Tag: Degradação Ambiental

14 jul 2023
Meio Ambiente, muito além da Proteção à Natureza

Meio Ambiente, muito além da Proteção à Natureza

Resumo: Nesse artigo, trago reflexões sobre o a importância da Sustentabilidade como mecanismo preponderante à Proteção do Meio Ambiente. Destaco a necessidade de mudança nessa situação, antes que seja tarde demais. 


Foi logo depois do fim da Segunda Guerra Mundial (1945), nas década de 1950 e 1960, que parte da humanidade parece ter acordado para as questões ambientais, porém de uma maneira ainda muito romântica e pouco real. De repente, por conta de alguns fatores e em particular, pelo estrago causado pelas duas Bombas Atômicas lançadas no Japão e o estabelecimento da Guerra Fria, a humanidade acordou e começou a ocorrer uma comoção mundial, no que diz respeito ao pacifismo, ao desarmamento nuclear e à Proteção da Natureza. Era um tal de gente abraçando árvores para que não fossem derrubadas, de grupos criando campanhas para defender determinados animais e para proteger as áreas naturais e conservar a natureza, porque precisávamos “salvar o planeta”.

Entretanto, toda essa avalanche de ações não envolvia diretamente o “bicho-homem”, que, até então, era considerado como uma entidade à parte dentro do mundo natural. O “Homo social”, parecia estar esquecendo o “Homo natural”. Se falava muito em Ecologia e se esquecia que o ser humano também faz parte da natureza, que ele, além de ser o principal responsável pelos nefastos acontecimentos, também era somente ele quem poderia ser capaz de mudar o rumo das coisas e reverter a situação. O ser humano não era a parte que corria mais risco, porque o planeta é que estava em perigo, haja vista que nós estávamos degradando-o progressivamente.

Hoje, setenta anos depois, continuamos degradando o planeta e a maioria dos humanos, parece acreditar que estávamos errados naquela época. Contudo, ainda tem gente achando que Meio Ambiente é apenas proteger “bichinhos e plantinhas”, porque a Terra precisa ser salva. Ora bolas! A Terra não precisa do homem e a Terra certamente tem como “se salvar” das ações humanas. O homem é quem precisa da Terra e sem a Terra, o homem não tem salvação.

Cuidar de Terra é cuidar de tudo, inclusive e principalmente, de nós mesmos.  Ainda tem muita gente por aí, esquecendo que o ser humano também é natureza e precisa sobreviver, que a espécie humana é cosmopolita e que, de alguma maneira, está presente e interfere (mal ou bem) em todos os Biomas e Ecossistemas Planetários naturais ou produzidos e mantidos pelas ações da própria humanidade, como as cidades e as fazendas. É preciso que se diga e se demonstre essa verdade para todas as populações humanas pelo mundo afora. Nós também somos organismos vivos dependentes do planeta e como tal sofremos da mesma forma e estamos sujeitos aos mesmos riscos que as demais formas vivas.

A humanidade tem que reconhecer que nós somos a espécie mais prejudicada com a degradação planetária e com todas as ações ambientalmente incorretas e infundadas que produzimos. Nós não precisamos apenas nos preocupar em defender a natureza e o planeta. Nós precisamos entender que somos natureza e que temos de defender a humanidade também. Aliás, somos a única espécie que tem capacidade de entender esse fato e de poder interferir diretamente nessa questão. Portanto, nossa responsabilidade é maior do que apenas proteger os ambientes naturais. Nós temos que cuidar da Terra como um todo, porque assim, também cuidamos de nós.

A Ecologia como ciência e as questões ambientais como atividades sociais globais vão muito mais além do que proteger a espécie “A”, ou o Ecossistema “B” ou ainda o Bioma “C”. Na verdade, os problemas planetários estão tão conectados e interrelacionados que não é possível separar o ser humano e os demais organismos vivos. Todas as formas vivas do planeta, inclusive a espécie humana, estão ameaçadas. Aliás, certamente somos, talvez, a espécie mais ameaçada diretamente, por conta de nossas próprias ações. Somos nós, os humanos, quem mais usamos recursos naturais e somos nós quem mais dependemos e ocupamos os espaços do planeta. Se faltar espaço ou recurso a nossa espécie certamente não tem como sobreviver.

Ora, então nós não devemos ficar preocupados com questões pontuais aqui e ali. Nós temos que pensar globalmente nas diferentes ações que empreendemos e colocar essas ações no interesse do planeta e da humanidade. Não degradar, não poluir e não produzir resíduos é tão importante quanto proteger as espécies vivas. Assim como, não explorar e tão importante e necessário quanto não consumir exageradamente e manter a sustentabilidade dos ecossistemas naturais e artificiais.

Desenvolver novas tecnologia ecologicamente corretas e desenvolver a economia circular é tão importante quanto conservar e recuperar a água, o solo ou as florestas. Guardar as cidades e os seus cinturões verdes são tão importantes quanto manter um ecossistema natural. Aprimorar os processos de restauração florestal natural e tão importante quanto manter a arborização urbana compatível com a qualidade de vida necessária para as cidades. Quer dizer, quando se trata de Meio Ambiente, a regra única é a seguinte: “tudo tem a ver com tudo”. Deste modo não se pode pensar em ações isoladas e desconexas do todo.

Isto é, não adianta muito produzir grandes investimentos numa questão específica e deixar de se fazer outras coisas relacionadas direta ou indiretamente a essa mesma questão. Pois então, é exatamente nesse ponto que a coisa fica mais séria e perigosa, porque muitos ainda pensam assim: “se eu já faço isso, porque é que eu também tenho que fazer aquilo”? Sim, você tem que fazer porque a Terra e a Humanidade precisam. As questões ambientais são grandes “icebergs” e geralmente a parte visível e chamativa representa muito pouco (quase nada) do tamanho real dele.

A terceira Lei de Newton, nos mostrou que não existe ação sem reação. Deste modo, ou se consideram todas as possibilidades que envolvem uma determinada ação e suas consequentes reações ou não se deve desenvolver a ação. E esta tem sido a grande dificuldade da humanidade ao longo da história e particularmente no presente momento, onde já conhecemos bem os nossos erros. Geralmente nossas ações só identificam e atuam nas partes objetivas mais interessantes dos problemas, a parte visível do “iceberg”, e não nos preocupamos com as consequências, que, na verdade, sempre são bem maiores do que é imaginado.

No que diz respeito às ações ambientais, as relações com outras questões e suas consequências, muitas vezes acabam sendo preponderantes para permitir ou não o desenvolvimento daquela determinada ação. No passado, fizemos muitas coisas erradas, porque nós ainda não tínhamos essa visão, mas atualmente nós já temos conhecimento suficiente para conseguir avaliar se determinada ação ambiental será efetivamente benéfica ou maléfica. Nós só precisamos é ter a devida coragem de definir as nossas prioridades sempre procurando garantir ações ambientalmente corretas.

Alguns humanos continuam protegendo “bichinhos e plantinhas”, outros estão reciclando materiais, outros estão consumindo o estritamente necessário, outros ainda assumiram posturas de não comer determinados alimentos, enfim tem muita gente fazendo muita coisa, mas os resultados ainda são precários, porque, na verdade, o que precisamos é que todos façam tudo de maneira ambientalmente correta. Precisamos de cuidado, reflexão, parcimônia e de considerar a amplitude antes de estabelecer qualquer ação. Demoramos muito para entender, mas creio que já entendemos, que não adianta nada fazer parte de alguma coisa sem se preocupar com a coisa toda.

Tudo se extingue e certamente daqui a mais alguns milhões de anos o planeta também vai extinguir, mas obviamente antes se extinguirão as coisas que existem nele. Essa é a regra natural e não há como ser diferente. Deste modo, ao contrário do que se pensava anteriormente, o planeta vai sobreviver por muito tempo ainda, as espécies é que não sobreviverão em consequência das diferentes carências produzidas no planeta e, aleatoriamente irão se extinguindo com o passar do tempo, em graus e diversidades diferentes em função de suas necessidades. Se faltar espaço geográfico e recursos naturais, certamente a espécie, seja ela qual for, inclusive o Homo sapiens, terá complicações e caminhará para a extinção.

Pois então meus amigos, como já foi dito, a espécie humana é a que mais precisa dos recursos planetários. Isto é, ela é a espécie mais dependente do planeta e quanto mais ela usa o planeta indevidamente, mais ela depende e mais ela antecipa seu processo de extinção. Não existe nenhuma maneira de evitarmos essa verdade, porque esse é o processo natural. Entretanto, existe uma possibilidade de nós retardarmos o tempo necessário para que esse processo possa ocorrer. A expressão mágica que pode nos permitir isso é a “Sustentabilidade” e essa é uma atividade que só depende da vontade própria humanidade. Nós podemos e devemos definir as nossas prioridades de ocupar espaços e utilizar os recursos dentro dos preceitos estabelecidos por elas, no interesse maior do planeta e da humanidade.

Voltemos concomitantemente todas as nossas ações para o tripé da Sustentabilidade, identificando e considerando todos os aspectos possíveis. Nada de exageros, ambientais, sociais ou econômicos. Utilizemos a Lei do Mínimo como um princípio fundamental nesses três aspectos e postergaremos a possibilidade de extinção de vários recursos naturais, de utilidade para a nossa espécie e para várias outras espécies vivas do planeta. Já exaurimos muitos recursos naturais vivos (renováveis ou não) e não vivos que não deveríamos ter sido extinguido. Doravante, temos que frear o nosso ímpeto exploratório no que diz respeito a esses recursos naturais do planeta, se é que almejamos ser uma espécie de vida planetária um pouco mais longa. Essa é a tarefa de casa obrigatória, que precisamos envidar esforços para conseguir alcançar.

Trabalhemos para o planeta e consequentemente trabalharemos para a vida atual e para as futuras gerações, tanto de nossa espécie, quanto das demais espécies de organismos que ainda vivem aqui na Terra. O planeta tem sofrido muito por conta de nossa ganância econômica, de nosso descaso ambiental, de nossa irresponsabilidade planetária e de nossa incompetência na ocupação dos espaços e de ineficiência exploratória dos recursos naturais. Nossa espécie está efetivamente correndo sério risco de não encontrar soluções para sobreviver no futuro e essa situação de risco está se ampliando muito mais rápido do que, aparentemente, temos sido capazes de perceber.

A proteção da natureza é realmente uma questão fundamental para o Meio Ambiente planetário, mas ela é apenas mais uma das muitas questões ambientais. A possível resolução de toda a problemática ambiental certamente depende de várias outras questões. Se quisermos realmente começar a solucionar a problemática ambiental planetária, devemos começar a tratar o Meio Ambiente como prioridade efetiva para a humanidade. Todas essas questões ambientais têm que ser consideradas e os interesses antrópicos naturais (ambientais) precisam ser priorizados em relação aos interesses sociais e econômicos. Caso contrário, não vamos resolver nada e continuaremos carregando a pecha de que somente queremos proteger “bichinhos e plantinhas”. Se continuarmos agindo desta maneira, o fim da nossa espécie está logo ali.

Luiz Eduardo Corrêa Lima (67) é Biólogo (Zoólogo), Professor, Pesquisador, Escritor, Revisor e Ambientalista.

15 nov 2020
As Doenças e o Meio Ambiente

As Doenças e o Meio Ambiente

Resumo: O texto faz referências aos tipos e as causas fundamentais de doenças e relaciona a questão do aumento acentuado do número de doenças nos últimos tempos diretamente com a Degradação Ambiental Planetária. O aparecimento de “novas doenças” é uma das muitas consequências oriundas dos desequilíbrios ambientais ocasionados pelas ações produzidas pela Humanidade ao Planeta Terra. 


No que diz respeito às moléstias e doenças humanas, é possível afirmar que se excetuarmos as doenças genéticas (hereditárias), as doenças congênitas e umas poucas doenças degenerativas e metabólicas, além dos traumatismos e dos acidentes, todas as demais doenças conhecidas e muitas ainda não conhecidas, podem ser consideradas como diretamente ligadas ao Meio Ambiente, isto é, são devidas às questões ambientais. Isto acontece, porque a maioria das doenças está relacionada com agentes externos infecciosos (micro ou macrorganismos) que se veiculam para dentro dos organismos humanos, parasitando esses organismos, causando complicações e produzindo modificações metabólicas que se estabelecem alterando a condição de normalidade orgânica.

Porém, nem sempre a contaminação se dá por conta direta de outros organismos vivos e muitas doenças são oriundas de contaminação química ou de influências de ação física. De maneira geral, as doenças mais comuns estão relacionadas com as interferências que ocorrem no ambiente físico, tanto as causadas por agentes biológicos, quanto por componentes químicos. Assim, os meios físicos: a água, o ar e o solo, constituem os principais meios de contaminação e propagação das doenças de origem biológica e de muitos dos componentes químicos maléficos. As formas de contágio e de contaminação são bastante diversificadas.

No que tange a contaminação biológica, alguns dos organismos causadores de doenças são ingeridos de alguma maneira natural. Outros penetram no corpo humano diretamente do ambiente por ação própria ou por mecanismos dinâmicos do próprio ambiente. Outros ainda podem ser eliminados a partir de líquidos internos e resíduos oriundos de outros indivíduos contaminados (humanos ou não humanos) e que assim contaminam outros seres humanos, causando moléstias e doenças.

Muitas dessas doenças também são veiculadas, causadas e disseminadas por agentes biológicos, os denominados parasitas, como as viroses (causadas por vírus), as bacterioses (causadas por bactérias), as protozooses (causadas por protozoários), as micoses (causadas por fungos) e as verminoses (causadas por vermes). Além disso, também existem algumas doenças causadas a partir da ação efetiva e direta de outros organismos, como as picadas de animais peçonhentos ou ainda as mordeduras e até mesmo a veiculação de toxinas e substâncias contaminantes através de simples contato físico.

Muitos dos agentes biológicos causadores de doenças estão presentes em vários tipos diferentes de organismos, sem causar nenhum mal a eles. Esses organismos que vivem e dependem de outros sem causar doenças, às vezes são chamados de simbiontes (mutualistas), quando trocam benefícios com os hospedeiros. Outras vezes são chamados de comensais, quando apenas não prejudicam os hospedeiros. Entretanto, esse mesmo organismo que não faz mal para determinado ser vivo, numa determinada situação, poderá produzir doenças em outras situações ou poderá fazer mal a outro organismo.

