no Brasil, como sempre, insistimos em andar na contramão da história e preferimos dar ênfase as práticas mais danosas ao meio ambiente. Além de nossa matriz energética ser altamente diversificada, pois exploramos energia de inúmeras fontes, nós quase sempre damos preferência aos projetos absurdos, como termelétricas onde não há fontes de material para queimar ou em áreas de interesse de empresas multinacionais, hidrelétricas em áreas planas de grandes florestas vivas e nucleares em áreas altamente populosas. Pois é, continuamos reinventando absurdos e, o que é pior, criando situações perigosas.

No momento presente, estamos enfeitiçados pela possibilidade de retirar o petróleo de camadas profundas e estamos achando que explorar o petróleo da camada do pré-sal para produzir energia é o melhor negócio na área energética, quando, na verdade, todos nós, inclusive o próprio governo brasileiro, sabemos que isso não é verdade. O petróleo do pré-sal é uma grande ilusão que certamente trará outras complicações operatórias, tecnológicas e econômicas, além das mais sérias ambientais.

O Brasil é um país tropical, com sol presente quase 365 dias por ano e que possui um litoral com mais de 8.500 Km de extensão, onde o vento sopra sem parar e não exploramos diretamente esse potencial de energia solar e eólica que possuímos. Entretanto, isso não parece ser suficiente e nem é o mais inacreditável de tudo.  O mais interessante é que oferecemos a capacidade de exploração dessa energia a outros países, através de alguns grupos internacionais, os quais obviamente vão se interessar porque vão destruir e degradar outros áreas e espaços físicos em terras alheias. Degradar os ambientes exóticos sempre é melhor do que os nossos.

O pior é que tem brasileiro achando que isso é bom, pois nos trará a tão sonhada independência energética e econômica. Ledo engano! Na verdade estamos voltando a ser colônia, porque estamos cada vez mais presos a uma eterna dependência monetária e financeira de outros países mais ricos. Fomos colônia efetiva por 322 anos, por imposição do colonizador. Hoje estamos voltando a ser colônia por opção exclusiva de nossos governantes. Quer dizer, voltamos a ser colônia por prazer, haja vista que somos nós mesmos que escolhemos os representantes. Estranho esse nosso comportamento, não é?

O recém aprovado pregão do Campo de Libra do pré-sal, que certamente está abrindo um caminho perigosíssimo para novos absurdos do mesmo tipo, comprova o que disse no parágrafo anterior e nos leva a condição de colônia de países mais ricos, em pleno século XXI. O Brasil, que já é a sexta ou sétima economia do mundo, agora está de volta a mesma condição de colônia que teve no passado. Será que precisamos mesmo nos vender para outras economias?

Creio que a resposta a questão do parágrafo anterior é “obviamente não”. Mas essa é apenas mais uma das muitas falcatruas desse governo incapaz que está “administrando” o Brasil. Um governo que negocia tudo o que pode e o que não pode, empobrecendo cada vez mais a nação brasileira e que engana a população com nefastos engodos sociais e, o que é pior, também está destruindo os ambientes naturais brasileiros sem nenhuma necessidade. Por que essa turma não investe em tentar produzir mais energia solar e eólica? Eu me atrevo a dizer que é simplesmente por conta da possibilidade de ser um bom negócio e de dar certo, porque aí eles poderiam deixar de ganhar mais algum dinheiro no caixa 2.

A preferência histórica do governo brasileiro, já faz muitos anos, tem sido viver a reboque de empresas multinacionais do petróleo. No passado, quando fizemos a opção errada por investir no petróleo, de acordo com os interesses externos, ainda que eu não concordasse, conseguia entender a necessidade do capital estrangeiro, haja vista que precisávamos crescer economicamente. Mas, hoje, na condição econômica que já assumimos no cenário internacional, a qual nos coloca entre os 10 países mais ricos do mundo, por que temos que vender a alma para explorar o petróleo? Aliás, cabe ressaltar, que é petróleo da camada do pré-sal, o qual, além de não dever ser explorado, pertence ao povo brasileiro e se tivesse mesmo que ser explorado, não precisaria ser dividido com ninguém.

Quando nos referimos ao petróleo da camada de Pré-sal, em primeiro lugar, sempre é importante lembrar, que por várias questões nós não precisamos e nem devemos explorar por conta dos riscos ambientais e em segundo lugar devemos também lembrar que a Petrobrás tem tecnologia suficiente e todo o “no hall” na área de petróleo sob águas profundas, pois certamente está entre as melhores empresas do mundo nesse tipo de empreendimento. Então, por que precisamos pagar alguém para explorar o que é nosso e para fazer aquilo que sabemos fazer muito bem?

Eu devo ser realmente muito ignorante, mas me recuso a acreditar, entender e muito menos aceitar esse paradoxo.

Enquanto o mundo clama por sustentabilidade, por minimizar danos ambientais, nós, aqui no Brasil, por conta de dirigentes incapazes ou mal-intencionados, seguimos na contramão da história. Exploramos o que não devemos e pagamos a gringos para degradar o nosso ambiente. O governo brasileiro acaba de propor a nação brasileira um “contrato caracu”, no qual o governo entra com a cara e o povo brasileiro entra com o resto. Caramba! Esses caras estão brincando com o povo, estão vendendo o Brasil e ninguém fala nada e ninguém vê. Ou melhor, todo mundo vê, mas não há como impedir, haja vista que esse “governo democrático” controla tudo, desde a imprensa até a justiça e infelizmente até mesmo a opinião pública que, segundo as pesquisas eleitorais, continuará votando na sua manutenção.

Não sei, mas me parece que o Brasil está mesmo num mato sem cachorro e o meio ambiente brasileiro está fadado a total destruição depois da recente aprovação do Novo Código Florestal e agora com a aprovação da exploração petrolífera da Camada do pré-sal por um grupo multinacional, a farra está quase completa. Mas, aguardem porque ainda não acabou, pois certamente ainda vem por aí, mais uma vez, a tentativa do desarmamento da população e está chegando também o Novo Código de Mineração para tomarem conta de tudo e acabarem de vez com o Brasil.

Pois é, e dizem que Deus é brasileiro e pelo que estou vendo, além de brasileiro, Deus também é militante ativo do PT, porque com todas as safadezas e picaretagens, nada acontece em contrário aos interesses dos poderosos petistas. Nação brasileira, vamos acordar o Brasil.

Luiz Eduardo Corrêa Lima

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