A IMPORTÂNCIA DA LEITURA NA FORMAÇÃO DO JOVEM

A IMPORTÂNCIA DA LEITURA NA FORMAÇÃO DO JOVEM

Resumo: Dessa vez estou aproveitando um texto que escrevi e li num evento que participei recentemente, discutindo sobre a Importância da Leitura na Formação do Jovem. Faço citações e me atrevo a fazer “complementações” em poesias de outros autores, além de criar e também complementar uma poesia a partir de minha própria opinião, sobre o Cidadão Brasileiro e sua relação pessoal com a Leitura.


Monteiro Lobato afirmava que: “um país se faz com homens e livros” e justificava essa sua argumentação dizendo que “a pessoa que mal lê, mal fala, mal ouve, mal vê”. Pois então, meus amigos, penso que Monteiro Lobato tem razão e posso afirmar que “a leitura é fundamental”. Aqueles que não leem, não sabem o que perdem e nem quanto perdem. Não ler é, em certo sentido, deixar de viver como ser humano.

Paulo Leminski, em sua relativamente breve passagem pela vida terrena, quando questionado sobre a leitura disse o seguinte:

Leite, leitura
Letras, literatura,
Tudo o que passa,
Tudo o que dura
Tudo o que duramente passa
Tudo o que passageiramente dura
Tudo, tudo, tudo
Não passa de caricatura
De você, minha amargura
De ver que viver não tem cura.
Paulo Leminski (1944 – 1989, Curitiba)

E eu complementaria:
Mas, existe um remédio,
Que cura, como água na fervura,
Que afaga como carinho na amargura,
E que enobrece bastante toda criatura,
O nome do remédio só pode ser leitura.

Clarice Pacheco, jovem poetisa que morreu com apenas 13 anos, mas que viveu bastante para entender a importância de ler, disse o seguinte sobre “Viajar pela leitura”.

Viajar pela leitura
Sem rumo, sem intenção.
Só para viver a aventura
Que é ter um livro nas mãos.
É uma pena que só saiba disso
Quem gosta de ler.
Experimente!
Assim, sem compromisso,
Você vai me entender.
Mergulhe de cabeça
Na imaginação!
Clarice Pacheco (1889 – 2002, Porto Alegre)


E eu, mais uma vez, acrescentaria:
Mas antes faça uma reflexão
E viaje com direção,
Porque a leitura tem ser reta
Firme e com pé no chão,
Seu norte é o conhecimento
E seu porto é a glorificação.

Já Bruno Bezerra, poeta baiano e porreta, nascido em Feira de Santana, resolveu fazer o seu “Tributo ao livro”, ao qual ele mesmo deu o subtítulo de “poeminha do prazer”, afirmando o seguinte:

O sumo prazer humano
Sente o ser que é seduzido
Não apenas pela leitura
Mas, sobretudo, pelo livro
Porque o livro é o corpo
E a leitura, o espírito…
Bruno Bezerra (1977 – Feira de Santana)

E eu, mais uma vez, abusando, ainda incluiria e consagraria:
E o autor do livro equivale ao próprio Deus,
Que inventou e deu vida a criatura.
Criatura que só pode ser traduzida,
Depois de analisada através da leitura.

Enfim, são tantos exemplos e tantas situações em que a gente pode enfocar a importância da leitura, que de repente passa a ser lugar comum, num evento como esse, nós falarmos sobre o tema. Até porque, certamente todos, aqui presentes, são interessados e cientes da importância desse assunto. Entretanto, essa não é a realidade da grande maioria de nossos compatriotas brasileiros, que mesmo sem saber, exatamente porque não têm leitura, sofrem as mazelas dessa terrível lacuna nas suas respectivas formações pessoais.

Penso eu, levianamente, que a grande maioria dos brasileiros se perguntada sobre a importância da leitura diria, mais ou menos assim:

Ler, ler para quê?
O que eu vou ganhar com essa tal leitura?
Serei ao menos capaz de conseguir me livrar da tortura,
De compensar a minha vida de penúria,
E morar com mais prazer e frescura?
De sair do barraco quente em que vivo?
De poder olhar de frente e altivo,
Para aqueles com quem convivo?
De ter minha casa própria e porventura,
Quem sabe até conseguir uma viatura?
Não, eu não quero andar a ler,
Pois tenho mais com que me preocupar,
Tenho mais o que fazer.
Antes ler, eu tenho que viver.
Ler, ler para quê?
Para me enganar sobre aquilo
Que certamente não poderei ter.