Enfim, sempre é bom lembrar que nada é absoluto na natureza e, particularmente, no que se refere aos organismos vivos, tudo pode acontecer, principalmente no que diz respeito aos mecanismos de contaminação. É exatamente por conta desse fato que novas doenças infecciosas têm surgido nos seres humanos, por exemplo. O microrganismo vivo que estava num determinado animal, sem causar nenhum mal, mas por algum motivo, conseguiu passar para o homem e causou uma doença. Foi assim que aconteceu com inúmeras doenças, como a AIDS na década de 1980, com a gripe suína recentemente e agora com a COVID-19.

Por outro lado, é preciso entender que todos os tipos de doenças e moléstias que podem existir não são exclusividade dos seres humanos, ou dos animais domésticos ou dos Vertebrados. Doenças podem ocorrer e ocorrem em quaisquer organismos vivos, tanto em microrganismos, quanto em plantas ou em quaisquer animais. A manifestação das diferentes doenças se dá da mesma maneira em quaisquer das formas vivas, isto é, por contaminação direta ou veiculada pelo ambiente ou por outros organismos. Quer dizer o mundo vivo está naturalmente repleto de doenças e todas elas, de alguma maneira podem produzir traumas imediatos, sequelas temporais ou perenes e até mesmo a morte dos seus portadores.

Outra questão que precisa ficar esclarecida é que algumas doenças que acontecem numa determinada espécie de animal podem ou não acontecer em outras espécies vivas pelas mais diversas situações, que vão desde simples adaptações comportamentais, passando por questões anatômicas, fisiológicas e chegando até mesmo às especifidades funcionais de diferentes afinidades bioquímicas. Os agentes contaminantes (químicos ou biológicos) estão naturalmente presentes no ambiente e os organismos vivos, pelos mais diversos motivos e maneiras, estão sempre tendo contato direto ou indireto com esses agentes.

A ingestão de água e de alimentos, ou mesmo a inspiração de ar atmosférico, por exemplo, são umas importantes formas de entrada de agentes infecciosos em nosso corpo e algumas doenças dos aparelhos digestório e respiratório têm aumentado quantitativa e qualitativamente na população humana exatamente por conta de contaminação química, oriunda da alimentação ou da respiração. O excesso de substâncias e componentes químicos estranhos ao ar atmosférico, à água ou adubação química e também o excesso do uso de agrotóxicos no solo ou mesmo o aumento da quantidade de alimentos transgênicos podem ser causas de algumas dessas doenças.

Entretanto, cada organismo, por mais parecido que seja de outro organismo semelhante, costuma ser metabolicamente diferente e assim, muitas doenças podem se manifestar em determinados organismos e não existirem em outros. Não há nenhuma obrigatoriedade de que algum componente necessariamente faça mal ou faça bem para esse ou para aquele organismo. Alguns organismos são natural e totalmente imunes a determinados agentes contaminantes, outros são mais ou menos resistentes e isso deve ser um fator que pode justificar a ocorrência maior ou menor de certas doenças em espécies iguais ou diferentes que habitam determinados locais.

Assim, fica bastante claro o entendimento de que as doenças estão efetivamente relacionadas às questões ambientais e que essa não é uma situação ou um acontecimento momentâneo atual, porque, na verdade, isso sempre ocorreu desta maneira na natureza.  Obviamente que o desequilíbrio gradativo das condições ambientais piorou a qualidade do Meio Ambiente e isso parece ter facilitado mais à possibilidade de aquisição de velhas doenças, antes desconhecidas da humanidade e também do surgimento efetivo de novas doenças.

Se antes isso acontecia menos ou isso era menos observado anteriormente, é provavelmente porque existiam menos seres humanos no planeta e também porque o grau de contaminação ou de diferenciação resultante das modificações planetárias era muito menor. As condições planetárias estavam mais equilibradas e isso, de certa maneira, minimizava ou garantia e até controlava melhor a ocorrência das possíveis contaminações, pois havia maior uniformidade na conformação do todo nos distintos ambientes.

Deste modo, o aumento da degradação ambiental e do contato cada vez maior do homem com os animais domésticos ou silvestres, acabam sendo fatores que favorecem e consequentemente ampliam a possibilidade de doenças que antes não ocorriam ou que não eram conhecidas em seres humanos e que agora parecem progressivamente ser mais comuns, pois estão afetando mais a nossa espécie. Todas essas “novas doenças” infectocontagiosas recentes Gripe do Frango, Gripe Suína, SARS, Covid-19 e outras se desenvolveram a partir do contato do homem com os animais. Essas doenças, oriundas desses contados são chamadas genericamente de zoonoses, porque resultam exatamente da relação direta dos homens com os animais.

O aumento progressivo das zoonoses também acaba sendo uma consequência da degradação ambiental e do descuido dos seres humanos nas suas relações diretas ou indiretas com outros animais. Esses contatos precisam ser estabelecidos dentro padrões de segurança para evitar o surgimento e impedir a propagação desse tipo de doenças nos seres humanos. Algumas zoonoses se desenvolvem naturalmente, ao longo de adaptações evolutivas, mas outras, certamente são consequências imediatas das diversas ações humanas nos diferentes ecossistemas do planeta.

Em suma, a manutenção do Meio Ambiente equilibrado é sim um fator significativo para a manutenção da qualidade de vida, porque certamente minimiza a possibilidade de modificação e consequente adaptação a novas situações dos organismos potencialmente causadores de moléstias e doenças de origem biológica. Além disso, o aumento progressivo de componentes e substâncias químicas naturalmente desconhecidos, também propicia maiores possibilidades de contaminação e desenvolvimento de novas doenças de origem química.

A Humanidade precisa ser orientada para ficar ciente de que a degradação ambiental não é apenas a modificação do ambiente, mas é também uma abertura de novas possibilidades, inclusive para o estabelecimento de novos mecanismos de contaminação e geração de doenças e moléstias. Ou seja, quanto mais se polui, se destrói, se degrada e se deteriora o ambiente natural, mais se diversificam as possibilidades de doenças e moléstias na humanidade. Desta maneira, as questões relacionadas ao Meio Ambiente também precisam ser encaradas e entendidas como problemas importantes para a Saúde Pública.

Infelizmente nossa forma errada de entender o mundo observando as coisas de maneira isolada, muitas vezes nos coloca, por exemplo, as questões ambientais distantes das questões de saúde. Esse hábito de separar e pontuar questões que muitas vezes comuns, para justificar outros interesses, além de ser uma prática política errônea e lamentável, não tem nos permitido identificar muitas situações que, talvez, pudessem ser facilmente resolvidas ou, pelo menos, restringidas na origem ou ainda minimizadas depois de praticadas. Essa visão caolha da realidade tem sido uma maneira errada de traçar políticas públicas nesse país e talvez no mundo, mas isso precisa mudar.

A Humanidade precisa compreender que o planeta, embora seja um espaço grande, é limitado e dentro dessa limitação precisam ser consideradas as diferentes ações humanas que interferem nesse espaço físico, principalmente aquelas de grande abrangência, e que isso tem grande significado no que se refere a ocorrência e disseminação de doenças e moléstias. Os administradores públicos e demais propositores de políticas públicas têm que promover uma ação mais integradora das diferentes áreas sociais e incluir as modificações ambientais como fundamentais em vários aspectos das atividades humanas, principalmente na área da saúde pública.

Estamos vivendo um momento em que a natureza nos diz: “pense antes de fazer”, mas nós estamos insistindo, por um vício sociológico, em continuar fazendo sem pensar. O resultado desse fato levou o planeta ao estado extremo de degradação, onde as respostas planetárias são cada vez mais agressivas à humanidade e estão tornando nossa espécie cada vez mais vulnerável e perigosamente mais próxima de uma extinção prematura. É preciso que deixemos de lado outros interesses e que pensemos na vida em geral e na vida humana em particular e que cuidemos da restauração progressiva do planeta para garantir a manutenção de nossa espécie. Entretanto, ainda está muito difícil um consenso nessa questão e, por outro lado, o tempo está cada vez mais curto.

Enquanto ficamos, por conta de nosso egoísmo, discutindo sobre o nosso afã de poder, deixando as questões ambientais de lado e considerando apenas as preocupações políticas e econômicas que, pelo menos até aqui, não estão parecendo que vão nos levar a algo significativamente benéfico, continuamos nos suicidando coletivamente todos os dias. As moléstias e doenças vão continuar aparecendo até que nós não tenhamos mais condições de resolver as pendências e de estancar os problemas existentes.

Ainda há tempo, mas é preciso mudar de postura. Temos que ter atitudes proativas em relação à minimização e extermínio dos danos planeta e a garantia da qualidade de vida de todas as formas vivas. O respeito ao Meio Ambiente, o incremento de ações ambientais positivas e a inclusão das questões ambientais efetivas nas pautas administrativas são as melhores maneiras de vislumbrar ganhos efetivos na saúde pública e talvez a única condição de garantir a sobrevivência da espécie humana no planeta.

A nossa saída se resume a seguinte frase: “o cuidado com o Meio Ambiente tem que deixar de ser algo interessante para alguns e passar a ser algo fundamental para todos”.

Luiz Eduardo Corrêa Lima (64)

03 set 2020
A RESPONSABILIDADE SOCIAL DO BIÓLOGO EM TEMPOS DE PANDEMIA

A RESPONSABILIDADE SOCIAL DO BIÓLOGO EM TEMPOS DE PANDEMIA

RESUMO: O artigo é apenas um comentário sobre o ano de 2020 até aqui, quando estamos completando 41 anos da Regulamentação da Profissão de Biólogos no Brasil. Na verdade, apresento uma constatação de que os Biólogos do Brasil e do Mundo precisam se envolver mais e adquirir mais poder de fogo na hora de decidir sobre as políticas ambientais planetárias.


Meus amigos Biólogos, embora devêssemos estar em festa hoje (03/09/2020) pelos 41 anos de regulamentação de nossa profissão, não sei se realmente temos algum motivo efetivo para comemorar. Esse ano de 2020 está, além de difícil e conturbado por uma Pandemia anunciada, que já matou muita gente e adoeceu toda humanidade. Mas, também se encontra bastante complicado pela inoperância ambiental dos governantes e administradores em vários países. Aqui no Brasil, temos um ministro do Meio Ambiente que, dentre outras coisas, tem defendido abertamente o uso de veneno e assumido posturas antiambientais. Além disso, ainda tem o desserviço prestado por grande parte da mídia que se aproveita do momento triste e da situação ruim para enganar a população distribuindo “fake news” e disseminando o terror.

Entretanto, ainda que a humanidade e o país estejam muito doentes e que a Pandemia do COVID-19 exista realmente, é preciso compreender que não é apenas por causa disso que o mundo e o Brasil vão mal. Na verdade, o mundo e o Brasil vão mal já faz muito tempo e a Pandemia é apenas mais um dos muitos sintomas que têm demonstrado o fato de que o planeta não suporta mais o comportamento predatório, irresponsável e inconsequente da espécie humana, de alguns de seus administradores públicos e de muitos picaretas poderosos que se locupletam com a morte de seres humanos e de outros organismos.

O Antropoceno não é apenas uma ideia de alguém, ele é um fato incontestável, pois o homem realmente criou mecanismos muito diferenciados e deletérios com sua interferência nociva no planeta. A sexta grande extinção em massa está efetivamente acontecendo nas nossas barbas e estamos vendo ela passar como se tudo fosse obra do acaso ou como mera condição natural. Na verdade, continuamos dando de ombros aos acontecimentos, mas somos os grandes responsáveis pelos acontecimentos catastróficos que têm ocorrido nos últimos tempos.

Infelizmente, quase nada tem sido feito para minimizar os danos produzidos pela ação antrópica sobre o planeta. Em que pese a existência de algumas valiosas ideias e sugestões, elas não têm passado disso, ou seja, são apenas sugestões, algumas até brilhantes, mas sem nenhuma ação prática e consequentemente sem nenhum efeito real, porque a humanidade se recusa terminantemente a mudar de hábitos e posturas. Assim, a população humana segue aumentando absurdamente e a mancha humana, seguida de seus efeitos, ocupa, cada vez mais, o espaço limitado terrestre.

Por outro lado, em consequência dessa crescente mancha humana, o consumo dos recursos naturais tem aumentado de maneira drástica e a exaustão já é sentida em vários locais e momentos. Além disso, o nível da poluição em todos os meios físicos é perigosa e assustadoramente sempre crescente e sendo assim, é progressivamente mais sentida e mais destruidora para toda vida planetária. No meio desse quadro lamentável ainda surgiu a Pandemia do COVID-19.

Cabe lembrar que o COVID-19 não foi nenhuma novidade, porque foi só mais uma das muitas zoonoses que têm se abatido sobre a humanidade nos últimos anos. Deste modo, o COVID-19 é uma tragédia mais que anunciada e que esteve por acontecer várias vezes nos últimos anos. Não importa aqui discutir se a Pandemia é oriunda de causas naturais ocasionais ou produzidas, porque de qualquer maneira a culpa é consequência da ação antrópica indevida no planeta e do desleixo no trato e no contato com outras espécies animais.

O COVID-19 originou-se na China, mas se espalhou pelo mundo contaminando e ceifando milhões de vidas humanas, por conta exclusiva da irresponsabilidade da humanidade, que não encarou a questão com o devido cuidado. Na China omitiu-se informações por outros interesses; na maior parte da Europa procedeu-se de maneira errada e desleixada. Nos Estados Unidos não se acreditou e aqui no Brasil, optou-se pela realização do carnaval e pelas praias no verão, dando de ombros para o que já acontecia no mundo.

A humanidade, por sua vez, tristemente, ao invés de trabalhar no sentido de tentar produzir respostas para resolver o problema o mais rápido possível, entrou numa briga política e ideológica sem noção e sem tamanho, porque, lamentavelmente o que se buscou foi uma maneira de alguém ganhar mais dinheiro e poder, enquanto milhões morriam pelo mundo afora. O negacionismo científico tem sido usado como uma arma por mal feitores e embusteiros e como projeto de arrumação de vida por alguns pseudoreligiosos e falsos profetas. Enfim, o caos é total! E onde ficamos nós, os Biólogos, em meio a esse caos?

Os Biólogos e outros profissionais das Ciências Biológicas, por muito tempo vêm avisando para o que está acontecendo no planeta, mas a humanidade não quer ouvir e segue sua lida inconsequente. Por outro lado, agora os Biólogos e os demais profissionais das Ciências Biológicas, estão sendo cobrados para resolver a questão imediatamente e arrumar uma vacina que possa conter a desgraça ou que acabe de vez com a dispersão desse vírus fatídico pelo mundo. Entretanto, isso não é tão simples como se queria que fosse e o flagelo segue acoitando e matando seres humanos.

Historicamente, os Biólogos e muitos profissionais das Ciências Biológicas tentaram informar sobre a tragédia que estava por vir, mas a humanidade não se importou e não acreditou, ou melhor, preferiu acreditar nos falsos profetas e na capacidade tecnológica humana de resolver situações.

Entretanto a tecnologia não pode e não sabe se virar em tudo na velocidade necessária e os falsos profetas agora trocam acusações entre si, para justificar o injustificável. Bem, o resultado está aí! E agora, o que fazer para mudar o quadro?

Mais uma vez a opção imediata era curativa e não preventiva. Mas, como curar aquilo que não se conhece? Parece que a humanidade gosta de viver para apagar incêndios e não para impedir que eles aconteçam. Mas, obviamente, também existem “seres humanos” que gostam de manter esse status quo de risco iminente, porque lucram economicamente bastante com essa situação. Não sei se devo realmente chamar esses indivíduos de seres humanos, por isso usei a expressão entre aspas.

É óbvio que depois de muitas vidas perdidas desnecessariamente, depois de algum tempo a vacina deverá aparecer e as Ciências Biológicas terão “vencido e resolvido a questão”. Por conta disso, obviamente, surgirão alguns novos heróis, serão reconhecidos os novos vilões e a vida vai continuar, até quando Deus permitir. Assim a humanidade seguirá, cuidando, aqui e ali, das questões até que venham as próximas e a caravana humana na Terra vai seguindo em frente. Até quando vamos continuar assim?

Pois então, é esse continuar da vida que preocupa, porque sociologicamente a humanidade continuará seguindo o mesmo caminho, sem rumo definido. Ou melhor, no triste rumo de sua extinção precoce. Alguns humanos têm falado bastante sobre o “novo normal”, que se estabeleceu na humanidade por conta da Pandemia do COVID-19 e que para muitos deverá ser mantido depois da mesma.

Poxa vida, como eu queria que esse “novo normal” fosse verdadeiro, mas não acredito nessa possibilidade, porque a mudança no comportamento humano não irá existir se nos mantivermos presos às mesmas receitas metodológicas que utilizamos até esse momento. Na realidade, vamos continuar apenas repetindo as crises e as pandemias, que certamente, serão cada vez mais comuns, mais violentas e mais perigosas à vida humana. Não poderá existir um “novo normal” baseado nas velhas atitudes.

A Pandemia talvez seja o “último grande aviso” do planeta Terra à humanidade, para ver se os seres humanos parem, pensem e mudem o seu comportamento em relação ao planeta e talvez, os Biólogos sejam os únicos profissionais que possam ser capazes de entender essa mensagem e de vislumbrar o que tem que estar projetado nesse novo e necessário comportamento. O âmago desse novo comportamento, que poderá produzir, ao longo do tempo e nunca imediatamente, o tão querido e sonhado, “novo normal”, tem que estar centrado em três aspectos fundamentais, que apenas os Biólogos parecem ser sensíveis e que têm se manifestado há muito tempo sobre eles.

Esses aspectos são o biocentrismo como meta prioritária, o controle do crescimento da população humana como mecanismo fundamental para ocupação do planeta e o decrescimento econômico como ação manifesta e obrigatória para conter a necessidade imposta de consumo. Sem essas três ações efetivas não poderá existir o “novo normal”, pois qualquer mecanismo que mantenha essas condições será paliativo, fortuito e, como tal, certamente ineficaz.

A verdade é a seguinte: a humanidade tem que deixar de depender da sorte ou dos desígnios divinos e tem resolver os seus problemas a partir de atitudes planejadas fortes e oriundas da própria humanidade. E a questão fica mais séria exatamente nesse ponto, pois como convencer a humanidade dessa necessidade? Como andar contra a corrente arraigada e rançosa de que o homem é o soberano da Terra e de que o planeta existe para servir aos interesses dessa soberania humana?

Senhores, em seis meses de Pandemia, reduzimos a sobrecarga planetária em quase um mês (de 29 de julho no ano passado para 22 de agosto nesse ano), mas foi só o pico pandêmico passar para que rapidamente tudo retornasse ao estágio pré-pandêmico e assim, parece muito claro que não existe nenhuma pretensão efetiva para sairmos da mesmice. Como eu já deixei explicito anteriormente, consciência não se adquire de supetão, ela é sempre gradativa e assim, infelizmente, a humanidade ainda vai continuar sofrendo muito, ou talvez, sofra pouco e se extinga rápido.

Não sou pitonisa e, embora torcendo para estar errado, acredito que a segunda opção acima parece ser a direção que lamentavelmente tem mais tendência de ser seguida, exatamente porque a grande maioria dos seres humanos não tem consciência real da questão e, dessa maneira, não tem condições de enfrenta-la com a devida seriedade. O egoísmo humano impede que se visualize a realidade e muitos dão graças a Deus e seguem em frente como se nada tivesse acontecido. Aliás, alguns nem se importaram, mesmo durante os momentos mais críticos.

Bem, mas nós, os Biólogos, não podemos concordar com isso, porque, afinal de contas, somos, até por força de nossa formação, os principais defensores da vida planetária. Temos que chamar a atenção, mostrar e dizer a todos que esse caminho está errado. Nossa missão social e exatamente essa, ou seja, acordar a humanidade para a realidade que se anuncia e tentar reverter esse triste quadro. Sou cético, mas não me nego a tentar, porque acredito e espero que algo ainda possa acontecer ao longo de sucessivas crises, que progressivamente vão levar a necessária mudança comportamental da humanidade.

O mundo melhor, que todos sonhamos, se vier a existir, levará ainda algum tempo e lamento dizer, que acredito que os humanos mais jovens ainda presenciarão momentos piores pela frente. Os mais velhos, como eu, sofreremos menos, porque morreremos antes e não presenciaremos os acontecimentos futuros. Meus amigos, o “novo normal” que tem sido falado, ainda continuará sendo o mesmo “velho anormal”, porque, infelizmente, não vai existir nenhuma mudança radical no comportamento humano. Qualquer mudança, se existir, será gradativa e eu realmente não sei se ainda temos tempo para tanto.

O fim de nossa espécie é cada vez mais uma realidade próxima e o pior é ver que os únicos culpados somos nós mesmos. Nós, os Biólogos, somos, ou deveríamos ser, os únicos de olhos abertos para esse fato. Assim, vamos fazer a nossa parte e avisar ao mundo sobre o que está por vir e dizer claramente que se não houver uma nova filosofia de vida, uma nova atitude e um novo comportamento da humanidade, jamais haverá um “novo normal”. Não haverá sequer o Armagedom, a batalha final, porque a humanidade definhará sem os recursos naturais, sobre as migalhas daquilo que escolheu erroneamente atribuir como fatores importantes à sua existência na Terra, isto é, a exaustão planetária, o dinheiro e o poder.

O planeta vai sofrer, muitas espécies vão se extinguir também por nossa conta, mas a vida, de uma forma ou de outra, vai continuar existindo e o planeta seguirá sua trajetória por mais alguns milhões de anos à frente, mas sem essa espécie fantástica, maravilhosa, criadora e inventiva, que é a espécie humana. A espécie que foi capaz de tudo, menos de se reinventar e sobreviver, porque criou valores que a natureza não conhece e resolveu brigar contra o planeta que lhe abrigou.

Os Biólogos, por sua sensibilidade em relação à natureza são os únicos profissionais capazes de tentar mostrar ao mundo que o “novo normal” precisa existir, mas que ele tem que ser pensado de uma maneira bastante diferente do que se tem vivido com o “velho anormal” que até aqui imperou. A relação Homem X Terra só terá continuidade se o homem quiser, pois a Terra já disse a que se propõe. Isto é, o planeta já começou o seu trabalho de combater e, se necessário, acabar com a espécie humana e somente a humanidade, num trabalho consciente, coletivo e gradativo poderá mudar essa situação.

Meus colegas Biólogos, tomara que esteja errado no pensamento que descrevi nesse texto, mas a humanidade precisa de nossa atuação para tentar mudar o quadro terrível que se aproxima de maneira muito célere. Façam suas respectivas partes, sejam os exemplos, gritem contra o desperdício dos recursos naturais e da degradação planetária, pressionem os políticos e administradores, porque o tempo continuará passando e cada vez fica mais tarde e mais difícil para que a humanidade possa conseguir sobreviver na Terra.

É triste que no dia de nosso aniversário não tenhamos boas notícias e nem bons motivos para comemorar, mas, ainda assim, eu quero desejar um Feliz Aniversário para os Biólogos desse país. Vamos torcer para que as ações ambientais corretivas comecem a ser desenvolvidas e que essas soluções possam ser progressivamente mais céleres e que a humanidade acorde e atente mais para a vida e para o planeta.

Luiz Eduardo Corrêa Lima (64)

15 jul 2020
O CAPITALISMO É RUIM, MAS O QUE É VERDADEIRAMENTE BOM?

O CAPITALISMO É RUIM, MAS O QUE É VERDADEIRAMENTE BOM?

Resumo: Nesse artigo está proposta uma reflexão séria e sóbria a respeito da crítica que é feita ao Capitalismo como principal causador da Degradação Ambiental Planetária. Talvez o problema não seja o Sistema Político e Econômico do país, mas sim as pessoas que nele habitam, mormente os dirigentes, os quais, independente de ideologia política, agem como se não entendessem que as questões ambientais são globais e pouco se importam com os problemas relacionadas com o Meio Ambiente Planetário.


A crítica ao capitalismo como sendo o maior causador dos problemas ambientais que degradam o planeta, exaurindo de maneira constante e significativa os recursos naturais, e que também ameaçam realmente extinguir a humanidade pela carência progressiva desses mesmos recursos, realmente parece ser verdadeira. Essa crítica, de fato, faz bastante sentido, principalmente se considerarmos que o uso dos recursos naturais nesse tipo de sistema político acaba sendo bastante agressivo, indiscriminado, progressivo e sobre tudo, esbanjador e aviltante. Quer dizer, as atitudes do capitalismo não medem as possíveis consequências do uso exacerbado dos recursos naturais e deste modo, o capitalismo é sim um grande comprometedor das questões ambientais.

Entretanto, sem querer defender diretamente o capitalismo em si, mas apenas fazendo uma reflexão, que considero oportuna, eu quero questionar outros dois aspectos, que geralmente são deixados de lado, quando se exerce uma crítica efetiva ao modelo capitalista. Primeiramente, é preciso que se encare o fato de que o capitalismo é exercido por pessoas e se algo errado acontece é porque as pessoas que atuam diretamente no sistema, principalmente aquelas comandam as atitudes, permitem que os erros aconteçam.

Segundo, será que aqueles países que possuem outro sistema político-econômico (socialismo) também não causam os mesmos danos ambientais significativos? Bem, se a resposta à essa pergunta for sim, isto é, se os problemas ambientais também ocorrem nos países socialistas, então é porque o capitalismo em si, não é o único culpado, como tem sido sugerido por alguns. Aliás, problemas ambientais em países socialistas, não são apenas fatos reais, mas efetivamente são fatos costumeiros,

Na verdade, o que acontece nos países não capitalistas e que pode ser claramente observado, acaba sendo bastante pior, porque, se o dano ambiental efetivo algumas vezes pode até ser menos intenso, por outro lado, o dano à coletividade tem sido muito mais significativo e destruidor. O dano produzido pelo socialismo costuma atingir o ser humano mais diretamente, haja vista que nos países socialistas alguns indivíduos, que detém o poder, podem utilizar tudo a bel prazer e os demais vivem às mínguas. Se o socialismo em tese (teoria) é bom e talvez até seja mesmo, na prática, ele tem se demonstrado mais degradante aos seres humanos que o capitalismo. Além do fato, de que esse sistema também não respeita os interesses planetários, se os “donos do poder” assim desejarem.

É bom lembrar que, as poucas experiências que tem dado resultado positivo tanto ambiental, quanto social e economicamente, tem acontecido em países capitalistas que têm promovido práticas ambientais trabalhadas, corretas e embasadas principalmente na agroecologia no setor primário, o uso racional dos recursos pela indústria no setor secundário, além de muita responsabilidade e parcimônia, através de consumo consciente no setor terciário. As principais “nações verdes” do planeta estão países que vivem no capitalismo. Países como Noruega, Canadá, Dinamarca, Suécia, Suíça, Austrália, Islândia, Nova Zelândia, Holanda, Singapura e vários outros sempre aparecem entre os primeiros quando são avaliados os índices de sustentabilidade, de qualidade de vida e o próprio IDH (Índice e Desenvolvimento Humano).

Caramba! Será mesmo que o capitalismo por si só é tão ruim assim? É óbvio que não. Aliás, isso demonstra mais claramente que é possível conciliar o capitalismo como o meio ambiente e com os interesses das comunidades. O que ainda não é possível é condicionar todos os seres humanos a ter sensibilidade socioambiental e coerência nas suas atitudes. Assim, de uma maneira geral, muitos seres humanos ficam nessa discussão inócua entre o ruim e o pior e nada muda, ou seja, a desgraça só aumenta dos dois lados e o planeta sofre do mesmo jeito.

O que estou querendo dizer é o seguinte: a culpa não é dos sistema político-econômico, pois parece mesmo que ambos tem se demonstrado, na prática, que são igualmente ruins na maioria das vezes. Ao que parece a culpa é da sociedade, do comportamento social dos seres humanos em relação ao planeta e a própria humanidade. O problema é o “bicho-homem”, com seu egoísmo, sua ganância, sua irresponsabilidade e sua sede insaciável de poder.