E eu, humildemente, mais uma vez, insistiria, dizendo:
Não meu amigo, não é nada disso,
Você está muito enganado sobre a leitura.
Ler, ler, apenas por ler, para ter prazer.
Ler para relaxar, descansar e imaginar,
Ler para sonhar, refletir e discernir.
Ler para melhor entender e escrever,
Ler para crescer, viver e conviver,
Pois basta ler, acreditar e aprender,
Para todo resto começar a acontecer.
Acredite em mim, pois eu sei que:
“O mundo muda, quando a gente lê”.
A leitura é capaz de mudar você.
Você e todo mundo que você vê.
E a mudança é sempre para melhor.
Claro, talvez ela não resolva tudo,
Mas, certamente, o sofrimento será menor.
Aquele que lê, aprende mais e sabe mais.
Mas, ele também reage mais, aceita mais,
Absorve mais, responde mais, discute mais
E, sobretudo, acaba compreendendo mais.
Por que ele se comunica mais,
Porque ele é mais livre e discute mais,
Ele observa mais e percebe melhor.
Assim, a cada leitura, ele se torna maior,
Passa a ser um humano mais capaz de viver
De lutar, de buscar, de amar, de perdoar.
Enfim, de progressivamente se engrandecer.

Meus amigos, o crescimento individual tem tudo a ver com a leitura. O que todo ser humano busca é a felicidade, mas eu quero aqui, deixar claro que somente a leitura, ainda que não garantindo a felicidade de ninguém, pode nos trazer a verdadeira dimensão da felicidade. A leitura cria a verdadeira liberdade individual de pensar e agir de acordo com preceitos pensados e definidos pelo próprio indivíduo. A leitura traz liberdade de opinião e de escolha sobre as diferentes situações.

Cecília Meireles já nos informou que: “Liberdade é uma palavra que o sonho humano alimenta, que não há ninguém que explique e ninguém que não entenda”. Pois então, meus amigos, quem não lê, não é livre, porque vive diretamente sobre a influência daqueles que leem e que criam as diferentes situações. Muitas vezes, quem não lê, nem consegue sequer sonhar, de tão preso que está aos preceitos impostos pelos seus falsos mentores, ou melhor, dominadores. Quem não lê vive a mercê de manipuladores que induzem as ações a serem tomadas.

A leitura é sobretudo o verdadeiro fim da escravidão e do domínio de uns homens sobre outros. A leitura é única forma de liberdade, portanto leiam, leiam muito, leiam mais, leiam sempre.  As capacidades de escrever e ler são as características mais exclusivas da espécie humana e esses atributos estritamente humano não podem ser deixados de lado por nenhum de nós. Os povos mais antigos e as nações mais evoluídas já sabem disso há muito tempo, mas os brasileiros ainda estão tentando descobrir essa realidade cristalina.

O jovem que lê, certamente será um adulto mais capaz de resolver os seus próprios problemas e os problemas daqueles que estão em seu entorno ou que vivem na sua dependência direta. O jovem que lê será um adulto melhor e muito mais bem preparado para passar pelas mais diversas vicissitudes e vencer as inúmeras dificuldades que certamente vão surgir ao longo de sua vida.

Meus jovens alunos, aqui presentes, eu sou professor há mais de 40 anos e acredito bastante em vocês e quero ter certeza que o Brasil dos próximos anos deverá ser muito diferente do que tem sido até aqui, porque vocês serão adultos capazes de fazer um país melhor. Obviamente isso só começará a acontecer através do investimento pessoal de vocês na educação e na cultura. Aqui no Brasil, temos o mal hábito de esperar que o governo faça tudo por nós, mas eu quero lembrar, mais uma vez, que o ato de ler é um ato individual, que não depende de nenhuma ação do governo.

John F. Kennedy já dizia: “não pergunte o que o seu país pode fazer por você, mas sim o que você pode fazer pelo seu país”. Pois então, ler é uma atitude somente sua, de mais ninguém e o Brasil necessita de leitores. Leia e você fará algo de bom para você e pelo seu país. Você pode ler o que quiser, quando quiser e quanto quiser. A decisão é sua, o que pesa nessa decisão é apenas a vontade de cada um.

Estejam cientes que, o ato de ler, a leitura, é a principal arma de educação e de cultura e será esta arma que levará nosso país ao nível que ele merece e vocês, os jovens leitores, deverão ser os grandes responsáveis por operar essa obra de condução do Brasil ao topo. A nação brasileira dos próximos anos será diferente da atual, será realmente livre e será culta, porque será educada e principalmente porque irá ler e aprender mais que o resto do mundo.

Conto com vocês pelo cumprimento dessa tarefa.
Muito obrigado pela atenção.

Luiz Eduardo Corrêa Lima (63) é Biólogo (Zoólogo), Professor, Pesquisador, Escritor e Ambientalista; Presidente da Academia Caçapavense de Letras.

Caçapava, 26 de junho de 2019

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