Como disse Rousseau: “o homem nasce bom, e a sociedade o corrompe. Mas essa ideia precisa de reparos: para mim, o homem nasce neutro e o sistema social educa ou realça seus instintos, liberta seu psiquismo ou aprisiona. E normalmente o aprisiona.” E Rousseau disse também; “A natureza fez o homem feliz e bom, mas a sociedade deprava-o e torna-o miserável”.  Creio que Rousseau esteja certo, pois o problema está no valor econômico e social que cada povo dá a condição natural ou mesmo artificial da terra.

Se a terra é tratada como um produto, seja privado ou público, ela passa a ter também valor econômico e aí começam a surgir os problemas que vão derivar na sua destruição progressiva, porque os interesses econômicos acabam sendo sempre maiores e mais interessantes ao olhar humano do que os interesses meramente ecológicos (naturais). Se a terra não serve para nada vamos modificá-la, se ele serve para alguma coisa vamos utilizá-la diretamente. A terra é sempre um produto de uso do humano e o resultado é sempre degradação, porque não se pensa em sustentabilidade, mas sim em produção maior sempre, independente do sistema econômico.

Pois então, enquanto estivermos presos e estagnados ideologicamente em modelos teóricos, baseados em sociedades insustentáveis, sempre estaremos aprisionados e acreditando que o outro, seja quem ou o que for esse outro, está errado, pois o nosso modelo é o “ideal” (perfeito). Quero lembrar que o ideal social, pode e deve ser desejável, mas nem sempre é factível. E quando consegue ser factível, costuma apresentar progressivamente seus erros e suas indesejabilidades.

Acredito que não exista modelo teórico perfeito, sendo desenvolvido por seres humanos, simplesmente porque somos seres humanos e naturalmente erramos. Somos realmente maravilhosos, mas somos imperfeitos. Entretanto, certamente existem práticas funcionais melhores e mais bem adaptadas, cujos resultados são benéficos ao planeta. O comportamento humano é que precisa ser pensado e trabalhado numa ética mais fraterna, precisamos pensar mais como humanidade e menos como indivíduo, para poder ampliar os resultados sociais benéficos, independentemente do modelo teórico de sistema político-econômico. Entretanto, será que estamos realmente dispostos a isso?

Há necessidade urgente de que paremos de culpar uns aos outros, porque todos nós, independentemente da Filosofia política, administrativa e econômica que defendemos, somos responsáveis pelo dano ambiental planetário. Não existe o outro, porque a humanidade somos todos nós e se existem culpados, somos todos nós, que não observamos o óbvio. Antes de questionarmos a política, temos que nos questionarmos como pessoas (seres humanos), principalmente aquelas que administram qualquer coisa em qualquer modelo político-econômico.

Capitalistas destroem pelo excesso de consumo dos recursos naturais e socialistas destroem pela privação dos direitos sociais, quando cria um estado forte que inibe liberdades individuais, mas permite abusos aos amigos. A maioria de nós, que não está diretamente envolvida em nenhum dos dois lados e que quer apenas o direito de viver, é que acaba sofrendo a carga maior do dano socioambiental. Por várias razões a maior parte dos seres humanos, que está no meio do fogo cruzado, é a que mais sente as ações indevidas das duas maneiras básicas da economia.

A questão está exatamente aí. Ao invés de ficarmos discutindo eternamente entre o ruim e o pior, por que não nos juntamos, sem paixões e sem interesses, para tentar impor a todos um sentimento fraterno e   equânime, objetivando fazer as coisas mais certas, num interesse coletivo maior, que poderá garantir sustentabilidade e vida futura à humanidade?

É exatamente nesse instante, que aparecem alguns idiotas, que se assumem como “salvadores da pátria” e “donos do saber”, para defender interesses escusos e falar besteiras e mais besteiras, para manter o status quo. Esses são os verdadeiros inimigos da humanidade, aqueles que apregoam sempre a mesma coisa, sem tentar uma mediação fraterna e efetiva.

Na verdade esses sujeitos não querem mudar nada. O que eles querem é o poder absoluto. Isto é, eles querem “a bola no pé deles”, para brincar um pouco mais e se for possível brincar sempre e o restante da humanidade que se dane. O capitalismo e o socialismo são “bodes expiatórios” do mau-caratismo desses embusteiros que só querem se dar bem e que quando têm o poder fazem exatamente aquilo que criticam nos demais.

A maioria calada e submissa dos seres humanos precisa acordar e passar a exigir que, independentemente do sistema político-econômico, a humanidade necessita estar vivendo bem hoje para garantir que continuará vivendo bem amanhã. A vida é o que realmente importa e para garantir a vida é fundamental respeitar o planeta e os recursos que ele nos fornece.  Essa é a boa prática que se faz necessária. É óbvio que viver envolve em consumir, mas é necessário consumir de maneira que se respeite o direito do outro consumir também.

É bom que fique esclarecido que outro aqui, não é somente o outro humano, mas é qualquer organismo vivo planetário atual e futuro. Todos os organismos vivos têm o mesmo direito de usar e consumir os recursos naturais que lhes sejam necessários para se manterem vivos, ao longo de suas caminhadas evolutivas pela Terra. Ainda que para nós, os seres humanos sejam os mais importantes, eles não são, de maneira nenhuma, os “donos do planeta” e têm que entender que estão sujeitos às mesmas obrigações e vicissitudes que os demais organismos vivos e que, por isso mesmo, devem ter os mesmíssimos direitos que os outros.

Aliás, nós, que nos intitulamos racionais, talvez sejamos os únicos que somos capazes de entender realmente a limitação do planeta e de seus recursos naturais. Assim, temos a obrigação moral de entender e a nossa responsabilidade maior, fazendo cumprir essa nossa pretensa “superioridade”, em relação às demais espécies vivas da Terra. Sempre é bom lembrar que embora sejamos seres humanos, também somos seres orgânicos e sujeitos às mesmas dependências fisiológicas e afeitos aos mesmos fenômenos que qualquer coisa viva.

A única diferença é que nós temos certeza de que temos consciência disso. Talvez as outras formas vivas não tenham essa mesma consciência e esse fato só aumenta o grau da nossa responsabilidade com as demais espécies. Enquanto continuarmos colocando a culpa no sistema político-econômico, estamos deixando de lado a nossa responsabilidade planetária e seguimos deliberadamente acabando com os recursos naturais e extinguindo espécies planetárias, inclusive com a possibilidade real e efetiva de anteciparmos a nossa própria extinção.

Muitas pessoas usam a expressão desigualdade social como se fosse uma culpa exclusiva do capitalismo. E eu pergunto: Será que existe desigualdade social em Cuba, na China, no Vietnã, na Coréia do Norte ou em Laos? Nesses países quem é pobre, certamente está fadado a continuar sendo pobre e quem é rico pode e vai continuar sendo rico. Nada vai mudar, a não ser que se mude o sistema.

No capitalismo, pelo menos, existe uma chance do rico ficar mais rico ou cair e do pobre ficar mais pobre ou subir. É claro que a chances do pobre subir são contingencialmente menores, mas isso não é uma impossibilidade no sistema. No socialismo só os poderosos podem brincar com a bola e no capitalismo existe possibilidade, ainda que remota, dos pobres também brincarem. Infelizmente, a igualdade social proposta no socialismo é apenas para os pobres, que têm que se contentar em serem pobres e agradecer por estarem vivos.

Quer dizer, no fim das quantas, como eu disse lá em cima. O problema não é do sistema e sim do homem e de seu fascínio e interesse pelo poder. Nós podemos e devemos acreditar no que quisermos, porque isso é salutar e faz bem ao intelecto humano, mas nós não podemos nos iludir de que existe sistema bom e sistema ruim. O homem bom funciona nos dois sistemas e o homem ruim não funciona em nenhum dos dois. Essa é a grande verdade. O triste é que os homens verdadeiramente bons são difíceis de serem encontrados nas sociedades humanas egocêntricas e impregnadas de vícios maléficos.

É simples resolver a questão, independentemente do sistema, basta que tenhamos homens com propostas que sejam, antes de qualquer coisa, favoráveis à vida e ao planeta. Por exemplo, se a humanidade parar de pensar dessa maneira absurda de querer manter crescimento econômico ilimitado num planeta limitado e se parar de continuar aumentando a população humana indefinidamente, grande parte dos problemas já estarão sendo resolvidos.

É claro que existem várias outras questões que podem serem consideradas, como redução do uso de agrotóxicos, redução de emissões de carbono, ampliação das áreas de reflorestamentos e recuperação de áreas degradadas, maior investimentos em energias limpas. Entretanto, apenas com os dois exemplos acima, em qualquer modelo de sistema político-econômico, já teremos condições de respeitar mais significativamente o ambiente planetário e de começar a garantir recursos naturais para todos.  Deste modo, certamente poderemos viver melhor, sobrevivendo muito bem e garantindo a vida futura da humanidade, inclusive com a recuperação progressiva do planeta.

Meus amigos, qualquer coisa diferente disso é balela, panaceia e idiotice ou então é cretinagem e picaretice. E, por favor, tomem cuidado, porque nós podemos estar sendo usados como massa de manobra dos que dirigem essa situação ideológica absurda e vexatória ou estão estar sendo hipócritas com a realidade imperante. Porque, na maioria das vezes, muitos de nós, só temos achado que é ruim e reclamado, dessa ou daquela posição ideoloógica, enquanto não é a gente mesmo que promove o absurdo.

Luiz Eduardo Corrêa Lima (64)

05 jun 2020
ALVÍSSARAS AOS FUTUROS DIAS INTERNACIONAIS DO MEIO AMBIENTE

ALVÍSSARAS AOS FUTUROS DIAS INTERNACIONAIS DO MEIO AMBIENTE

Resumo: O artigo traz umpequeno resumo histórico da degradação ambiental planetária causada pela espécie humana desde o surgimento de nossa espécie até hoje. Como esta situação é impossível de ter continuidade, é considerado que daqui para frente as coisas terão que caminhar de maneira diferente, pois a vida e o planeta deverão passar a ser as prioridades nas ações humanas.


“Ainda há tempo para a Humanidade aqui na Terra, mas temos que parar de andar na contramão da história e do planeta” “A Humanidade, que tem um só planeta, também precisava ter, apenas e tão somente, um único povo”
(Luiz E. Corrêa Lima, 2020) (Luiz E. Corrêa Lima, 2020)

Meus amigos, hoje é dia 05 de junho, data dedicada ao Meio Ambiente, pela Organização das Nações Unidas, desde 1972, portanto, como estamos em 2020, podemos dizer que o Meio Ambiente no mundo está completando oficialmente 48 anos hoje, ainda que a história do planeta tenha cerca de 5 bilhões e que os seres humanos e, em especial a nossa espécie tenha algo em torno de 350 mil anos. No início nossa espécie era uma espécie nômade, composta de caçadores e coletores, que caminhavam e sobreviviam em pequenos grupos, sem causar grandes danos ambientais, pois o efeito era apenas local e logo se dispersava, quando o grupo, por algum motivo ia embora dali.

A fase mais antiga da Pré-história, que vem desde o surgimento dos primeiros hominídeos (até cerca de 13 mil anos A.P.) é o momento da diáspora dos diferentes grupos humanos e da produção de suas diversas características fundamentais. Esses grupos se espalharam pela África e acerca de 75 a 70 mil anos já existia humanos na Ásia e a 40 mil anos estavam na Europa. Aqui na América a chegada dos humanos ainda é muito discutida, mas certamente não se deu há menos de 10 mil anos.

Entre 60 e 50 mil anos, ainda no Período Paleolítico ou Idade da Pedra Lascada, que durou até próximo de 10 mil anos a.C., o ser humano aprendeu a utilizar o fogo, desenvolveu significativo grau de interação social e cultural. Nessa época, além da comunicação com linguagem gestual, possivelmente passou a desenvolver também a linguagem oral. Progressivamente criou e aperfeiçoou ferramentas, sempre usando pedras e desenvolveu a música, as crenças e arte de fazer pinturas rupestres.

No Período Mesolítico (entre 13 a 9 mil anos a.C.), ocorre a supremacia das populações dos caçadores coletores sobre os essencialmente caçadores, possivelmente por conta da resistência maior à carência de alimento nos locais onde as glaciações foram mais intensas. Nesse período, parece também terem sido desenvolvidas as cerâmicas e a tecelagem.

No Período Neolítico ou Idade da Pedra Polida (até 3mil a.C.) surgem a escrita e a agricultura, esta última é seguida pela domesticação dos animais para uso agrícola (tração animal) e também para locomoção e transporte. Como consequência dessas coisas que passam a garantir a produção de alimento, cresce a possibilidade de sedentarização.  Deste modo, surge a arquitetura, as primeiras construções de pedra e se desenvolvem as primeiras vilas e cidades. Ao final do Neolítico (Idade dos Metais) progressivamente ocorre a substituição da pedra pelo metal e consequentemente o desenvolvimento da metalurgia.

Mas se, considerarmos os tempos históricos, a partir do surgimento da escrita, como fazem alguns historiadores, podemos considerar as implicações humanas efetivas, desde 4 mil anos antes de Cristo. Deste modo, os quatro períodos fundamentais da História: Idade Antiga, Idade Média, Idade Moderna e Idade Contemporânea, se estabelecem de 4 mil anos a.C. até hoje.

Sempre utilizamos, os recursos naturais planetários e assim, de alguma forma sempre impactamos o ambiente, retirando coisas, mudando paisagens e criando novas imagens, mas certamente nossas ações só começaram a ser ambientalmente mais danosas, a partir do final da Idade Moderna e se acentuaram bastante pela Idade Contemporânea, quando nossos problemas ambientais começaram a ter significado planetário mais efetivo e contundente.

Na Idade Antiga, os seres humanos ocupavam ainda uma pequena faixa de terras planetárias às margens de grandes rios, mas as populações ainda eram muito pequenas para produzir grandes danos ambientais e a própria condição natural planetária era capaz de resolver a grande maioria dos problemas que pudessem existir. Excetuando as questões ligadas a exploração mineral, que ainda eram rudimentares naquela época, o planeta ainda não tinha porque reclamar das ações humanas até então.

Na idade Média, além das inúmeras guerras, que acabaram por devastar algumas áreas relativamente importantes, também ocorreram muitos desmatamentos para a retirada da madeira a ser utilizada na construção e na queima para a produção de energia. Além disso, a exploração mineral se acentua e foram produzidas inúmeras mudanças de paisagens para fins agrícolas, como formação de hortas e pomares, mormente na Europa. Mas, ainda assim, o dano era pouco significativo, pois tudo ocorria na base da picareta e do machado, além do que, as populações não eram grandes.

As necessidades energéticas eram baixas e as técnicas para produção de energia ainda eram insipientes, se limitavam a exploração e retirada do carvão ou da retirada e queima do carvão vegetal. Além de algumas poucas tarefas caseiras, o artesanato e a manufatura eram as únicas atividades que dependiam de energia. Assim, a necessidade era pouca e havia muita possibilidade de regeneração das áreas florestadas. O que passava a ser mais complicado e cada vez mais significativo era a exploração mineral, mas a Terra ainda não se demonstrava incomodada com as ações humanas.

Quer dizer, nós começamos realmente a fazer mal ao planeta, na Idade Moderna, por volta de 1750, com a Primeira Revolução Industrial e continuamos mais drasticamente pela Idade Contemporânea. Ou seja, foi apenas nesses últimos 250 anos, particularmente nos últimos 70 anos, que nossa espécie dizimou minerais, plantas, animais e conturbou de vez toda a dinâmica planetária. Aliás, nos últimos 70 anos se degradou mais o planeta do que em toda a história humana.

Pois então, de qualquer maneira, independentemente da data considerada, para definir desde quando efetivamente fazemos danos irreversíveis no planeta, temos uma certeza. O nosso atraso no que tange ao cuidado com o planeta e com as questões ambientais é realmente imenso. Temos um passivo ambiental enorme e se não bastasse isso, de 1972 para cá, apesar de todo o avanço científico e tecnológico que conseguimos obter, nesses 48 anos, principalmente no que diz respeito às ações erradas que cometemos ambientalmente, quase nada mudou no nosso comportamento em relação ao planeta e às demais criaturas nele existente.

Nesses 48 anos, continuarmos aumentando a população humana absurdamente e assim as necessidades de recursos naturais só se ampliaram e nós não pararmos de degradar o planeta. Ao contrário, nós acentuamos drasticamente a destruição dos ambientes naturais, porque além de retirar os recursos, nós modificamos fisionômica e fisiologicamente os ambientes, cada vez mais. Exploramos e deixamos à mingua todos os minerais possíveis de serem explorados. Com essa exploração mineral absurda, temos marcado a superfície do planeta com cicatrizes perpétuas, muitas vezes sem necessidade, porque o minério não tem como sair dali por si só, apenas para garantir um patrimônio econômico maior.

Desmatamos quase todas as Florestas Naturais à busca de madeiras nobres para os mais diversos fins e queimamos a mata baixa de várias regiões para fazer áreas de pastagens para o gado, sem nos importarmos com as milhares de espécies de organismos vivos que são mortas nesses processos.  As poucas espécies que sobram, matamos aleatoriamente ou vendemos nos comércios ilegais de organismos vivos, particularmente o tráfico ilegal de fauna silvestre, que é o terceiro maior negócio econômico do mundo.

Contaminamos a água com esgoto doméstico lançado diretamente nos cursos de água sem nenhum tratamento e envenenamos esses mesmos cursos de água com componentes químicos industriais, mormente metais pesados e resíduos dos mais diversos pesticidas e fertilizantes organoclorados. Além de possuirmos o mal hábito de jogar tudo que não nos interessa nos cursos da água, o que tem levado à morte de vários rios. Aquecemos as águas por conta de efluentes e emissários de indústrias e usinas que utilizam água quente em seus processos, matando inúmeros organismos e mudando gradativamente a biota aquática, nos cursos de água que recebem essa água aquecida.

Por outro lado, transformarmos os oceanos em grandes lixões, principalmente devido à grande quantidade de plásticos e outras coisas indesejáveis, que têm causado, além da poluição, a morte de inúmeros animais marinhos. Isso sem contar os constantes derramamentos de cargueiros carregados de petróleo, que causam contaminação indescritível.  Os grandes vertebrados marinhos e particularmente as aves aquáticas têm sido os animais mais prejudicados com esses absurdos, mas todo o ambiente marinho sofre, até porque as cadeias alimentares são intensamente prejudicadas, haja vista que o óleo acumulado na superfície das águas acaba impedindo a entrada de luz e consequentemente inviabilizando a fotossíntese das algas fitoplanctônicas.

Destruímos o solo com a imensa variedade de agrotóxicos que são aplicados, muitas vezes sem nenhuma necessidade, apenas para manter alta produtividade, o que hoje é muito questionável, pois já existem várias técnicas agrícolas que permitem produzir mais sem uso desses venenos. Muitos solos foram totalmente destruídos e estão estagnados devido ao excesso de exploração, ou estão em processo de desertificação por conta desse mal uso dos agrotóxicos e implementos agrícolas.

Poluímos o ar das cidades com as fuligens e particulados de hidrocarbonetos oriundos das queimadas ou dos processos industriais das fábricas e também com inúmeros compostos químicos gasosos indesejáveis, como Monóxido de Carbono (CO), Óxidos de Nitrogênio (NOx), Óxidos de Enxofre (SOx) e Ozônio (O3), por conta da queima de combustíveis fósseis. Esses gases, além de tóxicos, como o CO, os NOx e o O3, outros podem causar Chuvas Ácidas (SOx).

Por outro lado, a queima de combustíveis orgânicos, também libera (Dióxido de carbono) CO2 e como as queimas não param, a taxa de CO2 na atmosfera, tem crescido indefinidamente, o que causa aumento progressivo da temperatura planetária, o tão falado Aquecimento Global. A redução da taxa de CO2 depende direta e exclusivamente dos organismos fotossintetizantes (principalmente plantas e algas), mas como o homem vem, cada vez mais, desmatando e destruindo plantas e poluindo as águas, a taxa de CO2 só tem aumentado e o aquecimento global também.  

Cabe ressaltar que existe outro gás, resultante de queima e decomposição orgânica, cuja a taxa ainda é pouco significativa na atmosfera, mas que tem crescido progressivamente é o Metano (CH4). Esse gás, junto com o CO2, constituem os principais responsáveis pelo Efeito Estufa, que embora seja um processo natural importantíssimo para permitir e manter a vida no planeta, também atua no aumento da temperatura. Se a taxa de Metano aumentar muito a questão pode se complicar mais drasticamente porque ele é 20 vezes mais eficiente como gás de efeito estufa que o CO2.

Reduzimos fortemente alguns Biomas e até extinguimos alguns ecossistemas naturais inteiramente. Ambientes que a natureza levou milhares de anos para produzir, foram totalmente modificados e hoje não mais existem. Assim, estamos descaracterizando toda a biodiversidade planetária e exterminando os bancos genéticos naturais com a extinção progressiva de espécies parcial ou totalmente. Enfim, os absurdos nunca pararam de acontecer.

Por sua vez, a natureza ultimamente tem se demonstrado irada e tem tratado de produzir respostas cada vez mais violentas e significativas, porque o planeta, simplesmente, não aguenta mais de tanta degradação. Desta maneira, as catástrofes são cada vez mais comuns e mais drásticas. As enchentes são grandiosas, as secas são terríveis, os furacões mais destruidores, os terremotos mais arrasadores, os tsunamis mais violentos e as erupções vulcânicas mais contundentes. E se não bastasse, novas doenças são cada vez mais frequentes, novos vírus surgem e causam moléstias de fácil disseminação, criando epidemias cada vez mais arrebatadoras e complicadas.

Nem bem resolvemos os problemas oriundos da ação do Vírus H1N1 e apareceu o Corona Vírus (COVID 19), que está por aí fazendo vítimas em todo mundo. A espécie humana, que não via uma grande pandemia desde 1918, quando começou a Gripe Espanhola, que se alastrou até 1920 e infectou mais de 500 milhões de pessoas, matando cerca de 50 milhões, está novamente abalada e assustada com o COVID 19. Embora sua capacidade de letalidade seja relativamente baixa, seu grau de contaminação é extremamente grande.

Segundo dados publicados pela BBC News Brasil, em 02 de junho de 2020, que foram fornecidos pela Universidade Johns Hopkins (Baltimore, EUA), até o dia 31 de maio, o COVID 19 já havia superado a marca de 6.200.000 de infectados e 375.000 mortos no mundo. Aqui no Brasil, já passamos de 500.000 infectados e temos quase 30.000 mortos e os números não param de crescer. Todos estamos querendo saber, como e quando isso vai parar.

Já existem vários estudos provando e assim, não há mais dúvidas de que essas grandes catástrofes atuais e a plêiade de novas doenças infecciosas de origem zoonótica, inclusive o COVID 19, são consequências direta do tratamento irresponsável que a humanidade tem dado ao Meio Ambiente e às questões ambientais. Agora resta saber, o que estamos realmente querendo para o futuro? Queremos que as catástrofes e doenças continuem, cada vez mais drásticas e violentas? Ou que as coisas possam voltar a ser mais brandas e ocasionais dentro da normalidade que sempre existiu?

A resposta à essas perguntas dependerá exclusivamente do caminho que a humanidade tomará após à passagem do COVID 19. Mas, tenhamos certeza, que se continuarmos pensando em crescimento econômico ilimitado num planeta que é finito, do qual retiramos todos os recursos que usamos, estaremos fadados a permanecer no caos e progressivamente aumenta-lo, até a nossa extinção. A tecnologia pode até fazer alguns milagres, mas não consegue multiplicar as coisas e assim, fisicamente é impossível tirar mais do que o que existe num determinado local.

A Terra é uma só e tudo que tivemos, temos e teremos certamente veio, vem e continuará vindo daqui mesmo. Pode ser que descubramos outros mundos, mas, por enquanto, temos que nos manter e dar direito às gerações futuras de também se manterem, com as coisas que estão aqui na Terra. Agora parece que está mais claro para todos os seres humanos, que o nosso procedimento com o planeta sempre esteve errado. E cabe lembrar o velho ditado que diz: “não se resolvem coisas novas com receitas velhas”. Assim, vai ser necessário mudar de pensamento, criar nova filosofia e sobre tudo, desenvolver novas posturas comportamentais.

O futuro da humanidade, terá que vir fortemente carregado de biocentrismo. Isto é, a vida deve ser o valor primeiro e deve estar no centro de todas as preocupações e ações humanas. Nada, absolutamente nada, poderá fugir a esse contexto. O planeta e todas as formas de vida nele existentes terão que ser consideradas e respeitadas pela humanidade. O uso dos recursos naturais tem que ser parcimonioso e a economia, por mais importante que ainda possa continuar sendo, terá que ser relegada a segundo plano. O decrescimento de André Gorz, terá que deixar de ser apenas um conceito, para passar a ser uma filosofia de vida efetiva, que deverá ser seguida por toda humanidade. A Terra não vai mudar, mas o homem pode, deve e na condição atual, necessita realmente mudar, porque está é a última alternativa da humanidade sobreviver. Apenas cuidando da Terra e da Vida é que ainda poderemos ter continuidade planetária. Precisamos urgentemente reavaliar os nossos valores e colocar em prática uma nova realidade, que não tenha a economia como referencial primário, para que todos os dias passem a ser considerados como o Dia internacional do Meio Ambiente. Não há como ser de outra maneira.

Luiz Eduardo Corrêa Lima (64)

01 mar 2020
A gente se destrói enquanto se distrai ou se distrai enquanto se destrói?

A gente se destrói enquanto se distrai ou se distrai enquanto se destrói?

Resumo: Nesse artigo procuroexpor claramente o estado da arte em que o planeta se encontra e a responsabilidade da humanidade sobre essa situação caótica. Discuto sobre a necessidade de agirmos de maneira contrária ao que temos feito até aqui ou então nossa espécie muito rapidamente estará sendo extinta do planeta, haja vista que somos totalmente dependentes da Terra.


Não pense na frase que intitula esse artigo como um simples trocadilho, porque na verdade não é essa a intenção, pois a questão é realmente muito séria. Estamos diante de uma situação em que o planeta está sendo destruído por conta de nossa “distração”, isto é, enquanto nos distraímos a Terra mingua e a vida vai se acabando. Vivemos atualmente essa dicotomia e não parece haver interesse real em resolver a questão. Assim, alguns estarão imaginando que a afirmativa do título possa ser um dilema sem solução. Enquanto isso, os formadores de opinião, aqueles que manobram e conduzem a opinião pública, ludibriada pela falta de vergonha e interesse estritamente político dos governos e ainda pela falta de civilidade e do interesse financeiro exclusivo da mídia, continuam tentando manter a situação exatamente assim.

Antes de começar a discorrer sobre o assunto, primeiramente é preciso discutir sobre os verdadeiros sentidos do verbo distrair. Se o verbo distrair for usado no sentido de “passar despercebido”, não estar focado” ou “não estar atento”, o problema da degradação ambiental planetária, embora seja por causa da humanidade, pode ser considerado um crime culposo, porque muitos seres humanos ainda não sabem, ou melhor, não entendem e nem têm a verdadeira noção da realidade, por falta de informação, de conhecimento e mesmo por desinformação programada.

Entretanto, se, por outro lado, o verbo distrair quiser dizer “espairecer” ou “matar o tempo por prazer”, aí a coisa é bem pior e o crime é doloso. Porque, se além de degradar o planeta a humanidade acha que isso é normal e está de fato se lixando para as possíveis consequências, haja vista que o importante são as benesses imediatas que a degradação traz para alguns dos seres humanos. Pensando deste modo qualquer coisa que aconteça não é responsabilidade dos seres humanos, porque é feito no “interesse maior” da humanidade.

De qualquer maneira, nos dois sentidos, está havendo distração, ocasional ou pensada e o planeta tem sofrido bastante, com incremento cada vez maior do número de espécies ameaçadas de extinção e efetivamente extintas; ecossistemas degradados e totalmente perdidos e ambientes naturais e mesmo artificiais contaminados e destruídos pelas ações humanas. Por outro lado, o planeta, à sua maneira, também tem reclamado bastante, produzindo inúmeras catástrofes naturais e ampliando muito o número, a frequência e os danos produzidos por esses eventos. Ou seja, a distração que causa a degradação e a desgraça, acaba trazendo mais desgraça.

Outra coisa que precisa estar muito bem definida é a verdadeira noção do que seja prioritário. Se observarmos no dicionário, a palavra prioridade significa: “condição do que é o primeiro em tempo, ordem, dignidade”. Assim, ela sempre pede um complemento; prioridade de quê? Prioridade de quem? Prioridade para quê? Prioridade aonde? Prioridade para quando? Enfim, a prioridade deve ser definida, tendo alguns objetivos claros a serem almejados. Deste modo, no que se refere a nossa questão inicial, a primeira pergunta a ser feita é a seguinte: a nossa prioridade é a vida ou é a distração?

 Se estar e se manter vivo forem as prioridades, qualquer coisa que se faça contra a vida não se justifica em hipótese nenhuma. Mas, se a vida for apenas uma brincadeira temporária e, deste modo, consequentemente a distração for a prioridade, qualquer coisa, importante ou não, se justifica para garantir a distração. O que parece é que estamos ativos e preocupados apenas com a segunda hipótese e deste modo eu acredito que estamos vivendo os últimos tempos da estrada evolutiva humana, porque nossa espécie caminha a passos largos para a extinção. Tudo por conta da nossa distração contundente e contumaz.

Sinceramente eu não sei o que a humanidade está esperando para começar a mudar de filosofia, de pensamento e de comportamento em relação ao planeta e a qualidade de vida dos seres humanos e das demais espécies vivas do planeta. Não sei porque cargas de água, mas atualmente muitos dos seres humanos têm confundido viver com sentir prazer e talvez, por causa dessa insigne confusão, os humanos têm preferido mais sentir prazer do que propriamente viver, esquecendo que para ter prazer, antes é preciso estar vivo. Vivemos uma irresponsabilidade coletiva, reforçada por alguns governos, pelas organizações da mídia e lamentavelmente por alguns segmentos arcaicos e obtusos das sociedades humanas.

Não quero aqui me colocar acima do bem e do mal, ao contrário, como ser humano, quero me incluir na parte que causa o problema. Desta maneira tenho que fazer a “mea-culpa” e como ser humano devo demonstrar minha consciência de que o homem como espécie biológica, assim como todas as espécies vivas do planeta, necessita sobreviver e lamentavelmente nossa existência implica na destruição de outras espécies vivas, na destruição dos ambientes naturais e consequentemente na degradação planetária. É impossível que a espécie humana se mantenha viva no planeta sem degradar o ambiente de alguma maneira. É claro que obviamente isso explica grande parte da degradação que causamos, mas não justifica de maneira nenhuma o “status quo” que estamos vivendo, ou seja, essa continuidade incessante e inconsequente de exploração dos recursos.

Ainda que essa nossa condição degradadora seja uma verdade inquestionável, não é por conta desse fato que devamos continuar destruindo sem nenhum critério e principalmente sem comedimento, mormente com as demais espécies vivas. O homem se apoderou do planeta como se fosse seu proprietário e como se a natureza e os recursos naturais fossem infinitos. Assim, a humanidade tem feito o que quer a seu bel-prazer, sem nenhuma preocupação e sem nenhuma responsabilidade com o planeta e com as demais espécies vivas, nem mesmo outros seres humanos.

Nesse sentido, pensar em desenvolvimento sustentável, em sustentabilidade, em uso parcimonioso dos recursos naturais, em controle do crescimento populacional e extermínio do consumismo exacerbado e principalmente no respeito as demais formas vivas, seriam alguns aspectos prioritários aos interesses da vida humana na Terra, que deveriam não só ser estimulados, mas talvez até obrigados aos cidadãos. Entretanto essa não é a tendência que se observa na maioria dos países do planeta, onde cada vez mais, são cometidos abusos do direito uso dos recursos e do espaço planetário. Ao contrário, o que se vê é o aumento progressivo e massificante da população, uma preocupação excessiva com os interesses em transformar os recursos naturais em recursos econômicos e o uso indevido, indiscriminado e cada vez mais descontrolado dos recursos naturais pela humanidade, como se o planeta fosse infinito e como se nossa espécie fosse transcendente e imortal. Além disso, é preciso acrescentar a criação e a introdução de compostos químicos tóxicos, que visam garantir o aumento da produção agrícola sem qualquer preocupação adicional.

O planeta já está cansado de avisar que assim não é possível continuar, mas a humanidade é surda ou insiste em continuar não querendo ouvir, alguns por falta de conhecimento, outros por interesses particulares e a grande maioria por pura falta de sensibilidade e principalmente por falta de responsabilidade, preferindo seguir os falsos profetas do consumismo ou se manter a parte como que achando que o problema não é nosso. Pois então, assim, enquanto a gente se distrai, o planeta e tudo que existe nele, inclusive e principalmente os seres humanos, acaba se destruindo. A continuar assim, o planeta sofrerá muito, porém dará um jeito e irá se manter apesar de tudo, mas muitas das espécies vivas, principal e particularmente a espécie humana, certamente perecerão. Aliás, muitas espécies já estão se extinguindo por conta de nossas ações e ninguém parece se importar.

Aqui cabe lembrar, mais uma vez, que nossa espécie, exatamente por conta de sua versatilidade em explorar e modificar o planeta, acaba sendo também a mais dependente de todas na Terra, porque enquanto outras espécies se utilizam, quase exclusivamente de recursos limitados dos ecossistemas em que habitam, os seres humanos transcenderam o limite ecossistêmico e podem retirar qualquer coisa de qualquer lugar. Enquanto a maioria das espécies tem limitações físicas e geográficas insuperáveis, a espécie humana no seu afã exploratório superou também essas limitações. Nossa espécie é realmente fantástica, pena que nossa visão seja muito caolha e não nos permite enxergar direito.

Por conta disso, temos dificuldade de ver e entender que somos animais de grande porte e nossa capacidade reprodutiva nos permitiu chegar a quase 8 bilhões de indivíduos, todos necessitados dos inúmeros recursos naturais planetários. Pois então, os recursos naturais antes abundantes, agora são escassos e muitos humanos já não têm acesso a eles e essa é uma dependência cada mais progressiva. Isto é, mais humanos, menos recursos disponíveis e mais dependência. Como agravante, muitos humanos ainda se utilizam de muito mais recursos do que realmente necessitam, desperdiçando grande parte por puro prazer (“distração”).

Foram exatamente esses dois aspectos, a extraordinária capacidade exploratória e a fantástica eficiência reprodutiva de nossa espécie, que nos possibilitaram explorar e destruir insana e inconsequentemente os recursos naturais do planeta. Crescemos, multiplicamos e destruímos aleatória e indiscriminadamente. Em outras épocas, nós não tínhamos consciência de quão danoso era esse nosso poder, mas hoje nós certamente temos a exata dimensão do erro que cometemos historicamente. Caramba! Por que, então, simplesmente, não paramos de errar e investimos em começar a fazer a coisa certa?

É preciso que a humanidade passe a entender, de fato, que a gente também se destrói, enquanto se distrai, destruindo o planeta e que somente nós, pode colocar fim ao processo de extinção humana que já está em curso. Apenas nós, a espécie humana, temos o poder de reverter ou pelo menos, protelar essa perspectiva infeliz de extinção. Nossa salvação depende de nós mesmos, mas é necessário começar antes que atinjamos um nível de degradação em que não será mais possível controlar o processo.

Nossa distração, por bem ou por mal, nos levou a uma encruzilhada entre a continuidade e a extinção de nossa espécie, eu acredito e espero que a opção da maioria dos seres humanos seja continuar vivendo. Desta maneira, que nossa distração maior doravante seja trabalhar com afinco para manter nossa espécie viva no planeta Terra. Nós já sabemos o que temos que fazer, só precisamos começar o trabalho. Comecemos dando mais valor aos nossos semelhantes, aos demais organismos vivos, às coisas da natureza e menos valor ao dinheiro e às coisas relacionadas à economia, pois é por aí que as coisas precisam se estabelecer.

Façamos com que todos os humanos entendam que todas as coisas (os recursos naturais|) têm valor por elas mesmas e que o dinheiro é só uma maneira de representar o valor dessas coisas. Assim, nós não precisamos de dinheiro, precisamos sim dos recursos naturais. Lembrem-se que na hora que os recursos naturais acabarem, obrigatoriamente o dinheiro perderá seu valor e simplesmente não servirá para nada, porque não adiantará ter dinheiro, se não existir o que comprar ou que vender.

É muito simples entender o raciocínio que estou propondo. Se não quisermos que nossa espécie desapareça da Terra precocemente, temos que parar de destruir o planeta e garantir a perpetuação dos recursos naturais planetários. Temos que dar mais valor aos recursos naturais e menos valor ao dinheiro e tudo que dele decorre.

Luiz Eduardo Corrêa Lima

26 set 2019
O Poder e a Realização no Ambientalismo

O Poder e a Realização no Ambientalismo

Resumo: Nesse artigo, apresento minha proposta para aqueles que têm real e efetiva preocupação com a vida no planeta, visando as eleições municipais que acontecerão em outubro de 2020. Posso estar errado, masconto aqui um pouco da história, que tive a oportunidade de viver na luta pela regulamentação de minha profissão, que completou 40 anos de legitimidade no país. Estou certo que os jovens e futuros colegas de profissão, principalmente os meus ex-alunos, vão gostar de conhecer um pouco mais dessa história. Desta forma, leiam, reflitam, discutam e divulguem.


Certamente a grande maioria das pessoas já se viu numa situação em que teve que se espremer entre a necessidade de realizar alguma coisa e o poder para efetivamente fazer o que era necessário. Pois então, a falta de poder muitas vezes (quase sempre) acaba impedindo a possibilidade de realizar alguma coisa. Por outro lado, esse fato acaba por trazer grande frustração e sofrimento. É claro que essa é uma situação muito comum, que, como já foi dito, lamentavelmente muitas pessoas têm vivenciado.

Por isso mesmo é que resolvi escrever um pouco sobre esse tema, tentado fazer um paralelismo entre essa situação de necessidade do poder e da terrível situação atual, referente à questão ambiental planetária que todos nós estamos presenciando. Infelizmente a imensa maioria da humanidade não detém o poder para tentar resolver os problemas ambientais e os poucos que até são possuidores desse poder necessário, não parecem estar preocupados com a questão.

Em suma, a situação atual é a seguinte: enquanto muitos dos que podem nada fazem, porque não sabem como, ou não conseguem, ou mesmo não querem fazer nada; os que sabem e querem fazer alguma coisa, como não têm poder, também não conseguem fazer absolutamente nada. Das duas uma: ou o poder está em mãos erradas ou há verdadeiramente um grande desinteresse dos “donos do poder” em resolver questões ambientais, porque provavelmente, para eles, essas questões não são importantes, haja vista que muitas vezes elas acabam atrapalhando os interesses escusos dos poderosos picaretas.

Desta maneira o cenário global que temos, consiste numa ampliação progressiva das questões problemáticas ambientais, numa situação cada vez mais desoladora e perigosa, cujas perspectivas de melhoras ficam lamentavelmente sempre mais difíceis e longínquas. As questões ambientais trazem no seu bojo a ideia errônea e infeliz de que ajudar o meio ambiente é perder tempo e principalmente dinheiro e esse tipo de perda sempre desagrada a quem tem o poder e os incautos que ainda acreditam que “o dinheiro é a solução para tudo”. Então, como é possível resolver essa triste e descabida situação?

As possibilidades de solução envolvem direta e indiretamente alguns aspectos e pelo menos algumas perguntas contundentes.  A primeira delas é como fazer para colocar o poder nas “mãos certas”? E depois de colocar o poder nessas “mãos certas”, num segundo momento, deveremos efetivamente questionar o seguinte: como será possível fazer para começar a solucionar os problemas? Isto é, como devemos proceder para não continuar produzindo mais problemas, que só ampliam o nível da desgraça e realmente começar a resolver as questões, sem criar outras que possam ser entendidas como mais importantes? Em suma, como demonstrar e convencer à comunidade, que os problemas ambientais são realmente aqueles que mais importam a todos?

Essas perguntas necessitam ser respondidas para que se possa colocar um final no crescimento continuado dos problemas ambientais planetários. A primeira das perguntas tem a ver com a eleição de pessoas vinculadas e preocupadas com o Meio Ambiente e a Qualidade de Vida no planeta. Essa primeira questão já está sendo resolvida em muitos países, na medida em que cada vez mais se elegem pessoas manifestamente envolvidas direta ou indiretamente com a questão ambiental. Entretanto, países como o Brasil, ainda não estão caminhando nessa direção e os políticos eleitos raramente têm qualquer compromisso significativo com o Meio Ambiente. Aliás, no Brasil, infelizmente os políticos depois de eleitos, costumeiramente não têm mais compromisso com quase nada e fazem o querem sem dar a mínima importância à população que os elegeram.

Assim, do ponto de vista teórico, para começar o trabalho, basta apenas votar em candidatos ligados à causa ambiental, independentemente de Partido Político, pois existe uma necessidade grande e premente de que sejam escolhidos candidatos com essa vocação e esse perfil. Mas, também é necessário analisar bem e ter cuidado para não servir de cobaia para os oportunistas de última hora, que sempre aparecem querendo tirar proveito da situação. Não se impressione com o Partido Político, já que existem alguns deles que até trazem a premissa ambiental manifestada no próprio nome. Porém, lembre-se que você irá votar em alguns sujeitos (candidatos) que, por força constitucional, necessitam de um Partido, ou melhor de uma sigla política, para serem candidatos.

Entretanto, é preciso estar atento de que, isso não quer dizer que esse sujeito tenha, de fato, qualquer compromisso com a sigla escolhida. Não se esqueça que, aqui no Brasil, na grande maioria das vezes, a sigla política é mera contingência, que serve apenas para cumprir algumas formalidades processuais e não há nenhum compromisso efetivo do candidato com ela. Assim, observe bem a história pregressa do candidato, antes de votar nele, para não correr o risco de se arrepender depois. É bom lembrar que, em tempos de eleição sempre aparecem os ambientalistas por contingência política ou por interesse momentâneo de votos.

A segunda pergunta será resolvida a partir da cobrança efetiva das políticas públicas que deverão ser propostas e estabelecidas pelos candidatos depois de eleitos, haja vista que, ao elegermos esses candidatos, nós colocamos o nosso poder pessoal nas mãos deles e precisamos ter certeza que eles irão utilizar esse poder no interesse maior do Meio Ambiente e da Qualidade de Vida. Se assim acontecer, começaremos a minimizar os problemas e poderemos começar a partir para impedir que novos problemas possam surgir.

Nenhum de nós individualmente detém o poder, mas todos nós coletivamente, somos poderosos se fizermos escolhas certas e exercermos as pressões devidas. Assim, se elegermos as pessoas envolvidas com a questão ambiental e se acompanharmos e cobrarmos o trabalho político e administrativo desses nossos candidatos depois de eleitos, poderemos ter sucesso na nossa empreitada pela causa ambiental. Participação política e exercício de cidadania são fundamentais para que possamos atingir os nossos intentos. Não podemos esquecer que político é movida à pressão e que não há pressão maior do que a do próprio eleitor.

Daqui a pouco mais de um ano teremos novas eleições municipais e, sempre é bom lembrar que “tudo acontece exatamente no município”, como já dizia o saudoso Governador André Franco Montoro. Pois então, o município é a menor esfera do poder e consequentemente também é a que mais sofre, porque é no município que as coisas efetivamente acontecem. Ou seja, é o município quem mais sofre com os problemas. Deste modo, nós devemos, desde já, estabelecermos um trabalho na escolha de candidatos que se adequem àquilo que estamos pretendendo e não podemos fazer concessões absolutamente nenhuma. Os votos têm que ser destinados para candidatos verdadeiramente vinculados à causa ambiental, ou então continuaremos a caminho da extinção, porque se as coisas continuarem como estão, resta pouquíssimo tempo para a humanidade continuar existindo no planeta Terra.

A realização daquilo que queremos, nos posiciona em duas situações antagônicas: ou nos tornamos candidatos e nos elegemos ou votamos em alguém que sabemos que irá trabalhar pelas nossas pretensões, que em última análise, não são somente nossas, mas sim planetárias e principalmente humanitárias. Desta maneira, aqueles que puderem se envolver diretamente, está aí uma excelente oportunidade, mas, antes de tudo, é bom lembrar que aqui também está um grande compromisso, um contrato ímpar com o seu município, com a sua comunidade próxima e sobretudo, com Humanidade e com o Planeta através de um mandato diretamente atrelado ao Meio Ambiente e à Qualidade de Vida. Por outro lado, aqueles que não irão se envolver diretamente têm que assumir posturas proativas e ajudar a eleger um candidato engajado na causa ambiental e posteriormente, cobrar as ações previstas.

Se existe necessidade de poder, que se busque o poder, mas que isso se faça em nome de causas nobres coletivas, no interesse da humanidade e não de causas efêmeras pessoais ou no interesse de grupos privilegiados, pois só haverá realização real e efetiva se a humanidade e o planeta puderem se tornar melhores a partir da ação política. Qualquer coisa em contrário será mais uma falácia, mais uma mesmice, um continuísmo sem sentido social e sem nenhum valor moral. O verdadeiro resultado só será obtido se as propostas feitas e as políticas implementadas forem vantajosas para todos e o poder só deverá existir se for para comtemplar esse fato.

O exercício do poder tem de servir a todos, ou seja, o efeito dos resultados sempre tem que ser coletivo, até porque o meio ambiente não pertence individualmente a ninguém. Como diz o “caput” do artigo 225 da Constituição Federal (1988): “Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao poder público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações”.  Por favor, atendem bem para esse fato: aqui no Brasil, defender o meio ambiente não é uma opção, mas sim um dever, ou seja, é uma obrigação de todos os brasileiros.

Sendo assim, a existência de políticos engajados com as questões ambientais é uma obrigação nacional e, por mais incrível que possa parecer, nós não estamos esse item constitucional desde outubro de 1988, há 31 anos, porque acabamos votando em qualquer indivíduo, sem nos preocuparmos com suas intenções e preocupações, no que se refere ao meio ambiente. Acabamos dando poder a quem não merece poder algum, porque não cumpre os preceitos constitucionais básicos, como o artigo 225 da Constituição Federal, nem como indivíduo e nem como administrador público.

Por conta disso, espero que em 2020, os cidadãos brasileiros votem pelo planeta e pela vida, escolhendo candidatos que realmente entendam que a causa ambiental é uma questão premente e que precisa estar na pauta de prioridades municipais. Ainda temos tempo e só depende de nós, basta que também cumpramos a Constituição Federal e votemos em candidatos envolvidos com a causa ambiental.

Referência Bibliográfica
BRASIL, 2016, Constituição da República Federativa do Brasil/05/10/1988, Senado Federal, Brasília, 496p.

Luiz Eduardo Corrêa Lima (63)

31 maio 2019
Bacia do Rio Paraíba do Sul

À CETESB, sobre a Bacia do Paraíba do Sul

Resumo: Apresento aqui a cópia do documento que apresentei, na condição de Conselheiro do Conselho Estadual do Meio Ambiente (CONSEMA), durante a 375ª Reunião Ordinária (30/06/2019), solicitando que a CETESB fornecesse um relatório informando algumas questões referentes a Bacia Hidrográfica do Rio Paraíba do Sul.  


Senhor Presidente e Senhores Conselheiros, eu sou morador da parte paulista do Vale do Paraíba e assim como cerca de 3 milhões de outras pessoas, em 184 municípios, de 3 estados brasileiros, vivo na dependência direta das águas da Bacia Hidrográfica do Rio Paraíba do Sul. Bacia esta, que abrange mais de 600 rios, riachos, ribeirões e córregos, além da calha maior, que é o próprio Rio Paraíba do Sul.

Mas, as águas dessa Bacia Hidrográfica, que talvez seja a mais importante do Brasil, não alimentam apenas a nossa população valeparaibana de seres humanos. Essas águas têm que alimentar também, além de todas as outras populações de organismos vivos, um imenso parque industrial e inúmeras propriedades agrícolas em toda sua área de abrangência.

Além disso, as águas do Rio Paraíba do Sul e sua Bacia, são ainda responsáveis por abastecer, nutrir e manter toda a área geográfica da “Região Metropolitana do Grande Rio de Janeiro”, que envolve a capital daquele estado e mais 17 municípios de seu entorno. Aliás, cabe aqui lembrar, que isso só é possível, por conta de uma transposição de águas realizada no início da década de 1950, numa grande obra de engenharia que transfere 2/3 de toda água do Rio Paraíba do Sul, para o Rio Piraí, o qual passou a correr em sentido inverso e teve suas águas represadas na Represa do Ribeirão das Lajes, na Serra das Araras, entre os municípios de Piraí e Paracambi.

A transposição acontece exatamente na Usina Elevatória de Santa Cecília, no município de Barra do Piraí/RJ. Sem essa transposição, toda “Região Metropolitana do Grande Rio de Janeiro”, que hoje engloba cerca de 13 milhões de pessoas, certamente não seria como é, não possuiria nem cerca de 20% da população que hoje possui. Eu, que nasci na cidade do Rio de Janeiro e outros milhares (milhões) de pessoas, que nascemos depois de concluída a transposição, possivelmente nem existiríamos, simplesmente porque não haveria água na região para manter a população e a infraestrutura, se não fosse o Rio Paraíba do Sul e a transposição de suas águas.

Por outro lado, é oportuno e necessário lembrar que, recentemente também começou a acontecer a transposição de águas do Rio Jaguari (Bacia do Paraíba do Sul) para o Rio Atibainha (Bacia do Rio Piracicaba), através de outra grande obra de engenharia, para o Sistema Cantareira, que abastece pouco mais de 50% da população da Região Metropolitana da Grande São Paulo, ou seja, cerca de 15 milhões de pessoas. Nossas águas que já iam para o Rio de Janeiro, agora vão também para São Paulo.

Assim, somando tudo, isto é, o Vale do Paraíba, o Grande Rio e a Grande São Paulo, temos uma população aproximada superior a 30 milhões de pessoas que dependem diretamente das águas do Rio Paraíba do Sul e de sua da Bacia Hidrográfica para viver e sobreviver no dia a dia, efetuando todas as funções e atividades nas quais a água é utilizada. Esses números me permitem afirmar, que a Bacia do Rio Paraíba do Sul, além de alimenta diretamente cerca de 15% de toda população brasileira e, embora pequena no tamanho, se comparada com outras de muito maior porte geográfico, parece ser a mais importante, do ponto de vista social, por conta do grande contingente populacional que suporta.

Mas, não fica só por aí, porque além de tudo isso, todos os estabelecimentos indústrias, comerciais, escolas, hospitais, propriedades agrícolas, centrais hidrelétricas e tudo mais que existe dentro dessa área de abrangência, também depende diretamente das águas da Bacia Hidrográfica do Paraíba do Sul. Esses fatos também me permitem afirmar que a Bacia Hidrográfica do Rio Paraíba do Sul também é, dos pontos de vista ecológico e econômico, a mais importante do país, porque possui o maior parque industrial brasileiro e se situa entre os três maiores centros urbanos do país e abrange uma área que foi historicamente ocupada de maneira errada, além de ter sido progressivamente degradada em vários momentos, por várias situações distintas. Obviamente que uma área com tanta gente e com tanta coisa tem que apresentar inúmeros problemas ambientais, mas eu vou me ater apenas a questão da água.

Parece incrível, mais as outorgas de água para os diferentes usos e serviços não param de acontecer e de se ampliarem em quantidade e modalidade. Assim, produzindo mais trabalho, mais riqueza, as águas da Bacia Hidrográfica do Paraíba do Sul são cada vez mais utilizadas, amplificando, em contra partida as populações e os problemas. Bom, eu quero crer que deva existir um nível máximo de resistência, uma capacidade de suporte da Bacia Hidrográfica, e penso que, se esse nível ainda não foi atingido, ele deve estar muito próximo do limite de saturação.

Se não bastasse tudo isso, ainda existem alguns projetos ilógicos e absurdos, além de algumas autorizações de uso totalmente equivocadas e mal esclarecidas sendo aprovadas. Por exemplo, a autorização para a instalação de Grandes Centrais Termelétricas, que demandam imensas quantidades de água e são extremamente poluidoras. As instalações de várias Pequenas Centrais Hidrelétricas, que perturbam a biodinâmica natural dos rios e das águas da bacia e que se forem colocadas numa balança de custo/benefício, embora tragam energia elétrica causam muito mais problemas ambientais e acabam não sendo vantajosas, ao menos para a região e para a população local, embora possam ser vantajosas para alguém, do ponto de vista econômico estrito.

Mas, existem inúmeros outros problemas, como o estabelecimento de vários Loteamentos Clandestinos e Empreendimentos Imobiliários em áreas de risco aos mananciais e nas margens dos rios, inclusive do próprio Rio Paraíba do Sul, em áreas de Preservação Permanente, numa afronta acintosa ao Código Florestal Brasileiro. E ainda existe o estabelecimento de Práticas Agrícolas questionáveis, principalmente aqui na parte paulista do Vale do Paraíba, onde a Monocultura do Eucalipto já supera 10% de toda área plantada na região. Junta-se a isso, a existência de mais de 300 Cavas localizadas nas margens e na várzea do Rio Paraíba do Sul para a Exploração de Areia. Essas cavas, depois da extração ficam abandonadas à sorte, como é a situação de mais 220 delas hoje, sem nenhuma utilidade ou talvez, apenas servindo como foco de animais vetores transmissores de doenças. Municípios com Jacareí, Caçapava (meu município) e Tremembé talvez sejam os piores exemplos desse descaso ambiental, moral e social.

Para terminar, ainda existe o uso indiscriminado de Agrotóxicos e toda a diversidade dos venenos eufemisticamente chamados de Defensivos Agrícolas e adubos químicos que são utilizados para garantir a sobrevivência das poucas culturas agrícolas locais que sobrevivem, como o arroz, a cana e obviamente o grande eucaliptal. É óbvio que também há necessidade de muito veneno para manter as pastagens para o gado da região, que outrora era de leite e servia a muitos, mas que hoje é principalmente de corte e serve apenas a alguns.

Enfim, baseado nessas e em inúmeras outras situações, que não citei para não cansar os senhores e não complicar muito o triste quadro da região, mas que acredito, sejam do conhecimento de todos aqui presentes é que venho solicitar que a CETESB, como órgão responsável pelo controle da qualidade ambiental do Estado de São Paulo, nos forneça um RELATÓRIO SOBRE A VERDADEIRA SITUAÇÃO DA QUALIDADE E DA QUANTIDADE DAS ÁGUAS DA BACIA DO RIO PARAÍBA DO SUL NO TRECHO PAULISTA.

É sabido que os rios e córregos que cortam as cidades e que desaguam no Rio Paraíba do Sul, como são os casos do Turci, em Jacareí; do Vidoca e do Pararangaba, em São José dos Campos; do Manolito e dos Mudos, em Caçapava; do Una, em Taubaté; do Ribeirão dos Mottas, em Guaratinguetá; do Taboão, em Lorena; do Barreirinha, em Cruzeiro e tantos outros que estão totalmente poluídos e praticamente mortos, devido a imensa carga poluidora que recebem. Entretanto, não é de conhecimento da maioria da população local, o quanto isso compromete efetivamente na nossa água.

A população do Vale do Paraíba paulista está assustada com tanta “desinformação” sobre sua água. Damos nossa água, sim nossa água, nascida aqui no alto da Serra do Mar, no município de Areias, onde estão as nascentes do rio Paraitinga e mais à frente, no município de Cunha, onde está a nascente do Rio Paraibuna. Ambos correm junto pelo topo da Serra do Mar e no passado, se encontravam naturalmente no município de Paraibuna, formando o Rio Paraíba do Sul. Hoje não existe mais o encontro natural e ambos despejam suas águas no grande lago da represa de Paraibuna, que concentra mais de 62% de toda água da Bacia Hidrográfica.

Pois então, damos nossa água para tudo e para todos rio abaixo e agora também rio acima, fora de nossa Bacia Hidrográfica, mas não temos nenhuma informação a respeito dessa água e nem a devida compensação de quem a recebe usa, principalmente na Região do Grande Rio e agora na Região da Grande São Paulo. Na verdade, de fato, nós não sabemos direito de absolutamente nada do que se passa com nossa água e nem do risco que podemos estar correndo com seu fornecimento sem nenhum critério definido, com a falta de cuidados de sua manutenção e principalmente com o comprometimento de sua qualidade em consequência do excesso de poluição.

Como maridos traídos, ouvimos falar várias histórias de problemas que não sabemos se são e o quanto são verdadeiras. Essas histórias vão desde o desaparecimento da água da região por causa do assoreamento da calha dos rios, o que está impedindo sua navegação em vários trechos, passando pelo desmatamento da Mata Ciliar e da degradação das margens dos rios, em particular do próprio Rio Paraíba do Sul e indo até a grande contaminação química e envenenamento por conta dos agrotóxicos e também pela feminização dos machos de várias espécies de animais, inclusive da espécie humana, por conta do excesso de hormônios femininos e outros componentes químicos nas águas.

Contam também da presença, em grande quantidade, das chamadas “línguas negras”, que são facilmente vista e identificadas, porque algumas são quilométricas. Essas “línguas negras” são oriundas do excesso de esgoto das diferentes habitações humanas, que é lançado nas águas “in natura”. Para muitos as “línguas negras” seriam as principais áreas causadoras das mais diversas condições contaminantes que produzem inúmeras doenças na população. Enfim, são muitas as histórias que nos assustam e que precisam ser desmistificadas ou confirmadas a contento.

Assim, estou aqui, como morador da região do Vale do Paraíba, em nome da população que represento nesse egrégio Conselho, para solicitar que a CETESB nos informe basicamente o seguinte:

1 – Qual a verdadeira situação da contaminação, da poluição e da degradação química, Física e Biológica da Bacia do Rio Paraíba do Sul no trecho paulista do Vale do Paraíba?

2 – A Bacia do Rio Paraíba do Sul aguenta (resiste) à novas outorgas de água para novos empreendimentos, da maneira como ela já se encontra hoje?

Precisamos dessas respostas em prazo relativamente rápido para poder informar, acalmar e contar a verdadeira situação das águas da região para nossa população com respaldo efetivo do órgão competente na área, que é a CETESB. Só assim, poderemos divulgar informações reais na mídia regional e tentar acabar, minimizar ou mesmo confirmar algumas dessas histórias que circulam por aí. Somente desta maneira poderemos ter a verdadeira dimensão de nossos problemas e poderemos efetivamente pensar na definição dos rumos que deveremos tomar para começar a resolver as possíveis pendências.

Luiz Eduardo Corrêa Lima

Conselho Estadual do Meio Ambiente – CONSEMA
Conselheiro Ambientalista – Vale do Paraíba

*Texto encaminhado à Secretaria de Infraestrutura e
Meio Ambiente, em 08/05/2019.
23 abr 2016

22 de abril de 2016, mais um “Dia do Planeta Terra”

O texto atual é mais uma citação sobre o Dia da Terra, na qual questionada a data em relação a realidade planetária. Há necessidade de que se reflita sobre e verdadeira necessidade de uma data planetária, quando na realidade a história tem demonstrado que a preocupação com o planeta praticamente inexiste, pois as ações humanas não são condizentes com essa condição.


22 de abril de 2016, mais um “Dia do Planeta Terra”

Pois então, hoje estamos comemorando mais um “Dia do Planeta Terra”, uma data estabelecida pela ONU, no ano de 2009, para lembrar a humanidade da responsabilidade que tem com o planeta que nos abriga. É muito estranho que o planeta Terra, que tem cerca de 5 bilhões de anos, hoje comemore apenas o sétimo aniversário. Mas, para a ONU isso não deve ter nenhuma significância, o importante é comemorar efusivamente a data. Entretanto, apesar disso, hoje foi um dia igual aos outros, onde nada de excepcional aconteceu, nem mesmo em relação ao próprio planeta, que continua sofrendo violentamente nas mãos do homem. Nos últimos 44 anos, desde que o Relatório do Clube de Roma (Os Limites do Crescimento, 1972) foi publicado e que passamos (ou deveríamos ter passado) a tomar efetiva consciência de que os recursos naturais planetários não são perenes e que a espécie humana, assim como todas as espécies vivas, também não viverá para sempre, deveríamos estar promovendo posturas em benefício do planeta, mas não é exatamente isso que temos visto. Mas, é claro que exatamente a partir da publicação do relatório começamos efetivamente a trabalhar um pouco mais com as questões ambientais e correr atrás do prejuízo e a criação e comemoração do “Dia da Terra” fazem parte desse pequeno progresso. Não sei o quanto isso pode ser benéfico ao planeta, mas satisfaz o ego, conforta o coração e ameniza a mente conturbada de alguns seres humanos. O homem é certamente a espécie mais dependente do planeta, porque ao contrário de outras espécies, possuímos uma voracidade pelos recursos naturais extremamente diversificada e bastante abrangente. Nossa necessidade de recursos quase infinita e alguns desse recursos há muito tempo já estão às mínguas no planeta e outros já se exterminaram. Assim, já faz tempo que estamos em dificuldade com a usurpação planetária. Por outro lado, grande parte dos recursos que necessitamos, são recursos renováveis e muitos desses nós aprendemos a reproduzir, o que nos permitiu alguma margem de segurança na sua utilização. Mas, é importante lembrar que não existe mágica na natureza e reações químicas não são milagres. Isto é, para fazer alguma coisa, sempre precisamos de alguma outra coisa e assim nos apropriamos do planeta e o transformamos exclusivamente ao nosso bel prazer, considerando apenas o interesse de nossa espécie. Algumas vezes, por questões várias, nem consideramos os interesses da espécie, mas apenas o de alguns grupos de indivíduos. Pois então, foi assim que criamos muitos dos problemas, além do simples consumo de uma infinidade de recursos da Terra. Já faz algum tempo que estamos tendo muita dificuldade para manter a qualidade do ar, da água e do solo, os três meios físicos que nos garantem a sobrevivência. Temos sérios problemas com a produção de alimentos, com novas doenças infectocontagiosas.  As cidades são sempre maiores, com mias necessidades e mais problemas, além da imensa dificuldade de transporte, o que dificulta sensivelmente a qualidade de vida. Temos investido cada vez mais na produção de novos mecanismos químicos que possam gerar novos materiais para a fabricação de roupas, calçados e inúmeras outras coisas, que há muito deixaram de ser questões estritamente naturais. Hoje somos levados a produzir cada vez mais, para garantir a nossa necessidade cada vez maior, até porque também não paramos de consumir. Por outro lado, nossa necessidade só cresce, haja vista que também não paramos de reproduzir (fabricar novos seres humanos). Já superamos a fantástica marca dos 7.3 bilhões de humanos e continuamos assustadoramente crescendo sem parar, embora com um leve declive na curva de crescimento, mas que nada significa no contexto geral. Verdade é que, quanto mais o tempo passa, vamos progressivamente precisando cada vez mais do planeta e apesar de todo o nosso imenso desenvolvimento tecnológico, nós somos uma espécie carente que depende diretamente de um planeta onde os recursos são limitados. Faz 44 anos que já sabemos que a Terra, além de ser a nossa fonte única de recursos, pois é dela que tiramos tudo que necessitamos, também não é um planeta infinito e que seus recursos também se esgotam ao longo do tempo. Resta agora saber, até quando ele nos aguentará e nos manterá sobre sua superfície, apesar do dano irreparável que temos causado ao longo de nossa curta história natural. Bem, por enquanto, vamos ficando por aqui, festejando mais um “Dia da Terra” e rezando para que esse planeta fantástico e que parece ser o único com vida, possa continuar suportando a investida violenta da espécie humana sobre seus recursos. Eu estou no fim da vida e confesso que tenho muito medo do que poderá ser daqueles que ainda virão se a humanidade não se comprometer rapidamente em mudar a postura e começar a construir uma “Nova Terra”, onde o fator humano seja significativamente menos impactante e possa viver no planeta sem acabar com os recursos que precisa e recuperando aquilo que for possível.

Luiz Eduardo Corrêa Lima

Referência Bibliográfica MEADOWS, D. H; MEADOWS, D.L.; RANDERS, J & BEHRENS III, W.W. The Limits to Growth, Universe Books, New York, 1972.]]>

20 mar 2016

A Mineração e os Riscos ao Meio Ambiente

Resumo: O texto atual discute sobre a mineração, os riscos ao meio ambiente por elas produzido e o Novo Código de Mineração que tramita no Congresso Nacional. O texto chama a atenção de que a mineração é uma prática muito lucrativa, bastante degradadora e que os interesses econômicos e financeiros costumam ser prioritários. Desta forma, é preciso ficar atento, porque existe grande possibilidade de que os riscos, relacionadas ao meio ambiente, oriundos de atividades mineradoras sejam drasticamente ampliados.


A Mineração e os Riscos ao Meio Ambiente

Os diferentes processos de Mineração, ainda que tragam vantagens necessárias ao desenvolvimento econômico de determinadas áreas e locais, além de melhoria nas condições materiais de vida das diferentes comunidades pelo mundo afora, é preciso refletir que a mineração sempre traz desvantagens ambientais. Não há como fazer mineração, sem produzir danos irreversíveis ao ambiente explorado. Desta maneira, a mineração é disparadamente o “principal inimigo” do meio ambiente. Assim, a humanidade tem vivido um impasse histórico, entre a necessidade de explorar os recursos minerais e garantir a qualidade do ambiente em que esses recursos são explorados e principalmente tentar garantir a melhoria da qualidade de vida das pessoas que trabalham e vivem nessas áreas de mineração. Obviamente, essa dicotomia de interesses consiste numa tarefa extremamente difícil, mas é uma equação que precisa ser resolvida para o bem da humanidade e do planeta.

No passado, nunca houve qualquer preocupação com os efeitos oriundos da exploração dos recursos minerais e a prática minerária sempre aconteceu sem absolutamente nenhuma preocupação ambiental. Nos tempos recentes, graças a preocupação ambiental planetária e a escassez cada vez maior dos recursos minerais, a prática minerária teve que ser determinada e prevista por ações e mecanismos legais que orientam e indicam como proceder para a retirada dos diferentes tipos de minérios que a humanidade constantemente necessita. Assim, surgiram pelo mundo afora, os diferentes Códigos de Mineração e as demais leis que regem a exploração mineral. Aqui no Brasil, não foi diferente e, por isso mesmo, aqui também foi produzido o Decreto Lei Nº 62.934, de 2 de julho de 1968 (Código de Mineração), que definiu os padrões legais para a exploração mineral em nosso país, naquela época, mas que, 48 anos depois, está em vigência até hoje.

Por outro lado, as necessidades ambientais atuais são cada vez mais prementes e as exigências legais, por sua vez, devem ser maiores e mais efetivas, tanto nos mecanismos de concessão das licenças e autorização para exploração mineral, como na fiscalização das ações desenvolvidas pelas empresas mineradoras, antes, durante e depois das respectivas explorações. A Constituição Federal Brasileira (1988) determinou que qualquer atividade minerária necessita apresentar um Estudo de Impacto Ambiental (EIA), que demonstre a situação do local de lavra antes, durante e depois do processo exploratório, bem como as possíveis propostas e ações de minimização e compensação dos impactos e ainda a recuperação da área degradada depois de realizada toda a exploração mineral.

Pois então, o atual Código de Mineração, feito em 1968, está fora da realidade proposta pela Política Nacional de Meio Ambiente, Lei 6938 de 31 de agosto de 1981, que determina os procedimentos fundamentais na área ambiental no Brasil, e também está em desacordo com a própria Constituição Federal, que como já foi dito, é de 1988. Assim o Código de Mineração precisa ser atualizado e melhorado, para que sejam garantidas as práticas minerárias dentro de padrões factíveis aos interesses ambientais planetários, nacionais, estaduais, regionais e, principalmente, que essas práticas possam ser particularmente benéficas às comunidades próximas localizadas nas áreas de mineração. Eventos como os rompimentos das barragens recentemente acontecidos em Mariana /MG e em Jacareí/SP, aqui no Vale do Paraíba, poderiam ter sido evitados se a legislação brasileira sobre mineração fosse mais moderna, mais rígida e se houvesse efetivo acompanhamento e fiscalização dos projetos de mineração que são desenvolvidos no Brasil.

Por conta disso, foi elaborado pelo governo federal e está tramitando no Congresso Nacional, um Novo Código de Mineração, para definir novas práticas operacionais e novas possibilidades de ação das atividades minerárias.  Entretanto, é bom lembrar que os interesses ambientais costumam ser contrários aos interesses dos empresários e também não refletem obrigatoriamente os interesses de agentes e setores políticos, principalmente num país como o nosso, onde se compram leis como está sendo comprovado pela OPERAÇÂO ZELOTES da Polícia Federal. Além disso, também é bom ter em mente que nem sempre novas leis devam indicar melhores práticas, principalmente no que se refere a mineração. Um texto novo não quer dizer um texto melhor. Desta forma é preciso acompanhar proximamente os trâmites do Novo Código de Mineração no Congresso Nacional e exigir que o meio ambiente e a comunidade sejam contemplados prioritariamente no novo texto. Aos interessados devo finalmente dizer que o Novo Código de Mineração que está tramitando no Congresso Nacional é o Projeto Lei 5807/2013 e que a necessidade de ler o referido texto, acompanhar sua tramitação e propor as devidas mudanças e um direito de qualquer cidadão brasileiro. O texto pode ser conseguido na INTERNET e as propostas de mudanças devem ser encaminhadas ao Congresso Nacional, em Brasília.    Luiz Eduardo Corrêa Lima]]>